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Saga Colegial

Saga Colegial

Ayhwka

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Leituras
97
Capítulo

Essa obra conta a história de jovens que estão no início de sua vida adulta. Eles irão descobrir o amor e irão enfrentar vários problemas pessoais, como: Preconceito, abandono de pais, acidente e vários outros.

Capítulo 1 01

CAP 01 – LIVRO 01 – NOTIFICAÇÃO

Faltam apenas três meses para a formatura e eu estou super ansiosa. Imagino que muito mais que o restante dos alunos, já que tenho minha vida toda planejada desde o ano passado.

Tenho dezessete anos, notas impecáveis e histórico quase perfeito.

Assim como a maioria da minha turma, estou quase concluindo o ensino médio e pensando na faculdade.

Na sexta-feira, a direção do colégio mandou um e-mail para todos os alunos, mudando a programação de hoje.

Ao invés das aulas normais, decidiram levar todos nós para um planetário que tinha acabado de chegar a cidade.

Hoje será o dia dos alunos da manhã, na terça, os alunos da tarde e na quarta os alunos da noite. Foi a melhor maneira para organizar e deixar equilibrado a quantidade de pessoas no evento.

E apesar da programação ser a noite, era obrigatório, já que cancelaram as aulas para isso, e fariam a chamada no local.

- Melissa. - Ouço minha mãe chamando e vou até a sala de estar para saber o que quer.

- Oi, mãe. - Estou quase terminando de arrumar o cabelo.

- Você vai se atrasar, filha. - Se preocupa.

- Eu pedalo rápido. - Volto até o quarto, depressa, e pego uma blusa xadrez vermelha com a manga longa.

- Lembra de pegar o celular e as chaves. - Rio, ao ouvir ela gritando, mesmo sabendo que eu nunca esqueço de pegar nenhum dos dois.

Passo na sala, onde ela está sentada no sofá, assistindo TV, e lhe dou um beijo na testa, como de costume.

- Você tem algum dinheiro? - Me pergunta, colocando a mão no bolso. - Vai que queira comprar alguma coisa.

- Não se preocupa, mãe. - Rio e beijo sua testa mais uma vez. - Eu tenho sim. Mas, obrigada. Te amo.

- Eu também te amo, minha filha. - Ela respondeu, com aquele olhar orgulhoso que sempre direciona a mim.

Vou até o corredor e pego minha bicicleta, que era do meu irmão antes dele ir para a faculdade.

- Divirta-se. - Ouço ela gritando enquanto saio e fecho a porta.

- Obrigada. - Grito de volta e começo a pedalar.

Hoje, acabamos saindo um pouco mais tarde do trabalho devido a uma cliente, super exigente que tomou mais de uma hora do meu tempo e acabou não levando nada da loja.

Eu e minha mãe trabalhamos juntas em uma loja de roupas, que a proprietária é nossa vizinha. Porém, para equilibrar com o colégio, eu trabalho apenas no período da tarde.

A cidade não é tão grande, porém tem todo o necessário para ser considerada uma ótima cidade.

Chego ao local marcado em dez minutos. Coloco a bicicleta presa em um poste de ferro em frente ao estacionamento, já que não tem um próprio para bicicleta, e me junto a turma que já estava reunida em frente ao local.

E como eu havia imaginado, nos cantos ao redor, alguns dos alunos estavam se agarrando, como se não estivessem em um evento escolar e como se ninguém estivesse observando aquilo.

Os professores, que se dividiram por turma para fazerem a chamada terminam e manda todos nós entrarmos, educadamente.

Somos recebidos por um homem baixo, com traços orientais, cabelo grande e preso com uma xuxa, e aparentemente, muito gentil. Ele encanta todos com sua beleza e gera vários comentários, que poderiam ser considerados assédio.

Reviro os olhos com a situação. Fico muito irritada com a capacidade de meus colegas de turma de só falarem sobre pegação, como as pessoas são gostosas, e sexo a todo momento. Sempre que surge uma oportunidade, eles fazem um comentário ou piada com duplo sentido.

- Boa noite. - O recepcionista cumprimenta a todos nós e ouve um coral em resposta. - Sejam muito bem vindos. Eu me chamo Alex, espero que todos vocês tenham uma ótima experiência aqui e se divirtam enquanto apreciam a nossa galáxia. - Ele dá uma pausa ou ouvir alguém do fundo o chamando de gostoso e seu constrangimento é nítido. - Vou pedir, gentilmente, que vocês entrem por essa porta e deixem os seus calçados com nossos atendentes no balcão. Eles irão colocá-los em uma prateleira e lhe entregarão um tíquete com um número para que vocês recuperem seus calçados na saída, sem confusão nenhuma. - Informa. - Assim que entrarem no planetário, podem se sentar e prestem atenção no que a nossa astrônoma tem a dizer, isso vai fazer a experiência de vocês ser mais produtiva. - Abre a porta. - Podem entrar e divirtam-se.

