Os detetives Luís Oliveira e André Gonçalves são designados para investigar uma série de assassinatos misteriosos na cidade do Rio de Janeiro. Os crimes têm em comum uma pena de avestruz que é deixada dentro da boca das vítimas. Como na mitologia egípcia, em que Anúbis julga os mortos medindo o peso de suas culpas com a pena de Maat, esse caso os leva a uma sequência de crimes na qual o assassino revela seu desejo por vingança. O caso se torna cada vez mais complexo quando os detetives descobrem que o ocorrido tem suas raízes em um crime do passado que foi abafado. O detetive Luís logo se vê envolvido com uma mulher que, para seu desespero, tanto pode ser a assassina quanto a próxima vítima.
Meus pais eram pessoas humildes. Meu pai, Carlos Roberto, não terminou nem mesmo a quarta série primária, e minha mãe, Marilza... Ah... Marilza, tao imperfeita quanto todos os seres humanos, porém, tão perfeita quanto todas as mães que amam os seus filhos, estudou até a sétima série, ou, como chamam hoje em dia, até o oitavo ano do ensino fundamental.
Foi com cinco anos que ganhei o meu primeiro livro. Meu pai chegou em casa no bairro de Acari, trazendo uma coleção d e livros do hoje saudoso Daniel Azulay. Meus irmãos André e Adriana já sabiam ler e escrever e receberam os deles com a empolgação natural de uma criança, mas, logo os abandonaram, após colorir e completar as brincadeiras.
Foi então que eu peguei os deles para mim.
Imagino a enorme paciência que a minha mãe teve comigo ao, diversas vezes, mostrar interesse quando eu a chamava para ler para ela. Eu, que não sabia ler, interpretava as figuras e olhava para o rosto dela, esperando aprovação.
Quão boas atrizes são as mães, por mostrarem interesse em momentos como aquele...
E foram muitos!
O suficiente para meus pais notarem que a, então, caçula deles tinha por livros.Dia após dia, a Aline criança recebeu de presente gibis da Turma da Mônica, a maioria do Cebolinha, seu personagem predileto. Cadernos de desenho, livros usados, um "Novo Testamento" ilustrado, coleção de contos de fadas...
Foi durante a minha adolescência que a minha mãe deu-me o maior e melhor exemplo de vida: Não sei que idade ela tinha quando decidiu voltar a estudar, lembro de ainda estar no ensino fundamental.
Foi com orgulho que concluiu o primeiro grau num colégio estadual, fez supletivo. Depois, ingressou no ensino médio regular e logo estava no último ano. Pobre, mãe de quatro filhos, morava no bairro de Água santa, subúrbio do Rio de Janeiro estudou em casa para o vestibular.
Um sonho: seria ela a primeira pessoa da família a entrar em uma faculdade?
Lembro-me dela indo ao jornaleiro nervosa para comprar a Folha Dirigida, onde comunicavam o resultado das provas, e lá estava o nome dela!
O que começou coo a realização de um sonho, logo, foi obscurecido por um pesadelo: o colégio, onde concluiu os estudos, não aprontou o histórico dela a tempo para a matrícula...
Ela perdeu a vaga na UERJ.
Mas Marilza era uma guerreira, estudou em casa sozinha mais um ano inteiro, com a promessa do colégio de que aprontariam os seus documentos em breve. Mais uma vez fez a prova, e, como não poderia deixar de ser, APROVADA!
Infelizmente, mais uma vez o colégio não aprontou os seus documentos. Minha mãe ficou desesperada, visitando a escola, implorando, telefonando para se apressarem, enviou cartas para jornais e revistas, mas, não aprontaram e nem derem explicações.
"Se eu perder a vaga, de novo, não vou tentar mais não. O mais difícil eu fiz, que foi passar, mas se mais uma vez não conseguir..."
Minha guerreira perdeu as forças, especialmente, após a notícia da sua situação aparecer no Jornal Nacional, que terminou com uma nota do diretor do colégio culpando a minha mãe pela falha dele.
A luta para mudar a realidade imposta pelo sistema aos mais pobres não terminou com esse evento. Minha mãe incentivou o máximo que pôde os estudos dos filhos. até que um câncer a levou...
Antes que eu passasse para a UFRJ...
Antes que que me matriculasse no curso de história...
Antes que eu escrevesse o meu primeiro livro...
Inocência sob Suspeita foi escrito lentamente. Eu estava cheia de dúvidas e inseguranças. Poderia eu, uma mãe solteira, pobre, que vivia de vender bolos para fora, e atreveu-se a ingressar numa universidade federal escrever um livro?
Minha mãe ensinou-me e mostrou-me que sim!
Mesmo com todos os obstáculos,
Mesmo com outra escritora, de Copacabana, me chamando de "bolera",
Mesmo escrevendo em um notebook velho e faltando letras,
Mesmo com o baeta temporal que caiu no dia do lançamento do livro, enchendo as ruas do centro da cidade onde realizava o evento.
Os melhores amigos apareceram em meio a tempestade, e enquanto a chuva caía, eu olhava pela janela, sentindo a falta dela... Apesar da suada de, eu sorri. Ninguém viu quando uma lágrima rolou pelo meu rosto, ninguém ouviu quando o meu peito gritou: "Olha mãe, eu consegui, eu escrevi um livro!"
Capítulo 1 Prefácio
27/09/2022
Capítulo 2 Um pecado do passado
27/09/2022
Capítulo 3 Conversa com um estranho
27/09/2022
Capítulo 4 A nova professora
27/09/2022
Capítulo 5 Detetive Oliveira entra em cena
27/09/2022
Capítulo 6 O dia seguinte
27/09/2022
Capítulo 7 Coincidências
27/09/2022
Capítulo 8 Chantagem
27/09/2022
Capítulo 9 Um fantasma do passado
27/09/2022
Capítulo 10 O amor não é moeda de troca
27/09/2022
Capítulo 11 Monstros
27/09/2022
Capítulo 12 Melhor amiga
27/09/2022
Capítulo 13 Conhecendo o passado
27/09/2022
Capítulo 14 O ex
27/09/2022
Capítulo 15 Sobre os mortos
27/09/2022
Capítulo 16 A maldição de Anúbis
27/09/2022
Capítulo 17 Um noivo assassinado
27/09/2022
Capítulo 18 Os detetives discutem o caso
27/09/2022
Capítulo 19 Visita indesejada
27/09/2022
Capítulo 20 Os detetives vão ao hospital
27/09/2022
Capítulo 21 Feiticeira
27/09/2022
Capítulo 22 O Ataque
27/09/2022
Capítulo 23 Outra vítima
27/09/2022
Capítulo 24 Ação
27/09/2022
Capítulo 25 O senador entra em cena
27/09/2022
Capítulo 26 Três amigos discutem o caso
27/09/2022
Capítulo 27 Epílogo
27/09/2022
Capítulo 28 Outros títulos da autora
27/09/2022
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