Login to Lera
icon 0
icon Loja
rightIcon
icon Histórico
rightIcon
icon Sair
rightIcon
icon Baixar App
rightIcon
A FORÇA DA PAIXÃO

A FORÇA DA PAIXÃO

Josy Ribeiro

5.0
Comentário(s)
4.3K
Leituras
42
Capítulo

🤎🤍𝓐 𝓕𝓸𝓻ç𝓪 𝓭𝓪 𝓟𝓪𝓲𝔁ã𝓸 🤍🤎 Kesie Ferraz venceu na vida e conseguiu abrir sua própria editora. Após colocar um fim no relacionamento tóxico que vivia com Maicon Barcellar ela passa a viver refém de suas ameaças. Maicon é um homem possessivo e completamente obcecado por ela. Quando conhece Hugo Castro, um homem perfeito, entretanto ferido por uma grande decepção amorosa, Kesie acredita que finalmente poderá viver um amor de verdade e que talvez juntos, podem superar o passado. Porém, Maicon não está disposto a permitir esse romance, e será capaz de fazer o que for preciso para impedí-los de ficarem juntos.

Capítulo 1 1

Kesie Ferraz

Quando entro na editora a primeira imagem que vejo é a de minha irmã, Elizabeth, ela está com sua pasta em mãos conversando com Michele, nossa secretária. Usa um terno amarelo com uma blusa de seda por baixo, azul marinho, que se destaca em sua pele negra e seu cabelo curto liso.

— Michele, está tudo pronto para a reunião? — ouço ela perguntar enquanto sigo para minha sala.

Cumprimento às duas e sigo direto, tenho a impressão de que Michele tentou me dizer algo, mas já estou entrando e não lhe ouço, quando penso em voltar para lhe dar atenção fico em estado de choque ao ver o botão de rosa amarela em cima da minha mesa. Meu coração se acelera nos batimentos, sinto que começo a suar frio. Caminho em passos lentos até chegar onde a flor está, ainda trêmula a pego, levo até minhas narinas desejo cheirar mas minhas memórias me invadem trazendo dor, eu sei que foi de Maicon, mas depois de tanto tempo...?

Um acesso de fúria me invade e começo a despedaçar a flor em mil pedaços, descarregando toda minha ira no delicado e inocente botão.

Noto que minha irmã está parada bem a porta me observando, ao olhar o que restou da rosa em minhas mãos e a minha expressão de desespero, coloca suas coisas na mesa e logo vem e me abraça.

Então desabo.

— Aquele, desgraçado! — Ela resmunga afagando meus cabelos.

Há seis meses eu não tinha notícias dele, Maicon estava em uma viagem para o Japão. Nosso último encontro não havia terminado muito bem, pelo menos pra mim. E depois de tudo que ele me fez, pensei que havíamos colocado um fim em nosso relacionamento naquele dia infernal. Um encontro marcado por dor, abuso e violência da qual não pretendo me lembrar.

Me recomponho precisando ser forte, afinal, ainda tenho uma reunião importante. Limpo o rosto com as costas das mãos e respiro fundo.

— Se você não estiver se sentindo bem, eu posso fazer a reunião sozinha. — Beth tenta me ajudar.

Minha irmã é uma pessoa maravilhosa, sempre prestando seu apoio. Mas sei que posso fazer o meu trabalho. Não vou deixar aquele canalha destruir meu dia.

— Não precisa, obrigada. Estou bem melhor.

Minha irmã suspira preocupada, posso ver isso em seus olhos.

— Kesie, você precisa denunciar esse canalha!

Bufo. Já tivemos esse diálogo mil vezes. Beth acredita que eu ainda amo aquele patife e por isso não o denuncio. Mas na verdade eu conheço bem Maicon, sei como ele é perigoso. Tenho medo que tente algo conosco, mas não falo sobre suas ameaças, então ela não consegue me compreender e vive me confrontando com essas questões.

Tento fugir do assunto conferindo meu relógio, vejo que estamos dentro do horário para reunião. Felizmente Michele surge na porta, noto que ela também fica surpresa ao ver a flor despedaçada, porém tenta disfarçar.

