Amor e Ódio: Laços Quebrados

Amor e Ódio: Laços Quebrados

Gavin

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Capítulo

A foto no celular de Miguel mostrava Isabela, sua esposa, beijando outro homem. A traição era um veneno, gelando seu corpo, enquanto a raiva subia por sua garganta. Sua mãe, Laura, vendo sua agonia, não demonstrava surpresa, mas uma frieza que ele nunca tinha visto. "Mãe, você viu? Você viu o que ela fez?" "Eu vi", Laura respondeu, surpreendentemente calma. Ela o mandou fingir que nada tinha acontecido. Disse que precisava de tempo para "resolver isso". Miguel confiava nela, mas sentia a dor crescendo dentro dele. Os dias se arrastaram, tensos e cheios de mentiras. Isabela agia com falsa inocência, trocando mensagens às escondidas. Cada risada dela era uma facada no peito de Miguel. E Laura? Laura se apegava a Leo, o filho de Miguel, com uma devoção quase desesperada. Miguel se sentia um estranho em sua própria casa, abandonado pela mãe também. Chega de teatro. Em um jantar, Miguel explodiu, jogou o garfo no prato. "Eu não aguento mais isso!" Ele exigiu que Isabela fosse embora, ou ele mesmo iria. "Você vai escolher, mãe. Eu ou ela." Um grito de fúria o dominou, e ele varreu a mesa. Pratos e copos se espatifaram. Leo chorou assustado. Isabela, com lágrimas de crocodilo, correu para abraçar o filho. Fez-se de vítima, acusando-o de enlouquecer. "Não use meu filho contra mim, sua vadia mentirosa!" Miguel cuspiu. Ele avançou para ela, cego de raiva. Mas Laura, rápida como um raio, se interpôs. Miguel a empurrou. Ela cambaleou e bateu na parede, gemendo de dor. "Por quê?", Miguel sussurrou, a voz quebrada. "Por que você protege ela? Contra mim? Seu próprio filho?" As lágrimas de Laura escorreram, mas sua voz era firme. "Eu te amo mais do que minha própria vida, Miguel. Nunca duvide disso." Ela prometeu resolver tudo em um mês, pedindo paciência. Miguel, exausto, concordou. As semanas seguintes foram uma farsa. Laura agia como uma diplomata, cercando Isabela com falsas desculpas. Miguel e Isabela eram fantasmas na mesma casa, o abismo entre eles crescendo. Laura encontrou uma fatura de cartão de crédito de Isabela. Despesas: jantar caro, hotel de luxo, relógio masculino caríssimo. Provas da traição, frias e inegáveis. Mas ela não mostrou a Miguel. Apenas a guardou, uma arma para o momento certo. Miguel precisou de dinheiro para o negócio. Isabela, ouvindo a palavra "dinheiro", se aproximou. Ela inventou uma história dramática sobre a família, implorando mais dinheiro que Miguel. Chantagem emocional. Miguel sentiu nojo. "Minha mãe não vai te dar um centavo!" Mas, para seu choque absoluto, Laura deu o dinheiro a Isabela. "Seu negócio pode esperar, Miguel. A família não pode." Miguel sentiu-se duplamente traído. A dor era insuportável. Ele saiu de casa, batendo a porta com força. Laura, observando Isabela partir, sorriu. Um sorriso assustador, cheio de segredos e promessas de vingança. O abismo entre Miguel e Laura se aprofundou. Ele a evitou, trancava-se no escritório. Laura sentia a distância, seu coração pesado. Ela sabia que era um sacrifício necessário. Então, a crise veio: uma virose agressiva. Leo e Miguel adoeceram. Um medicamento raro, uma única dose. Laura conseguiu. Entregou-o a Isabela para Leo. Miguel apareceu na porta. "E eu, mãe? E eu?" Laura, sem olhá-lo nos olhos, disse: "Você é forte, Miguel. Ele é uma criança. Ele é frágil." "Eu sou seu filho! Como pode me escolher para sofrer? Você me ama?" Lágrimas escorreram no rosto de Laura, mas sua voz era dura. "Eu te amo mais do que minha própria vida. Um dia, você vai entender." Mas Miguel sentiu-se abandonado, um sacrifício. Naquela noite, ele tomou uma decisão. Ele malou uma pequena bagagem. Desceu as escadas. Laura o viu. "Miguel, não faça isso ", ela sussurrou. "Já está feito", ele respondeu, voz vazia de emoção. "Você fez sua escolha, mãe. Agora eu estou fazendo a minha." Ele se virou e saiu. Laura permaneceu imóvel, uma única lágrima escorrendo. Aquele exílio, parte de seu plano. Meses se arrastaram. Isabela, sem Miguel, tornou-se descuidada, ousada com seu amante. Ricardo, o amante, cobrava-a por dinheiro. Desesperada, Isabela exigiu dinheiro