Sua Piada Cruel, Meu Coração Partido

Sua Piada Cruel, Meu Coração Partido

Gavin

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Capítulo

Eu fiz tudo por Daniel, meu melhor amigo de infância. A promessa dele - "Entra em forma, Lê, e eu te levo no baile de formatura" - era a única coisa que importava. Passei fome e corri até desmaiar, tudo pelo futuro que ele balançava na minha frente. Mas no aniversário dele, segurando o bolo que eu tinha feito, ouvi a verdade. A promessa era uma piada cruel. Para ele e sua namorada de verdade, Gabi, eu era só uma "porca gorda" cujas tentativas desesperadas de impressioná-lo eram "hilárias de assistir". Eles não pararam por aí. Me acusaram de bullying, e Daniel negou publicamente que um dia sequer se importou comigo. Depois, ele fez com que minha bolsa de estudos para a USP fosse revogada com um relatório malicioso e ficou parado enquanto Gabi espalhava minhas cartas de amor mais íntimas por toda a escola. Eu me tornei uma pária, uma "vadia iludida e manipuladora". O garoto que eu amei a vida inteira, aquele que deveria ser meu protetor, tinha orquestrado minha completa e total destruição só para dar umas risadas. E mesmo assim, ele ainda esperava que eu o seguisse para a faculdade. Então, quando ele me ligou no dia da mudança, vibrando de animação pelo nosso futuro juntos, eu o deixei falar sem parar sobre nossos planos. Então, com calma, cortei sua fantasia. "Eu não estou aí, Daniel."

Capítulo 1

Eu fiz tudo por Daniel, meu melhor amigo de infância. A promessa dele - "Entra em forma, Lê, e eu te levo no baile de formatura" - era a única coisa que importava. Passei fome e corri até desmaiar, tudo pelo futuro que ele balançava na minha frente.

Mas no aniversário dele, segurando o bolo que eu tinha feito, ouvi a verdade. A promessa era uma piada cruel. Para ele e sua namorada de verdade, Gabi, eu era só uma "porca gorda" cujas tentativas desesperadas de impressioná-lo eram "hilárias de assistir".

Eles não pararam por aí. Me acusaram de bullying, e Daniel negou publicamente que um dia sequer se importou comigo. Depois, ele fez com que minha bolsa de estudos para a USP fosse revogada com um relatório malicioso e ficou parado enquanto Gabi espalhava minhas cartas de amor mais íntimas por toda a escola.

Eu me tornei uma pária, uma "vadia iludida e manipuladora". O garoto que eu amei a vida inteira, aquele que deveria ser meu protetor, tinha orquestrado minha completa e total destruição só para dar umas risadas.

E mesmo assim, ele ainda esperava que eu o seguisse para a faculdade. Então, quando ele me ligou no dia da mudança, vibrando de animação pelo nosso futuro juntos, eu o deixei falar sem parar sobre nossos planos. Então, com calma, cortei sua fantasia.

"Eu não estou aí, Daniel."

Capítulo 1

Meu corpo cedeu. Em um momento, minhas pernas giravam na esteira, no seguinte, o mundo girou e eu desabei no chão da academia. Pontos pretos dançavam diante dos meus olhos. Não era para ser assim.

Daniel Mendes, meu melhor amigo desde que éramos crianças e o garoto que eu amava em segredo, tinha feito uma promessa. "Entra em forma, Lê, e eu te levo no baile de formatura do terceiro ano", ele sussurrou no verão passado, seus olhos brilhando. "Todo mundo já acha que a gente tem alguma coisa. Vamos oficializar."

Suas palavras tinham sido um farol. Uma promessa de um futuro que eu desejava desesperadamente. Um futuro onde eu não era apenas "Letícia, a garota inteligente", mas "Letícia, a namorada do Daniel".

Eu sabia que meu peso era um problema. A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) tornava tudo uma batalha constante, uma luta silenciosa que ninguém realmente entendia. Remédios, desequilíbrios hormonais, os desejos implacáveis. Parecia que meu corpo estava me traindo. Mas a promessa de Daniel, por ela valia a pena lutar.