— Meninas, estão todos na sala de reuniões, só faltam vocês — fala pausadamente sem tirar os olhos das pétalas no chão curiosa.

— Estamos indo. — Olho pra Beth e me viro para porta de saída — Vamos! — não olho pra trás, lhe ignoro, deixando bem claro que não quero mais tocar nesse assunto.

Ainda sinto um nó na garganta imaginando que Maicon possa estar por perto, porém me esforço ao máximo, temos muito serviço por hoje.

Me sento em minha cadeira predileta na sala de reuniões, como socia da editora tenho meus privilégios, cumprimento Denis e Meg são nossos editores de aquisição. São eles quem recebem a maioria dos originais que chegam além de saírem por aí em busca de alguns talentos.

Estou me servindo de um café enquanto eles ainda organizam o material. Sinto meu telefone vibrar no bolso do meu jeans, dou uma olhada rápida enquanto saboreio essa bebida dos deuses que amo, café é vida!

Mensagem on

“Quando sentires a falta constante de alguém... Em um raio de sol sentir um toque de alguém...Na brisa leve sentir o suspiro de alguém... Você é portador de um vírus! O amor.”

No primeiro momento fico muito curiosa pra descobrir quem estava por trás desta mensagem. Certamente alguém que sabe da minha paixão pelos textos de William Shakespeare. Na sequência recebo outra mensagem. Estou tentando disfarçar minha distração.

"Sinto tanto a sua falta."

Começo a supor de quem se trata.

Todo prazer proporcionado por minha bebida favorita se vai. Estremeço completamente ainda em meu acento. É incrível como ele consegue causar essas sensações em mim, em outros tempo eu estaria ansiosa a sua espera feito uma boba apaixonada, Maicon já me fez de idiota por muito tempo, mas felizmente eu acordei a tempo de perceber o que vivia num relacionamento abusivo e que não merecia viver assim.

Respiro fundo ao receber a terceira mensagem:

"Gostou da flor que te mandei, afinal rosas amarelas são suas prediletas? Kesie, preciso ver você. Quando vamos nos encontrar?"

Tento disfarçar meu desconforto, mas Beth está me olhando, ela deve ter notado, minha irmã é muito esperta.

Desligo meu aparelho de celular e jogo na mesa de forma brusca. Nesse momento toda atenção se volta pra mim.

— Vamos começar? — falo com a respiração alterada.

Ainda disfarço sobre todos os olhares curiosos, o pessoal da editora sabe que eu não sou assim, distraída, ao contrário sou sempre muito focada.

Denis é o primeiro a falar, ainda receoso com a meu comportamento:

— Posso apresentar primeiro?

Aceno com um gesto de cabeça e tento não olhar pra Beth ela está me encarando como se lesse meus pensamentos.

— Então, Kesie, eu trouxe os gráficos de vendas das nossas obras de sucesso. Como já esperávamos… — ele clica no botão do controle e a imagem de um dos livros surge na tela.

Então, iniciamos uma longa discussão sobre, venda, metas e todas essas questões. Confesso que não consigo me concentrar, as mensagens me atormentam de todas as formas. É neste momento que me sinto satisfeita com minha equipe, eles são bem eficientes.

Estou ainda me esforçando para não parecer distante. Faço alguns comentários e confesso sobre o tanto que gostei do material trouxeram. Resolvemos fazer uma pausa após uma hora de reunião. Enquanto a equipe se levanta eu ainda respiro e inspiro várias vezes me decidindo se ligo meu aparelho de celular ou não.

Beth se aproxima.

Ela me deixa mais tensa do que estou.

— Está tudo bem? — pergunta desconfiada.

Não consigo lhe responder, estou tão tensa que meu estômago embrulha.

— Me desculpe, mas preciso ir ao banheiro — falo me levantando.

É nítido que minha irmã deseja me seguir, no entanto Elizabeth é impedida pela moça do financeiro que acaba de entrar na sala.

Rapidamente chego ao banheiro quase sem fôlego, no trajeto me encorajo e ligo o celular. Ao entrar, apoio as mãos na bancada da pia e respiro fundo. O enjoo passa.

