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Arcádia: Dimensão Sombria

Arcádia: Dimensão Sombria

Homunculo

5.0
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Capítulo

Enviada para a Terra das Sombras Eternas, após sua fatídica briga com Shura, Elaine passaria agora por uma árdua provação, em busca de libertar os humanos da brutal dominação dos demônios e retornar a Arcádia, a maga teria agora uma jornada de muito sofrimento e superação, onde sua resiliência provaria se a mesma seria digna de disputar o manto sagrado do Sumo Sacerdote da Magia de Arcádia. Arcádia: Dimensão Sombria é a continuação direta de Arcádia: Os Sumos Sacerdotes, onde podemos acompanhar as aventuras de Elaine.

Capítulo 1 I

Tudo aconteceu de forma tão repentina, ela havia se enfurecido com sua rival jurada, Shura, por todo o mimo e atenção que a mesma vinha recebendo, enquanto seus esforços não tinham reconhecimento algum e a vida insistia em a maltratar sem misericórdia alguma.

Ela sabia que não devia ter invadido a mente dela, mas não imaginava que as consequências seriam tão grandes por ter feito tal coisa. Após ouvir um estrondoso uivo, ela foi jogada para trás com enorme violência e tudo ficou branco.

Quando recobrou a consciência, apenas fragmentos voltaram de memória voltaram a sua cabeça; uma briga feia e uma explosão, nada mais. Seus intensos olhos azuis contemplava um medonho céu vermelho, muito diferente do costumeiro céu azul e acolhedor de Arcádia, Elaine se deu conta de um odor pútrido que invadia suas narinas, tão forte que foi capaz de fazer se engasgar e começar a tossir. Ela se sentou em meio a tosse, levando a mão a boca, sua mão que estava suja com um barro negro que mais lembrava algo podre do que apenas terra. Ela limpou a mão em sua longa batina que antes era de um lustroso verde escuro e agora estava completamente suja por uma gosma negra.

Seus cabelos loiros encaracolados, que já foram um dia motivo de orgulho e vaidade, estavam agora sujos e com um cheiro que se assemelha a de cadáveres em decomposição, o ar era espesso e muito difícil de se respirar. Ela levantou a cabeça para olhar em volta, o local em que estava lembrava a beira de uma praia, mas o que seria o mar não possuía ondas, era calmo e mórbido, além de que ao invés de água, ele era composto por puro lodo, um negrume nauseante. Elaine sabia exatamente onde estava, o pior dos lugares, onde a própria morte sente ânsia de vômito ao passar, a esquecida Sangria, também chamada de Terra das Sombras Eternas, um local esquecido eras passadas para que a sanidade do homem voltasse.

Apesar de toda a hostilidade do ambiente, ela sentia falta de algo, a chave do tormento que tornava este local o mais indesejável para qualquer ser vivo; A nuvem de almas mortas em decomposição que agarravam aqueles que tivessem a mínima centelha de vida, totalmente desesperados por uma minima chance de sair daquela condenação eterna, sem saberem que seu simples toque era mortal para qualquer um que fosse vivo, sua vida sumiria e você se tornaria uma daquelas enfadonhas almas errantes, condenadas ao tormento eterno.

Isto era motivo de alívio pois se as almas a tocassem enquanto desmaiada, ela não teria chance alguma de defesa. A sua frente havia algo que parecia um bosque, com diversas árvores volumosas que carregavam a mesma característica; Vistosos espinhos cresciam por todas suas extensões, maiores e mais afiados que agulhas, passar por ali seria uma tarefa torturante se Elaine não fosse uma notável maga. Não apenas notável mas ela era a mais habilidosa mas artes místicas de toda Arcádia e tinha a certeza que era só questão de tempo até se tornar a Sumo Sacerdote da Magia de Arcádia, o mais alto posto da magia.

Ainda sentada uma de suas mãos tateou a terra negra em busca de seu cajado, infelizmente para ela o mesmo não estava ali, mas isto não importava muito, afinal ela já havia aberto um portal nestas terras antes, uma tarefa muito simples para suas vastas habilidade. Ela ficou em pé, olhando na direção daquela intimidadora floresta, com uma das mãos ela tirou uma mecha de cabelo que estava grudada em sua testa pelo lodo, enquanto a outra fazia um movimento de círculo para a abertura do portal mas nada acontecia, ela não sentia a magia passando por seu corpo, algo ali estava errado. Seu coração apertou, um pequeno toque de desespero guiou suas mãos em vários movimentos, tentando canalizar a magia para realizar qualquer tipo de feitiço mas nada acontecia.

