De Servo a Salvador

De Servo a Salvador

Gavin

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Capítulo

O alarme perfurou o silêncio da mansão, um som que eu conhecia melhor que as batidas do meu próprio coração. Por quinze anos, eu fui o remédio vivo de Dorian Almeida Prado, meu sangue a única cura para suas convulsões fatais. Mas então, sua noiva, Isabela, chegou. Ela era impecável, uma visão de beleza fria e estonteante, e parecia pertencer àquele lugar. Ele me empurrou para longe, puxando os lençóis de seda para cobrir meu pijama velho, como se eu fosse algo sujo. "Kira, limpe essa bagunça. E saia." Ele me dispensou como uma empregada, depois de se agarrar a mim pela vida momentos antes. Na manhã seguinte, ela estava sentada na minha cadeira, vestindo a camisa dele, um chupão visível em seu pescoço. Ela me provocou, e quando derramei café, ele nem percebeu, ocupado demais rindo com ela. Mais tarde, Isabela me acusou de quebrar o precioso vaso de porcelana de Dona Eleonora. Dorian, sem questionar, acreditou nela. Ele me forçou a ajoelhar sobre os cacos, a dor rasgando minha pele. "Peça desculpas", ele rosnou, pressionando meu ombro. Sussurrei meu pedido de desculpas, cada palavra uma rendição. Então, eles drenaram meu sangue para ela, por uma doença inventada. "Isabela precisa disso", ele disse, com a voz vazia. "Ela é mais importante." Mais importante que a garota que lhe deu a vida. Eu era um recurso a ser explorado, um poço que nunca secaria. Ele havia prometido que sempre me protegeria, mas agora era ele quem segurava a espada. Eu não passava de um animal de estimação, uma criatura que ele mantinha para sua própria sobrevivência. Mas eu tinha chegado ao meu limite. Aceitei uma oferta da família Lacerda, uma ideia desesperada e arcaica de um "casamento de bom agouro" com seu filho em coma, Heitor. Era minha única fuga.

Capítulo 1

O alarme perfurou o silêncio da mansão, um som que eu conhecia melhor que as batidas do meu próprio coração. Por quinze anos, eu fui o remédio vivo de Dorian Almeida Prado, meu sangue a única cura para suas convulsões fatais.

Mas então, sua noiva, Isabela, chegou. Ela era impecável, uma visão de beleza fria e estonteante, e parecia pertencer àquele lugar.

Ele me empurrou para longe, puxando os lençóis de seda para cobrir meu pijama velho, como se eu fosse algo sujo.

"Kira, limpe essa bagunça. E saia." Ele me dispensou como uma empregada, depois de se agarrar a mim pela vida momentos antes.

Na manhã seguinte, ela estava sentada na minha cadeira, vestindo a camisa dele, um chupão visível em seu pescoço. Ela me provocou, e quando derramei café, ele nem percebeu, ocupado demais rindo com ela.

Mais tarde, Isabela me acusou de quebrar o precioso vaso de porcelana de Dona Eleonora. Dorian, sem questionar, acreditou nela. Ele me forçou a ajoelhar sobre os cacos, a dor rasgando minha pele. "Peça desculpas", ele rosnou, pressionando meu ombro. Sussurrei meu pedido de desculpas, cada palavra uma rendição.

Então, eles drenaram meu sangue para ela, por uma doença inventada. "Isabela precisa disso", ele disse, com a voz vazia. "Ela é mais importante." Mais importante que a garota que lhe deu a vida.

Eu era um recurso a ser explorado, um poço que nunca secaria. Ele havia prometido que sempre me protegeria, mas agora era ele quem segurava a espada.

Eu não passava de um animal de estimação, uma criatura que ele mantinha para sua própria sobrevivência. Mas eu tinha chegado ao meu limite.

Aceitei uma oferta da família Lacerda, uma ideia desesperada e arcaica de um "casamento de bom agouro" com seu filho em coma, Heitor. Era minha única fuga.

Capítulo 1

O alarme perfurou o silêncio da mansão, um som que eu conhecia melhor que as batidas do meu próprio coração.

Era o alarme de Dorian. Aquele que significava que seu corpo o estava traindo novamente.

Por quinze anos, eu fui seu remédio vivo. Meu nome é Kira Menezes, e meu sangue contém a única coisa no mundo que pode parar as convulsões fatais que assolam o corpo de Dorian Almeida Prado. Eu sou seu antídoto.

