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Capítulo

Nicholas é um dos CEO mais respeitados e temidos da cidade, aos trinta e cinco anos, leva uma vida recheada de mulheres, bebidas e muito trabalho. Amor não faz parte da sua realidade, pois a única mulher que entregou seu coração, foi embora com outro. Angel divide sua atenção entre o filho e seu trabalho de dançarina em um clube famoso. No passado, após flagrar uma traição, resolveu deixar tudo para trás, incluindo seu grande amor, aquele que mais a machucou. Vítimas de um mal-entendido esses dois corações machucados são colocados frente a frente e Nicholas precisará se redimir, afinal de contas, o amor falará mais alto que a raiva e o rancor.

Capítulo 1 Sedução

Sabe aquele dia que desejamos jogar o despertador na parede? Essa é minha vontade, mas aí lembro que não posso quebrar meu querido e único celular. Essa rotina está me matando, preciso urgentemente encontrar uma creche mais perto, sem condições de acordar todos os dias às cinco da manhã. Me forço a levantar da cama. Entro no banheiro e tomo um banho bem gelado, perfeito para despertar completamente. Opto por um vestido na altura do joelho e coloco uma jaqueta na bolsa, nunca se sabe quando o tempo pode esfriar e hoje passarei o dia fora, tenho três entrevistas de emprego.

