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Olhei para o meu reflexo no espelho e respirei fundo enquanto
passava a mão pelo meu vestido, observando como aquele modelo favorecia
cada curva do meu corpo. Era um vestido elegante e sexy, e segundo minha
mãe, a escolha perfeita para a ocasião. O objetivo era impressionar meu
futuro noivo com uma presença marcante e sofisticada, enquanto eu deixaria
um toque sutil de sedução no ar.
A peça foi confeccionada com um tecido de alta qualidade, uma cor
de tom profundo de vinho. O decote era levemente em forma de V,
destacando minha clavícula e colo, enquanto as alças finas conferiam um
toque delicado aos ombros. O vestido abraçava elegantemente minha
silhueta, delineando todas as minhas curvas.
A parte superior da peça possuía um caimento justo até a cintura, que
estava marcada por um cinto fino, decorado com detalhes elegantes, e uma
fenda sensual que revelava parte da minha perna a cada passo. Detalhes
delicados de renda preta contornavam as bordas do decote, das alças e da
fenda, criando um intrigante contraste com a cor vinho; além de ter sido
estrategicamente colocada em algumas áreas da saia, sugerindo transparência
e aumentando a sensualidade da peça. Nos pés, usava sandálias pretas de
salto, adornadas com pequenos cristais de Swarovski no tornozelo.
Por último, mas não menos importante, olhei para o meu rosto, onde
uma maquiagem suave cobria minha pele, destacando o batom em um tom
muito semelhante ao do vestido. A imagem que via no espelho era a de uma
mulher bonita, vestindo roupas elegantes com o objetivo de impressionar um
homem.
Meu futuro noivo.
O líder da Blood Skull.
Ouvi duas batidas na porta e vi minha mãe entrar, olhando-me de
cima a baixo, como se estivesse avaliando uma mercadoria. Ela se aproximou
e parou atrás de mim.
Éramos muito parecidas, mas nossa semelhança se limitava à
aparência física. Alejandra é natural da Turquia, filha dos poderosos donos de
um cartel do país, se casou através de um arranjo vantajoso com meu pai e
parecia satisfeita com sua vida. Não tive muito contato com meus avós, pais
dela, então não posso presumir muito sobre a criação que teve. No entanto,
sua falta de interesse em comparecer ao funeral deles me deu algumas pistas.
Minha mãe sempre foi fria e impessoal, pelo menos comigo. Ela
costumava ser diferente com Genevieve, minha irmã mais velha, e quando ela
se foi... tudo ficou ainda pior para mim.
Genevieve era a filha perfeita, que aceitava e seguia todas as ordens,
era extremamente feminina e dedicada a ser a esposa ideal para um líder. Ela
era pacífica, obediente, submissa, e a prometida do homem com quem ficaria
noiva naquela noite.
Ela era tudo o que eu não sou.
Tudo mudou quando eu tinha apenas seis anos, em uma semana
Genevieve estava noiva, e em menos de um mês foi expulsa da famiglia por
trair o futuro marido com um dos membros do cartel. Foi quando soube que
as coisas mudariam e que eu teria uma criação ainda mais diferente. Eu iria
assumir o lugar dela, cumpriria o dever e honraria a promessa do meu pai.
Com seis anos, soube que teria um casamento arranjado, esse seria meu papel
como mulher da famiglia.
— O vestido ficou perfeito — disse, tocando minha cintura. — Eu
disse que emagrecer uns três quilos faria diferença. — Mantive minha
respiração controlada enquanto ela falava para que não percebesse que menti.
A verdade era que não tinha emagrecido, estava cursando medicina há
seis meses em período integral, o que me custava uma rotina puxada, já que
continuava treinando todas as noites. Não podia parar, precisava estar
preparada para o casamento, sabendo me defender de uma possível agressão.
— Obrigada. — Agradeci com um tom de voz sereno, mesmo
desejando gritar e expressar o quanto me sentia usada e como uma impostora,
vivendo para ser o que minha irmã não foi, para viver a vida que deveria ser
dela, não minha.
Olhei seu rosto pelo reflexo do espelho.
Uma impostora.
Uma farsante.
Senti-me como se estivesse preenchendo o vazio que Genevieve
deixou.
Dio mio, iria transar com o homem que deveria ser dela!
— Todos estão esperando por você, então desça e honre o nome de
nossa famiglia. Entendeu, Mia?
— Si, mamma — respondi e ela acenou em concordância, sorrindo
levemente ao abrir a porta do quarto e estendendo a mão para que eu passasse
na frente.
Alejandra não costumava usar palavras em italiano, a língua nativa do
meu pai, no entanto, ela fez questão de que seus filhos usassem a língua para
manter a tradição da famiglia. Catarina, que todos chamavam Nanna, minha
irmã, tinha apenas um ano e já estava tendo aulas de iniciação no idioma.
Contive um suspiro ao sentir meu peito apertar quando me lembrei da
minha irmã, ela não tinha contato com outras crianças e vivia isolada. Sentiame profundamente culpada por não ter dado a devida atenção a ela nos
últimos meses, em função do caos em minha vida. Porém, pelo menos todas
as noites dormíamos juntas, e Luigi e Alejandra não interferiam nisso. Acho
que, no fundo, eles entendiam o tipo de pais que são e permitiam que nós
duas encontrássemos amor uma na outra.
Quando Luigi disse que eu só poderia estudar se fosse perto de casa,
nem tentei contestar, pois não queria ficar longe de Nanna. Isso pode parecer
um ato nobre da minha parte, mas a verdade é que eu precisava dela tanto
quanto ela precisava de mim, já que passava o dia com babás e não recebia o
amor materno que merecia.
À medida que nos aproximávamos das escadas, respirei
profundamente para me acalmar.
— Mantenha a postura, Mia — Alejandra me repreendeu.
Ergui o queixo, forçando uma expressão serena quando cheguei ao
topo das escadas. Ignorei o fato de que praticamente todos interromperam
suas conversas para me olhar. Procurei meu futuro noivo com os olhos e o
encontrei ao lado de Luigi.
Seus olhos estavam fixos em mim, afiados como os de uma águia.
Devolvi seu olhar e, com muito cuidado, comecei a descer os degraus,
permitindo que a fenda do vestido revelasse parte da minha coxa a cada
passo.
Dominic Walsh era alto e robusto, emanando uma aura de confiança
em todo o ambiente, seus cabelos loiros brilhavam, contrastando com a pele
levemente bronzeada. Seus olhos transmitiam determinação e certo mistério,
enquanto sua mandíbula forte e expressão segura o tornavam imponente
diante dos outros. Cada um de seus movimentos era seguro e firme; até
mesmo o simples ato de levar o copo de uísque à boca irradiava uma
sensação de controle sobre tudo ao seu redor. Além da sua postura ereta e
controlada, como se estivesse permanentemente preparado para agir.
Sua presença era magnética e inegavelmente atrativa.
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