A família Almeida Prado, uma dinastia construída sobre aço frio e corações mais frios ainda, me mantinha aqui por esse único propósito. Para eles, eu não era uma pessoa. Eu era a cura.

Eu corri. Pelos corredores de mármore polido da mansão Almeida Prado, meus pés descalços silenciosos no chão frio. A casa era uma gaiola dourada na qual eu vivia desde criança.

Seu quarto ficava no final da ala oeste. Eu não bati. Nunca batia.

A cena lá dentro era sempre o mesmo caos aterrorizante. Abajures virados. Equipamentos médicos espatifados no chão. E no centro de tudo, na cama imensa, Dorian estava convulsionando. Seu rosto bonito estava contorcido de dor, seu corpo um arco rígido de agonia.

Seus olhos, geralmente de um azul frio e penetrante, estavam selvagens de medo e sofrimento.

"Kira", ele engasgou, sua voz um sussurro rouco.

Era uma ordem, não um apelo.

Fui para o seu lado, minhas ações aprimoradas por anos de prática. Este era o nosso ritual. As empregadas e os médicos preparavam o soro do meu plasma, mas às vezes, as convulsões vinham rápido demais. Nesses momentos, apenas minha presença parecia acalmar a tempestade dentro dele. Sua família chamava de "tratamento". Eu sabia que era apenas sua necessidade desesperada e violenta por mim.

Ele se lançou, agarrando meu pulso. Seu aperto era como ferro.

"Dorian, o soro está a caminho", eu disse, tentando manter minha voz firme. "Apenas aguente."

"Não", ele rosnou, me puxando para a cama. "Agora."

Ele não estava ouvindo. Ele nunca ouvia quando a dor o dominava. Ele enterrou o rosto na curva do meu pescoço, sua respiração saindo em arquejos quentes e irregulares. Seus braços me envolveram, me esmagando contra ele. Não era um abraço. Era o aperto desesperado de um homem se afogando.

Meus ossos doíam com a pressão. Minha própria respiração ficou presa na garganta.

"Dorian, você está me machucando."

Sua única resposta foi apertar ainda mais. Eu podia sentir os tremores em seu corpo começando a diminuir lentamente. Este era o segredo que ninguém fora da família sabia. Minha presença física, o simples fato de eu estar ali, acalmava seu distúrbio neurológico de uma forma que o soro não conseguia. Era uma codependência bizarra e doentia.

E, que Deus me perdoe, eu o amava. Eu o amava desde que me entendia por gente, valorizando esses momentos violentos e desesperados porque eram as únicas vezes em que ele realmente precisava de mim. As únicas vezes em que ele me segurava.

Fechei os olhos, suportando a dor, esperando a tempestade passar. O cheiro de sua pele, uma mistura de colônia cara e o toque metálico da doença, preenchia meus sentidos.

De repente, a porta do quarto rangeu ao se abrir.

Eu congelei. Ninguém deveria entrar durante um tratamento.

Uma mulher estava na porta, sua silhueta recortada contra a luz do corredor. Ela era impecável. Um robe de seda se agarrava à sua figura perfeita, seu cabelo loiro era uma auréola brilhante, e seu rosto era uma máscara de beleza fria e estonteante. Ela parecia ter saído da capa de uma revista.

Ela parecia pertencer àquele lugar.

A cabeça de Dorian se ergueu bruscamente. A névoa de dor desapareceu de seus olhos, substituída por uma clareza nítida e fria. Foi como se um interruptor tivesse sido acionado. Ele olhou da mulher para mim, ainda emaranhada em seus braços, e um lampejo de algo – irritação, talvez vergonha – cruzou seu rosto.

Ele me empurrou para longe.

O movimento foi tão abrupto que quase caí da cama. Ele puxou os lençóis de seda, cobrindo meu pijama velho e minhas pernas nuas como se eu fosse algo sujo, algo a ser escondido.

"Isabela", a voz de Dorian estava suave agora, todos os vestígios de sua agonia anterior se foram. "O que você está fazendo aqui?"

A mulher, Isabela, deslizou para dentro do quarto. Seus olhos me percorreram com um desprezo absoluto antes de pousarem em Dorian.

"Eu ouvi um barulho", disse ela, sua voz como mel misturado com gelo. "Fiquei preocupada com você, querido."

Querido. A palavra me atingiu como um soco no estômago.

Dorian sorriu para ela, um sorriso charmoso e fácil que ele nunca me deu. "Não foi nada. Apenas um pesadelo."