Trabalho como dançarina em um clube muito famoso na cidade, essa foi a única oportunidade que encontrei quando fiquei sem dinheiro. Levava uma vida tecnicamente boa, um emprego dos sonhos e o namorado perfeito, pelo menos é o que eu achava, até retornar de uma viagem a trabalho e encontrar o Nicholas na cama com outra mulher. Dias depois recebi a visita da minha sogra, contei sobre a gravidez e ela queria me obrigar a abortar - a velha nunca aceitou meu relacionamento com o filho - , eu disse que não iria tirar o meu bebê, então recebi um cheque com uma quantia razoável e fui embora. Não queria que Nicholas tomasse o meu filho, e infelizmente era isso que poderia acontecer se ele soubesse. Como se já não bastasse ter me traído, quando jurava me amar. Decido parar de relembrar o passado, eu só me machuco lembrando dessas coisas. Preparo a mochila do Leon, colocando tudo que ele precisa para passar o dia na creche. Como tenho que estar no clube às sete da noite, deixo-o na casa da minha vizinha, ela toma conta dele e eu a ajudo financeiramente. Meu filho tem apenas três anos, não entende muita coisa, meu maior medo é de quando ele começar a perguntar e querer saber sobre o pai. Não queria que ele crescesse sem uma figura paterna, infelizmente as circunstâncias me levaram a tomar essas decisões. Tomo um café bem caprichado, não tenho tempo para cair doente, seria o meu fim. Com o relógio marcando seis e meia da manhã, e o coração apertado, caminho até o quarto para acordar o meu pequeno. Todos os dias é uma luta. - Está na hora de levantar, Leãozinho. ─ Deixo pequenos beijos por seu rosto. ─ Vamos filho, você não quer se atrasar para ver a tia Deborah, né? Resmunga algo incompreensível, virando para o outro lado. Esse menino não nega que seja meu filho, na gravidez tive muito sono, passava quase o dia inteiro dormindo. - Vamos, filho, mamãe não pode se atrasar. Antes de nos mudarmos eu tinha um emprego fixo e trabalhava na área que eu gostava, mas as oportunidades para uma mãe solo são muito difíceis, perdi as contas de quantas vezes recebi um não. A resposta era sempre a mesma, eles tinham receio de que o meu filho fosse atrapalhar. Sou formada em publicidade, deveriam levar em consideração meus conhecimentos e experiências, não o fato de ser mãe. Desde que saí da Califórnia, só mantive uma das minhas amizades, que é a Cameron. Duas vezes no ano ela vem nos visitar, ainda não tive coragem de conhecer sua casa, tenho medo de retornar para a cidade. Nicholas Coleman ficou ainda mais famoso, em diversas ocasiões o vi na televisão. Ele não mudou nada, exceto pelo novo corte de cabelo. Diferente dele, eu abandonei os cabelos loiros e adotei uma tonalidade preta, e os óculos de grau deram lugar a lentes de contato. - Mamã, quero ficar em casa ─ Leon fala, me trazendo de volta à realidade. Ele coloca um travesseiro no rosto, tentando escapar. - Filho, você sabe que se fosse em outro dia até que eu deixaria, mas tenho que sair, Leãozinho. ─ Bagunço seus grandes e volumosos cabelos castanhos, herança do pai. - Eu tô com sono ─ resmunga novamente, se recusando a levantar. - Eu também estou, mas isso não quer dizer que podemos renunciar às nossas responsabilidades. ─ Beijo sua testa de forma carinhosa. ─ Vamos logo para o banheiro, temos meia hora para você se arrumar, tomar café e sairmos. Mesmo contrariado, se levanta correndo e entra no banheiro. O acompanho e agradeço aos céus, hoje não precisei usar chantagem, já é um grande avanço. Termino de lhe dar banho, visto seu uniforme, penteio seus cabelos e seguimos para a cozinha. Enquanto ele toma café, confiro todos os documentos que irei precisar. Quase uma hora depois, estaciono o carro em frente à escola. Despeço-me do meu filho e sigo para o outro lado da cidade, rumo à minha primeira entrevista. O local estava razoavelmente cheio, estou confiante, tenho todas as qualificações necessárias, além da experiência. Um a um foi entrevistado, na minha vez, perguntaram sobre a minha faculdade, os locais onde trabalhei e fizeram a tão temida pergunta. Quando respondi que tinha um filho, dava para ver a decepção na expressão dos entrevistadores, eu soube que não passaria. Coloquei um sorriso no rosto e me desloquei para as outras duas entrevistas. Assim como a primeira, eu sei que não irei conseguir a vaga e me sinto bem frustrada por tudo isso. Desde quando ser mãe virou critério para avaliação em entrevista? Não vou enlouquecer por isso, tenho certeza de que algo melhor ainda virá. São quase cinco da tarde e percebo que não comi, como um lanche rápido e sigo para a escola do Leon. Cumprimento a professora e pego o meu filho, apesar da pouca idade, ele é bem-falante e vamos o caminho inteiro conversando. Peguei algumas roupas e comida e o levei para a casa da minha vizinha, nos despedimos e sigo para o clube. Hoje a noite é temática, os clientes gostam desse tipo de variedade. Cumprimento minhas colegas e entro no camarim, preciso vestir minha roupa de mulher gato. Trabalho bem a minha maquiagem, prendo meus cabelos e coloco novamente as minhas lentes de contato, não dá para dançar com óculos de grau. - Você está bem, Angel? ─ Brittany pergunta, sentando-se ao meu lado. Ela é uma das poucas que tenho mais intimidade. - O mesmo de sempre, cansada de passar por tantas entrevistas e sempre receber a mesma resposta. - Infelizmente essa é a sociedade que vivemos, falam tanto em oportunidades e na primeira oportunidade viram as costas. Sei que você não gosta, mas essa noite temos muitos homens ricos, aproveite para ganhar uma gorjeta a mais. - Você sabe que eu não vou para cama com cliente. Essa é uma das únicas regras que estabeleci, todo trabalho é digno, porém não me sentiria bem indo para a cama com um homem por dinheiro. Eu gosto de dançar, provocar, até deixo que toquem em algumas partes do meu corpo, mas esse é o limite. Esse é um dos clubes mais famosos da cidade, muitos figurões frequentam por causa da privacidade, eles sabem que nada sairá dessas paredes, mesmo sendo o mais repugnante, ninguém saberá. Todos os dias recebo muitas propostas, os valores são altos, resolveria quase todos os meus problemas. No entanto, ainda tenho princípios e não quero ir contra. - Eu sei muito bem, sabemos que não é necessário ir para a cama. Você é linda, muitos desses homens vêm aqui para lhe ver. Aproveite sua popularidade, e arranca algum dinheiro deles. ─ Pisca para mim, saindo em seguida. Diferente de mim, ela não se preocupa em dormir com os clientes. Britanny costuma dizer que está unindo o útil ao agradável, de certa forma não está errada. Nossa chefe aparece, informando que chegou o momento do grande espetáculo, uma a uma ocupa seu devido lugar e começam a dançar de maneira quente e bem sensual, prendendo a atenção de todos que estão presentes. Esses homens não conseguem disfarçar, o olhar de cobiça está estampado, o desejo é bem evidente também. Alguns deles chegam a ser nojentos, sim, essa é a definição. - E agora chegou o momento que sei que a grande maioria aguarda, nossa belíssima, gostosa e talentosa, Diablo. O rostinho é

