Deixado para morrer, eu ressuscito

Deixado para morrer, eu ressuscito

Gavin

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Capítulo

Meu marido me deixou para morrer nos destroços de um acidente de carro. Quando sobrevivi e confrontei a amante dele, ele fraturou meu crânio. Mas essa não foi a pior coisa que ele fez. Depois que a amante dele me incriminou por uma lesão, ele me encurralou no corredor de um hospital. Ele pegou minha mão direita - a que eu usava para ser uma arquiteta brilhante - e a quebrou deliberadamente, acabando com a minha carreira. Ele achou que tinha destruído meu futuro. Ele não fazia ideia de que tinha acabado de declarar guerra.

Capítulo 1

Meu marido me deixou para morrer nos destroços de um acidente de carro. Quando sobrevivi e confrontei a amante dele, ele fraturou meu crânio. Mas essa não foi a pior coisa que ele fez.

Depois que a amante dele me incriminou por uma lesão, ele me encurralou no corredor de um hospital.

Ele pegou minha mão direita - a que eu usava para ser uma arquiteta brilhante - e a quebrou deliberadamente, acabando com a minha carreira.

Ele achou que tinha destruído meu futuro.

Ele não fazia ideia de que tinha acabado de declarar guerra.

Capítulo 1

Ponto de Vista de Helena Almeida:

Meu marido me deixou para morrer no metal retorcido do meu carro, mas o universo, em seu senso de humor cruel, me deu uma segunda chance.

A primeira ligação que fiz da cama do hospital, com a voz um sussurro rouco, não foi para minha mãe. Não foi para minha melhor amiga. Foi para o advogado de divórcio mais impiedoso de São Paulo.

Os papéis foram protocolados antes mesmo de minha alta ser assinada.

Agora, uma semana depois, estou de pé no salão dourado do Hotel Fasano, um lugar para o qual ajudei a projetar a iluminação, sentindo-me como um fantasma no meu próprio funeral. Ou talvez, um fantasma na coroação dele.

Encontrei Sofia Viana exatamente onde sabia que ela estaria: no centro de um círculo de bajuladores da elite da cidade, aceitando elogios por um almoço de caridade que ela não moveu um dedo para organizar. Esse tinha sido o meu trabalho, como sempre.

Ela estava radiante, vestida com um vestido rosa-claro da Patrícia Bonaldi que a fazia parecer uma rosa delicada. Seu cabelo era uma cascata de ondas loiras perfeitas, e seu sorriso, ensaiado e gentil, era uma arma.

Ela era linda. Eu podia admitir isso. Havia uma qualidade frágil, de porcelana, nela que fazia os homens quererem protegê-la, matar dragões por ela. Ricardo certamente queria.

Conforme me aproximei, o círculo se abriu para mim. Eles sabiam quem eu era, claro. A Sra. Ricardo Montenegro. A esposa quieta e apagada do vereador mais carismático e ambicioso da cidade.

Os olhos de Sofia, da cor de um céu de verão, se arregalaram ligeiramente quando me viram. Um brilho de algo - não medo, mas cálculo - dançou em suas profundezas antes de ser substituído por um olhar de doce preocupação.

"Helena", ela disse, sua voz como mel. "Não esperava te ver aqui. Você está se sentindo melhor?"

Ignorei a pergunta. Não parei até estar diretamente na frente dela, perto o suficiente para ver as pequenas, quase invisíveis linhas de estresse ao redor de seus olhos.

"Estou me divorciando dele", eu disse, minha voz firme e clara, cortando a conversa agradável ao nosso redor.

Um suspiro coletivo percorreu o grupo. O sorriso perfeito de Sofia vacilou por uma fração de segundo. Ela se recuperou lindamente, sua mão voando para o peito em um gesto de puro choque teatral.

"Helena, do que você está falando?", ela sussurrou, seus olhos correndo ao redor, medindo a audiência. "Você não está bem. Deveria estar em casa descansando."

"Nunca me senti melhor", respondi, meu olhar fixo no dela. "Estou me divorciando do Ricardo."

Deixei as palavras pairarem no ar, pesadas e irreversíveis.

"Meu advogado enviou os papéis para o escritório dele esta manhã. Ele já deve tê-los recebido."

