Login to Lera
icon 0
icon Loja
rightIcon
icon Histórico
rightIcon
icon Sair
rightIcon
icon Baixar App
rightIcon
A descoberta do amor

A descoberta do amor

Jéssica Amaral

4.9
Comentário(s)
122.2K
Leituras
25
Capítulo

Carol é uma garota atrapalhada e desastrada que vive com seu irmão, os dois perderam os pais e só tem um ao outro. Carol não vê a hora de terminar a escola, que segundo ela "é um tédio”, mas a chegada de um garoto, faz as coisas mudarem um pouco. Erick mudou para a cidade há pouco tempo e acaba ficando na mesma turma da Carol. E os dois se tornam grandes amigos, até a descoberta do amor.

Capítulo 1 Como o conheci

[Carol]

Mais um dia entediante de aula. Será possível que os dias demorem tanto a passar? Por que o ano não acaba logo para eu poder ser feliz sem escola?

Estava em um sonho tão gostoso quando senti a mesa tremer. Acordei assustada e dei de cara com a professora me olhando de braços cruzados. Olhei para a mesa e vi um livro. Ela jogou o livro na mesa? Sério? Nossa, quanta ignorância.

— Você não quer ir pra casa ficar mais à vontade? — perguntou me fuzilando com o olhar.

— Bem que eu queria né, mas tenho que ficar aqui. — Olhei para ela e estava com o rosto vermelho. Ops! Acho que alguém está na TPM...

— Pra secretaria agora!

Cara precisa mesmo gritar? Levantei e fui caminhando lentamente para a porta.

— Rápido que eu tenho aula pra dar!

Nossa quanta fúria. Comecei a andar mais rápido e quando passei pela porta, vi um garoto loiro sentado na carteira perto dela. Nunca vi ele, será que é aluno novo? Nossa, dormi tanto assim que nem vi eles o apresentando? Ai, ai preciso dormir mais cedo.

Desci as escadas segurando firme no corrimão. Só pra prevenir. Não tenho muita sorte. Quando consegui descer, segui devagar para a secretaria, mais uma vez. Acho que ela já até sabia que eu iria pra lá porque quando bati na porta, a diretora falou "pode entrar, Carol” Oi? Como assim? Ah, não importa. Entrei.

— Você não cansa de vir parar aqui não? — Ela me olhava sorrindo. Até pra dar bronca essa mulher sorria e isso me irritava.

— Na verdade, eu adoro te visitar! — respondi com um sorriso amarelo e ela riu. Então me deu uma série de broncas, sempre sorrindo. Depois me mandou voltar para sala, nem eu nem ela aguentamos mais nos encontrar.

Subi as escadas e parei na porta da sala, aquela mulher ia acabar comigo, ô professora chata! Não se pode nem tirar um cochilo? Poxa que saco! Bati na porta e o loirinho abriu. Sorri para ele, que sorriu e olhei para a professora.

— Entra logo!

Nossa que mulherzinha estressada. Fui andando até a minha carteira.

— Carol! Você não vai mais sentar aí atrás!

Ah, está de sacanagem né? Como vou dormir agora?

— Pode se sentar do lado do Erick.

— Quem?

Ela apontou para o loirinho que sentava perto da porta.

— Ah professora na primeira carteira?

Ela cruzou os braços. Que mulher chata! Bufei e fui até a minha carteira, peguei minhas coisas e segui até onde ela mandou. Ela me olhava de braços cruzados enquanto eu andava.

Sentei ao lado dele. Falei “oi” e levei uma bronca da professora. Faltam quantas eternidades pra ir embora mesmo? Que mulherzinha...

Ela saiu da sala para pegar alguma coisa que não me importa nem um pouco.

—Oi. — Ele respondeu quando a mulher saiu. Olhei para o lado e uau! Que olhos são esses?

— Você tira notas boas? — perguntei na cara de pau.

— Só nove ou dez.

— Ótimo! Meu boletim vai melhorar agora!

A aula passou. De vez em quando deixava minha cabeça cair e levava susto e logo escutava uma risadinha. Por isso que gosto de sentar no fundo da sala! O sinal bateu e eu quase saltei de alegria.

