Noiva por contrato - Bella mia(série: Destinos entrelaçados)
A proposta ousada do CEO
Minha querida, por favor, volte para mim
Um casamento arranjado
Um vínculo inquebrável de amor
O caminho para seu coração
O retorno chocante da Madisyn
O Romance com Meu Ex-marido
A Segunda Chance com Meu Amor Bilionário
Lágrimas da Luna: Dançando com os príncipes licantropos
Eu queria partir sem arrependimentos e, principalmente, sem levar nada da pessoa que me fez sofrer ao longo de seis anos. No entanto, eu sabia que ele sempre vencia no final e não seria diferente dessa vez.
— Olá, o que você vai querer?
— Remédios para enjoo, por favor…
— Algo mais?
— U-um teste de gravidez.
Depois de pagar a atendente, segurei o embrulho com relutância, engolindo em seco. Não era possivel, certo? Todas as vezes usamos proteção e contraceptivos, quais eram as chances?
Ele me assegurou que sempre usava proteção e que era muito cedo para ter filhos. Aquilo tudo parecia uma consideração gentil da sua parte, mas para quem? Agora eu sabia que ter filhos comigo nunca foi uma questão a ser levada em consideração, pouco menos uma consideração gentil.
— Moça, está tudo bem? — A atendente perguntou.
— Ah! — Despertei dos meus pensamentos profundos. — Sim, sim, estou bem.
— Tem certeza? — Indagou. — Você está pálida.
— Estou bem, não se preocupe — Sorri sem graça para a moça. — Onde fica o banheiro mais próximo?
— Você pode usar o banheiro de funcionários da loja, sem problemas. — A atendente indicou uma porta no fim do corredor. Talvez ela estivesse se comparecendo do meu desespero.
Agradeci a moça e segui apressada pelo corredor indicado. Com o coração quase saindo da boca, abri a caixa assim que adentrei aquele cubículo minúsculo que chamavam de banheiro.
"É apenas uma confirmação” — Tentei convencer a mim mesma — “Testes como esse costumam dar errado, certo? Não tem a mínima chance de eu estar grávida agora."
A embalagem dizia para que eu esperasse apenas por três minutos, mas esse pequeno tempo soava como uma eternidade no meu ponto de vista. Uma confirmação. Era disso que precisava no momento, ter a certeza de que não estava esperando um filho de Ian Castilho.
Eu sempre soube que era uma pessoa secundária na vida de Ian, mas sempre tive a esperança frustrada de que, um dia, eu conseguiria reverter essa situação. Não poderia estar mais enganada. Maggie sempre foi e sempre seria sua prioridade, o oxigênio para seus pulmões.
As lembranças passavam diante de mim como cenas de um filme trágico. Fechei os olhos, lembrando vividamente de grandes momentos da nossa infância juntos.
— NÃO! — Ian gritou. Ele parecia ter um pouco mais de seis anos na época. — EU NÃO QUERO!
— Ian! Não seja rude com a sua nova amiga! — O pai de Ian protestou. — Seria justo brincar com mais uma pessoa além da Maggie.
— Nós estamos brincando de pega-pega. — Maggie interpôs. — Lilien vai se cansar bastante, tio. Ela estava dodói na cama ontem.
— Está tudo bem, tio Thomas! — Minha versão criança falou. — Não posso correr tanto para não ficar doente.
— Vamos, Maggie! — Ian pegou na mão de minha irmã e a arrastou para longe dali. — Vamos embora!
Eu não pude deixar de me sentir triste vendo os dois saindo daquela forma. Aquele garotinho parecia ser um príncipe encantado.
— Que tal jogar xadrez comigo? — O pai de Ian perguntou. — Não é a mesma coisa que correr pelos campos, mas já é um pouquinho mais divertido.
— Eu adoraria!
Segurei a mão do pai de Ian com força e sorri. As famílias Castilho e Solares eram amigas de longa data, então sempre convivemos juntos desde a infância. Além disso, o tio Thomas era uma das melhores pessoas do mundo. Ainda conseguia me lembrar da calidez dos seus abraços e dos seus sorrisos sempre que me vencia em uma partida de xadrez.
— Eu venci outra vez! — Tio Tomas sorria vitorioso. — Me passe os biscoitos!
— Eu não tenho mais biscoitos para apostar! — Disse desanimada. — Você venceu todas as partidas e levou todos os meus biscoitos!
Eu era apenas uma criança de seis anos, mas o pai de Ian sempre me considerava uma oponente de altura nas nossas partidas de xadrez.
— Nesse caso, eu quero fazer um pedido.— Ele propôs calmamente. — Na verdade, um juramento.
— Juramento? — Perguntei confusa.
— Eu vejo em seu rosto que você gosta do meu filho. — Ele sorriu, me fazendo corar levemente. — Então, ao invés de me pagar biscoitos, que tal prometer que irá cuidar de meu filho quando eu não estiver mais por perto?
