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As vezes o ato de escrever serve para o bem psicológico, é bom para exorcizar sentimentos ruins... E vira arte, vira uma parte importante da história!
PRÓLOGO
MASSIMO
17 anos atrás
— Terra à terra, cinzas às cinzas, pó ao pó... — O padre De Lucca murmura e faz uma pausa por um momento.
Eu olho para ele de pé na cabeceira da sepultura da minha
mãe. A expressão solene em seu rosto se aprofunda, e o aperto em suas sobrancelhas me diz que ele sente nossa perda também.
Lembro-me dele me contando histórias sobre minha mãe
quando ela era pequena. Ele foi o padre que deu a ela, sua primeira comunhão e casou meus pais. Duvido que ele pensou que esse dia chegaria.
Ninguém o pensou. Não tão cedo, ou tão de repente.
O padre De Lucca respira fundo, olha ao redor da multidão de
enlutados e continua. — Na firme e certa esperança da ressurreição para a vida eterna, por nosso Senhor Jesus Cristo, que é poderoso para sujeitar todas as coisas. Deus recebeu um de seus anjos hoje... Eu entrego o corpo de Sariah Abriella D'Agostino de volta à terra de onde ela veio, e desejo uma bênção para sua bela e bondosa alma.
Eu encaro e noto como meu pai olha para ele nessas palavras
finais. Eu me pergunto se o padre De Lucca também achou estranho. Que minha mãe se mataria.
Pa está a alguns passos dele. Uma lágrima escorre pelo seu rosto
enquanto uma luz brilha em seus olhos, provavelmente pela bondade na bênção.
A luz desaparece um momento depois, e ele volta a ser o homem quebrado. Tenho doze anos, mas sei como é estar quebrado. É como eu me sinto.
Até agora, nunca vi o pai chorar. Nunca. Nem mesmo anos atrás, quando perdemos tudo e fomos jogados nas ruas com nada além das roupas do corpo.
Meu avô dá um aperto suave no meu ombro. Quando olho para
ele, ele me dá um olhar tranquilizador. O tipo que todo mundo deu desde que tudo isso aconteceu.
Vovô tem uma mão em mim e a outra em Dominic, meu irmão
mais novo. Meus outros dois irmãos, Andreas e Tristan, estão do outro lado.
Dominic não parou de chorar, nem uma vez desde que dissemos
a ele que Ma não voltaria para casa. Ele só tem oito anos. Eu odeio que ele tenha que passar por isso. Todos nós o provocamos por ser o bebê e se agarrar a mamãe. Mas todos nós nos apegamos a ela de alguma forma.
O único outro funeral a que fui foi o da minha nonna. Mas aos
seis anos, eu era jovem demais para entender a morte. Naquela época, eu não me sentia como agora. Como se a colisão de dormência e raiva dentro de mim fosse me despedaçar.
Talvez eu me sinta assim porque fui eu quem encontrou Ma no
rio.
Fui a primeira pessoa a vê-la morta.
Fui a primeira pessoa a confirmar nossos piores medos depois
que ela desapareceu.
Eu fui a primeira pessoa a saber que a última vez que nos vimos
foi um adeus para sempre.
Todos nós a procuramos por três dias. Foi enquanto eu estava
andando pela margem do rio em Stormy Creek que a vi, apenas flutuando ali na água entre os juncos de Taboa. Seus olhos ainda abertos, vidrados. Sua pele pálida. Lábios… azuis. Seu corpo balançando suavemente de um lado para o outro na água. Eu nunca esquecerei o jeito que ela parecia. Como uma boneca sem vida com seu cabelo loiro branco fluindo ao redor dela, suas feições delicadas ainda parecendo tão perfeitas. Mas sem vida. Não mais.
Por dentro eu ainda estou gritando.
Eles disseram que ela deve ter pulado do penhasco. Isso foi o
que ouvi os adultos dizendo.
Suicídio…
Ma se suicidou. Não parece real.
Não parece certo.
Sou arrancado dos meus pensamentos quando o padre De Lucca acena com a cabeça e o pai pega um punhado de terra para jogar no túmulo. Quando ele termina de espalhar a terra, se ajoelha e segura a única rosa vermelha que carrega desde que chegamos aqui. Todos nós temos uma.
— Ti amo, amore mio. Eu te amarei para todo o sempre, — diz
ele. Meus pais sempre declararam seu amor um pelo outro. Sempre.
Eu sei que ele sente a mesma culpa que nos cerca. Todos nós nos culpamos por não poder salvá-la. Enquanto o pai joga a flor no túmulo, o padre De Lucca faz uma oração e vovô leva os meus irmãos para dar as flores à mãe.
Eu permaneço onde estou. Não posso me mover. Ainda não
posso dizer adeus. Não quero dizer adeus de forma alguma.
Eu sei o que acontecerá a seguir. Nós vamos embora e eles vão
encher a cova com o resto da sujeira. Cobrindo Ma para sempre. Minhas pernas tremem com o pensamento e essa fraqueza retorna ao meu corpo.
As pessoas começam a jogar suas flores também, uma a
uma. Alguns olham para mim, outros apenas seguem o exemplo largando suas rosas, lírios, dálias. As favoritas da mãe.
Eu tenho segurado a rosa na minha mão com tanta força que os
espinhos cortaram minhas palmas. Quase esqueci que a tinha. Olho para as manchas de sangue no caule e nas folhas. A rica cor carmesim contrasta com o verde escuro.
Uma mão pesada repousa sobre meu ombro, me
assustando. Quando olho para cima, me vejo olhando diretamente para os olhos azuis pálidos do diabo. O homem que tirou tudo de nós.
Riccardo Balesteri. Um homem que o pai costumava chamar de seu melhor amigo. É quem sabíamos que ele era antes que as coisas mudassem e ele se tornasse um monstro.
O pai não nos envolve em negócios, mas não havia ninguém
para nos proteger de nada naquele dia, dois anos atrás, quando Riccardo veio à nossa casa com homens e nos expulsou.
Eu não sei o que aconteceu, mas me lembro da
discussão. Lembro-me de papai implorando para ele ser razoável e mamãe chorando enquanto tentava tirar Dominic e Tristan da cama. Foi Andreas quem me pegou e me acalmou quando tentei ajudar. Os homens apenas riram de mim.
Agora, este homem está aqui no funeral da minha mãe. Com um
sorriso no rosto.
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