Todos seguem o que foi orientado e entram, formando filas para entregar os calçados. Entrego meu all star a uma mulher, muito simpática, e pego o tíquete com o número quinze.

Vou até a entrada do planetário e me surpreendo ao olhar para cima. O local não tem luzes e a única claridade é do refletor, que está no centro, sendo controlado por uma mulher, que eu imagino ser a astrônoma.

Uma mulher elegante, alta, negra, com cabelo crespo e tranças nagô até a altura dos quadris, que está com um microfone daqueles que encaixa na orelha.

Nos sentamos, como foi orientado e esperamos ela começar a apresentação.

- Olá a todos. - Sua voz ecoa por todo o planetário e mais uma vez, o coral fez presença. - Eu me chamo Ayo, que significa alegria e felicidade na língua iorubá, da Nigéria, que é meu país natal. É um prazer viajar pelo mundo e apresentar um pedaço do nosso universo para todos que se interessam pela astronomia, que é a minha paixão. Sejam muito bem vindos e vamos lá.

Eu me sentei na terceira fileira. Apesar de ser inteligente e ser considerada uma nerd, ainda sou tímida o suficiente para não manter o estereótipo de sempre me sentar na primeira fila.

Porém, o que eu mais temia, aconteceu. Os piores alunos haviam se sentado atrás de mim.

Eu estava tão distraída ao entrar que não tinha percebido, senão teria trocado de lugar antes de começar a apresentação.

Reviro os olhos com os assuntos que ouço vindo deles. Apenas conteúdo sexual e pornográfico. Desde a conversa sobre como a astrônoma é muito gostosa, até fingir que a garrafa de água era um pau. Isso está tirando minha concentração e me irritando, como sempre.

Sem conseguir mais ignorar toda a ladainha, olho para trás, sem disfarçar a cara de nojo. Porém, tremo no lugar no mesmo instante ao dá de cara com o Téo, que apesar de estar sempre com os mais idiotas da turma, não era como eles.

Nunca entendi como alguém tão inteligente poderia ser amigo de jovens pornográficos e infantis.

A quase dois anos atrás, ele tinha acabado de concluir o segundo ano e estava prestes a ir para o terceiro, para se formar no ensino médio, porém, durante as férias, sofreu um acidente de carro, grave, com seus pais e isso fez ele adiar, por um ano, sua formatura.

Seus amigos, barulhentos e pornográficos, fizeram um pacto para não frequentar o colégio durante o ano em que ele não pôde estudar, para concluírem o ensino médio e aterrorizar os calouros juntos, era o que diziam.

Por um tempo, todo o colégio só falava desse pacto e de quão eles eram leais e tinham uma amizade verdadeira.

Porém, nunca decidi se na minha opinião eles poderiam ser considerados leais ou apenas burros. Na verdade eu sempre pensei na segunda opção.

E de uma coisa eu sempre tive certeza, não faria diferença eles serem burros, já que suas famílias são ricas o suficiente para que eles não tenham que se preocupar em manter boas notas e bons históricos.

Téo me encara, profundamente, enquanto eu tento sair do transe e me virar. Ouço sua risada baixa quando, finalmente, voltou a olhar para frente, com o rosto vermelho de vergonha.

- Por quê nos olhou desse jeito? - Brenda, a única menina da turma, pergunta.

Ignoro e continuo a olhar para frente.

- É que ela é assexuada. - Henry, um dos gêmeos responde e todos riem.

- Se pelo menos você soubesse o que significa assexuada. - Respondo, sem pensar, ainda olhando para frente e ouço, mais uma vez a risada de Téo.

- Bom, você pode ser considerada a virgem Maria, então pode ser chamada de assexuada já que a virgem Maria não precisou de sexo para reproduzir. – Brenda ataca mais uma vez e eu apenas ignoro.

- Vem cá. - Harry, irmão de Henry, entra na provocação. - Você já beijou alguém?

- Uma pessoa de verdade, não uma foto na parede de alguém que ganhou um prêmio Nobel. - Steve completa.

Continuo ignorando as provocações. Sei que é inútil discutir com pessoas que só querem tirar minha paz.

- Ela deve treinar beijando laranja enquanto economiza dinheiro para comprar um robô inteligente para tirar seu BV. - Brenda volta a falar.

- É. - Não consigo ignorar por mais tempo e olho para trás, encarando diretamente nos olhos de Brenda. - Seria um prazer beijar laranja todos os dias e ter vitamina c o suficiente para manter vocês longe de mim.

- Olha, a virgem Maria se irritou, que fofa. - Ela zomba.

