Sinopse "As pessoas sempre querem deixar uma marca, serem notadas, porém, geralmente as marcas deixadas são cicatrizes, podemos perdoá-las, mas sempre as teremos, podemos encobri-las, mas nunca esqueceremos o que as causaram." Quando crianças, os nossos pais contam-nos histórias sobre monstros, mas quando crescemos percebemos que os verdadeiros monstros são os seres humanos. Maya cresceu em meio a humilhações e torturas constantes por ser a filha bastarda de um mafioso com a sua empregada, em meio a tudo que perturba a sua mente, medos, trauma existem pessoas que a mantém de pé, para proteger aqueles que a ajudam e amam é capaz de tudo.
Maya
Sinopse
"As pessoas sempre querem deixar uma marca, serem notadas, porém, geralmente as marcas deixadas são cicatrizes, podemos perdoá-las, mas sempre as teremos, podemos encobri-las, mas nunca esqueceremos o que as causaram."
Quando crianças, os nossos pais contam-nos histórias sobre monstros, mas quando crescemos percebemos que os verdadeiros monstros são os seres humanos.
Maya cresceu em meio a humilhações e torturas constantes por ser a filha bastarda de um mafioso com a sua empregada, em meio a tudo que perturba a sua mente, medos e traumas existem pessoas que a mantém de pé, para proteger aqueles que a ajudam e amam é capaz de tudo.
*Maya Narrando*
06 de junho de 2022
Aqui estou, às seis da manhã de uma segunda-feira, mais uma vez no canto desse quarto, ou melhor...desse sótão, por mais que a casa tenha vários quartos vagos, foi esse que a minha madrasta escolheu para mim, esse limitado lugar é sossegado, por mais que não tenha uma cama, de exatidão, há um colchão em cima de paletes, mas é aqui que encontro paz.
Diariamente penso: por que ter nascido exatamente nessa família?
Vou contar-lhes uma breve história:
Miguel era um jovem herdeiro da empresa Lazinne, a maior empresa de importação e exportação do país, que se envolveu com uma das empregadas da casa e ela apaixonou-se perdidamente por ele. o que seria
uma verdadeira história de romance, caso ele já não tivesse dois filhos e uma esposa grávida, nesse caso o romance em questão estava obviamente fardado ao fracasso mesmo não amando a esposa tendo casado simplesmente por negócios, ainda sim, casado.
Ele prometeu à empregada que iria divorciar-se da sua esposa, dizia que a amava, que fugiria com ela, enfrentaria o mundo por seu amor, e no fim engravidou aquela jovem e apaixonada empregada e como se não bastasse, fez a esposa e a amante conviverem até terem os bebês alegando que ao fim da gestação iria então se divorciar da esposa para se casar com ela, ela confiou cegamente em seu amado entretanto os seus planos não saíram como o previsto, após horas de trabalho de parto, algo deu errado e ela acabou a falecer, sem ao menos conhecer a sua pequena filha. Ana a esposa legítima teve que criar a filha bastarda do seu marido, ou melhor, aparentar criar.
Mas os fatos são bem diferentes, quem a criou mesmo foi Olga, a governanta, uma senhora de 75 anos que vem a trabalhar por mais de 55 anos para a família Lazinne, uma mulher carinhosa, amorosa e demasiada amável.
Como sei dessa história? Porque sou a filha bastarda!
Ana dava-me "afago" exclusivamente na frente de Miguel, todavia ele sempre foi igualmente indiferente à minha existência, sinto que constantemente me culpa por perder a mulher que amava, apesar de tudo tenho que agradecer por ter Olga, ela ensinou-me a cozinhar, bordar, costurar, e muito além disso ensinou-me sobre responsabilidade, respeito e força, ela é responsável pela pequena fração de bondade existente em mim.
Sempre fui deixada em último plano, jamais tive as mesmas oportunidades dos outros filhos, não que esperasse ter, enquanto eles ganhavam tudo, frequentavam as melhores escolas, fico somente com as migalhas o que sobra ou não querem mais, estudei em casa me sentia presa e vigiada a todo momento.
Quando Miguel sai para trabalhar, preciso executar as tarefas de casa, para poder comer ou serei castigada, mesmo assim, mesmo fazendo todo o ordenado, sempre sou humilhada, por minha madrasta e os meus irmãos mais velhos, Kraus e Laura, para eles eu sempre fui um fardo e sempre sou culpada no lugar dos dois, antes eu costumava ligar, hoje em dia não faz mais diferença.
