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- Eu não aguento mais!
A frase escapa antes que eu perceba, quebrando o silêncio do apartamento. Minhas mãos estão frias e úmidas, mesmo que eu esteja imóvel há mais de uma hora.
Meus olhos continuam fixos na tela do laptop, mas tudo o que vejo são as mesmas coisas: e-mails ignorados, respostas negativas e vagas já preenchidas.
- Não é possível! - bufo, mais irritada comigo mesma do que com as empresas que sequer se deram ao trabalho de responder.
Eu me formei em Administração há mais de um ano. Levei meses para conseguir o primeiro emprego... e apenas quatro meses para me demitir dele.
Não sou o tipo de pessoa que desiste fácil, mas quando envolve uma esposa neurótica e um chefe omisso... minha reputação estava em jogo. Não poderia continuar nem um segundo sequer naquele lugar.
Tamborilo os dedos no braço do sofá, tentando sufocar o pânico que começa a tomar conta de mim. Meus olhos correm pela tela, mas a visão fica turva. Inclino a cabeça para trás, inspiro fundo e conto até cinco.
Respira, Claire... só respira...
Não adianta. Meu coração ainda martela no peito, e a insegurança cresce cada vez mais. Faz um mês que saí do meu primeiro – e último – emprego, e quanto mais o tempo passa, mais eu me sinto uma fraude.
- Nada ainda? - a voz de Amber vem da cozinha, junto com o barulho de portas e gavetas sendo abertas e fechadas.
- Tem bastante spam aqui, caso você queira comprar alguma coisa inútil na internet - respondo, tentando disfarçar o desânimo.
Minha amiga Amber - Amber White, como ela gosta de se apresentar - está com o quadril apoiado na mesa, comendo salgadinhos. Ela me olha cheia de expectativas enquanto mastiga e apoia o pé direito no joelho esquerdo.
Nós nos conhecemos na faculdade. Ela cursava Direito, mas nosso círculo social era praticamente o mesmo. Assim que se formou, foi trabalhar com o pai.
Sorte a dela ter um pai...
Mas Amber não queria depender dele para tudo. Por isso, decidimos alugar este pequeno, modesto e confortável apartamento. Dividimos o aluguel, mas, ultimamente, ela passa mais tempo na casa do "novo investimento" - é assim que chama os homens com quem inicia qualquer coisa que pareça um relacionamento - do que aqui.
- Você enviou seu currículo para quantas empresas? - pergunta.
- Sei lá... dentre grandes e pequenas, acho que umas dez. Quatro já responderam com um lindo e educado "Não estamos precisando de pessoas para esta vaga no momento" - imito a voz anasalada da última ligação que recebi. - As outras... parecem ignorar o e-mail.
- Claire, vou ser muito sincera com você, assim como você é terrivelmente sincera comigo quase sempre - diz ela, fazendo uma expressão de desagrado. - Apesar de estar formada há mais de um ano e já ter alguma experiência, mesmo que tenham sido só quatro meses... - Ela franze o cenho. -
Para a maioria das empresas, você ainda é uma recém-formada.
- Amiga, você precisa começar por algo menor - diz Amber, mastigando salgadinhos como se isso fosse a solução para todos os meus problemas. - Você não tem experiência suficiente para os cargos que está tentando.
- Mas eu não quero começar de novo - digo, a voz quase falhando. - Eu já fiz isso uma vez. Aceitei uma vaga qualquer, me dediquei, fiz o trabalho de três pessoas... e nada disso valeu a pena.
Um silêncio paira no ar. Amber me encara com aquela expressão que diz "você sabe que estou certa".
Eu também sei. Todos os currículos que enviei eram para vagas que dificilmente aceitariam uma recém-formada ou alguém com pouca experiência, como eu.
- Você tem razão... - suspiro frustrada. - Acho que preciso colocar os pés no chão e começar a subir um degrau de cada vez.
Amber me olha surpresa por eu ter cedido tão rápido.
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