O Cheiro do Triunfo

O Cheiro do Triunfo

Gavin

5.0
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Capítulo

O cheiro de desinfetante no hospital era sufocante. Acabei de acordar da anestesia da cirurgia de coração aberto do meu pai. O sol de Lisboa brilhava lá fora, mas a notícia de um engavetamento grave na Ponte 25 de Abril gelava-me o sangue. O meu marido, Pedro, paramédico, estava destacado para lá. Precisava de saber se ele estava bem. Mas mais do que isso, precisava de lhe dizer que o nosso casamento tinha acabado. Quando ele finalmente atendeu, a voz dele era irritada, mas então ouvi a voz suave de outra mulher ao fundo: a minha prima Clara. Ouvir o meu tio, pai dela, a agradecer ao Pedro por "salvar" a Clara do acidente, e o Pedro a prometer cuidar dela, foi como um soco no estômago. O meu pai, o sogro dele, acabava de sair de uma cirurgia de emergência no mesmo hospital, e Pedro estava a cuidar da minha prima? Quando lhe disse que queria o divórcio, a raiva dele explodiu, chamando-me egoísta por não entender a "obrigação" dele, e depois bloqueou-me. Ele não se importava com o meu pai, que esteve à beira da morte? A vida do meu pai dependia de um tratamento caríssimo, e a minha única esperança, o homem que chamei de marido, negou-se a ajudar. Pior, ele recusou o divórcio, apontou para a nossa casa e para os nossos bens, e ameaçou: "E o teu pai? Achas que consegues pagar tudo sozinha com o teu salário de professora?" Fui forçada a engolir o meu orgulho e, com o coração pesado, aceitei o seu "acordo": eu retirava o pedido de divórcio e ele pagava. Pensei que a tinha perdido a mim mesma. Mas quando Pedro, embriagado, tentou forçar-me e meu pai, que mal se aguentava em pé, gritou para ele me largar, soube que tínhamos de lutar. Eu preferiria morrer a viver assim. Era hora de reativar o processo e ir com tudo.

Introdução

O cheiro de desinfetante no hospital era sufocante.

Acabei de acordar da anestesia da cirurgia de coração aberto do meu pai.

O sol de Lisboa brilhava lá fora, mas a notícia de um engavetamento grave na Ponte 25 de Abril gelava-me o sangue.

O meu marido, Pedro, paramédico, estava destacado para lá. Precisava de saber se ele estava bem.

Mas mais do que isso, precisava de lhe dizer que o nosso casamento tinha acabado.

Quando ele finalmente atendeu, a voz dele era irritada, mas então ouvi a voz suave de outra mulher ao fundo: a minha prima Clara.

Ouvir o meu tio, pai dela, a agradecer ao Pedro por "salvar" a Clara do acidente, e o Pedro a prometer cuidar dela, foi como um soco no estômago.

O meu pai, o sogro dele, acabava de sair de uma cirurgia de emergência no mesmo hospital, e Pedro estava a cuidar da minha prima?

Quando lhe disse que queria o divórcio, a raiva dele explodiu, chamando-me egoísta por não entender a "obrigação" dele, e depois bloqueou-me.

Ele não se importava com o meu pai, que esteve à beira da morte?

A vida do meu pai dependia de um tratamento caríssimo, e a minha única esperança, o homem que chamei de marido, negou-se a ajudar.

Pior, ele recusou o divórcio, apontou para a nossa casa e para os nossos bens, e ameaçou: "E o teu pai? Achas que consegues pagar tudo sozinha com o teu salário de professora?"

Fui forçada a engolir o meu orgulho e, com o coração pesado, aceitei o seu "acordo": eu retirava o pedido de divórcio e ele pagava.

Pensei que a tinha perdido a mim mesma.

Mas quando Pedro, embriagado, tentou forçar-me e meu pai, que mal se aguentava em pé, gritou para ele me largar, soube que tínhamos de lutar.

Eu preferiria morrer a viver assim. Era hora de reativar o processo e ir com tudo.

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