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Maldita sedução
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5
Capítulo

Vou lhe contar uma história. É escura. É brutal. É real pra caralho. Para entender meu presente, quem eu sou e o que eu me tornei... Você precisa entender meu passado. O mal nem sempre se esconde nas sombras, na escuridão. Na maioria das vezes, está fora ao ar livre, em plena vista. Possuindo o homem que menos esperaria. Sabe, eu nunca imaginei outra vida até eu fazer uma para mim. Naquele tempo, eu estava muito longe, engolfado em nada além de escuridão sombria. Exatamente como era para ser. Ninguém poderia me tocar. Ninguém fodia comigo. Eu. Era. Invencível. Nada mais… Nada menos. Quando eu sonhei com o amor verdadeiro - de almas gêmeas, minha outra metade dela - a crueldade da minha vida iria me levar de volta para a minha realidade, se tornando, apenas isso mesmo, um sonho. Um que poderia facilmente se transformar em um pesadelo. Meu pior pesadelo. Toda memória, o bom, o ruim, o meio termo. Todos o eu te amo, todos os últimos eu te odeio, seu coração e alma que eu quebrei, despedaçados e destruídos ao longo dos anos, pertenciam a mim. Seu prazer. Sua dor.

Capítulo 1 O passado

Era tudo parte de mim, esculpida tão profundamente na minha pele

onde ela ficaria gravada para sempre. Minha história vai fazer com que

você me odeie tanto quanto ela, mas eu quero isso de você também. Não

estou à procura do seu perdão. Eu não o mereço tal como não mereço o dela.

Estou longe de ser o herói nesta história.

Estou mais perto de ser o vilão.

Exceto, que sou muito pior.

Eu sou o maldito monstro.

E, estou perfeitamente bem com isso.

Eu desafio você a tentar me amar...

Como ela fez e provavelmente ainda faz.

Não diga que eu não te avisei.

Agarrei meu rifle 223 Remington, segurando-o firmemente na porra

das minhas mãos. Sentindo a textura da madeira repousando com

segurança na ponta dos meus dedos. Eu estava armado e fodidamente

preparado, completamente focado no que eu tinha que fazer em seguida.

Me desligando de tudo ao meu redor, aguardando o momento de dar meu

tiro. Uma emoção poderosa, que eu não poderia começar a descrever,

imediatamente me percorreu. Senti isso no fundo da minha essência.

Eu era um homem.

Um homem que lidera a maldita escolta.

Exatamente como o nosso destemido ditador, Emilio Salazar, tinha

feito há trinta e nove anos atrás.

—Compañeros1, compañeros, queridos compañeros —, anunciou, tomando

seu lugar atrás do pódio no palco. Silenciando o grande e aberto estádio ao

ar livre, onde milhares e milhares de seus compatriotas socialistas estavam

presentes. Incluindo meu pai - que era o braço direito de Salazar - e eu

mesmo.

A multidão encarou o palco improvisado, localizado em frente ao

enorme prédio de concreto amarelo, manchado de buracos de balas e

bandeiras Cubanas. Absorvendo cada palavra que saiu dos lábios do nosso estimado ditador com olhos largos, como sempre o fizeram. Ouvindo atentamente quando ele declarava este dia, 26 de julho de 1992, o trigésimo nono aniversário de seu primeiro ataque monumental na segunda maior instalação militar de Santiago de Cuba: o quartel de Moncada. A mesma estrutura amarela exata que se elevava atrás de nós agora.

Fiquei lá com orgulho e honra, vestindo um uniforme militar idêntico

ao que Salazar vestiu naquele dia. Colocando estrategicamente minhas botas pretas de combate no mesmo ponto que ele colocou quando começou seu movimento revolucionário. Eu o conhecia na época, tanto quanto eu o

conheço pelos meus últimos dezoito anos de vida. Eu queria tudo o que ele tinha.

O respeito. O poder. O controle.

Admirando o líder que há quase quatro décadas havia organizado seu

próprio golpe militar ao lado de cento e trinta e cinco outros radicais.

Tornando sua presença conhecida.

Ao declarar a guerra.

Mal o Presidente na época sabia que Emilio iria dedicar todo seu sangue, suor e lágrimas dos cinco anos e meio seguintes, para cumprir sua

promessa única de uma vida melhor. Reivindicando mais cidades, tirando a vida de milhares que se meteram em seu caminho, e ficando mais poderoso até que ele finalmente não teve escolha senão abdicar para parar

o derramamento de sangue.

Cobarde.

Emilio pode ter perdido a batalha nesse dia em 1953, mas o fracasso

não teve nenhuma conseqüência para ele ou para nós. Tudo o que importava foi que, eventualmente, ganhou a maldita guerra.

O resto é história.

—Eu queria escrever este discurso para evitar a emoção decorrente desta ocasião—, professou Salazar em espanhol, olhando em todo o vasto

espaço. Fazendo contato visual com pessoas da multidão, permitindo-lhes sentir-se como indivíduos em vez de um mar de corpos. Ele criou uma conexão profunda que ninguém poderia compreender, a menos que eles

entendessem isso...

Para o seu povo.

Para seus homens.

Especialmente para mim.

Emilio Salazar era Deus.

Não pude deixar de pensar na última vez que estive aqui, apenas algumas poucas semanas atrás. Uma lembrança que eu levaria para meu túmulo.

O silêncio era ensurdecedor quando o carro acelerou na estrada vazia para

onde quer que estivessemos indo naquele dia. Eu simplesmente me sentei no banco

de trás ao lado de Salazar enquanto o motorista dirigia um de seus veículos pessoais e de prestígio. Sua equipe de segurança esboçou habilmente o perímetro, dirigindo na frente e atrás de nós, com alguns carros espalhados ao lado. Embora estivéssemos encaixotados com guardas armados, Pedro - um tijolo de um metro e noventa e cinco e duzentos quilos - ainda nos acompanhava no banco da frente do

nosso veículo.

Para não mencionar que eu também estava fodidamente armado. Eu estava carregando uma arma desde que eu era um chamaco2, um menino de doze anos, o que estava longe de ser normal em Cuba. Salazar se certificou disso. Sua primeira ordem de negócios após sua revolução foi tirar cada uma de suas armas de fogo. Era mais fácil controlar os dissidentes que ainda estavam contra ele, se não pudessem

lutar. Eu era a exceção à regra, dada a alta posição que meu pai ocupava no regime de Salazar. Não tive escolha a não ser prosseguir. Ele era o capitão do exército de Emilio, o que o fazia como um maldito alvo tanto como o próprio Salazar.

Meu pai sempre disse que entrei neste mundo chutando e gritando, fazendo com que minha presença fosse conhecida, uma força a ser comprovada. Um prodígio natural nascido pronto para lutar por um propósito. Embora houvesse um programa obrigatório dos dezessete aos vinte e oito, que a maioria dos homens guri, criança temia, eu me esfolei para garantir que me formace um ano antes. Me inscrevi voluntariamente para servir meu país no dia em que cheguei à idade. A maioria dos homens só serviu os dois anos necessários, mas eu deixei claro para meu pai que os

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