- Se vocês nunca me viram com alguém, significa que ninguém desse colégio faz o meu tipo ou desperta interessante o suficiente para me fazer perder meu tempo.

Todos riem.

- Nem meu amigo aqui? - Harry passa o braço atrás do pescoço de Téo e bate no seu peito, devagar.

Téo ri, disfarçadamente enquanto me encara e espera por uma resposta.

Encaro de volta por alguns segundos.

- Não. - Respondo curta e grossa e volto a olhar para frente.

Ouço eles rindo, porém volto a ignora-los.

- Sério? - Ouço um sussurro perto de meu ouvido e paraliso.

Téo falou comigo pela primeira vez aquela noite. Na verdade, pela primeira vez em muito tempo.

Me assusto com o celular alarmando e o pego, rápido, para desligar a notificação para beber água.

Desbloqueio o aparelho e cancelo futuros alarmes.

Volto a olhar para frente e em alguns segundos, uma garrafa de água foi estendida sobre meu ombro. Me viro, encarando Téo e negando, educadamente.

Agradeço quando a astrônoma Ayo conclui a apresentação e levanto, rápido.

Corro até a moça que pegou meu all star e entrego o ticket, espero dois minutos e logo estou com ele na mão. Calço eles e espero todos saírem para saber, dos professores, se vamos fazer mais alguma coisa.

Assim que todos saem do planetário, o recepcionista já está esperando no mesmo local de antes.

- Espero que tenham gostado. Agora vou pedir que vocês formem dez filas para darem uma olhada rápida em nossos telescópios.

Vou em direção a uma das filas. Ponho a mão no bolso para olhar a hora no celular, porém não o encontro. Me desespero e começo a apalpar os bolsos repetidas vezes.

Saio apressada da fila e entro pela porta de antes. Tiro o sapato, rápido, largo no chão e corro para dentro do planetário.

Vou direto até o lugar que estava e começo a procurar por todo lugar, sem sucesso.

- Que merda. - Ergo a cabeça e cubro o rosto com as mãos, me martirizando por ter perdido o celular.

- Ei. - Me viro e, mais uma vez dou de cara com Téo, erguendo o celular em minha direção. - Você deixou cair quando saiu, praticamente correndo.

- Obrigada. - Pego e coloco no bolso.

- Fiz uma mudança no seu papel de parede. - Diz e eu levo a mão até o bolso, rápido.

- O quê? - Pego o aparelho e confiro.

- Por quê alguém coloca uma imagem toda preta como papel de parede?

- Bom, a tela normalmente já é cheia de informações, não precisa do rosto de alguém para gerar uma poluição visual. - Respondo ao ver a foto dele e ponho o celular no bolso. - Como você sabe minha senha?

- Eu vi você colocando na hora da notificação para tomar água. - Explica. - Aliás, notificação para lembrar de tomar água não faz sentido nenhum. - Reviro os olhos. - E não se preocupe, não invadi suas redes ou galeria, apenas tirei uma foto e coloquei na tela, nada além disso.

- Jura? Muito obrigada por não invadir minha privacidade. - Ironizo e caminho em direção a saída.

Coloco o all star, rápido, enquanto Téo calça seu tênis e entramos na fila.

Uma hora depois, todos estamos liberados, para ir para casa ou para qualquer lugar que quisermos ir.

Pego minha bicicleta e volto pedalando para casa, porém sem pressa.

Gosto de sentir a brisa do vento enquanto pedalo.

Ao chegar em casa, pego a chave no bolso e abro a porta com cautela para não correr o risco de acordar minha mãe, se já estiver dormindo.

Guardo a bicicleta e vou até a sala, encontrando ela, dormindo, no sofá.

Me aproximo.

- Mãe. - Balanço seu ombro, devagar. - Mãe, vamos para a cama.

- Oi. - Responde, sonolenta. - Como foi lá?

- Foi muito bom. - Levanto ela, com cuidado e a ajudo ir até o quarto. - É muito lindo e eu vi a lua pelo telescópio.

- Que incrível, filha. - Deita na cama e eu a embrulho com um cobertor.

- Amanhã eu conto detalhes, vai dormir. - Beijo sua testa. - Boa noite, mãe.

Deixo a porta um pouco aberta e vou para o meu quarto, troco de roupa, escovo os dentes e me deito.

Pego meu celular e reviro os olhos ao ver a foto de Téo na tela, com a língua de fora e piscando o olho.

- Idiota. - Sussurro para mim mesma, rindo.

Troco a tela de bloqueio pela imagem preta que estava antes e ponho o celular na mesinha de cabeceira, ao lado da cama.

Assim que largo o celular, ele notifica, indicando uma nova mensagem.

Rio, achando que é a mensagem de Klaus, meu irmão, desejando boa noite, como sempre faz desde que foi embora.

Porém fico confusa ao ver uma nova mensagem de Téo.

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