— Onde você mora? — perguntei ao loirinho que arrumava suas coisas. Ele me falou o nome do prédio que tinha acabado de se mudar. — Está de sacanagem? — perguntei surpresa e ele me olhou sem entender. — Eu moro lá! Qual andar?

— Quarto.

Mas que porr* é essa?

— Ah, eu também. Mas você é do número quatro ou número nove? — falei virando um pouco a cabeça. Perguntei isso porque tinham dois novos moradores no quarto andar e como eu não me importava com isso, nem procurei saber quem era.

— Quatro.

— Para! — Ele fez cara de confusão, deve estar assustado comigo. — Eu moro no três.

— Então já tenho companhia pra ir pra casa.

Fiquei quieta olhando para ele. Coitadinho, não sabe com quem está querendo andar... Peguei minhas coisas e fui andando ao seu lado, quando cheguei às escadas, parei e olhei lá para baixo.

— Algum problema? — perguntou, provavelmente não entendo o porquê da retardada estar parada no meio do caminho sem se mexer.

— Não... — falei segurando com toda a minha força no corrimão.

Erick ficou me olhando com uma sobrancelha levantada. Cara, vira pra lá! Está me deixando constrangida!

Então fez uma coisa que eu não esperava, segurou minha mão livre. O olhei não entendendo e ele começou a descer as escadas segurando minha mão. Não vou mentir que fiquei mais tranquila, ao ponto de soltar a outra mão do corrimão.

— Medo de escadas? — perguntou quando já estávamos lá embaixo. Que alívio me dá saber disso.

— Na verdade, tenho um pouco de azar com elas. — falei mostrando a cicatriz debaixo da minha franja. Ele arregalou os olhos e que olhos...

— Você conhece alguém aqui?

Estávamos indo a pé e eu o assustando, tagarelando como sempre, mas ele não parecia se importar com meu falatório.

— Só o meu irmão e você — disse sorrindo.

— Quem é seu irmão?

— Edgar Alves.

— Sério?

— Sério. Você o conhece?

— Ele não sai da minha casa!

Ele me olhou assustado. Falei algo errado?

— O que ele faz lá?

— Ele é o melhor amigo do meu irmão.

Mudou o semblante do rosto. Chegamos ao prédio e entramos no elevador. Ai que glória chegar em casa! Quando parou no quarto andar, Fabrício e Edgar estavam do lado de fora do corredor. Pô esse cara não quer morar com a gente não? Eu hein!

— Você foi pra secretaria de novo? — Meu irmão perguntou irritadinho quando me aproximei da porta de casa.

— O que eu posso fazer se a diretora me ama?

Ele fechou a cara enquanto eu segurava uma risada.

****

No dia seguinte, acordei empolgada. Graças a Deus era sábado. Só de pensar em ficar longe daquela mulher me animava muito.

Eu adoro praia, sabe? Mas meu irmão é chato e fica querendo me prender em casa, desde que nossos pais morreram que ele enche o meu saco.

— Aonde você vai?

Ai que coisa mais chata! Sei que ainda tenho 17 anos e tudo mais, só que o Fabrício é muito chato, quer saber de tudo.

— Vou dar uma voltinha — respondi sem vontade.

Ele me encarou de braços cruzados.

— Eu só quero ir à praia um pouquinho, olha só o sol que está lá fora.

Fabrício fez uma cara de quem iria me impedir e odeio quando ele faz isso. E como sempre eu tenho que fugir. Sim fugir, quando ele deu mole, saí correndo para fora de casa, ele correu atrás de mim gritando como louco.

Sério, os vizinhos devem achar que somos uma família de retardados.

Corri bastante até não ver mais ele. Ah! Vencer é tudo de bom!

Segui meu caminho agora sem correr. Todo sábado era a mesma coisa e mesmo assim eu sempre conseguia fugir dele. A vitória é doce! Andava rindo sozinha pela minha fuga vitoriosa quando tropecei na calçada e caí deitada na rua. Por que isso sempre acontece comigo? Levantei xingando todos os nomes feios existentes na terra e quando olhei para o lado, um garoto loiro me olhava.

