Nove Vidas, Um Só Amor

Nove Vidas, Um Só Amor

Gavin

5.0
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Capítulo

Esta era a nona vez. Nona vez que eu abria os olhos para o mesmo teto branco e estéril de hospital, o cheiro de desinfetante invadindo minhas narinas. Eu já sabia onde estava e o que viria a seguir. Meu corpo estava exausto, minha alma cansada de oito vidas de sofrimento e mortes brutais. Em todas elas, eu fui apenas um personagem secundário, um obstáculo irritante na grande história de amor entre Isabella, minha tia adotiva, e o verdadeiro protagonista, Gabriel. Meu papel? Amá-la, falhar miseravelmente, e morrer para fortalecer o amor deles. Lembro cada morte com clareza horrível: afogado, jogado de um precipício, envenenado. Todas orquestradas ou permitidas por ela, a mulher que um dia amei desesperadamente. Mas, na nona vida, algo quebrou. Meu amor por Isabella se tornou um vazio oco. "Não, obrigado", pensei quando ouvi o sistema anunciar: "[Iniciando o nono ciclo. Missão principal: Conquistar o amor de Isabella. Recompensa: Sobrevivência.]" Eu só queria paz, liberdade, mesmo que o preço fosse a morte definitiva. A porta se abriu, e ela entrou, deslumbrante como sempre, com Gabriel ao seu lado. Ela me ofereceu sua falsa preocupação, ele, seu sorriso de escárnio. "Ele é fraco, meu amor", Gabriel disse, "Provavelmente só queria um pouco de atenção." Então, vi Flocos, o pequeno spitz alemão, pular nos braços de Gabriel, recebendo carinho que eles nunca me deram. E Isabella sorriu, um sorriso genuíno que há anos não via. A verdade me atingiu com a força de um soco: para eles, eu valia menos que um cachorro. A humilhação suplantou a dor de todas as minhas mortes passadas. Com uma calma que eu não sentia há muito tempo, arranquei o acesso intravenoso do meu braço. Peguei o porta-retrato com nossa foto e o joguei na lixeira. O vidro se quebrando foi o som de correntes se partindo. "Eu desisto", eu disse, minha voz rouca, mas firme. "Eu não quero mais fazer parte disso." Isabella e Gabriel me encararam, chocados. Foi a primeira vez em nove vidas que eu me senti no controle. Eu me importava com as consequências? Não. Eu só queria que tudo acabasse.

Introdução

Esta era a nona vez. Nona vez que eu abria os olhos para o mesmo teto branco e estéril de hospital, o cheiro de desinfetante invadindo minhas narinas.

Eu já sabia onde estava e o que viria a seguir. Meu corpo estava exausto, minha alma cansada de oito vidas de sofrimento e mortes brutais.

Em todas elas, eu fui apenas um personagem secundário, um obstáculo irritante na grande história de amor entre Isabella, minha tia adotiva, e o verdadeiro protagonista, Gabriel. Meu papel? Amá-la, falhar miseravelmente, e morrer para fortalecer o amor deles.

Lembro cada morte com clareza horrível: afogado, jogado de um precipício, envenenado. Todas orquestradas ou permitidas por ela, a mulher que um dia amei desesperadamente.

Mas, na nona vida, algo quebrou. Meu amor por Isabella se tornou um vazio oco. "Não, obrigado", pensei quando ouvi o sistema anunciar: "[Iniciando o nono ciclo. Missão principal: Conquistar o amor de Isabella. Recompensa: Sobrevivência.]"

Eu só queria paz, liberdade, mesmo que o preço fosse a morte definitiva.

A porta se abriu, e ela entrou, deslumbrante como sempre, com Gabriel ao seu lado. Ela me ofereceu sua falsa preocupação, ele, seu sorriso de escárnio.

"Ele é fraco, meu amor", Gabriel disse, "Provavelmente só queria um pouco de atenção."

Então, vi Flocos, o pequeno spitz alemão, pular nos braços de Gabriel, recebendo carinho que eles nunca me deram. E Isabella sorriu, um sorriso genuíno que há anos não via.

A verdade me atingiu com a força de um soco: para eles, eu valia menos que um cachorro. A humilhação suplantou a dor de todas as minhas mortes passadas.

Com uma calma que eu não sentia há muito tempo, arranquei o acesso intravenoso do meu braço. Peguei o porta-retrato com nossa foto e o joguei na lixeira.

O vidro se quebrando foi o som de correntes se partindo.

"Eu desisto", eu disse, minha voz rouca, mas firme. "Eu não quero mais fazer parte disso."

Isabella e Gabriel me encararam, chocados. Foi a primeira vez em nove vidas que eu me senti no controle.

Eu me importava com as consequências? Não. Eu só queria que tudo acabasse.

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