- O que está acontecendo?! - ela gritou levantando a cabeça para os céus e a resposta foi apenas o silêncio mórbido da Sangria. Nem mesmo animais ou insetos pareciam viver na floresta a sua frente. Ela olhou para as bordas da mesma, onde as árvores desciam para dentro daquele lodo negro e desapareciam, de modo que era impossível contornar a mesma. Ela pensou um tanto em algumas possibilidades mas ela sabia que não haveria outra forma, teria de atravessar aquela floresta para tentar chegar em algum lugar. Respirando fundo e se enchendo de coragem ela caminhou sem medo na direção da floresta. A parte mais difícil foi a entrada, abrir caminhos perante aqueles espinhos fez de suas roupas trapos totalmente rasgados e o mesmo que fez com suas roupas as árvores fizeram com sua pele, cada passo eram vários novos cortes por todo seu corpo. Ela sentiu o sangue quente escorrendo por sua pele, cada parte de seu delicado corpo se abrindo e rasgando em tanta dor.

No começo ela gritou, a cada passo seu grito de dor podia ser ouvido por toda floresta, mas após dez minutos de caminhada seus pulmões não tinham mais força para isto, ela apenas mordia o beiço e seguia. De seu rosto escorriam tanto lágrimas quanto sangue, em sua mente o que a fazia progredir era a raiva, por Steven e Shura, nem a reservada Karma escapava de seu ódio. Seu atual mestre, o homem que ela tanto havia admirado, não era capaz de a notar ou a confortar nos piores momentos, ele só tinha olhos para sua favorita Shura que qualquer problema recebia toda atenção do mundo. Nem mesmo quando ela perdeu Lumenon, que fora como pai para ela, Steven se compadeceu, não ofertou uma palavra de consolo, muito pelo contrário, ele estava ocupado demais com outra de suas alunas e novamente ela teve de se virar sozinha. Até mesmo Karma, sempre preferiu Shura, quando sua espírito foi salvo por ela, a monja ingrata se preocupou apenas em saber se sua amiga estava bem, enquanto um abraço sequer após tanto esforço lhe foi ofertado.

Ao lembrar de Shura sua raiva foi tanta que ela começou a caminhar em passos largos, parecendo não se importar com o que acontecia a seu corpo, a raiva acumulada era maior que qualquer dor que sentisse. Por anos ela estudou e treinou para se tornar a melhor e no dia em que seu merecido reconhecimento veio, ela foi posta lado a lado com uma destrambelhada que jamais havia se esforçado na vida e que apenas por ser filha e queridinha de Steven, havia recebido o posto de Clérigo da Magia. A garota sequer sabia fazer magia e mesmo assim ela estava sendo colocada como a favorita para se tornar a Sumo Sacerdote. Se apenas a injustiça não bastasse, todos apenas tinham olhos e preocupações com o bem estar de suas favorita, enquanto ela era esquecida e largada a própria sorte.

Repassando estes pensamentos, ela não se arrependia de ter colocado ela em seu lugar numa briga, foi mais que certo ela ter confrontado Shura em frente a Toca e ter mostrado a diferença entre ambas, diferença está que todos os mimos que ela recebia jamais poderiam suprir. E foi com estes pensamentos na cabeça que Elaine passou por todo o Bosque Vermelho, que recebe este nome pelo sangue que fica encrustado nas árvores por aqueles que tentam o atravessar. Quando ela viu a clareira a sua frente ela apenas se jogou para fora, sentindo cada centímetro de sua pele rasgado e o sangue chegar a escorrer para o chão de tão ferida que estava. Ela caiu de frente ao chão, apensas desabando, com seu rosto atingindo os pés de alguém, enormes botas de couro com um salto tão grande quanto o próprio pé daquela pessoa.

Por mais que tentasse levantar seu olhar para ver quem era a dona daquelas botas, faltava força em seu corpo.

- Não me diga que você tentou atravessar o Bosque Vermelho. - a voz que chegou até seus ouvidos era feminina e adocicada, como se quem a ouvisse fosse capaz de sentir até mesmo prazer. Ela sentiu o pé daquela mulher empurrando seu corpo para que virasse para cima. Sua vista está turva de modo que enxergava apenas a silhueta daquela mulher que se abaixou sobre ela, passando uma das mãos em seu rosto.

- Você não é das minhas humanas, muito menos é da Sangria. Que criaturinha é você?

Devido aos ferimentos e a extrema dor que sentia, Elaine não conseguiu responder aquela mulher, apenas virou para o lado fechando os olhos e perdendo a consciência novamente.

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