— Perdeu alguma coisa? — perguntei irritada, ele ria de mim. Garoto ridículo! Levantei do chão e puxei minha saia para baixo enquanto o desgraçado ainda ria. Tentei ignorá-lo, afinal de contas, brigar com ele só é bom na escola, porque aí eu levo suspensões.

Passei direto, mas não adiantou nada, veio me seguindo e falando gracinha. Ele consegue me tirar do sério! Fingi que ele nem existe, doida para quebrar a cara dele, mas me segurei, não vou estragar meu sábado, não vou!

Cheguei finalmente à praia e segui para perto da barraquinha do meu amigo Jairo, ele sempre olhava minhas coisas pra eu poder ir a água. Acho que é bom ser retardada às vezes, você conhece as pessoas que nunca viu na vida e ainda pede elas para vigiarem suas coisas.

Cumprimentei Jairo e já fui tirando a roupa. Estava com o biquíni por baixo. Entreguei a ele já querendo ir para a água e ignorar o ser estressante atrás de mim.

Comecei a andar em direção a água e ele segurou meu braço. Que filho da mãe! Não sabe segurar sem machucar não?

— Está me machucando, seu idiota! — falei com ele que me encarava sério. Olhei no fundo dos olhos azuis dele. — Dá pra soltar?

Não sei qual é o problema desse cara comigo, mas ele me odeia.

— Não gosto que fiquem me ignorando!

Tive que rir! Se não gostasse, não ficasse me seguindo.

— Wallace, querido, — comecei com ironia. — Se você não gosta, não me siga, porque você vai ser sempre um nada pra mim!

Ele fez uma cara de raiva que, cá entre nós, me deu até uma pitadinha de medo.

— Ei solta ela! — Ouvi uma voz rouca atrás de mim.

Me virei e vi aqueles olhos penetrantes do Erick, depois olhei o Wallace de novo e ele riu. Esse cara está querendo morrer, só pode!

— Arrumou um namoradinho defensor, é? — perguntou me olhando sarcástico.

— Ainda vejo sua mão no braço dela — disse Erick, parecia um pouco nervoso.

Wallace soltou meu braço. Logo coloquei a mão onde estava a mão dele, doeu, tá? Ele riu de novo e foi embora.

— Er... Obrigada — falei virando para trás, sem graça.

— Vamos à água?

Ele sorria como se nada tivesse acontecido. Será que eu não sou a única louca por aqui? Dei um sorrisinho sem graça e fui em direção a água ao seu lado. Olhei para trás e vi seu irmão conversando com alguns meninos na areia.

— Você não é daqueles caras que ficam cheios de frufru pra entrar na água não né? — perguntei a ele que me respondeu entrando direto e dando um mergulho.

— Vai ficar aí? — perguntou rindo enquanto o olhava da beira da água. Entrei dando um mergulho também.

— Liberdade! Que coisa maravilhosa! — falei enquanto nadava de costas. Erick riu, só pode me achar louca.

Quando começou a escurecer, saí da água. Sim fiquei o dia todo lá dentro, estava com as mãos todas enrugadas. Erick se aproximou de mim.

— Vai sozinha pra casa?

Uau alguém sem ser meu irmão preocupado comigo. Ou será só pra ele não ir sozinho? Já que o Edgar tinha sumido dali. A opção dois é mais provável.

— Vou — respondi enquanto me secava.

— Posso ir com você? — Me olhou sorrindo. O que está acontecendo aqui?

— Pode. Se você não tiver medo de que algo aconteça com você.

Ele me olhou confuso e tive que rir da cara dele.

— Eu tenho uma sorte daquelas.

Assim que eu falei isso, começou a chover. Olhei para ele, que sorriu enquanto olhava para o céu.

— Viu?

Seguimos debaixo de chuva para casa. Ainda bem que eu estava de biquíni porque minha blusa estava transparente.

Continuar lendo

Você deve gostar

Outros livros de Jéssica Amaral

Ver Mais
Capítulo
Ler agora
Baixar livro