Duas Caras, Uma Traição

Duas Caras, Uma Traição

Gavin

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Perdi o meu filho Lucas há um ano, e a dor da infertilidade atingiu-me no mesmo dia em que o meu marido, Pedro, me ignorou ao telefone. "Estou ocupado", disse ele, com o som de festa ao fundo. Ocupado a celebrar o aniversário da minha prima Ana. "Nosso sonho!", exclamou ela na gravação que ouvi. Que sonho era esse? Descobri-o ao voltar para casa. Na mesa da cozinha, um bolo da Ana. No guarda-roupa do Pedro, uma caixa de madeira escondida. Dentro, fotos do meu marido beijando a minha prima em Paris – na viagem que ele fez "sozinho para espairecer" após a morte do Lucas. E um teste de gravidez positivo. E sapatos de bebé. Azuis. O meu casamento era uma farsa. A minha prima, grávida do meu marido. O meu filho tinha morrido, e eu não podia mais ter filhos, enquanto eles construíam uma nova família. A minha dor era "drama", mas a traição deles era a cruel realidade. Como é que ele se atreveu? Como puderam fazer isto na minha própria casa? Naquela noite, a raiva salvou-me da agonia. Expulsei-os, as suas malas cheias de mentiras no contentor do lixo. A festa tinha acabado. Agora, o verdadeiro espetáculo ia começar.

Introdução

Perdi o meu filho Lucas há um ano, e a dor da infertilidade atingiu-me no mesmo dia em que o meu marido, Pedro, me ignorou ao telefone.

"Estou ocupado", disse ele, com o som de festa ao fundo.

Ocupado a celebrar o aniversário da minha prima Ana. "Nosso sonho!", exclamou ela na gravação que ouvi. Que sonho era esse? Descobri-o ao voltar para casa.

Na mesa da cozinha, um bolo da Ana. No guarda-roupa do Pedro, uma caixa de madeira escondida. Dentro, fotos do meu marido beijando a minha prima em Paris – na viagem que ele fez "sozinho para espairecer" após a morte do Lucas. E um teste de gravidez positivo. E sapatos de bebé. Azuis.

O meu casamento era uma farsa. A minha prima, grávida do meu marido. O meu filho tinha morrido, e eu não podia mais ter filhos, enquanto eles construíam uma nova família. A minha dor era "drama", mas a traição deles era a cruel realidade.

Como é que ele se atreveu? Como puderam fazer isto na minha própria casa?

Naquela noite, a raiva salvou-me da agonia. Expulsei-os, as suas malas cheias de mentiras no contentor do lixo. A festa tinha acabado. Agora, o verdadeiro espetáculo ia começar.

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No dia do terceiro aniversário do meu filho, Lucas, o meu marido, Pedro, simplesmente não voltou para casa. Preparei o seu bolo favorito e enchi a sala com balões azuis, enquanto Lucas esperava, adormecendo no sofá com o seu pequeno carro de corrida. Liguei para o Pedro dezenas de vezes, mas só encontrei o silêncio do telemóvel desligado. O meu coração afundava a cada tentativa falhada, até que a campainha tocou, já perto da meia-noite. Corri para a porta, com a esperança a reacender-se, mas não era ele. Eram dois polícias, com expressões sérias, que trouxeram a notícia: Pedro sofrera um acidente de carro, estado crítico. O mundo parou, as palavras ecoavam na minha cabeça: "crítico", "acidente". Mas a próxima frase atingiu-me como um raio: "Havia outra pessoa no carro... uma mulher. Infelizmente, ela não sobreviveu." O nome dela? Clara Bastos. A ex-namorada de Pedro, aquela que ele jurou ter ficado no passado. Antes que eu pudesse processar a traição, a minha sogra, Dona Alice, subiu as escadas, o seu medo transformado em raiva pura. "A culpa é tua! Tu nunca o fizeste feliz! A Clara era o verdadeiro amor da vida dele! Se ele morrer, a culpa é tua!" As palavras dela, o facto de que toda a minha vida tinha sido uma farsa, atingiram-me mais do que qualquer golpe físico. O nosso casamento, o nosso filho... Seríamos apenas um obstáculo? Uma mentira? Senti o meu telemóvel vibrar no bolso: uma notificação de transferência bancária. Pedro tinha transferido quase todo o nosso dinheiro da conta conjunta para a sua conta pessoal, horas antes do acidente. Ele não me estava apenas a deixar; estava a deixar-me sem nada. Num piscar de olhos, a minha vida desmoronou-se. Mas eu não me ajoelharia. Enquanto a minha sogra me amaldiçoava, senti uma raiva fria a crescer. Não olhei para trás. A batalha pela minha vida e pela do meu filho tinha acabado de começar.

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