Então eu lutei. Reduzi minha comida a porções miseráveis. Corri até meus pulmões arderem e meus músculos gritarem. Neguei a mim mesma todo conforto, todo desejo. Minha nutricionista me alertou sobre a rápida perda de peso, sobre os riscos, mas eu a ignorei. Daniel valia a pena. O baile de formatura valia a pena.

O desmaio foi apenas um pequeno contratempo, eu disse a mim mesma, afastando a dor latejante na minha cabeça. Descansei por algumas horas, forcei um pouco de suco para dentro e voltei ao trabalho. Hoje era o aniversário de dezoito anos de Daniel. Eu não podia perder. Tinha que mostrar a ele o quanto eu me importava, o quanto eu tinha mudado, por ele.

Passei horas na cozinha, assando cuidadosamente seu bolo de brigadeiro favorito. Usei uma receita especial, algo mais saudável que ele nem notaria, mas ainda assim rico e delicioso. Cada mexida na massa, cada granulado de chocolate, era uma oração silenciosa. Uma esperança de aceitação, de amor.

Agarrando o bolo embrulhado em papel alumínio, caminhei até a casa dele. A música vibrava através da porta fechada, um baixo pulsante que combinava com meu coração nervoso. Respirei fundo, ajeitei meu vestido - um novo, comprado especificamente para esta noite, esperando que valorizasse minha silhueta cada vez menor - e empurrei a porta.

A sala de estar estava lotada. Risadas e música alta enchiam o ar. Meus olhos o encontraram imediatamente. Daniel. Ele estava cercado por seus companheiros do time de futebol, carismático como sempre, um sorriso deslumbrante no rosto. E então eu a vi. Gabriela Almeida, a líder de torcida, pendurada nele, a mão dela casualmente pousada em seu braço. Um pavor gelado se infiltrou em meus ossos.

Meu olhar se fixou nas unhas rosa-choque de Gabi contra a jaqueta do time de Daniel. Era uma imagem de intimidade casual. Minhas mãos tremeram, o bolo quase escorregando. Recuei para a entrada, tentando me recompor, entender o que estava vendo.

A voz de Gabi, aguda e açucarada, cortou o barulho. "Sinceramente, Daniel, é cansativo. Todo mundo acha que você realmente gosta dela."

Uma onda de risadas percorreu o pequeno círculo de amigos ao redor deles. Eu congelei, meu coração batendo forte nos meus ouvidos. A porta estava ligeiramente entreaberta, me dando uma visão perfeita e horripilante.

"Relaxa, Gabi", disse Daniel, sua voz tingida de diversão. "É tudo parte do plano, não é? Mantém sua reputação impecável. Além disso, é hilário ver ela se esforçando."

Minha respiração falhou. O plano?

"Mas a obsessão da 'porca gorda' está saindo do controle", Gabi choramingou, encostando a cabeça no ombro dele. "Ela parece ridícula, constantemente tentando te impressionar. É vergonhoso para nós."

Mais risadas. Meu rosto queimou. Porca gorda. Essa era eu.

"Nem me fale", Daniel zombou, revirando os olhos. "Meu maior desejo de aniversário? Que a Letícia finalmente entenda que eu prefiro enfiar agulhas nos meus olhos a ser visto com ela no baile. Ou em qualquer outro lugar, na verdade."

O som da diversão coletiva deles me atingiu como um golpe físico. Ecoou os sussurros maldosos que eu ouvia nos corredores, as risadinhas pelas minhas costas. Mas este era Daniel. Meu Daniel.

"Então, você está só... enrolando ela?", um de seus amigos perguntou, rindo. "Pela Gabi? Pra fazer ela parecer legal?"

"Exatamente", Gabi cantou, seus olhos brilhando com um prazer malicioso. "É brilhante, na verdade. Todo mundo acha que o Daniel é tão 'bonzinho' por tolerá-la. Isso eleva meu status social, sabe?" Ela sorriu para Daniel, que piscou de volta.

Minha mente ficou em branco. O bolo, pesado em minhas mãos, parecia uma pedra. Eu não conseguia me mover, não conseguia respirar. Meu plano cuidadoso, minha esperança desesperada, tudo se transformou em uma piada grotesca.