de Laura. "Não", Laura disse, a voz suave, mas final. O castelo de cartas de Isabela desmoronou. Seu negócio e sua vida. A máscara de Isabela caiu. Ela atacou Laura verbalmente, com ódio puro. Laura absorvia tudo em silêncio, cada insulto um prego no caixão de Isabela. Até que chegou o dia. Num sábado ensolarado, Laura levou Leo ao parque. Mas ela não estava sozinha. Um menino idêntico a Leo, chamado Lucas, a acompanhava. Laura o mantivera escondido por cinco anos. Isabela estava no parque, discutindo com Ricardo. Seu olhar cruzou o de Laura. Ela viu Lucas. Chocou-se. "Que brincadeira é essa, Laura? Quem é esse menino? Por que ele é igual ao Leo?" Lucas, inocente, perguntou: "Vovó, por que aquele menino tem a minha cara? Ele é meu irmão?" A fúria de Isabela explodiu. "Irmão? Que absurdo! Eu não tive gêmeos! Laura, eu exijo uma explicação!" Uma mulher na multidão sussurrou: "Talvez sejam meio-irmãos. Do mesmo pai." A semente da suspeita venenosa plantou-se em Isabela. "É um filho bastardo de Miguel! E você sabia!" Isabela ligou para Ricardo, histericamente. Depois, para a polícia. "Vou acusá-la de sequestro! De assédio! Você vai se arrepender!" Laura, assustadoramente calma, apenas esperou. A polícia e, para surpresa de Isabela, Miguel e Ricardo chegaram. "Vocês se conhecem?", Isabela perguntou, desconfiada. "Sim, nós nos conhecemos", Laura disse, em voz clara. "Laura e eu fomos concorrentes nos negócios. Somos inimigos." A bomba explodiu. A visão de Ricardo foi demais para Miguel. Com um grito gutural, ele se lançou sobre Ricardo. "Você! Você destruiu minha vida!" Isabela, para horror de Miguel, o defendeu, interpondo-se. Aquela lealdade ao outro quebrou algo em Miguel. Ele a empurrou para o lado. E, na frente de todos, deu-lhe um tapa no rosto. "Defender esse lixo na minha frente? Você não tem vergonha?" A multidão, agora, o julgava. Ricardo, encostado na árvore, olhava para Laura. "Eu não sabia... juro que não sabia que ela era casada com seu filho." Uma confissão. Todas as peças estavam no lugar. "Mãe, que verdade é essa que você me prometeu?" Miguel perguntou à mãe. "A verdade, Miguel", Laura disse, sua voz chocantemente clara, "é que esses dois meninos... ambos são seus filhos." Silêncio absoluto. Miguel não processava. "Isso é impossível! Eu só tenho um filho. Leo." "Não", Laura afirmou. "Você tem dois." Ricardo, chocado, argumentou: "Leo é meu filho. Isabela me disse..." "Ela mentiu", Laura o cortou friamente. "Ele não é seu filho. Nenhum deles é." Ricardo estremeceu. Uma negociação, uma bebida estranha, uma lacuna na memória. "Meu Deus...", ele sussurrou. "Leo e Lucas. Gêmeos. Ambos são filhos de Miguel", Laura repetiu para a multidão. Miguel tentou entender. Um nome veio à mente. "Camila..." Sirenes. A polícia chegou. Isabela correu, apontando a Laura. "É ela, policial! Ela me persegue! Ele me agrediu!" Laura, por sua vez, ligou para Miguel de um número antigo. "Miguel", ela disse, a voz baixa e urgente. "Venha para o parque central. Agora. Está na hora de você saber toda a verdade." "Mãe... o que Camila tem a ver com isso?" Miguel perguntou, temendo. "Tudo, meu filho. Tudo", Laura respondeu com tristeza profunda. "Lucas e Leo não são filhos de Isabela. Eles são filhos de Camila. Seus filhos com a mulher que você realmente amou." "MENTIRA!", Isabela gritou. "Leo é meu filho! Eu o pari!" "Mas... Camila... ela foi embora. Ela não estava grávida..." "Ela não te deixou, Miguel. Eu a fiz ir embora", Laura confessou, a voz pesada. "Eu a mandei embora. Foi o maior erro da minha vida." Ela engoliu em seco. "Quando ela partiu, ela descobriu. E não foi só a gravidez. Era um câncer terminal. E gêmeos." A tragédia atingiu Miguel. Ele cambaleou. "Ela lutou, Miguel. Ela me procurou. Eu prometi cuidar de seus filhos." "Ela morreu logo após o parto." Miguel soluçou, o luto por uma vida que ele nunca soube. Isabela riu, loucamente. "Isso não explica como o MEU filho é filho dela!" Laura virou-se para Isabela, com desprezo gelado. "Você quer saber a verdade? Seu filho, o que você teve com Ricardo, nasceu morto." "NÃO!", Isabela gritou. "SIM!", Laura bradou, explodindo a fúria guardada. "Seu filho nasceu morto! Eu estava lá. E no