Olho no espelho minha imagem. Mesmo depois que abandonei minha carreira como modelo não larguei o hábito de me maquiar, nesta manhã escolhi uma sombra mais leve que se destacou em minha pele negra. Meus cabelos, sempre estão diferentes, gosto de mudanças, hoje escolhi usá-los mais liso, para esse efeito usei uma chapinha.

Meu telefone toca, o número não está salvo. Tenho a impressão de que se trata do mesmo número das mensagens. A raiva me invade, preciso acabar com isso e vai ser agora!

Atendo.

Mas há um silêncio do outro lado. Quase consigo ouvir o som do meu coração batendo de uma forma agonizante. E do outro lado não me respondem.

Me manifesto endurecida:

Ligação On

— O que você está querendo, Maicon, me deixe em paz? — quase grito, bastante certa de que é ele.

Após uma espera angustiante o canalha se manifesta:

— Calma, meu amor.

Sua voz ainda é a mesma, rouca e atraente, porém também é sombria e sádica, não me encanta mais, na verdade me causam outras sensações, amedrontadoras.

— Eu sabia, Maicon, que era você!

— Kesie, sinto sua falta, baby.

Ouvi-lo me chamar de "baby" me deixa ainda mais enfurecida.

— Você é muito cínico mesmo! Me procupa depois de tudo que fez. Vê se me esquece, Maicon!

— Kesie! Calma. Olha...estou na cidade, reservei aquele hotel que você adora.

Bufo indignada.

Me pergunto se ele está surdo? Não desejo ver ele de forma alguma. Não existe esta possibilidade.

— Maicon! — grito. E no mesmo instante diminuo meu volume temendo que alguém ouça do lado de fora.— Eu não quero te ver!

Desta vez é ele quem bufa.

— Olha, eu sei que você está brava comigo. Mas vamos nos encontrar amanhã no Athenas Master, naquele quarto de sempre, a suíte principal. Prometo levar um presente maravilhoso e você verá como vamos resolver isso.

Quase consigo ver ele sorrindo daquela forma maliciosa. Maicon é o tipo de homem que não consegue aceitar um "não'' como resposta. Mesmo assim, estou bem decidida.

— Eu não vou a lugar nenhum, não quero nada que venha de você!

Ouço ele bufando novamente, porém é nítido que está se controlando.

— Baby, baby...— Faz um silêncio por um instante — Não me faça perder a paciência, eu juro, Kesie, estou me esforçando pra ser um homem melhor!

Lhe interrompo bruscamente:

— Para, Maicon! Pelo amor de Deus! Eu não quero mais nada com você!

De repente sinto um frio no estômago. Sei bem do que ele é capaz somente pra conseguir o que quer. Porém preciso me impor, ou Maicon nunca vai me deixar em paz.

— Às dez da noite, baby, Igor vai passar com o carro pra te buscar — ele fala decidido ignorando completamente minha decisão.

Sinto minha raiva se multiplicar com sua atitude. Me viro e analiso minha imagem novamente no espelho, estou com um semblante perturbador. Meus olhos estão dilatados e minha pele num tom avermelhado.

— Eu já disse que não vou, Maicon! — grito num tom carregado de ignorância.

Escuto um som estridente do outro lado como se algo estivesse sendo lançado ao chão. Certamente ele está perdendo o controle. Respiro fundo. Se estou disposta a jogar esse jogo preciso me manter firme.

— Olha aqui sua puta de merda! Quem você pensa que é? Você sabe, Kesie que pertence a mim. Temos um laço eterno. Então amanhã estarei naquele maldito quarto te esperando e é melhor você vir, ou eu mesmo irei no seu apartamento atrás de você.

Fico muda no mesmo instante. Uma lembrança de um ano atrás vem à minha mente, eu não podia me encontrar com Maicon por causa de um resfriado, mas ele foi até o meu apartamento e me obrigou a sair com ele. Elizabeth tentou me ajudar e ele a agrediu com um empurrão, além de ameaçar Bruno, meu sobrinho. Precisei me vestir e sair com ele mesmo com trinta e oito graus de febre. Não foi nada fácil convencer minha irmã a não denunciá-lo, naquele tempo eu ainda era uma boba apaixonada e acreditava que Maicon apenas teve um mal dia e que tinha bebido um pouco além da conta. Sinto revolta por minhas decisões. Volto ao presente ainda em transe.