— Por que você diz isso?! — Perguntei sentindo um nó na garganta. — Não fale assim! Parece até que vai nos abandonar.
Tomas me olhou com carinho e sorriu, mas aquele olhar brilhava de uma forma diferente da alegria que sentíamos no momento.
— Sabe qual a diferença entre nós dois? — Tomas perguntou.
— Que eu sou uma criança e você é um velhote?
— HA!HA!HA!HA! — O pai de Ian sorriu com gosto. — Isso também, mas a principal diferença é que você é apenas uma garotinha com sistema imunológico fraco, já eu sou um velho com uma doença terminal avançada.
— Doença terminal? — Inclinei o rosto, confusa. — O que é doença terminal?
Ele não me respondeu. Apenas fagou meus cabelos, sorriu calorosamente como sempre fazia e estendeu o mindinho para que nossa promessa fosse concretizada.
— Você saberá em breve.
Aquelas palavras só fizeram sentido numa tarde de primavera fresca e ventosa. Apesar das flores multicoloridas alegrarem cada canto da estação, o meu mundo perdeu a cor com a triste notícia de que Thomas Castilho havia falecido.
Uma inquietação mesclada à tristeza me dominou ao saber que nem uma infância digna eu tive, devido à saúde frágil, mas graças ao tio Thomas e nossas partidas acirradas de xadrez, as coisas não foram tão ruins assim.
Esses bons momentos não voltariam mais, nem para mim, nem para seu filho Ian. Quando o tio Tomas morreu, eu havia perdido mais do que uma grande companhia no xadrez. Eu havia perdido um amigo. Em seu testamento havia apenas uma regra ambiciosa: abri-lo apenas quando Ian completasse a maioridade. E assim se fez.
12 anos depois.
— Lilien! — Meio pai irrompeu pelo quarto. — Temos um convidado para o jantar de hoje, se apresse e desça.
— Está bem! - Concordei e fui até o armário.
Talvez seja mais um amigo da Maggie, já que ela é muito popular na escola. Desde que conseguiu uma bolsa de estudos no extrangeiro, um convidado diferente aparece para jantar quase todos os dias. Sua partida para outro país já tinha data e hora definidas. Contudo, meu choque foi outro ao ver quem estava sentado à mesa.
— Ian?! — Exclamei assim que cheguei na sala de jantar.
— Aproxime-se, filha. — Meu pai ordenou em pura autoridade. — Temos uma notícia para dar.
Pela expressão de todos, provavelmente era uma conversa muito séria e, se era tão importante assim, por que não esperar Maggie voltar das compras para a viagem com a mamãe?
— Que notícia?
Uma inquietação estranha se instaurou em meu peito. Ian sempre me via da mesma forma de desdém, mas hoje havia uma estranha hostilidade pairando no ar.
— Vamos nos casar. — Ian disse de repente — Eu não sei o que prometeu para o meu pai, mas, em seu testamento, ele pede para que você cumpra essa tal promessa e se case comigo.
E foi aí que o meu mundo começou a ruir, mascarado como o melhor dia da minha vida. Graças a uma boba promessa infantil, eu teria uma chance para conquistá-lo, isso era tudo o que precisava.
Um mês passou voando. Maggie já havia embarcado rumo a sua nova vida no exterior e meu casamento tinha chegado finalmente. Não havia muitos convidados presentes, apenas minha família e alguns poucos representantes políticos responsáveis pelo testamento. Foi uma cerimônia simples.
— Você, Lilien Solaris, aceita Ian Castilho como seu legítimo esposo?
— Aceito.
— E você Ian Castilho aceita Lilien Solares como sua legítima esposa?
— (...) — Um constrangedor silêncio se prolongou pelo que pareciam ser horas até finalmente sua voz irromper pela catedral. — Aceito.
— Pelo poder em mim investido, então eu vos declaro, marido e mulher. Pode beijar a noiva.
O nosso primeiro beijo foi diante do altar. Apesar de ter sido breve, se aflorou na nossa noite de núpcias. Eu me senti amada com seus toques, suas carícias, seus beijos. Jurava não ser possível amar ainda mais uma pessoa como eu amava o Ian, mas estava redondamente enganada. Aquela havia sido a melhor noite da minha vida. Eu acreditei, por um momento, que meus sentimentos eram retribuídos também.
Nossa lua de mel não foi em Paris, nem nas Maldivas, como se espera de duas famílias prestigiadas. A simples verdade difícil de engolir é que não houve viagem de lua de mel, Ian alegou que tinha muito trabalho. A única diferença que aconteceu na minha vida, além do casamento, foi que eu havia me mudado para um apartamento provisório para passar a noite de núpcias sem interrupções.