Ele, um homem perigoso e implacável, a sequestra para satisfazer seus desejos mais obscuros. Ela, cega, mas com uma visão artística aguçada, deseja moldar sua arte usando o corpo dele como inspiração. Entre eles, não há espaço para convencionalidades. Apenas vontades cruas e uma barganha arriscada. Serafinni percebeu tarde demais que havia saído em desvantagem. Ele não segue regras, pega o que quer, e ela, mesmo no cativeiro, encontra formas de tocar o que deseja. Mas até onde vão as consequências de um jogo sem limites, onde desejo e poder se confundem?
Seus pés se plantaram no chão quando saiu pelo porta dos fundos do velho restaurante. Sua mão direita foi para o bolso da calça e puxou um maço de cigarros. O som baixo do fósforo crepitando contra a caixa seguido de faíscas criou uma pequena chama.
- Pelas minhas contas mais duas ou três facções precisam ser dissolvidas para dar fim a primeira fase dos meus planos. - Seus lábios contraíram e subiram sutilmente - Difundir uma monarquia seria complicado, afinal, é de Nova York que estamos falando, mas uma Oligarquia com os Bazzolli no comando não seria tão ruim.
O cigarro em seus lábios formou um ponto alaranjado no corredor escuro, no momento em que Cesare deu um longo trago, liberando uma nuvem de fumaça que se misturava com a adrenalina ainda correndo em suas veias. Ele sorriu.
He he... - sua risada soou baixa e debochada, declarando sua satisfação pelo trabalho bem feito.
Cesare fechou os olhos, imerso em pensamentos, enquanto reclinava a cabeça para trás. Ao abri-los novamente, uma certeza o atingiu, revelando sua atual condição:
- Estou passando por aquele clássico cenário de um contra todos.
Essa ideia o fez soltar uma leve risada.
A noite mal havia começado, e o som de buzinas e motores de carros formava a trilha sonora agitada de Manhattan. O mau cheiro vindo das lixeiras espalhadas pelo beco competia com o aroma doce do seu cigarro.
Soltando a fumaça para o alto, foi tomado por um pensamento e deixou que seus lábios se curvassem em um sorriso sarcástico. Pensou que, se alguém perguntasse qual era a atmosfera no inferno, diria que era exatamente aquela ao seu redor: mau cheiro, barulho e caos.
Não era seu cenário favorito, mas, há pouco mais de vinte dias, Cesare havia recebido uma missão que estava executando muito bem. Pensou no caos, não era o que gostava, mas criá-lo lhe deixava de bom humor.
Enquanto dava mais um trago, imaginava que até o próprio diabo sentiria inveja da carnificina que se revelava dentro do restaurante, que, devido a Cesare, acabou fechando cedo.
Uma risada baixa, mas carregada de cinismo ressoou dos seus lábios enquanto ele murmurava para si: - Que belo início de noite!
Seus feitos de hoje o fizeram lembrar dos acontecimentos do último mês. Com seu irmão ocupando a posição de Capo do Cosa Nostra na Sicília, ele sucederá seu avô em Nova York e Konstantin lhe disse o seguinte naquele dia:
- Cesa, nosso avô Matchello tinha o sonho de espalhar a hereditariedade dos Bazzolli por toda Itália. Você entende o que isso significa?
A pergunta ficou solta no ar enquanto Cesare pensava na melhor resposta, mas seu irmão era a pessoa mais desprovida de paciência que ele conhecia, e respondeu a própria pergunta antes que ele tivesse a oportunidade.
- Cresça, expanda... - O sorriso largo de Konstantin se desenhou em seus pensamentos - Domine tudo, seja o cara que manda.
Cesare aceitou essa tarefa e Konstantin acrescentou: - Mate todos que se oporem aos Bazzolli, tire qualquer um que esteja no caminho do Cosa Nostra de acender como a organização majoritária de Nova York, você pode fazer isso, certo?
- Claro. Se tenho que me sobrepor a esses fodidos, será um enorme prazer realizar o desejo do nosso avô.
Ele tinha dado essa resposta ao irmão, mas em nenhum momento tentou coagir ou oferecer qualquer coisa as facções e gangues espalhadas por toda Manhattan. O que ele fez foi uma ação totalmente unilateral, onde o lado dele matava e o do inimigo morria.
Konstantin sabia disso, achava imprudência, mas não queria se meter no território em que seu irmão comandaria, porém estava pronto para intervir se algo maior colocasse a vida do seu caçula em perigo.
Cesare também sabia disso, mas ao contrário do que seu irmão mais velho pensava, ele sabia exatamente onde ir para eliminar aqueles que não ofereciam o valor necessário. Cesare não queria se aliar a facções que não seguiam os mesmos princípios dos Bazzolli.
Suas divagações se seguiam a cada trago dado e o cigarro estava quase no fim quando o barulho da porta o fez olhar para trás.
- Acabamos, fizemos tudo como pediu, chefe. - A mão de Cesare repousou sobre o ombro de Michelle.
- Bom trabalho. Vou informar meu irmão assim que chegarmos em casa. - Os cinco atrás de Michelle acenaram mesmo não sendo possível Cesare ver suas afirmações devido a escuridão a sua volta.
Com o trabalho concluído, ele apagou o cigarro e o guardou no bolso, não deixando nenhuma evidência para trás. Retirou a luva de couro suja de sangue e cravou os dedos grossos e compridos em seus cabelos, penteando-os para trás.
- Vamos! - Cesare foi o primeiro a seguir em direção ao início do beco.
Michelle, mesmo no escuro, via as largas costas do homem que respeitava e temia. Trinta e oito mortos de uma organizada inimigo, todos sem um tiro sequer. O trabalho de Cesare que foi meticuloso e cruel, ainda deixava seus músculos tensos. Michelle estava mais uma vez impressionado com a frieza e eficiência do seu chefe.
Ele temia e aclamava como Cesare era frio e assertivo quando decidia cortar o mal pela raiz.
- Esse mald...
Ele não ousou terminar a frase que se desenvolvia em sua mente, quando sua voz alcançou os ouvidos do homem à sua frente. O leve diminuir dos passos de Cesare fez a frase ser concluída em sua cabeça ao invés de pronunciada.
Esse maldito, é cruel.
- O que você iria dizer, Michelle?
O som dele engolindo em seco soou como um trovão no meio do nada, não foi alto o suficiente para Cesare ter ouvido, mas essa ilusão se formou na mente de Michelle.
- ...esse maldito corredor. Ele não parecia tão longo quando chegamos. - Com confiança declarou a mentira recém-inventada.
Capítulo 1 1
01/12/2024
Capítulo 2 2
01/12/2024
Capítulo 3 3
01/12/2024
Capítulo 4 4
01/12/2024
Capítulo 5 5
01/12/2024
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