Já não choro, já não imploro, já não me importo.
Olga contou-me toda a história dos meus pais. Entendo que sou um erro, e que nunca fui desejada, entendo que não gostem de mim, sendo que tudo que fazem comigo, vai muito além de simplesmente
não gostar, tenho consciência que não sou culpada pelos erros dos outros, mas a minha madrasta não pensa o mesmo.
Além de tudo isso, Miguel confia em mim para resolver os problemas da empresa, me envolveu em seus negócios sujos o que os deixa muito mais cruéis e impiedosos comigo, afinal sou somente uma bastarda como dizem e por isso não aceitam que ele confie mais em mim do que nos legítimos, nem de longe eu gostaria de ter sido a escolhida para isso, entretanto há coisas que precisamos fazer por aqueles que amamos, proteger e manter seguras essas pessoas, é esse o meu objetivo.
Miguel escolheu-me após um incidente, na verdade quem escolheu-me mesmo foi George Lazinne o meu avô ele disse que conquistei a sua confiança e mostrei talento para tais coisas.
--flashback--
*Anos antes*
Setembro de 2017
Sexta-feira, 16:35 da tarde, estava arrumando as minhas malas para um final de semana na casa do meu avô, ele é incrível, seus cabelos brancos e rugas aparentes por conta da idade, seu cheiro de charuto misturado com seu perfume favorito um francês amadeirado, adoro visita-lo se pudesse ficaria para sempre com ele, ele me trata com amor e respeito, me sinto bem e feliz com ele por perto, ouço risadas vindas do corredor, vejo que os meus irmãos Kraus e Laura estão brincando perto da escada, como sempre Kraus está bem vestido com um terno de linho com seus cabelos penteados para trás com bastante gel, já Laura com um vestido de princesa rodado em um tom rosa bebê, laços no seu longo cabelo loiro, Ana sempre os arrumava assim queria impressionar com o "cuidado" que tinha com os filhos, dava para diferenciar de longe, sempre estou vestindo moletom e tênis com o cabelo em coque ou rabo de cavalo, mas agradeço por poder usar a roupa que eu quiser, imaginar ficar vinte e quatro horas vestido assim me dá até alívio de não ser filha dela.
--Bastarda, Bastarda. --Eles gritam ao me ver, os ignoro e continuo arrumando as minhas coisas, eu realmente odeio ser chamada assim, mas nunca respondi, afinal o que eu sou mesmo? simplesmente uma bastarda, a filha da empregada com o chefe, isso me incomodava mais ao ponto de brigar, gritar, chorar ou discutir com eles, agora já não tem tanto peso para mim.
--Maya, me ajuda com a mala? --Mia a minha irmã diz entrando no quarto andando em minha direção, está com uma saia e uma blusa de sua cor favorita violeta e sapatilhas lindas.
--Claro, o que houve? --Digo enquanto a acompanho até seu quarto, quando entramos vejo a sua mala aberta, com muitas e muitas roupas espalhadas pelo chão e os móveis do quarto, uma verdadeira bagunça.
--minha mala não fecha!!--Diz com um bico apontando para a mala eu sorri a olhando.
--sério? nem imagino o motivo--Digo ironicamente--Precisa mesmo de tudo isso? São só dois dias.
--Claro que preciso, se não levar vou ficar sem opções! -Diz como se fosse algo óbvio
--Quantas opções você precisa para dois dias? --Digo lembrando que só coloquei duas calças, duas blusas, roupas intimas e um moletom na mala.
--Eu preciso combinar as roupas e se eu não gostar, preciso de opções! --Disse aparentemente frustrada.
--Ok, ok se senta em cima da mala, vamos fechá-la--Digo acalmando-a e assim ela fez, sentou-se em cima da mala enquanto eu tentava a fechar, algumas tentativas depois conseguimos fechá-la
--Pronto! --A olho já cansada após inúmeras tentativas
--Minha heroína! --Eu sorri enquanto ela me abraçava, parecia algo bobo, mas para ela é algo realmente importante
--Não é para tanto, termine de se arrumar eu vou colocá-la lá embaixo para você. ---saio do quarto dela levando a mala para o andar de baixo e a colocando junto com as outras, subo para buscar a minha e ouço Miguel
--Todos prontos??-Gritou ao bater o porta-malas, após ter colocado as malas lá dentro Terminei de fechar a minha mala e desço com a mesma
--esquecemos uma? -- ele sorri e estendo a mão-- deixa que te ajudo.