— Você me entendeu, Kesie?

Uma lágrimas começa a escorrer em meus olhos, e me esforço para que o maldito não perceba minha angústia.

— Vai pro inferno, Maicon!— falo me encorajando e desligo o telefone na sequência.

Ainda fico por um instante observando minha imagem desesperadora no espelho. Imagino o quanto furioso ele está. Afasto o celular e começo a chorar novamente, como quando recebi a maldita rosa amarela.

Choro me recordando de tudo que passei desde que conheci Maicon. Inicialmente ele era o homem perfeito, charmoso, atencioso, recém separado de um casamento com Evelyn Bacellar, filha de um dos maiores empresários e advogado do país. A notícia do divórcio deles estampou todas as capas de revista. Maicon parecia arasado, me convenceu de que Evelyn era uma mulher extremamente ciumenta e possessiva, acreditei. Mas com o tempo conheci o lado mais negro daquele homem. E vi que na verdade era ele o possessivo da relação. Maicon fazia questão de manter nosso relacionamento fora dos holofotes, a desculpa era que desejava me proteger. Mas eu só não sabia que estava sendo enganada, Maicon havia reatado com a mulher, e também mantia o relacionamento com Evelyn em segredo, até que uma foto deles vazou na internet.

Elizabeth tentou me alertar sobre o quanto estranho era o comportamento de Maicon comigo, sempre mantendo escondido o que havia entre nós, como se eu fosse sua amante, mas minha paixão me cegava. E quando tudo veio à tona, sobre seu casamento, terminei tudo, era o certo a se fazer. Porém, o Maicon que nunca foi um santo, passou a me mostrar seu lado ainda mais obscuro, então eu soube da pior forma o monstro que ele era. Me obrigando a permanecer no relacionamento com ameaças, como se eu fosse sua prioridade.

A porta se abre e vejo Elizabeth correr ao meu encontro preocupada com meu estado.

— Kesie!— fala me amparando e pela segunda vez me jogo em seus braços. Não sei o que seria de mim sem minha irmã.

Sinto seu abraço forte e caloroso enquanto as lágrimas descem.

— Elizabeth...— resmungo, desejando imediatamente descarregar toda minha dor, mas as palavras falham, não consigo dizer nada neste momento.

Elizabeth está nervosa, ela nunca se conformou com meu relacionamento com Maicon.

— O quê aquele maldito fez, ele te ameaçou? Kesie precisamos denunciar ele ou Maicon não te deixará em paz.

Fungo tentando me recompor.

Me solto dos braços de minha irmã. Sigo novamente até a pia. Minha imagem aparece no espelho, desta vez meu rosto está completamente borrado. Começo a me limpar.

Elizabeth dispara a falar:

— Droga, Kesie! Você não precisa carregar esse fardo sozinha. Maicon te remete medo, mas eu não tenho medo dele. Por mim a gente vai na delegacia o denuncia agora ...

Me viro pra minha irmã tentando calar ela. As coisas não são fáceis assim e eu já disse a ela mil vezes.

— Eu temo que ele faça algo com você e com o Bruno!

Elizabeth me olha assustada. Sua voz vai se silenciando.

Ela fala gaguejando. Não mais tão segura como antes:

— Mas...Eu levo ele embora, pra fora do país se necessário... Sei lá, Kesie!

Olho nos olhos de minha irmã para que ela compreenda minha sinceridade.

— Beth, não tem nada que eu deseje mais que acabar com aquele maldito por tudo que ele me fez. Mas ele tem muito poder, pode pagar os melhores advogados e até mesmo comprar juízes. Desejo mais do que tudo denunciar ele. Mas para isso, eu preciso saber o que estou fazendo e reunir provas.

Ela bufa, percebo a sensação de impotência em seu rosto. A mesma que me destrói sempre que me recordo dos abusos é violência que vivi.

Beth se joga em meus braços e me aperta forte.

— A gente vai encontrar uma forma de fazer justiça, você vai ver.

Continuar lendo

Você deve gostar

Outros livros de Josy Ribeiro

Ver Mais
Capítulo
Ler agora
Baixar livro