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Eu não estava no meu melhor dia, e isso estava me deixando extremamente ansiosa e preocupada. Geralmente, eu sentia isso. Era como se o peso do mundo estivesse em minhas costas. Como se eu tivesse que provar que era capaz e que poderia fazer todo o meu trabalho sem problemas.
Mas a questão era que eu estava cansada, sentindo-me uma inútil, além de estar atrasada para uma ocasião importante.
Quando cheguei à TEC Corporation, eu era apenas uma garota recém-formada, trazida pela magnífica Alisson Novack.
Alisson Novack. Essa mulher era como uma deusa para mim, e isso me trazia um peso enorme. Ela me levou para a empresa. Confiou em mim. Ela era a esposa do chefão e a fodona que havia criado um sistema de defesa e rastreamento que ganhou o seu nome. Alisson passou a ser um exemplo para os alunos da faculdade de TI.
Os professores sempre diziam que eu era bem parecida com ela; algo que me deixava envergonhada e me fazia gaguejar ou, muitas vezes, rir de nervoso. Eu achava que era, claramente, uma piada, até ela aparecer em uma das minhas aulas finais.
Suei frio como se estivesse na Sibéria. Alisson era a mulher mais inteligente e foda que eu já tinha conhecido, e quando ela pôs os olhos em mim, eu me senti pequena.
Eu não tinha família, apenas uma melhor amiga, que se chamava Hope, e Alisson, que havia se tornado a minha mentora. A mulher me escolheu, no meio de tantos alunos talentosos, e me deu um cargo importante na empresa do seu marido, em um setor responsável pelo monitoramento.
Eu desenvolvia métodos para melhorar o sistema, no entanto, tinha acabado de surgir uma vaga para chefe do departamento, e eu a estava disputando com meu arqui-inimigo.
Adam Clark. Esse homem era um desgraçado, que sempre queria me ver por baixo. Ele disputava comigo desde a minha chegada à empresa. Eu acreditava que ele invejava a forma como eu tinha entrado ali: pelas mãos da própria Alisson. Eu a tinha como minha madrinha, mesmo que não fôssemos próximas.
Essa vaga era importante para mim, para eu provar que era boa; não só para mim mesma, que sempre me pegava duvidando da minha capacidade, mas também para Adam e todos ao meu redor, que me subestimavam só porque eu era tímida e quieta.
Porém, a minha melhor amiga sempre dizia: “Você tem que mostrar do que realmente é capaz, e está na hora de mudar de atitudes. Seja forte, destemida, raivosa e agarre o que deseja.”
Era isso. Eu tinha que mostrar do que era capaz: uma mulher forte e determinada, que teria que falar para um grupo de pessoas sobre o porquê deveria ser a escolhida para aquele cargo.
“Respira, Samanta. Você conseguirá”, mentalizei.
Porém, eu estava atrasada, como sempre. De alguma forma, meu despertador não me despertou e eu perdi o primeiro metrô. Tive que correr até a empresa, e parecia que o meu cartão não queria me permitir entrar no prédio. Todos tinham que ser autorizados, e, para isso, os funcionários tinham um crachá.
Quando consegui, avistei o elevador quase fechando. Demoraria uma eternidade para eu pegar o próximo, então corri como uma louca e gritei para um homem que estava dentro dele:
— Segura!
Eu estava tão eletrizada pela adrenalina, que me enfiei com tudo na caixa de metal e quase me bati na parede. Em poucos segundos, as portas se fecharam, o ar pesou em meus pulmões e eu pus as mãos nos joelhos, por causa do cansaço. Eu estava muito sedentária. Respirei pesarosamente e mal olhei para o homem que estava ao meu lado.
— Obrigada. — Dei um sorriso cansado ao pôr a mão no meu peito, que doía. — Acho que estou muito sedentária. Isso me cansou ao extremo.
Ouvi um riso abafado; o que me fez olhar para ele. Assim que fiz isso, engoli a língua. O desconhecido era um pouco mais velho do que eu, sexy, com uma barba rala, braços do tamanho das minhas pernas e um físico perfeito. Bem... Deu para ver bem como ele era, pelas suas roupas de corrida.
Balancei a cabeça de um lado a outro e me recompus, voltando a ficar reta. Olhei para cima e fingi que não tinha acontecido nada.
— Deveria treinar um pouco — ele disse, com um tom elegante e despojado, como se estivesse me dando uma dica. — Recomendo começar aos poucos, com uma caminhada, e depois uma leve corrida.
— Claro. Obrigada. — Não sei o porquê, mas o meu tom saiu mais irônico que o normal. — Geralmente, fico sentada na frente de um computador, e isso me custa um bom tempo.
— Deve ter tempo para a sua saúde.
Franzi o cenho, voltando a encarar a figura linda e estranha ao meu lado.
— Desculpa, mas é um personal trainer? — Minha curiosidade o fez sorrir; o que o deixou ainda mais lindo. Quando ele fez isso, o seu rosto tomou um brilho e criou covinhas fofas nas bochechas. — O que me leva à pergunta: veio ao lugar certo?
O homem, de quem eu ainda não sabia o nome, esforçou-se para engolir o seu belo sorriso e lambeu os lábios, fazendo-me encará-los esquisitamente.
— Vim... — Ele parou de falar, parecendo pensar no que diria. — Estou aqui para encontrar uma pessoa.
— Ahhh... — Balancei a cabeça positivamente.
Voltei a prestar atenção no monitor do elevador, que nunca parecia chegar ao meu destino, que era o 18º andar, dois andares abaixo da presidência do CEO, onde Nathan Novack, o todo-poderoso, trabalhava.
De repente, as luzes começaram a piscar e, do nada, o elevador apagou, parando.
— O quê?! — Desesperei-me. — O que está acontecendo? — As luzes de emergência ligaram e eu me vi presa naquela caixa. — Não! Não faça isso agora!
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