Minha estrela guia.

Capítulo 01

Ao acordar, minhas pálpebras se erguem lentamente, revelando um quarto banhado pela luz tênue da manhã. Meus olhos deslizam até o relógio na mesa de cabeceira, suas agulhas indicando que já se passavam das sete horas da manhã. Com um suspiro suave, desligo o abajur, mergulhando o quarto em um silêncio acolhedor.

Minhas mãos deslizam pelo lençol de seda, ajustando-o com carinho sobre a cama arrumada. A sensação da suavidade sob meus dedos é reconfortante, como se cada dobra fosse um abraço de boas-vindas ao novo dia.

Caminho em direção ao banheiro, onde a luz suave ilumina o ambiente enquanto a água do chuveiro começa a cair em uma cascata reconfortante. O calor envolve meu corpo, dissipando qualquer vestígio de sono. A escova de dentes desliza com suavidade, deixando um frescor revigorante em minha boca.

Com o banheiro cheiroso e o espelho agora livre de vapor, observo meu reflexo, vendo os olhos verdes refletirem um misto de determinação e expectativa para o dia que se inicia. É como se o espelho guardasse todas as possibilidades que a manhã oferece.

Abro a janela com um toque suave e, de imediato, sou saudada pelo sol brilhante do lado de fora. Os raios dourados dançam suavemente pela pele, aquecendo-a com uma carícia calorosa. É como se o sol soubesse dos meus planos e estivesse ansioso para iluminar meu caminho.

Escolho um vestido rodado, o tecido macio deslizando sobre minha pele, e um par de saltos que, como sempre, me acompanham. Nunca desço do salto, uma escolha que me faz sentir confiante e imponente, como se estivesse sempre pronta para qualquer desafio.

Com meu visual impecável e confiante, desço as escadas, seguindo o aroma convidativo do café fresco. Lá embaixo, meus irmãos e meu pai estão reunidos, suas vozes criando um murmúrio alegre.

"Bom dia", digo com um sorriso sincero.

"Bom dia, pequena," meu pai diz com carinho, e seu olhar paterno aquece meu coração.

"Você pode me levar para a escola?" Mathias me olha, seus olhos transmitindo uma necessidade genuína.

"Claro!" respondo prontamente, sentindo o peso da responsabilidade familiar.

"Temos uma reunião importante hoje", Karev explica.

"Sem problemas, eu o levo," garanto a eles, determinada a cumprir o papel que me cabe como irmã mais velha.

"Termine de comer antes," Marcos sorri, demonstrando o cuidado fraternal que sempre tiveram comigo.

Papai intervém, lembrando a todos da pressa. "Nós vamos primeiro, estamos atrasados," diz, e os três saem apressadamente.

"Eu não quero te apressar, mas também estou atrasado," Mathias sorri.

Pego minhas coisas rapidamente, e juntos nos dirigimos para o carro. "Coloque o cinto," peço com seriedade, priorizando a segurança, e ele obedece prontamente.

Após deixar Mathias na escola, sinto uma onda de alegria ao me reunir com minhas amigas. Não há nada como a sensação de estar cercada por pessoas que você ama e que compartilham das suas alegrias e tristezas. O entusiasmo é palpável, e seus rostos irradiam alegria, assim como o meu.

Os abraços e cumprimentos são efusivos, expressando o carinho profundo que compartilhamos. Cada sorriso é como um raio de sol em um dia nublado, iluminando ainda mais nossa amizade. O som de suas risadas contagia o ambiente, fazendo-me esquecer temporariamente as responsabilidades e os desafios da vida cotidiana.

"Kiara, você não sabe o que aconteceu ontem!" Yana exclama, com os seus olhos brilhando de empolgação.

"Conte-me tudo!" respondo, ansiosa para ouvir as últimas novidades.

À medida que elas compartilham histórias e segredos, sinto-me conectada, parte de algo maior do que eu. A

cumplicidade que compartilhamos aquece meu coração.

Em meio às risadas e conversas animadas, o tempo parece se diluir, como se o mundo lá fora estivesse temporariamente suspenso. Estamos no nosso próprio mundo, um lugar onde a alegria é abundante e as preocupações se dissipam.

"Vamos marcar aquela viagem que estávamos planejando!" Sara sugere, e todas concordam entusiasticamente.

Mais tarde, elas se despedem.

"Vejo vocês na segunda," digo, lembrando que logo as aulas voltariam e nos veríamos todos os dias.

O tempo passa enquanto meu carro está parado no semáforo, e a calmaria das ruas é interrompida pela crescente densidade do tráfego. As buzinas ecoam ao meu redor, como um coro de impaciência que anuncia a agitação que está por vir. Olho para o sinal, aguardando pacientemente a luz verde que indicará nosso avanço.

Então, como um raio, o mundo ao meu redor muda abruptamente. Um impacto súbito sacode meu veículo, empurrando-o para frente de forma brusca. Meu coração dispara em uma batida frenética de surpresa e preocupação. A sensação é avassaladora, como se o chão tivesse se aberto sob meus pés.

O coração martelando no peito, minhas mãos trêmulas me traem enquanto tento estacionar o carro com segurança no acostamento. A adrenalina corre por minhas veias, e cada pulsação é um lembrete constante daquilo que acabou de acontecer.

Verifico rapidamente o espelho retrovisor e vejo o motorista do outro carro, cuja expressão parece tão surpresa e assustada quanto a minha. Ambos estamos atordoados pelo impacto inesperado.

Com passos decididos, saio do carro, minha respiração rápida e ofegante. Meu corpo está alerta, pronto para qualquer reviravolta na situação. Encaro o motorista do outro veículo, que também saiu do carro, e nossos olhares se encontram em um misto de frustração e confusão.

A discussão começa acalorada, as palavras sendo lançadas em um tom elevado. Cada um de nós está determinado a atribuir a culpa ao outro, e a tensão no ar é quase palpável.

"Você freou do nada! Não consegui evitar a colisão!" ele exclama, sua voz carregada de tensão, os olhos cheios de indignação.

Meus olhos verdes faíscam de frustração quando respondo, defendendo minha versão dos fatos com firmeza. "Eu estava parada no semáforo, como qualquer motorista faria! Você deveria ter mantido distância!"

A discussão continua, as palavras trocadas refletindo nossa frustração e impotência diante dessa situação inesperada. O tráfego ao redor segue seu fluxo constante, como se o mundo não se importasse com o que acabou de acontecer. Em meio ao caos do trânsito e ao calor do momento, tentamos desesperadamente provar que cada um de nós estava certo, enquanto o som dos carros passando cria um pano de fundo agitado para nossa discussão.