de anjo, mas é quente como o inferno. ─ Todos aplaudem e sei que chegou o meu momento. Obviamente não podemos falar a nossa real identidade, por isso na época escolhi esse nome, para fazer um trocadilho com Angel. Coloco um sorriso no rosto e assumo uma nova identidade, deixando de lado a minha vida normal e às vezes sem graça. No palco eu consigo me entregar completamente, danço, faço uso do pole dance, e deixo que meu corpo sinta cada vibração da música que preenche o ambiente no momento. Abro mais um botão da minha roupa, e caminho vagarosamente entre as mesas. Danço mais um pouco, dando segmento ao meu número da noite. No caminho de volta ao centro, alguns homens se aproximam e colocam notas de dinheiro no cós da minha calça, agradeço e continuo sorrindo. Outra música começa e dessa vez eu retiro a parte de cima do meu figurino, ficando apenas com um top preto. - Gostosa! - Eu só queria uma mulher dessa na minha cama. - Acho que esta noite terei deliciosos sonhos. Esses são alguns dos comentários que eu escuto, não são ruins, já tive o desprazer de ouvir coisas mais desagradáveis. Danço por mais dez minutos e me retiro do palco, encerrando a primeira parte de uma noite de trabalho.

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O que Taylor Magnus está fazendo aqui? Me encostei na parede com a saia subindo pela minha bunda enquanto me ajeitava na áspera parede de estuque. Eu não a ajeitei. O belo anfitrião, vestido incrivelmente bem, definitivamente percebeu. Enquanto lambia os lábios e andava na minha direção, eu sabia que ele se perguntava se eu estava usando calcinha. - É o bar mitzvah do melhor amigo da filha dele. O que você está fazendo aqui? Senhorita... Ele inclinou a cabeça para baixo e leu o nome no meu crachá de imprensa. Fitzpatrick? Aprendi com o tempo a não ficar nervosa; as pessoas farejam aproveitadoras de longe. Respirei fundo para afastar o medo. - Essa é uma festa e tanto. Trabalho na coluna de sociedade, sabe? Noticiando todo mundo que é alguém. Dei meu sorriso característico, uma expressão bem ensaiada de inocência com uma pitada de sedução. - Muito ousada, você não devia estar aqui. Essa é uma festa particular! Estava claro que ele não ia me dedurar. - Não se eu for convidada. Me abaixei um pouco na parede, fazendo minha saia subir ainda mais. - Clara Fitzpatrick, disse ele, lendo meu crachá. - Um nome muito judeu... - Vem da minha mãe. Então, você acha que Taylor vai passar o projeto da educação? Aquele dá àqueles garotos uma chance real de se educar... com faculdade, alimentação e moradia gratuitos? Eu sabia que estava pressionando, mas o cara sabia muito mais do que estava dizendo. Acho que ele esperava algo do tipo. - Ele deve assinar essa noite. Tem algo a dizer? Endireitei a gravata dele, que estava realmente torta. - Quero dizer, você é o anfitrião do pós Bar Mitzvah, recebendo na própria casa uma lista de convidados muito exclusiva".

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tamborilava o tampo de vidro da mesa do escritório com uma caneta de cem dólares sem importar-me em danif ci á-la. Aquele caso estava me tirando do sério. O cliente insistia em uma ação que não tinha mérito e que não nos levaria a lugar algum - apenas a f alência do escritório. Não estava nada interessada em perder o único emprego decente que tinha conseguido desde o f im do tratamento. Já tinha pesquisado todos os precedentes possí veis e ainda não tinha encontrado uma brecha que pudesse signif icar sucesso na demanda. Meus olhos estavam cansados de tanto olhar para a tela do computador, mesmo estando de óculos o dia inteiro. Respirando f undo, levantei-me e caminhei até a cozinha. Precisava de um caf é bem forte e provavelmente os pensamentos iriam clarear. Enquanto esperava a ruidosa caf eteira preparar-me um expresso, lembrei-me da primeira vez em que pisei no Metcalf e & Matthews Advogados Associados. Tinha acabado de sair de uma clí nica de reabilitação. Nunca tinha usado drogas nem nunca tinha bebido além do admissí velem sociedade. Eu tinha dois problemas que me levaram a f icar internada para tratamento por um ano - era maní aco-depressiva e tinha tentado o suicí dioduas vezes. Na segunda vez a f amí liaachou que deveria importar-se comigo e conseguiu uma ordem judicial para me trancar em uma clí nicae f orçaruma medicação que eu não desejava. Foi um ano excelente. No iní cio, detestei o lugar e as pessoas com quem tinha que conviver. As regras eram insuportáveis. Com o passar do tempo, a compreensão do problema e o vislumbre de que sairia curada f ez com que aceitasse o tratamento. Meus antecedentes, no entanto, não auxiliaram na busca por trabalho. A f amí lianão iria me sustentar; eu já tinha vinte e nove anos, então. O namorado não iria mais me aturar depois de ter tido que lidar com meu comportamento por quase três anos. Meu único bem, um apartamento, f oi vendido para pagar o tratamento. Eu precisava de um emprego que me garantisse uma renda razoável para alugar um novo apartamento e sobreviver. - Terra chamando Layla. - A voz de Melanie me tirou do transe de vários minutos. O caf éjá estava pronto há bastante tempo, mas eu continuava divagando sobre o passado recente. - Está tudo bem com você? Melanie era a melhor amiga desde minha contratação pelo Metcalf e& Matthews. A vida tinha mudado completamente - eu era mais f eliz e tinha relacionamentos mais saudáveis. Melanie era parte f undamental naquele processo. - Sim, é o caso Gandini que está me tirando do sério. Não sei por que aceitaram esse cliente nem por que me passaram esse pepino. - Jura que não sabe? - Melanie baixou o tom de voz e também serviu-se de um caf é. - Olson não gosta de você. Ele vai f azer de tudo para te sacanear e mostrar que você não é capaz de dar conta do cargo que assumiu. - Ele tinha pretensões para a minha vaga, não é? - Recordei- me que Jeremy Olson, um advogado que estava há mais tempo no escritório, ansiava pela vaga de advogado júnior que eu consegui apenas alguns meses depois de contratada.