--não precisa! --- digo abrindo o porta-malas e colocando a mala lá dentro, o observo me olhar
--Sente-se na frente hoje Maya-- o ouço dizendo ando em direção a porta do passageiro quando Ana segura a minha mão e me olha
--Kraus irá na frente. -- Ana se intromete como sempre-- afinal ele é o mais velho-- me encara.
--Tudo bem! Vamos, está ficando tarde-- como sempre a vontade de Ana Prevalece.
Entramos no carro enquanto minha madrasta ficou meu avô nunca aceitou ela, e isso se transformou em uma antipatia enorme do tipo que não consegue nem sequer olhar para ela, bom ele é o mais sensato e sábio desta família mesmo, enquanto o carro ia se distanciando da casa e consequentemente de Ana, parecia que um peso saia de cima dos meus ombros, por mais que sejam somente dois dias, isso significa dois dias de paz, longe dela, enquanto a mesma acenava sorrindo percebi que ela deve sentir o mesmo alívio que eu.
Assim que saímos pelo portão de casa percebo que um carro preto que sai do lugar estacionado assim que passamos, e com o decorrer do caminho o mesmo continuava atrás de nós, conseguia identificar a placa, por ter uma ótima memória.
Estamos no carro, a mais ou menos 3 horas e paramos algumas vezes Laura e mia estão conversando sobre uma banda do momento, roupas, maquiagens coisas típicas de garotas, claro que sou uma, porém em vez de bandas do momento e músicas sem nexo prefiro ouvir músicas populares MPB e alguns clássicos internacionais e não curto nem um pouco falar sobre maquiagem.
Kraus liga o rádio e está tocando uma música animada, Miguel começa a cantar junto com a música o que faz todos rirem, menos eu, logo eles estão cantando e sinto que Miguel me observava pelo retrovisor, não consigo simplesmente fingir que sou parte dessa família. Laura e mia estão rindo e vendo seus telefones, mostrando fotos e vídeos da tal banda reviro os meus olhos e coloco os meus fones de ouvido, encosto a cabeça na janela observando as gotas de chuva começando a cair, percebo que mesmo após todas essas horas e paradas o carro ainda está atrás de nós
--Tudo bem aí atrás--Ele pergunta olhando pelo retrovisor
--esse carro preto está atrás de nós desde a rua de casa--Digo observando
--Tem certeza? --ele disse.
--A placa é a mesma..., mas pode ser coincidência. --Digo e logo após o caro preto nos passa ficando na frente, logo desaparece de vista
--Viu, não era nada, por que é sempre desconfiada? --Kraus me olha com deboche
Algum tempo depois, o carro aparece novamente diminuindo a velocidade, Miguel freia bruscamente, nós fazendo sacolejar, quando olho tem outro carro preto atrás e o da frente está parado no meio da pista bloqueando o caminho as portas se abrem e alguns homens saem com armas nas mãos
--Kraus saia com as suas irmãs. --Ele diz autoritário
--Como assim papai? --perguntou confuso Miguel entrega uma arma para Kraus.
--abra a porta, corram e se escondam quando eu sair do carro.
--Mas...--ele o olha tremulo
--Me obedeçam!!-- ele pega uma arma na cintura
Assim que Miguel saiu do carro começou a atirar contra os homens, abrimos a porta e começamos a correr, a chuva que antes era fina começa a ficar grossa e pesada, cada vez mais forte e persistente, meu coração parecia que iria saltar pela boca.
--Ali, vamos nos esconder ali. --Laura aponta
Corremos em direção a uma fábrica abandonada enquanto ouvíamos tiros, a fábrica estava claramente abandonada, em ruínas, tinta desgastada e ferrugem por toda parte, assim que entramos vemos uma escada de madeira caída no chão e um segundo andar caindo aos pedaços com uma escada inacabada nem sequer tinha acabado de ser construída.
--e o papai? --Laura pergunta assustada
--Laura não se preocupe ele sabe se cuidar. --Digo a acalmando
--Kraus, eu estou com medo. --Mia diz e percebo que preciso contornar essa situação para tranquilizá-la
--Vocês três se escondam. --Ele nos olha tentando parecer corajoso, porém está tremendo tanto que se faz obvio seu medo.
