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CONTRATO DE CASAMENTO - A  VINGANÇA DO CEO

CONTRATO DE CASAMENTO - A VINGANÇA DO CEO

K. G. Souza 01

4.9
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14
Capítulo

Graziela Silva trabalha como camareira em um hotel de luxo no jardins, o bairro com o metro quadrado mais caro de São Paulo. Com apenas 25 anos ela já sabe o que é sofrer, nasceu e cresceu na Cachoeirinha, uma das favelas mais perigosas de São Paulo e seu maior sonho é sair de lá e ter muito dinheiro para nunca mais ser humilhada. Em mais um dia de trabalho árduo, ela finalmente vê a oportunidade de realizar seu sonho, ela flagra uma traição e resolve usar essa informação, mas o que deveria ser uma grande oportunidade se tornará um enorme problema. Samuel Moretti é o herdeiro do império Moretti, o grupo de empresas mais rico e poderoso do país. Um homem rico, bonito, inteligente, sempre teve de tudo que quis, principalmente o respeito das pessoas ao seu redor. Um homem frio, autoritário, que não aceita ser desafiado, mas ele terá que lidar com uma chantagista que aparentemente não tem medo das suas ameaças. Um segredo é descoberto e essa é a chance de mudar para sempre sua vida, de uma chantagem surge um contrato de casamento, mas Graziela vai descobrir que na vida real, os casamentos forçados não terminam em final feliz.

Capítulo 1 Vida difícil

GRAZIELA

—Para de tocar, porra! —Jogo o despertador no canto da cama —eu nem dormi direito e já tá na hora de ir trabalhar de novo? Eu não atirei pedra na cruz, Senhor! —Reclamo. Olho o relógio na cabeceira da cama e já são quatro e meia da manhã, hora de acordar, ou vou chegar atrasada no trabalho. Me levanto, vou até o minúsculo banheiro do corredor, escovo os dentes e lavo o rosto. Banho? Eu vou deixar para tomar no trabalho. Nunca que eu vou tomar banho frio, uma hora dessas, a porcaria do chuveiro queimou de novo.

—Tomou seu café, filha? —Minha mãe pergunta quando estou saindo.

—Não dá tempo, mãe, eu tomo café no hotel. A bênção. —Dou um beijo nela e saio. Por pouco não perco a van. A primeira van do dia, sai da favela às cinco horas da manhã, depois pego o ônibus no centro às seis horas e desço no primeiro ponto do Jardins às seis e quarenta, sete horas bato meu ponto, no Hotel Royal. Essa é minha rotina diária, morro de cansaço? Sim, mas meu salário não é dos piores, mil e quatrocentos reais de salário, mais vale transporte, quanto a refeição, podemos comer aqui a vontade, sem descontar do pagamento.

Meu nome é Graziela Silva, tenho vinte e cinco anos, só tenho o sobrenome da minha mãe, o doador de esperma deu no pé quando descobriu a gravidez. Moro com minha mãe, Márcia, que está com seus quarenta e nove anos, ela finalmente conseguiu um benefício do governo, agora pode descansar das faxinas; e com minha irmã Gabriela, de dezenove anos, acabou de concluir o ensino médio, não faz nada da vida, só quer curtir.

Eu trabalho como auxiliar de limpeza no Grand Hotel Royal, um hotel de classe média alta que fica localizado no bairro Jardins, o metro quadrado mais caro de São Paulo e, moro na Cachoeirinha, uma favela. Grande ironia, limpo o chão no bairro mais caro de São Paulo, enquanto nasci e cresci em uma favela, o lugar mais decadente, mas eu não pertenço àquele lugar, meu maior desejo é sumir de lá.

Sabe, eu sou uma mulher bonita, inteligente, estudei pra caralho* para conseguir um diploma de psicologia, consegui a bolsa pelo ENEM, mas - sempre tem um mas quando falamos da classe trabalhadora do nosso amado Brasil - não consegui trabalhar nessa área ainda, quero dizer, eu recebi uma proposta para trabalhar no postinho da comunidade, mas não quero.

—Graziela, hoje a cobertura é sua! —ouço a gerente falar assim que passo meu cartão de ponto —nada de enrolar. O hóspede chega às dez horas da manhã —completa com ar de superior.