quarto ao lado, os filhos de Camila estavam sozinhos e indefesos." "Então eu fiz uma escolha. Eu peguei um deles, o pequeno Leo, e o coloquei em seus braços enquanto você ainda estava dopada." "Eu troquei os bebês. Eu dei a você o filho do meu filho." Horror espalhou-se no rosto de Isabela. "Você... você é um monstro..." "Foi um ato de desespero! Mas a culpa é sua! Você trouxe essa desgraça sobre si mesma!" Isabela, com um grito animalesco, lançou-se sobre Laura. Os policiais a contiveram. "Por que agora, mãe? Por que me fazer passar por todo esse inferno?" Laura olhou para a nora, depois para Miguel. "Porque eu precisava que ela se revelasse. Precisava que você, e o mundo, vissem quem ela realmente é." "Eu esperei o momento em que ela não tivesse mais nada. Para que a queda fosse total e absoluta." Sua voz era fria, calculista. A multidão, agora entendendo, virou-se contra Isabela e Ricardo. Gritos de "Vagabunda!", "Traidora!", "Ladrão!" enchiam o ar. Ricardo tentou escapar. Laura o impediu. "Aonde você pensa que vai, Ricardo?" "Policiais! Este homem não é apenas um adúltero. Ele é um criminoso." Ricardo empalideceu. Laura revelou: "Há sete anos, atropelamento com fuga. Uma jovem morreu. O motorista era ele." "É mentira! Ela está inventando!" Ricardo gritou. Laura entregou ao policial um envelope com provas: o relatório original do conserto do carro, uma declaração juramentada do mecânico. Os olhos do policial se arregalaram. "E não é tudo", Laura continuou. "Ricardo e Isabela estão envolvidos com tráfico de drogas." Ela mostrou fotos e documentos. O dinheiro que ela 'deu' a Isabela havia sido marcado e rastreado. A revelação foi um nocaute. Isabela olhou Laura com horror absoluto. Cada ato de aparente bondade, uma armadilha. "Não... não é verdade...", ela balbuciou. Ricardo, derrotado, olhou para Laura. A multidão explodiu, exigindo prisões. "Levem esse lixo daqui!" O policial deu a ordem: "Vocês dois estão detidos." Laura, aproximou-se de Miguel, pegando as mãos dos dois meninos. A batalha havia terminado. A guerra estava ganha. Na delegacia, as evidências esmagavam Isabela e Ricardo. Ricardo, ao ser levado, parou. "Laura... Leo... ele teve um problema renal há alguns anos, não teve?" "Sim. Ele precisou de um transplante. Um doador anônimo." Um sorriso triste, irônico. "O doador não era tão anônimo. Fui eu. Isabela me disse que ele era meu filho." Miguel olhou para Ricardo, não com ódio, mas com a percepção de que ele também fora enganado. "Então eu fui enganado até o fim", Ricardo disse. Mais tarde, Isabela exigiu ver Laura. "Onde está meu filho? O que você fez com o meu bebê de verdade?" Laura se aproximou da cela, com frieza. "Você quer saber sobre seu filho? Ele foi cremado, como todos os restos mortais não reclamados do hospital." "As cinzas foram jogadas em uma vala comum. Não há túmulo para visitar, Isabela. Não há nada." "Você o perdeu no momento em que decidiu trair meu filho. Agora, você não tem nada e nem ninguém." A verdade final quebrou Isabela. Ela deslizou pelas grades, em desespero. Semanas depois, o teste de DNA confirmou: Leo e Lucas eram gêmeos idênticos, filhos biológicos de Miguel. Miguel foi até sua mãe, com gratidão e remorso. "Mãe, me perdoe. Eu duvidei de você. Eu a abandonei." Laura o abraçou. "Eu perdoo, meu filho. Eu só peço que você perdoe a mim, por ter que te fazer passar por tanta dor. Era o único jeito." A vida começou a se normalizar. Leo e Lucas se adaptaram, inseparáveis. Miguel se dedicou a ser o melhor pai. O julgamento foi rápido. Ricardo e Isabela foram condenados à prisão perpétua. No dia da sentença, Isabela tentou usar Leo. "Eu não quero vê-la", Leo disse, com firmeza. "Você é meu pai. E a vovó é minha vovó. E o Lucas é meu irmão. É a minha família." Aquelas palavras foram a libertação final. A sombra de Isabela desapareceu para sempre. Meses depois, no mesmo parque, Laura observava Miguel e os meninos em seus balanços. A justiça foi feita. A honra restaurada. A vingança, servida completa. Laura sorriu, desta vez um sorriso genuíno de paz. Seu plano monstruoso e seu sacrifício doloroso valeram a pena. Sua família estava segura. Eles estavam juntos. E isso era tudo que importava.

