Malú
enterro de surpresa. Mas Maria Luísa Braga de Almeida não se importava com a chuva, com as pessoas, nem com o fato do pai dela estar segurando em seu
a mão por ele todo, até chegar onde estaria o rosto daquela a quem amava: Anna Braga, sua mãe. Lágrimas escorrem
a! Mostre que isso tudo é uma mentira! Levante–se daí! Dá–me um abraço! Cante para eu dormir! Faça algo! Você disse que éramos nós duas contra o mundo, mas me deixou sozinha
já não tinha mais forças para continuar de pé, sendo amparada por seu pai. As pessoas que acompanharam o enterro seguravam em sua mão, prestando condol
te. Ele olha para o céu que está mais escuro, parecen
mãe. Sem receber a resposta, ele a conduz para a saída do cemitério. Abre a porta de seu Maseratti Quattroporte preto estacionado na ent
ir? – pergunta o pai enqu
pela janela. Ela o encara com seus grandes olhos a
*
Juiz de Curitiba veio a Minas Gerais fazer o Curso de Direito na federal do estado. Lá conheceu a acadêmica de Letras, Anna Braga e desse amor, surgiu Maria Luísa. Rejeitada por seu
sário que ela soubesse o tipo de pessoa que seu pai era. Malú já sabia da história desde os sete anos , quando chegou da escola escutou a me
senador do estado, ou alguma revista falando do noivado dele com uma advogada, mas nada sobre ela. Malú sempre acreditou ser o segredo indesejado por seu pai, apesar dos esforços de sua mãe para fazer aquela idéia sair de sua cabeça. Anna usava o dinheiro par
ajasse toda semana. Com o passar dos anos aquilo deixou de ser importante, já que ele fazia de tudo por elas, incluindo conseguir emprego no hote
levada ao médico, onde descobriu que tinha um tumor inoperável no cérebro e pouco tempo de
r forte – pede sua
– retruca Malú chorando - Eu
você , minha querida – al
ui comigo, viva – rebate
triste - Deus quis que eu tivesse de ir para q
ele morra ao invés de você
rá de idéia. – ela toca nos longos cabelos da filha -Você tem os mesmo cabelos que seu pai, os mesmos
recusa Malú fec
o no rosto da filha - Quando eu me for,
sponde Malú abraça
loiros. Doía em Malú, ver sua mãe esperar ansiosa a cada vez que sua porta abria, ou quando um homem com as característic
sforçando para sorrir. Sua voz está cada vez mais
lugar melhor – fala Ícaro beijando as mãos dela - Me perdoe por tudo o
por seu rosto - E na vida da minha Malú. Você é um homem bom, Ícaro. Eu tenho
quarto praticamente correndo. Ele
gou seu coração durante todos esses anos. Ela segura todas as suas lágrimas, pois não
mim do que qualquer uma de vocês possa imaginar. Se eu ficar, será p
Aline se aproximando - Quanto
eceu, mas não poderemos ficar juntos. Um dia você entenderá o motivo e esp
ama... Foi o que você me
o muito. –
em direção a Malú que acaba de chegar ao hospital, ain
a cabeça no peito de Ícaro - Como v
rgumenta Ícaro. Ele abre seu terno, ti
lendo o título do livro que tinha uma capa co
teza que irá gost
e reencontrar – co
imaginar – comenta Ícaro, dando um b
orre até ele e o abraçando mais uma vez - Eu queria qu
ro dia – revela Ícaro emocionado. Depois de alguns min
*
ndo Maria Luisa se esquecer da raiva que sentia por ele. Uma noite, Anna pediu que deixasse Thiago ficar a sós com ela, deixando Ma
com sorriso fraco. - Vou sentir sua fa
a mão daquela que foi sua amiga por mais de uma década
Mas não posso ir embora sem antes lhe ped
ovo, mil vezes – comenta Aline sentindo as lágrimas rolarem pelo s
a, enquanto se ajeita na cama. A morfina não fazia mais efeit
nconformada - Ele não merece. Peça–me qu
... Toda a verdade. Eu conversei... Com ele... E se
abe? – pergunta
explica Anna olhando para porta. Ela respira fundo e
tando como a mãe sabia que ela
tentando se arrumar na ca
rmura Malú - Com
m um sorriso fraco - Você s
nta, mamãe – rev
ão chorar - Chegou à hora. Você sabe que isso
– diz Malú d
ua guarda. Não me olhe assim... É o melhor a fazer... Sei que um dia en
, mãe – argumenta Malú, des
... Ele será um bom pai. Só quero que saiba que eu vou te amar eternamente e sempre estarei com você. Sempre que pbora – alega Malú nervosa chorando - Não quero
pede com a voz fraca - Poruipe rapidamente entra no quarto, tentando reanimá–la, em vão. Anna tinha morrido.
deio você! Você deveria ter morrido! – ex
*
sua sala de estar. Thiago se espreguiça
denciar que seu quarto seja o melhor. – informa Thiago tentando puxar assunto. Ele sorri levemente apontando para o c
bandonou? – interr
ge todos esses anos – ped
Malú irritada. - A minha vida sem pai, estava ótima.
e e olha para o espelho. Realmente lembrava um pouco a sua mãe, mas ao invés de ficar feliz, ela ficou co
sse mais aquilo... Pega sua franja e a corta impiedosamente. Cada vez que lembra o dia que teve, sente mais vontade de cortar seu cabelo, sendo dominada pela raiva. Mecha, após mecha, cai no carpete do quarto, junto
*
ela a abre deixando Aline entrar. As
line irritada. Ela toca na cabeça de Malú - Voc
rrado. Ela não escuta nada saindo de sua boca. Aline continua a enca
e nervosa, segurando Malú pelos ombros
. Estava sem voz. Ela entra em pânico, respirando mais ofegante. A jovem começa a ver o quarto rodar
ando Malú já desfalecida. - A Malú nã