—Sim senhora —respondi forçando uma cara simpática, mas minha vontade é fazer uma careta. Que ódio dessa mulher. Coloco meu uniforme, prendo meu cabelo em um coque no alto da cabeça e coloco a touca. Bora para mais um dia de faxina cansativa, mas que paga minhas contas e me dá um pouco de dignidade, pelo menos isso. Entro no elevador de serviço, aqui não podemos de maneira nenhuma colocar os pés no elevador principal, no elevador dos hóspedes só entramos para fazer a limpeza. Trágico. Passar uma noite aqui, uma única noite nesta cobertura não custa menos que cinco mil reais. Já pensou em quantos zeros deve ter a conta bancária da pessoa, que tem coragem de pagar uma fortuna dessa por apenas uma noite em um hotel? Meu sonho.

O quarto é enorme. Cama com lençóis de seda, travesseiros tão macios que dá vontade de dormir só de olhar para eles. Suspiro. Como eu queria só uma vez poder passar por aquela porta como hóspede e não como funcionária da limpeza. Depois de trocar os lençóis, bater os travesseiros, dobrar as toalhas, conferir os itens do frigobar - exigências do hóspede: um vinho específico de trinta mil reais a garrafa, taças de cristal inglesa para apreciar melhor a bebida. Depois confiro a temperatura do ambiente, temos que colocar tudo em perfeita ordem, deixar perfeito para receber os milionários cheios de manias e exigências absurdas.

Tem uma hóspede que gosta do quarto cheirando a cavalo, é maluca. Outra quer tudo brilhante, temos que pendurar lustres no teto inteiro, fora as luminárias nas paredes, não pode faltar um ponto de luz no quarto. Já um outro quer o quarto cheio de manequins, fica parecendo um filme de terror, é bizarro. Tem cada esquisitice que você nem imagina, mas cada louco com sua mania, desde que pagam e muito bem o hotel atende todos os pedidos inusitados e… loucos.

—Já está tudo pronto, Graziela? —A voz irritante vem da porta.

—Sim senhora Marta —esse é o nome da velha azeda, minha chefe — está tudo pronto. — Respondi travando a porta com o cartão magnético.

—Conferiu se está tudo certo? Tudo que foi pedido está no lugar? — Me olha com cara de poucos amigos.

—Sim senhora. Tudo certo.

Depois de esperar ela avaliar todo o quarto, ela olhou tudo, tudo mesmo! Depois me mandou seguir com meu trabalho. Até parece que vamos receber a família real de tanta burocracia que é. Com a cobertura liberada, sigo para o meu segundo quarto. Empurro meu carrinho de limpeza até o elevador de serviço, rumo ao próximo quarto, ou melhor, próximos, os três últimos andares, mais a cobertura, tudo isso é meu trabalho de hoje.

[…]

—Graziela, você não quer mesmo ir ao baile? —A Gabriela pergunta entrando no meu quarto.

Olho a pessoa que parou na frente do meu guarda-roupas e minha vontade de surtar é grande. A garota, que acabou de completar o ensino médio, está com um micro shorts jeans, uma camiseta dos Beatles e um tênis encardido nos pés. Deprimente.

—Tem certeza que vai sair vestida assim? —Pergunto sentindo vergonha alheia.

—Claro que sim. Ah, pode parar, Grazi —reclama — não venha falar das minhas roupas.

— Se você não se importa de andar feito uma periguete porca, quem sou eu pra me preocupar! —Bufo. Não sei de onde essa garota puxou esse mal gosto pra moda e interesse por bandido.

—Você é uma arrogante hipócrita, sabia! Graziela, você age como se fosse melhor que todo mundo daqui, mas olha só, você não é, não passa de uma favelada como todo mundo aqui. Eu tenho meu estilo e gosto muito dele. — Diz pegando minha jaqueta da Gucci — vou usar sua jaqueta.

—Tudo bem. Desde que não manche ela de bebida. Se quiser pode usar um tênis também, o seu tá pavoroso —digo torcendo a cara. —Gabriela, a água aqui é gratuita e o armário da cozinha tá cheio de sabão. Lava esse tênis — ela revira os olhos.

—Vamos lá no baile, a galera vai gostar de te ver.

—Qual galera? Duvido muito. A maioria ali não vai com minha cara. —Digo com certa satisfação. Eu odeio viver aqui e gosto menos ainda das pessoas daqui, meu sonho é ir embora desse lugar e eu vou. Um dia eu me mudo daqui e vou ter a vida que desejo.

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