Introdução

A foto no celular de Miguel mostrava Isabela, sua esposa, beijando outro homem.

A traição era um veneno, gelando seu corpo, enquanto a raiva subia por sua garganta.

Sua mãe, Laura, vendo sua agonia, não demonstrava surpresa, mas uma frieza que ele nunca tinha visto.

"Mãe, você viu? Você viu o que ela fez?"

"Eu vi", Laura respondeu, surpreendentemente calma.

Ela o mandou fingir que nada tinha acontecido.

Disse que precisava de tempo para "resolver isso".

Miguel confiava nela, mas sentia a dor crescendo dentro dele.

Os dias se arrastaram, tensos e cheios de mentiras.

Isabela agia com falsa inocência, trocando mensagens às escondidas.

Cada risada dela era uma facada no peito de Miguel.

E Laura? Laura se apegava a Leo, o filho de Miguel, com uma devoção quase desesperada.

Miguel se sentia um estranho em sua própria casa, abandonado pela mãe também.

Chega de teatro.

Em um jantar, Miguel explodiu, jogou o garfo no prato.

"Eu não aguento mais isso!"

Ele exigiu que Isabela fosse embora, ou ele mesmo iria.

"Você vai escolher, mãe. Eu ou ela."

Um grito de fúria o dominou, e ele varreu a mesa.

Pratos e copos se espatifaram. Leo chorou assustado.

Isabela, com lágrimas de crocodilo, correu para abraçar o filho.

Fez-se de vítima, acusando-o de enlouquecer.

"Não use meu filho contra mim, sua vadia mentirosa!" Miguel cuspiu.

Ele avançou para ela, cego de raiva.

Mas Laura, rápida como um raio, se interpôs.

Miguel a empurrou. Ela cambaleou e bateu na parede, gemendo de dor.

"Por quê?", Miguel sussurrou, a voz quebrada.

"Por que você protege ela? Contra mim? Seu próprio filho?"

As lágrimas de Laura escorreram, mas sua voz era firme.

"Eu te amo mais do que minha própria vida, Miguel. Nunca duvide disso."

Ela prometeu resolver tudo em um mês, pedindo paciência.

Miguel, exausto, concordou.

As semanas seguintes foram uma farsa.

Laura agia como uma diplomata, cercando Isabela com falsas desculpas.

Miguel e Isabela eram fantasmas na mesma casa, o abismo entre eles crescendo.

Laura encontrou uma fatura de cartão de crédito de Isabela.

Despesas: jantar caro, hotel de luxo, relógio masculino caríssimo.

Provas da traição, frias e inegáveis.

Mas ela não mostrou a Miguel.

Apenas a guardou, uma arma para o momento certo.

Miguel precisou de dinheiro para o negócio.

Isabela, ouvindo a palavra "dinheiro", se aproximou.

Ela inventou uma história dramática sobre a família, implorando mais dinheiro que Miguel.

Chantagem emocional. Miguel sentiu nojo.

"Minha mãe não vai te dar um centavo!"

Mas, para seu choque absoluto, Laura deu o dinheiro a Isabela.

"Seu negócio pode esperar, Miguel. A família não pode."

Miguel sentiu-se duplamente traído.

A dor era insuportável.

Ele saiu de casa, batendo a porta com força.

Laura, observando Isabela partir, sorriu.

Um sorriso assustador, cheio de segredos e promessas de vingança.

O abismo entre Miguel e Laura se aprofundou.

Ele a evitou, trancava-se no escritório.

Laura sentia a distância, seu coração pesado.

Ela sabia que era um sacrifício necessário.

Então, a crise veio: uma virose agressiva.

Leo e Miguel adoeceram.

Um medicamento raro, uma única dose.

Laura conseguiu.

Entregou-o a Isabela para Leo.

Miguel apareceu na porta.

"E eu, mãe? E eu?"

Laura, sem olhá-lo nos olhos, disse: "Você é forte, Miguel. Ele é uma criança. Ele é frágil."

"Eu sou seu filho! Como pode me escolher para sofrer? Você me ama?"

Lágrimas escorreram no rosto de Laura, mas sua voz era dura.

"Eu te amo mais do que minha própria vida. Um dia, você vai entender."

Mas Miguel sentiu-se abandonado, um sacrifício.

Naquela noite, ele tomou uma decisão.

Ele malou uma pequena bagagem.