Ele se levantou, caminhando até ela e virando as costas completamente para mim. Ele pegou as mãos dela nas suas.

"Isabela Fontes", disse ele, alto o suficiente para eu ouvir claramente. "Minha noiva."

Noiva. O quarto girou. Meu coração, que estava batendo forte de medo por ele, agora parecia um peso de chumbo no meu peito.

Ele gesticulou vagamente na minha direção sem sequer olhar para trás.

"Kira, limpe essa bagunça. E saia."

Sua voz era vazia, desprovida de qualquer emoção. Ele passou de se agarrar desesperadamente a mim pela vida para me dispensar como uma empregada no espaço de um minuto.

Ele e Isabela saíram, de braços dados, me deixando sozinha nos destroços de seu quarto. O silêncio era ensurdecedor.

Meu braço latejava onde seus dedos haviam cravado na minha pele, deixando hematomas escuros que surgiriam pela manhã. Meu corpo inteiro doía.

Mas isso não era nada comparado à dor no meu peito.

Noiva.

Eu tinha sido uma tola. Uma tola estúpida e esperançosa. Eu me convenci de que sua necessidade era uma forma de amor. Que um dia, ele me veria. Não a cura, mas a Kira.

Ouvi suas vozes vindo do corredor. A de Isabela era um murmúrio baixo, mas a resposta de Dorian foi nítida e clara, cortando a quietude.

"Ela? Não se preocupe com ela. É só a filha de uma das empregadas."

A filha de uma das empregadas.

Quinze anos da minha vida, do meu sangue, do meu amor, reduzidos a isso. Eu era uma ferramenta, uma coisa a ser usada e depois descartada em um quarto bagunçado.

Meus pulmões pareciam apertados, e eu não conseguia respirar fundo. Lá fora, uma tempestade estava se formando. A chuva começou a açoitar as vidraças, espelhando a tempestade em minha alma.

Eu não era nada dele. Eu era o seu nada.

Ele havia me prometido. Anos atrás, quando éramos apenas crianças, ele sussurrou para mim depois de uma convulsão particularmente ruim. "Você é a minha Kira. Sempre."

Era uma mentira. Sempre foi uma mentira.

Eu não passava de um animal de estimação. Uma criatura que ele mantinha para garantir sua própria sobrevivência.

Lentamente, mecanicamente, comecei a recolher os pedaços quebrados do abajur do tapete caro. Um caco de vidro picou meu dedo, e uma única gota de sangue vermelho brotou.

Eu nem estremeci. Estava acostumada com a dor.

Estava acostumada a limpar suas bagunças.

Mas enquanto olhava para aquela gota de sangue, meu sangue, o sangue que o mantinha vivo, uma clareza fria se instalou em mim.

Naquela noite, o noticiário local estava na televisão da cozinha dos funcionários. Lá estava ele, Dorian Almeida Prado, sorrindo para as câmeras, com a bela Isabela Fontes em seu braço. Eles estavam anunciando seu noivado, uma fusão de duas das dinastias corporativas mais poderosas do país.

Eles pareciam perfeitos juntos. Um rei e sua rainha.

Eu assisti, invisível, das sombras do corredor de serviço. Um soluço silencioso escapou dos meus lábios, um som que rapidamente sufoquei com a mão.

O amor que eu nutria por ele, a esperança à qual me agarrei por quinze anos, estava morrendo. Era uma morte lenta e agonizante.

Eu não podia ficar aqui. Eu não podia mais ser seu remédio vivo.

Com os dedos trêmulos, peguei meu celular velho e barato. Havia apenas um número nele que não pertencia à casa dos Almeida Prado.

A família Lacerda.

Eles haviam me contatado há um mês. Uma oferta. Uma nova vida. Em troca de ser uma companhia para seu filho, Heitor, que estava em coma. Eles chamaram de "casamento de bom agouro" – uma crença tradicional de que um evento alegre como um casamento poderia afastar o azar ou a doença. Era uma ideia desesperada e arcaica.

Mas agora, parecia minha única fuga.

Digitei a mensagem, meu polegar pairando sobre o botão de enviar.

"Eu aceito sua oferta."

Meu coração martelava contra minhas costelas. Era isso. Eu estava escolhendo trocar uma gaiola por outra. Mas pelo menos esta nova gaiola não tinha Dorian Almeida Prado dentro dela.

Apertei enviar.

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