--Não vou deixar-te aqui sozinho. -- mesmo que Kraus seja um idiota, e péssimo irmão não vou deixá-lo sozinho nessa situação.
--Ok, Laura e mia se escondam ok? --Ele diz ao se virar para elas
--Onde? Não tem lugar aqui. --Laura diz olhando para os lados exatamente tudo ao nosso redor é aberto, não tem onde nem como se esconder, olho para cima e tenho uma ideia.
--Kraus me ajude com a escada--Digo a levantando a escada de madeira e a, colocando para elas subirem para o segundo andar, enquanto nós estávamos segurando a escada para elas subirem ouvimos barulhos de passos se
aproximando.
--Precisamos mantê-las seguras, vou esconder a escada. --Digo me afastando dele, ando até a parte de trás da fábrica e a coloco de baixo de uma lona antiga e rasgada, que estava jogada no chão assim que escondo a escada volto para dentro e consigo ver um homem apontando a arma para ele que estava com tanto medo que urinou nas calças, olho um pedaço de ferro no canto da parede, o pego devagar e caminho lentamente até o homem, em seguida bato na cabeça do mesmo que fica levemente atordoado, eu vou até Kraus
--Está bem? --pergunto vendo o seu estado, uma poça de urina se formou em sua volta
--Maya cuidado. --Ele grita Lembro da arma de Miguel que está com ele a puxo de sua cintura, a destravando e viro já atirando, e o homem cai morto fazendo um estrondo.
vejo Kraus em estado de choque, tremendo e sem reação alguma, ouço o barulho da enorme porta de ferro se abrindo jogo Kraus para trás de mim, virando para o proteger, já com o dedo no gatilho e aponto a arma, ficando de cara com Miguel, meu avô e alguns homens todos de terno preto e bem armados.
Miguel estava com o braço atingido segurando com a camisa e seu olhar para mim, não consegui reconhecer seria medo? ou orgulho? não consegui reconhecer.
--Já pode largar isso-- ele pega a arma-- cadê as suas irmãs nos olham esperando uma resposta
--Estão lá em cima, escondi a escada. --Digo firme-- está atrás da fábrica, cobri com uma lona.
--Maya...--o seu tom de voz.
--Que foi? --pergunto sem entender. --Melhor fazer um torniquete aí--O observo ficar surpreso enquanto tirava o meu cinto e entregava para ele.
--desçam as minhas filhas. -- Ele ordenou aos homens e eles pegaram a escada e as desceram, elas estavam assustadas e nervosas, mia corre para me abraçar chorando
--Maya você está bem? -- me aperta forte
--sim, eu estou, mas o importante é você estar bem.
--Kraus, era para você proteger elas! Vira homem. --Meu avô diz em um tom ameaçador e seu olhar de decepção
--ele tem 15 anos pai. --Miguel se colocou a frente de Kraus
--E Maya 13 e não se importou de matar para protegê-los -- me sinto mal por Kraus afinal ele só estava com medo meu avô sorriu para mim e caminhamos em direção ao carro, sentei-me na frente com meu avô, e fomos em direção ao Sítio, assim que chegamos tomei um banho e me sequei colocando meu moletom, enquanto os meus irmãos foram brincar o meu avô me chamou para o escritório.
--Querida, estou impressionado, quem te ensinou a usar esta arma? -- desse colocando-a em cima da mesa
--Eu vi nossos seguranças usando durante o treino de tiro.
--E sobre o torniquete? --Pergunta curioso
--Eu gosto de filmes de ação --Sorri lembrando das longas noites assistindo filmes de ação até altas horas da madrugada.
--Você é uma verdadeira lazinne ! Venha com o vovô vamos dar uma volta, quero lhe contar uma pequena história sobre a nossa família, concordei e o acompanhei, entrei em um mundo completamente diferente.
--você sabe de onde vem o Dinheiro da nossa família?
--Da empresa de roupas? -- fico confusa
--Não querida, você será a primeira a saber sobre isso ok, não conte aos seus irmãos--Eu assenti
O verdadeiro mundo da família lazinne, cheio de drogas, contrabando e mortes, desde então ele me treinou para aprimorar as minhas "habilidades" e descartou Kraus completamente desses assuntos.
Mas o que ninguém entendeu é que eu não fiz isso por eles...foi por ela.
*Flashback off*
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