Desceu as escadas. Laura o viu.

"Miguel, não faça isso ", ela sussurrou.

"Já está feito", ele respondeu, voz vazia de emoção.

"Você fez sua escolha, mãe. Agora eu estou fazendo a minha."

Ele se virou e saiu.

Laura permaneceu imóvel, uma única lágrima escorrendo.

Aquele exílio, parte de seu plano.

Meses se arrastaram.

Isabela, sem Miguel, tornou-se descuidada, ousada com seu amante.

Ricardo, o amante, cobrava-a por dinheiro.

Desesperada, Isabela exigiu dinheiro de Laura.

"Não", Laura disse, a voz suave, mas final.

O castelo de cartas de Isabela desmoronou.

Seu negócio e sua vida.

A máscara de Isabela caiu.

Ela atacou Laura verbalmente, com ódio puro.

Laura absorvia tudo em silêncio, cada insulto um prego no caixão de Isabela.

Até que chegou o dia.

Num sábado ensolarado, Laura levou Leo ao parque.

Mas ela não estava sozinha.

Um menino idêntico a Leo, chamado Lucas, a acompanhava.

Laura o mantivera escondido por cinco anos.

Isabela estava no parque, discutindo com Ricardo.

Seu olhar cruzou o de Laura.

Ela viu Lucas. Chocou-se.

"Que brincadeira é essa, Laura? Quem é esse menino? Por que ele é igual ao Leo?"

Lucas, inocente, perguntou: "Vovó, por que aquele menino tem a minha cara? Ele é meu irmão?"

A fúria de Isabela explodiu.

"Irmão? Que absurdo! Eu não tive gêmeos! Laura, eu exijo uma explicação!"

Uma mulher na multidão sussurrou: "Talvez sejam meio-irmãos. Do mesmo pai."

A semente da suspeita venenosa plantou-se em Isabela.

"É um filho bastardo de Miguel! E você sabia!"

Isabela ligou para Ricardo, histericamente.

Depois, para a polícia.

"Vou acusá-la de sequestro! De assédio! Você vai se arrepender!"

Laura, assustadoramente calma, apenas esperou.

A polícia e, para surpresa de Isabela, Miguel e Ricardo chegaram.

"Vocês se conhecem?", Isabela perguntou, desconfiada.

"Sim, nós nos conhecemos", Laura disse, em voz clara.

"Laura e eu fomos concorrentes nos negócios. Somos inimigos."

A bomba explodiu.

A visão de Ricardo foi demais para Miguel.

Com um grito gutural, ele se lançou sobre Ricardo.

"Você! Você destruiu minha vida!"

Isabela, para horror de Miguel, o defendeu, interpondo-se.

Aquela lealdade ao outro quebrou algo em Miguel.

Ele a empurrou para o lado.

E, na frente de todos, deu-lhe um tapa no rosto.

"Defender esse lixo na minha frente? Você não tem vergonha?"

A multidão, agora, o julgava.

Ricardo, encostado na árvore, olhava para Laura.

"Eu não sabia... juro que não sabia que ela era casada com seu filho."

Uma confissão. Todas as peças estavam no lugar.

"Mãe, que verdade é essa que você me prometeu?" Miguel perguntou à mãe.

"A verdade, Miguel", Laura disse, sua voz chocantemente clara, "é que esses dois meninos... ambos são seus filhos."

Silêncio absoluto. Miguel não processava.

"Isso é impossível! Eu só tenho um filho. Leo."

"Não", Laura afirmou. "Você tem dois."

Ricardo, chocado, argumentou: "Leo é meu filho. Isabela me disse..."

"Ela mentiu", Laura o cortou friamente. "Ele não é seu filho. Nenhum deles é."

Ricardo estremeceu. Uma negociação, uma bebida estranha, uma lacuna na memória.

"Meu Deus...", ele sussurrou.

"Leo e Lucas. Gêmeos. Ambos são filhos de Miguel", Laura repetiu para a multidão.

Miguel tentou entender. Um nome veio à mente.

"Camila..."

Sirenes. A polícia chegou.

Isabela correu, apontando a Laura.

"É ela, policial! Ela me persegue! Ele me agrediu!"

Laura, por sua vez, ligou para Miguel de um número antigo.

"Miguel", ela disse, a voz baixa e urgente. "Venha para o parque central. Agora. Está na hora de você saber toda a verdade."

"Mãe... o que Camila tem a ver com isso?" Miguel perguntou, temendo.

"Tudo, meu filho. Tudo", Laura respondeu com tristeza profunda.

"Lucas e Leo não são filhos de Isabela. Eles são filhos de Camila. Seus filhos com a mulher que você realmente amou."

"MENTIRA!", Isabela gritou. "Leo é meu filho! Eu o pari!"