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- Está morto? - Ouço uma voz perguntar, mas ela parece vir de muito longe. - Quase, mas ainda respira. O que quer que eu faça com ele? Posso acabar com a agonia do garoto com uma única bala. - Não. Valorizo a lealdade. Ele foi contra o próprio pai para proteger a Organização. Esse aí entendeu que a Irmandade[4] está acima da família. - Dizem que ele é meio maluco. - Quem de nós não é? De qualquer modo, o rapaz é corajoso. Não é qualquer um que enfrentaria um avtoritet[5] para cumprir com seu dever de lealdade ao Pakhan[6]. - Não costuma ser tão generoso, Papa[7]. Alguns diriam que um fruto nunca cai longe da árvore. E se for como o pai? - Nesse caso, por que não permitiu que o maldito seguisse com o plano para me matar? Não, o menino é água de outra pipa. E o que estou fazendo não tem a ver com generosidade, mas com pensar no futuro. Conto nos dedos de uma mão quantas pessoas morreriam realmente por mim e por minha família. É mais novo do que os meus netos. Um dia, Yerik e Grigori[8] vão estar no comando e precisarão de homens de verdade ao lado deles. Eu acho que eles continuam conversando, mas não tenho certeza. Acordo e perco a consciência várias vezes. Entretanto, entendo que o Pakhan acha que eu fiz o que fiz por ele, mas não foi. Minha decisão não teve nada a ver com alguém, mas com algo. Regras. É por elas que eu vivo. Eu nunca as quebro. Elas são o meu verdadeiro deus, muito acima do que as pessoas chamam de sentimentos ou emoções. Não tenho amor e nem raiva dentro de mim. Não consigo entender esses conceitos, já as regras, são simples: siga-as ou quebre-as. Há sempre somente duas escolhas. Preto ou branco. O cinza é uma impossibilidade e também uma desculpa para quem não consegue se manter fiel à sua palavra. Não me ofendo com xingamentos ou me dobro à tortura. Não temo a morte e nem sinto medo de nada, a não ser ter minha vida fora de padrões que estabeleci. Eu preciso dos padrões e os procuro em qualquer lugar. Quando descobriu essa minha habilidade de pensar em cem por cento do tempo de forma lógica, meu pai usou-a por muito tempo em seu trabalho na Organização. O que ele não entendeu, é que essa não era apenas uma característica minha, mas quem sou. Em tudo, todas as áreas da minha vida, busco padrões. É assim que consigo compreender o mundo ao meu redor. Foi assim que descobri a traição dele. Ele não estava somente roubando, planejava entregar o Pakhan nas mãos dos inimigo e isso desordenaria meu plano de continuar servindo à Organização. Atrapalharia as entregas de carregamentos de armas, cujas rotas calculei com precisão matemática. Traria um novo chefe para a Irmandade, que talvez quisesse modificar a planilha de lucro. Iniciar guerras desnecessárias. Eu odeio mudanças. Qualquer alteração me desestabiliza. Até mesmo uma solução alternativa para mim, tem que ser analisada de antemão. Tusso e me sinto sufocar. O ar está impregnado com uma mistura esquisita. Um dos odores é sangue, eu sei. Estou acostumado a esse cheiro desde pequeno. Aos treze anos, matei pela primeira vez. Uma ideia destorcida do meu pai para que eu fosse iniciado dentro da Organização. O outro odor, acredito que seja álcool, então acho que devo estar em um hospital. Eu não me importo, só quero ficar curado. Preciso que me costurem para que eu possa seguir com o meu trabalho. Se demorar muito, vai atrapalhar meu cronograma e eu não tolero imprevistos.

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