Gabi então se inclinou para mais perto de Daniel, sua voz baixando para um ronronar sedutor. "Então, é verdade? Você realmente acha que ela é uma porca gorda? Você a acha nojenta?"

Daniel soltou um suspiro alto e teatral. "Gabi, você me conhece. Eu gosto das minhas garotas... elegantes. Rápidas. E não obcecadas por mim a ponto de serem uma grudenta de quinta categoria. Honestamente, as tentativas desesperadas dela de perder peso são simplesmente tristes. É patético. Ela só precisa parar."

Ele disse isso com uma crueldade tão casual, como se estivesse discutindo o tempo. Não eu. Não Letícia, sua amiga de infância.

A gargalhada que explodiu do grupo foi ensurdecedora. Girou ao meu redor, um vórtice de zombaria me puxando para baixo. Meu bolo meticulosamente assado escorregou de meus dedos dormentes, caindo suavemente no tapete felpudo. O papel alumínio se abriu, revelando o brigadeiro rico e escuro. Uma pequena obra-prima esquecida.

Eu passei minha tarde derramando meu coração naquele bolo. Cada caloria que neguei a mim mesma, cada músculo dolorido, cada pensamento esperançoso de que ele me veria, me veria de verdade. Era tudo uma mentira. Uma mentira cruel e elaborada, orquestrada por Daniel e Gabi.

De repente, todos os momentos passados, seus toques casuais, seus segredos compartilhados, seus meios-sorrisos, todos eles se repetiram em minha mente. Não como gestos de afeto, mas como peças distorcidas de sua performance. Ele sempre foi tão bom em interpretar o papel, não é? O melhor amigo atencioso. O protetor gentil. Era tudo uma fachada.

Lágrimas, quentes e ardentes, escorreram pelo meu rosto. Silenciosas. Incontroláveis. A expressão "porca gorda" ecoou, não apenas de hoje à noite, mas de inúmeras vezes antes. Bullying de outras crianças, comentários sussurrados de parentes. Mas vindo de Daniel, aquilo revirou meu estômago.

Por que as palavras dele doíam tanto mais? Porque eu confiei nele. Eu acreditei nele. Eu me permiti ter esperança de que ele via algo em mim que ninguém mais via. Algo além dos números na balança. Eu pensei que ele era diferente. Meu coração se partiu.

Tropecei para trás, meus pés encontrando apoio no piso de madeira liso. Minha visão embaçou com as lágrimas, mas eu ainda podia ver o bolo, descartado como meus sentimentos, no chão. Virei-me e corri. Corri passando pelos rostos chocados dos convidados, pela música pulsante, para a noite fria.

Corri até meus pulmões gritarem por ar, até minhas pernas cederem debaixo de mim em uma esquina deserta. E ali, sob o brilho forte de um poste de luz, eu desabei no chão e solucei. Um choro gutural, que rasgava a alma, vindo da parte mais profunda do meu ser. Meu corpo se contorcia, cada nervo gritando em protesto. A dor era física, um peso esmagador no meu peito, um ácido queimando na minha garganta.

Eu o odiava. Eu o odiava por me fazer acreditar. Por me fazer ter esperança.

Uma memória distante cintilou em minha mente. Anos atrás, no fundamental, quando as crianças costumavam me provocar por ser "gordinha", Daniel sempre estava lá. Ele os afastava, seus pequenos punhos cerrados. "Deixem a Letícia em paz!", ele gritava. Ele até fez um vestido sob medida para mim para uma peça da escola uma vez, um lindo verde-esmeralda, dizendo que combinava perfeitamente com meus olhos. "Você é linda, Lê", ele disse na época, seu olhar suave. Onde estava aquele garoto agora?

As memórias eram doces e venenosas. Mentiras adocicadas que cobriam a verdade amarga. Naquela noite, Daniel desejou que eu desaparecesse de sua vida. Meu desejo de aniversário, todos os anos, tinha sido para que ele finalmente me amasse de volta.

"Mentiroso cruel", sussurrei entre dentes, as palavras com gosto de cinzas. "Você não passa de um mentiroso cruel, cruel." Desta vez, as lágrimas não pararam. Elas apenas continuaram vindo, um rio interminável de dor.

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