"Mas... Camila... ela foi embora. Ela não estava grávida..."

"Ela não te deixou, Miguel. Eu a fiz ir embora", Laura confessou, a voz pesada.

"Eu a mandei embora. Foi o maior erro da minha vida."

Ela engoliu em seco. "Quando ela partiu, ela descobriu. E não foi só a gravidez. Era um câncer terminal. E gêmeos."

A tragédia atingiu Miguel. Ele cambaleou.

"Ela lutou, Miguel. Ela me procurou. Eu prometi cuidar de seus filhos."

"Ela morreu logo após o parto."

Miguel soluçou, o luto por uma vida que ele nunca soube.

Isabela riu, loucamente. "Isso não explica como o MEU filho é filho dela!"

Laura virou-se para Isabela, com desprezo gelado.

"Você quer saber a verdade? Seu filho, o que você teve com Ricardo, nasceu morto."

"NÃO!", Isabela gritou.

"SIM!", Laura bradou, explodindo a fúria guardada.

"Seu filho nasceu morto! Eu estava lá. E no quarto ao lado, os filhos de Camila estavam sozinhos e indefesos."

"Então eu fiz uma escolha. Eu peguei um deles, o pequeno Leo, e o coloquei em seus braços enquanto você ainda estava dopada."

"Eu troquei os bebês. Eu dei a você o filho do meu filho."

Horror espalhou-se no rosto de Isabela.

"Você... você é um monstro..."

"Foi um ato de desespero! Mas a culpa é sua! Você trouxe essa desgraça sobre si mesma!"

Isabela, com um grito animalesco, lançou-se sobre Laura.

Os policiais a contiveram.

"Por que agora, mãe? Por que me fazer passar por todo esse inferno?"

Laura olhou para a nora, depois para Miguel.

"Porque eu precisava que ela se revelasse. Precisava que você, e o mundo, vissem quem ela realmente é."

"Eu esperei o momento em que ela não tivesse mais nada. Para que a queda fosse total e absoluta."

Sua voz era fria, calculista.

A multidão, agora entendendo, virou-se contra Isabela e Ricardo.

Gritos de "Vagabunda!", "Traidora!", "Ladrão!" enchiam o ar.

Ricardo tentou escapar. Laura o impediu.

"Aonde você pensa que vai, Ricardo?"

"Policiais! Este homem não é apenas um adúltero. Ele é um criminoso."

Ricardo empalideceu.

Laura revelou: "Há sete anos, atropelamento com fuga. Uma jovem morreu. O motorista era ele."

"É mentira! Ela está inventando!" Ricardo gritou.

Laura entregou ao policial um envelope com provas: o relatório original do conserto do carro, uma declaração juramentada do mecânico.

Os olhos do policial se arregalaram.

"E não é tudo", Laura continuou. "Ricardo e Isabela estão envolvidos com tráfico de drogas."

Ela mostrou fotos e documentos. O dinheiro que ela 'deu' a Isabela havia sido marcado e rastreado.

A revelação foi um nocaute.

Isabela olhou Laura com horror absoluto. Cada ato de aparente bondade, uma armadilha.

"Não... não é verdade...", ela balbuciou.

Ricardo, derrotado, olhou para Laura.

A multidão explodiu, exigindo prisões.

"Levem esse lixo daqui!"

O policial deu a ordem: "Vocês dois estão detidos."

Laura, aproximou-se de Miguel, pegando as mãos dos dois meninos.

A batalha havia terminado. A guerra estava ganha.

Na delegacia, as evidências esmagavam Isabela e Ricardo.

Ricardo, ao ser levado, parou.

"Laura... Leo... ele teve um problema renal há alguns anos, não teve?"

"Sim. Ele precisou de um transplante. Um doador anônimo."

Um sorriso triste, irônico. "O doador não era tão anônimo. Fui eu. Isabela me disse que ele era meu filho."

Miguel olhou para Ricardo, não com ódio, mas com a percepção de que ele também fora enganado.

"Então eu fui enganado até o fim", Ricardo disse.

Mais tarde, Isabela exigiu ver Laura.

"Onde está meu filho? O que você fez com o meu bebê de verdade?"

Laura se aproximou da cela, com frieza.

"Você quer saber sobre seu filho? Ele foi cremado, como todos os restos mortais não reclamados do hospital."

"As cinzas foram jogadas em uma vala comum. Não há túmulo para visitar, Isabela. Não há nada."

"Você o perdeu no momento em que decidiu trair meu filho. Agora, você não tem nada e nem ninguém."

A verdade final quebrou Isabela. Ela deslizou pelas grades, em desespero.

Semanas depois, o teste de DNA confirmou: Leo e Lucas eram gêmeos idênticos, filhos biológicos de Miguel.

