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Roma nunca foi minha cidade. Suas ruas, suas sombras, seus becos apertados – nada disso me pertencia. Eu sou siciliano. E um siciliano nunca se sente confortável em território inimigo, mesmo quando há uma trégua.
A noite estava fria e úmida, um prenúncio do que estava por vir. Eu estava no centro de uma ponte esquecida por Deus na periferia de Roma, cercado por homens que deveriam ser aliados. Mas no fundo, eu sabia que confiança era um luxo que um Don não podia se dar ao luxo de ter.
"Vamos direto ao ponto"
disse Carlo Marchesi, o Don local, enquanto acendia um charuto barato.
"Você quer armas. Eu quero dinheiro. Então, por que essa merda está demorando tanto?"
Marchesi era um bastardo arrogante, sempre foi. Nossa rivalidade durava anos, mas a guerra custava caro e, por isso, aceitamos negociar. Um carregamento de armas russas deveria selar nossa aliança frágil. Mas havia algo errado. Meu instinto gritava.
Meus olhos percorreram os rostos dos soldados de Marchesi. Havia tensão demais. Silêncio demais.
"Mostre as armas," exigi, ignorando sua impaciência.
Ele estalou os dedos. Dois homens abriram um dos caixotes. AK-47s reluziam sob a luz amarelada dos postes. Mas algo ainda estava errado. Não era só paranoia.
Foi quando vi.
A sombra de um rifle posicionado no topo de um prédio próximo.
"ARMADILHA!"
Gritei, puxando minha pistola no mesmo instante em que o primeiro tiro ecoou pela noite.
O caos se instaurou.
Marchesi recuou como o rato que era, enquanto seus homens abriam fogo. Os meus tentaram reagir, mas foram pegos desprevenidos. Sangue espirrava no asfalto. Um dos meus capangas caiu ao meu lado, um buraco vermelho na testa.
Eu me movi rápido, descarregando minha arma contra os traidores. Acertei um, dois... mas eles eram muitos.
"Tomazio!"
Alguém gritou atrás de mim, antes de ser silenciado por uma rajada de tiros.
Minha munição acabou. O clique seco da pistola foi como um golpe de sentença. Antes que eu pudesse reagir, um impacto queimou meu lado esquerdo.
Dor. Feroz. Rasgando minha carne.
Meus joelhos cederam. O mundo girou. Outro tiro. Meu ombro explodiu em agonia.
Eu não podia cair ali. Não daquele jeito.
A única saída era o rio.
Com o pouco de força que me restava, cambaleei para a beira da ponte. Outro tiro atingiu minha perna. Mas eu já estava no ar, caindo.
A água gelada me engoliu, arrancando um grito mudo dos meus pulmões.
Eu não podia morrer ali. Não ainda.
A água era um choque brutal contra meu corpo ferido. O impacto arrancou o ar dos meus pulmões, me puxando para as profundezas escuras do rio. O sangue escorria dos meus ferimentos, manchando a correnteza ao meu redor. Cada batida do meu coração era uma martelada de dor.
A superfície estava acima de mim, tão perto e ao mesmo tempo inalcançável. Meus músculos gritavam, mas eu me forcei a nadar, ignorando o peso da roupa ensopada e o sangue que atraía a morte.
Meus pulmões queimavam. O instinto de sobrevivência gritou mais alto. Com um último esforço, rompi a superfície, arfando por ar. A ponte já estava distante, mas as balas ainda cortavam a água ao meu redor.
Filhos da puta. Eles não estavam satisfeitos em me emboscar. Queriam me ver morto, afundado naquele rio sujo como um qualquer.
Minha visão ficou turva por um instante. A dor era insuportável. Eu sabia que, se não encontrasse terra firme logo, minha vida terminaria ali, não pelas balas, mas pela correnteza.
Lutei contra a escuridão que ameaçava tomar minha mente. Deixei a água me levar, controlando a respiração, tentando manter a consciência. A cidade se dissolvia em sombras distantes. O frio cravava suas garras em mim.
Então, eu vi.
Luzes fracas, pequenas casas amontoadas às margens do rio. Não era um lugar bom. Um bairro perigoso, onde a polícia só entrava quando queria que alguém desaparecesse. Mas para mim, era a única chance.
A correnteza me empurrou em direção a um pequeno barranco. Meu corpo bateu contra algo sólido, e eu agarrei a borda lamacenta com todas as forças que me restavam.
Me arrastei para fora da água, cada movimento uma tortura. Meu sangue pingava na terra escura.
Mantenha-se acordado.
Minhas pálpebras pesavam. A dor pulsava, cravando-se fundo.
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