/0/17294/coverorgin.jpg?v=e8fe32213e758ad821e4038a0e97ef42&imageMogr2/format/webp)
Estou em choque… estou apenas três semanas em Madrid, não é possível que eu esteja grávida… a menos… não… não pode… não pode ser…
— Parabéns aos dois — diz o médico despertando dos meus pensamentos.
— Obrigado — diz Carlos, empolgado. Ele segura minha mão e sorri.
— Obrigada, doutor — digo levantando.—Quando posso ir embora?
— Hoje mesmo — diz o médico — Só ficará mais algumas horas para observação, está bem?
— Claro — respondo, pensativa.
Aproveito aquelas horas em observação para pensar… estou grávida… finalmente estou grávida… Toco em minha barriga… meu filho finalmente. Então a angústia surge: quem será o pai do meu bebe?
***
Saímos do hospital, meu marido está radiante, toca em minha barriga várias e várias vezes, fala muito sobre a gravidez, mas não consigo prestar atenção. Entramos no carro e fico admirando a paisagem do hospital. Estou feliz , mas pensativa. Sinto que devo falar da minha gravidez para X, mas, ao mesmo tempo, não quero. Ele desconfiará que o filho pode ser dele... e as coisas podem se tornar maiores e incontroláveis e afetar Carlos. Olho para meu marido, ele está tão radiante... se esse filho não for dele... ele não irá me perdoar… esse bebe tem de ser do meu marido…
— Eu te disse — diz Carlos dirigindo. Seu sorriso é como uma faca cravando meu peito.
— Desculpa, mas o que disse? — pergunto, séria.
— Eu te disse que a engravidei aquele dia — repete Carlos.
— Sim, você disse — confirmo com um leve sorriso.
— Está tudo bem? — pergunta Carlos, sério. — Você não parece feliz com a notícia...
— Estou sim. — respondo. — Penso que ainda estou em choque…
— Eu te amo , Dália — diz Carlos segurando em minha mão — E passaremos por isso juntos, pode ter certeza disso.
***
Para celebrar a gravidez nada melhor que fazer um belíssimo jantar em nosso lar. Convido a todos sem dizer o motivo, sei que eles esperam mais uma promoção do Carlos, ou apenas uma recepção de retorno à Madrid... qualquer coisa, menos um filho. Escolho um vestido claro e leve. Antes de vesti-lo fico admirando meu corpo no espelho. Viro de lado para ver se já tenho algum indício de que existe uma vida sendo gerada dentro de mim. Mesmo não aparecendo, passo a mão sobre minha barriga… pela primeira vez me sinto completa… meu filho está preencheu finalmente o vazio existencial que sentia…
— Eles chegaram — diz Carlos surgindo na porta. Ele sorri ao me ver admirando minha barriga — Deixe um pouco para os convidados.
— Tudo bem — digo colocando meu vestido. Olho mais uma vez para o espelho: Aquela será a noite mais importante da minha vida.
— Bem vinda de volta ao lar! — diz minha mãe se aproximando. Ela me abraça, emocionada. Então percebo que desde que cheguei não vi meus pais e muito menos dado notícias de que estava viva. Ela segura meu rosto e diz — Como você está pálida… está tudo bem com você? Parece estar doente… pegou alguma doença da África?
— Querida, deixe nossa filha em paz — diz meu pai se aproximando. Ele dá um beijo em meu rosto e diz — Está muito bem. Então, já definiu o que fará da vida, ou a viagem foi só para gastar dinheiro.
— Também senti sua falta, pai — digo, amarga.
— Dáliaaa — grita minha irmã me abraçando forte — Que saudades!
— Senti muitas saudades também — digo apertando a bochecha da minha irmã.
— Trouxe presentes? — pergunta minha irmã , curiosa.
—Sim , eu trouxe — respondo — E também uma grande novidade.
Logo depois da minha família está Elson, Ramon e suas respectivas acompanhantes. Em seguida, minha amiga Filomena e seu esposo fechavam o grupo. Jantamos a maravilhosa comida elaborada por Carlos, eu e ele contamos sobre a África, os lugares, sobre o rally… estão todos se divertindo.
— Então — diz meu pai chamando atenção de todos para si — Qual é a grande notícia que vocês têm para dar a todos nós?
— Bom — começo sorrindo para Carlos que beija minha mão, apaixonado. Encarado demoradamente cada um de meus convidados e sorrio triunfante: finalmente dar-lhes-ia a notícia que tanto aguardaram nesses últimos anos — Eu e Carlos estivemos no médico ontem…
— Não me diga que está doente? — pergunta minha mãe, preocupada — Sabia que você ir para África era uma má ideia. Eles têm muitas doenças, algumas letais…
— Acreditei que sim… — começo a explicar, ansiosa — Supus que fosse malária…
— Você está doente? — pergunta meu pai. — Aposto que comeu alguma comida exótica e agora está com AIDS…
/0/860/coverorgin.jpg?v=c93c35c2963873c9636e9dd7fa9325d4&imageMogr2/format/webp)
/0/6685/coverorgin.jpg?v=11c289747be5d201ec291f4a7891cb94&imageMogr2/format/webp)
/0/12441/coverorgin.jpg?v=826938fa2d6147a359ff89b8580da6c0&imageMogr2/format/webp)
/0/11972/coverorgin.jpg?v=c31c4b5e3ccbe35d4573819fab61a208&imageMogr2/format/webp)
/0/10298/coverorgin.jpg?v=95c087947816b77cf07005ae4e3b4f5f&imageMogr2/format/webp)
/0/8050/coverorgin.jpg?v=1b5e20fc377bf00ee3a8188ffeed6a0f&imageMogr2/format/webp)
/0/16554/coverorgin.jpg?v=846eff970e110bd4c3546a330f86d07e&imageMogr2/format/webp)
/0/3462/coverorgin.jpg?v=fe58af0d408e0e817e2e2e3386159ace&imageMogr2/format/webp)
/0/14596/coverorgin.jpg?v=25ab371d3aa604bc1439027e7e4b0a55&imageMogr2/format/webp)
/0/6551/coverorgin.jpg?v=c9d6021532ff6e1934b9e5c5a412b455&imageMogr2/format/webp)
/0/6858/coverorgin.jpg?v=230fa0f809d54b665a5eb887478ef6d1&imageMogr2/format/webp)
/0/1331/coverorgin.jpg?v=0a0b7e94d6560272827e8c2ba3955ebe&imageMogr2/format/webp)
/0/66/coverorgin.jpg?v=b5aadc6c84fc98804ed8a7e81f6eabec&imageMogr2/format/webp)
/0/3135/coverorgin.jpg?v=fcc9bc7bab63f1bbc95d07ffa2c72b07&imageMogr2/format/webp)