O choque em seu rosto era real desta vez. Foi uma rachadura breve e feia em sua máscara de porcelana perfeita. Ela esperava lágrimas, gritos, súplicas desesperadas. Ela não esperava isso. Não uma execução calma e pública do caso deles.

"Por quê?", ela sussurrou, a palavra carregada de uma descrença que era quase insultuosa. Como se eu não tivesse o direito de tomar tal decisão. Como se toda a minha existência se baseasse em ser a esposa dele.

Por quê?

A pergunta ecoou na caverna silenciosa e gritante da minha memória.

Porque por dez anos, eu derramei cada gota do meu ser na fundação da vida de Ricardo Montenegro. Engavetei minha própria carreira brilhante de arquitetura, aquela que fazia professores me chamarem de prodígio, para me tornar a esposa política perfeita. Eu organizava eventos de caridade como este, escrevia seus discursos, encantava seus doadores e transformava nossa casa em um cenário impecável para sua ambição.

Eu mantinha nossa casa impecável, gerenciava nossas finanças com a precisão de um falcão e lembrava os nomes dos cônjuges e filhos de cada figura política importante. Eu era a sócia silenciosa, a arquiteta invisível de sua imagem pública.

E o que eu recebi em troca?

A metade vazia da cama. Um beijo distraído na bochecha. E a descoberta, guardada no cofre de seu escritório, de um documento médico. Uma vasectomia. Realizada há três anos, logo após o aborto espontâneo que havia destruído meu mundo. Ele me abraçou enquanto eu soluçava, sussurrando promessas vazias de "na próxima vez", sabendo o tempo todo que nunca haveria uma próxima vez.

O "porquê" final foi o cantar de pneus, o cheiro de gasolina e o som de sua voz ao telefone enquanto eu sangrava, presa no banco do motorista.

"Ela bateu o carro. Não sei a gravidade", ele disse, a voz fria e distante. Uma pausa. "Não, Sofia, fique onde está. Eu cuido disso. Não se preocupe."

E então, o som de seus passos se afastando, me deixando para morrer.

Era por isso.

Um sorriso pequeno e amargo tocou meus lábios. Provavelmente parecia grotesco em meu rosto machucado.

"Eu só... cansei de estar apaixonada por ele", eu disse, a mentira com gosto de cinzas na minha boca. A verdade era que o amor estava morto há muito tempo. O acidente apenas forneceu a lápide.

Olhei diretamente nos olhos azuis assustados de Sofia Viana.

"Ele é todo seu agora."

A boca dela se abriu, um pequeno "o" perfeito de incredulidade.

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Observei meu marido assinar os papéis que poriam fim ao nosso casamento enquanto ele trocava mensagens com a mulher que realmente amava. Ele nem sequer olhou o cabeçalho. Apenas rabiscou a assinatura afiada e irregular que já havia selado sentenças de morte para metade de São Paulo, jogou a pasta no banco do passageiro e tocou na tela do celular novamente. "Pronto", disse ele, a voz vazia de qualquer emoção. Esse era Dante Moretti. O Subchefe. Um homem que sentia o cheiro de uma mentira a quilômetros de distância, mas não conseguiu ver que sua esposa acabara de lhe entregar um decreto de anulação de casamento, disfarçado sob uma pilha de relatórios de logística banais. Por três anos, eu esfreguei o sangue de suas camisas. Eu salvei a aliança de sua família quando sua ex, Sofia, fugiu com um civil qualquer. Em troca, ele me tratava como um móvel. Ele me deixou na chuva para salvar Sofia de uma unha quebrada. Ele me deixou sozinha no meu aniversário para beber champanhe com ela em um iate. Ele até me entregou um copo de uísque — a bebida favorita dela — esquecendo que eu desprezava o gosto. Eu era apenas um tapa-buraco. Um fantasma na minha própria casa. Então, eu parei de esperar. Queimei nosso retrato de casamento na lareira, deixei minha aliança de platina nas cinzas e embarquei em um voo só de ida para Florianópolis. Pensei que finalmente estava livre. Pensei que tinha escapado da gaiola. Mas eu subestimei Dante. Quando ele finalmente abriu aquela pasta semanas depois e percebeu que havia assinado a própria anulação sem olhar, o Ceifador não aceitou a derrota. Ele virou o mundo de cabeça para baixo para me encontrar, obcecado em reivindicar a mulher que ele mesmo já havia jogado fora.

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