Miguel foi até sua mãe, com gratidão e remorso.

"Mãe, me perdoe. Eu duvidei de você. Eu a abandonei."

Laura o abraçou. "Eu perdoo, meu filho. Eu só peço que você perdoe a mim, por ter que te fazer passar por tanta dor. Era o único jeito."

A vida começou a se normalizar.

Leo e Lucas se adaptaram, inseparáveis.

Miguel se dedicou a ser o melhor pai.

O julgamento foi rápido. Ricardo e Isabela foram condenados à prisão perpétua.

No dia da sentença, Isabela tentou usar Leo.

"Eu não quero vê-la", Leo disse, com firmeza.

"Você é meu pai. E a vovó é minha vovó. E o Lucas é meu irmão. É a minha família."

Aquelas palavras foram a libertação final.

A sombra de Isabela desapareceu para sempre.

Meses depois, no mesmo parque, Laura observava Miguel e os meninos em seus balanços.

A justiça foi feita. A honra restaurada. A vingança, servida completa.

Laura sorriu, desta vez um sorriso genuíno de paz.

Seu plano monstruoso e seu sacrifício doloroso valeram a pena.

Sua família estava segura. Eles estavam juntos.

E isso era tudo que importava.

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5.0

Meu coração batia forte. Finalmente, o dia do meu casamento com Juliana havia chegado. Trabalhei anos em dois empregos para sustentar não só a mim, mas a toda a família dela. O pai bêbado, a mãe doente, os irmãos que precisavam de tudo. Eu faria de novo, mil vezes, por amor. Mas enquanto o padre começava a cerimônia, algo estava errado. O sorriso dela não estava ali. Ela olhava fixamente para a porta. De repente, as portas se abriram com um estrondo. Um homem alto e elegante entrou. "Marcelo!", a voz de Juliana soou, surpresa e feliz. Para meu choque, Juliana correu para os braços dele. Eles se abraçaram diante de todos, um abraço que não era de amigo. Fiquei paralisado no altar, meu sorriso congelado, uma máscara patética. Perguntei: "Juliana, o que está acontecendo?" Ela se virou para mim, o rosto contorcido em desdém. "Ricardo, me desculpe, mas eu não posso fazer isso. Eu não posso me casar com você." O salão se encheu de sussurros e risos abafados. Marcelo passou um braço possessivo pela cintura dela e me mediu de cima a baixo. "Você realmente achou que ela se casaria com um Zé Ninguém como você?" A humilhação era uma onda física, quente e sufocante. Olhei para a família dela. O Sr. Carlos deu de ombros, tomando um gole da garrafa escondida. Tios e primos, que ajudei tantas vezes, me olhavam com pena e desprezo. Eles sabiam. Todos sabiam. Eu era um palhaço no meu próprio circo. Meu coração, antes cheio de felicidade, era agora um buraco vazio. Tudo pelo que trabalhei desmoronou em um instante de traição pública. Fiquei ali, sozinho no altar, enquanto minha noiva me trocava por um homem mais rico. A dor era tão intensa que parecia irreal. Mas então, Juliana estendeu um maço de notas. "Tome. É para... Compensar pelo seu tempo. Pelos gastos com essa festa ridícula." O insulto foi tão cruel que até os parentes fofoqueiros dela ficaram constrangidos. Olhei para o dinheiro, para o rosto dela, e uma clareza fria me atingiu. Eu não precisava da caridade dela. Porque, há poucas semanas, meus pais biológicos me encontraram. Eu era um Almeida. O único herdeiro de uma das famílias mais ricas do país. Enquanto ela me humilhava por ser pobre, eu era, na verdade, infinitamente mais rico do que Marcelo. "Não, obrigado, Juliana. Pode ficar com o dinheiro. Você vai precisar mais do que eu." Eu estava livre. Finalmente. Eu era o tolo útil, o burro de carga que financiou a vida da família dela. Agora, a dor se transformava em raiva gelada. Minha bondade, lealdade e sacrifício não foram amor; foram exploração e manipulação. Eu não era o noivo traído. Eu era a vítima de um golpe cuidadosamente orquestrado. Enquanto caminhava para pegar minhas coisas, Marcelo e seus brutamontes me bloquearam. Juliana me acusou de persegui-la, de ser um parasita. Ela me jogou o dinheiro outra vez. Eu o tirei do bolso e o deixei cair no chão. "Eu não preciso da sua caridade, Juliana." Com um celular velho, disquei o número que aprendi de cor. "Pai? Aconteceu uma coisa. Podem vir me buscar?" Meu pai biológico respondeu: "Já estamos a caminho. Cinco minutos." Eu não lutaria mais. Eu iria embora. Na manhã seguinte, minha casa estava cercada. Juliana, Marcelo, o Sr. Carlos e toda sua comitiva me zombavam. "Olhem só! O sem-teto. Passou a noite na rua. Você não é nada sem nós!" O Sr. Carlos cuspiu no chão. Levantei a cabeça, exausto, mas sem dor. "Você já terminou, Juliana?" Ela zombou: "Terminei? Eu nem comecei! Você vai aprender o que acontece quando se cruza o meu caminho." Mas então, um ronco suave de motores preencheu o ar. Um Rolls-Royce Phantom preto polido apareceu no fim da rua. Seguido por dois Mercedes-Benz. Juliana, ambiciosa, pensou que fossem os contatos de Marcelo. Mas a porta do Rolls-Royce se abriu, e um mordomo impecável saiu. Ele ignorou a todos, caminhou até mim, fez uma reverência profunda e disse: "Senhor Ricardo. Perdoe-nos pelo atraso. Seus pais estão esperando no carro." O mundo de Juliana parou. "Senhor Ricardo?" O que era isso? Marcelo riu nervosamente: "Isso é uma piada? Ele é um Zé Ninguém!" O mordomo se virou, com um olhar gelado: "Eu sugiro que o senhor meça suas palavras ao se dirigir ao único herdeiro da família Almeida." O nome "Almeida" pairou no ar como uma bomba. A família mais rica do estado. O rosto do Sr. Carlos ficou branco. Juliana começou a tremer. A porta do outro lado do Rolls-Royce se abriu. Meus pais. Elegantes. Poderosos. Juliana tentou novamente, desesperada. "Ri... Ricardo... eu... eu não sabia... Me perdoe... eu te amo..." Eu me levantei do banco. Passei por ela como se ela fosse invisível. Abraçei minha mãe. Apertei a mão do meu pai. Eu não senti nada. Apenas um vazio absoluto. Meu pai se virou para Marcelo: "Vamos ver como seus negócios se saem quando todos os seus contratos forem cancelados e seus empréstimos forem cobrados. Hoje." E para a família de Juliana: "Quanto a vocês... aproveitem a casa. A ordem de despejo será entregue amanhã." Juliana correu atrás de mim. "Ricardo, por favor! Foi um erro! Eu amo você! Podemos começar de novo!" "Adeus, Juliana", eu disse. Entrei no Rolls-Royce. Eu estava indo para casa.

A Ex-Esposa Que Voltou Mais Forte

A Ex-Esposa Que Voltou Mais Forte

Moderno

5.0

A chuva forte batia contra o para-brisas partido. Grávida de oito meses, senti uma dor terrível e aguda no meu ventre, misturada com o sangue na minha testa. O carro estava virado de lado, e a minha mãe, inconsciente, jazia no banco do passageiro. A minha única esperança, o meu telemóvel na mão a tremer, para ligar a Pedro, o meu marido. Quando finalmente atendeu, a sua voz era irritada, impaciente. "Que queres, Sofia? Estou no meio de uma coisa." Implorei: "Pedro, tivemos um acidente grave, o carro capotou! Estou a sangrar, acho que é o bebé!". Houve um silêncio, seguido da voz de Clara, a sua meia-irmã, a queixar-se de um tornozelo torcido. "Sofia, pára com o drama," ele respondeu duramente. "A Clara está com dores! Liga para o 112 e para de me chatear!" Ele desligou. E depois, bloqueou-me. Sim, o meu próprio marido me bloqueou enquanto eu perdia o nosso filho na estrada. Acordei num hospital estéril, com a barriga vazia e um buraco negro no lugar da esperança. Horas depois, Pedro apareceu acompanhado da sua família, incluindo uma Clara que coxeava dramaticamente. "Que susto nos pregaste!", disse ele, sem um pingo de remorso. O meu sogro acusou-me de ingratidão. Não havia dor, apenas aborrecimento e preocupação por um tornozelo. Olhei para a ligadura ensanguentada na cabeça da minha mãe e para a ligadura imaculada no tornozelo da Clara. O sarcasmo pingava das minhas palavras, mas o vazio dentro de mim era imenso. Como podia a minha própria família ser tão cruel? O que havia por trás desta lealdade doentia por Clara? Por que é que o meu sofrimento era tão ignorado em detrimento de uma simples entorse? O choque e a dor eram insuportáveis. Nesse momento de calma estranha, a decisão final formou-se. "Pedro, quero o divórcio," declarei, olhando-o nos olhos. Ele ameaçou deixar-me sem um tostão, mas eu estava determinada. Dias depois, ao arrumar as minhas coisas no apartamento da minha mãe, encontrei uma fotografia antiga. Era Pedro e Clara, não como irmãos, mas num beijo apaixonado. Uma traição doentia, encoberta durante anos. A arma que me daria a minha liberdade.

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