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Noite de prazer- 1ª. Edição

Noite de prazer- 1ª. Edição

Hugo Alefd

5.0
Comentário(s)
100.3K
Leituras
36
Capítulo

Tabus e limites não existiam quando se tratava de Leonel De Leon. Vivendo suas próprias regras, o mafioso controlava a cidade e decidia o futuro das pessoas estando em seu escritório. Ele se achava acima de todos, não havia ninguém que conseguisse atingi-lo. A advogada Sara Benildes estava em um restaurante, comemorando o aniversário de namoro, quando conheceu o poderoso De Leon. Para ele, a moça petulante e de nariz empinado não era nada. Eles se reencontraram meses depois, em situações peculiares. O mafioso tinha tomado para si um bebê abandonado, enquanto Sara perdera o filho recém-nascido. Para alguns, a segunda chance. Para outros, uma realidade deturpada. Enquanto Sara lidava com o luto amamentando o filho de um desconhecido, ela mergulhava no mundo obscuro de Leonel. Tudo indicava que ela se moldaria ao mafioso, mas era ele que abria o coração e se permitia ter um ponto fraco, uma família. ATENÇÃO! Essa história contém cenas impróprias para menores de dezoito anos. Contém gatilhos, palavras de baixo calão e conduta inadequada de personagens.

Capítulo 1 Noite de prazer- 1ª. Edição

Capítulo 1 Coloquei a faca no peito do desgraçado e ele, finalmente, parou de lutar. Era raro eu estar no meio de um tiroteio causado por uma cobrança de dívida, mas aquela luta, eu não perderia por nada. Um dos idiotas da família Camargo tinha destruído uma barraca de cachorro-quente que ficava na praça em um dos bairros mais humildes da cidade. Música alta e perturbação da paz ou não, quem decidia o destino dos trabalhadores era eu. Em vez de se rebaixarem e pedirem minha ajuda, os babacas resolveram fazer justiça com as próprias mãos.

Foi uma carnificina e, como tudo na vida tinha um retorno, eu fui aquele que entregou a tempestade que eles plantaram. A esposa do homem que estava fazendo apenas o seu trabalho veio oferecer seus serviços e fidelidade em troca de vingança. Ela não precisou narrar toda a história para que eu me revoltasse e levasse aquele acontecimento como uma afronta ao meu poder. Nem os traficantes tinham coragem de decidir quem deveria morrer, sem antes me consultar. Em Lumaria, eu era a força que estava no submundo, mas que fazia a engrenagem na cidade funcionar. Criei o meu império de forma inescrupulosa e aqueles que me respeitavam viviam em paz, graças a mim. Por isso, quando percebi que uma pessoa fora assassinada sem a minha autorização, segui com meus soldados em quatro carros até a casa do defunto. Estávamos fortemente armados e nada nos pararia até que a última gota de sangue fosse derramada. Invadimos a casa e matamos todos. O último estava aos meus pés, sua vida tinha sido ceifada pela minha faca e pela força da minha irritação. Olhei ao redor, para conferir as minhas baixas. Poucos dos meus subordinados se perderam, porque eu os treinava tão bem quanto eu mesmo. - Pegue os nossos, queime a casa e avise a polícia. Sem perturbação, quero esse assunto encerrado. - Encarei Douglas, meu braço direito e homem de confiança. - Sim, Senhor. Todos pararam de se mover dentro do cômodo quando um choro de bebê soou. Franzi a testa e conferi os mortos, eu não matava mulheres e crianças, a não ser que elas estivessem armadas e atentassem contra a minha vida. - Que porra é essa? - questionei, irritado, porque eu mataria aqueles idiotas pela segunda vez se envolvessem inocentes nessa emboscada. - Vou verificar os quartos. - Não, Douglas, eu vou - ordenei seco. Tirei minha arma do coldre, pulei um corpo no chão e fui seguindo pelo corredor, em direção aos quartos. Sabendo que eu precisaria de apoio – mesmo que não o tenha solicitado –, caso houvesse mais da família Camargo, senti a presença de dois soldados às minhas costas. Abri a porta do primeiro quarto e o choro de bebê aumentou. Não havia ninguém no cômodo e esperei os dois que me acompanhavam atestarem o que eu já tinha identificado. Fizeram a incursão, conferiram os cantos e não acharam nada. - Tudo limpo, Senhor De Leon - um deles falou. Na segunda porta aberta, nem me dei ao trabalho de checar se o corpo estirado no chão era de uma vítima abandonada. Filhos da puta, eles não eram fiéis nem aos seus familiares. Aquela morte não tinha sido causada por um dos nossos, mas pelos Camargo. - É uma mulher mais velha - o soldado comentou, se agachando e verificando a pulsação. Aquela cena me embrulhava o estômago e ampliava minha raiva, nenhuma mulher indefesa deveria ser tocada. Segui meu instinto e fui até a porta mais ao fundo, em que tinha o choro de bebê mais forte. Escancarei a porta, apontei a arma para todos os lados e ignorei os corpos de duas mulheres no chão, abraçadas. Depois descobriria quem elas eram, mesmo que isso não me importasse. Estavam mortas e eu iria cobrar seus assassinos a sangue frio no inferno.

Fui até o berço, que estava do lado das vítimas, e encontrei uma boneca pequena, com roupa branca, ela remexia os braços e pernas. Não, porra, era um bebê! Guardei a arma, estiquei-me para frente e hesitei antes de tocá-lo. O que eu estava fazendo? - Senhor De Leon? - Douglas chamou e o ignorei. - Tudo limpo e os nossos já foram recolhidos. - Tem um bebê - atestei com raiva. - Sim, reconheci pelo som. Vamos embora, vou botar fogo nisso tudo. - O quê? - Virei-me para o homem que me representava em vários momentos. O braço direito estava falando merda e, assim que o encarei, ele se encolheu. - Não foi isso que o senhor pediu? - Tem a porra de um bebê dentro da casa! - gritei e o bebê chorou mais. - Como vai explodir essa casa com alguém vivo dentro? - Ah, tudo bem. - Ele suspirou e se aproximou. - Eu levo a criança para um abrigo e tudo resolvido. - Não! Antes que ele se aproximasse do berço, meu instinto de proteção tomou conta. Peguei o bebê no colo, segurei-o de qualquer jeito, mas parecia encaixado no meu corpo. Rosnei para Douglas, que recuou com os braços para cima, em rendição. Era um Camargo, aquele bebê não merecia o meu respeito, por ter sangue de hipócritas que disputavam o poder comigo, mas era meu. Espólio de guerra ou apenas uma necessidade de ter um herdeiro, mesmo que nunca tenha pensado em trazer um filho para esse mundo. Eu era egoísta demais para dividir as minhas conquistas com outra pessoa. O bebê diminuiu o choro de sofrimento, as lágrimas em seu rosto calaram minhas dúvidas e a decisão tinha sido tomada antes mesmo que eu a proferisse. - Senhor? - Douglas chamou atenção. - Podemos ir? - Descubra quem são essas mulheres, queime tudo e mande um aviso para os outros Camargo. Estou com o bebê e, agora, ele é meu. - Mas... Passei por ele, depois pelos outros soldados e saí daquela casa, que se tornaria cinzas em algumas horas. Com passos firmes e determinados, andei pelo quintal da frente e fui para a calçada. Entrei no banco de trás do meu carro, impedi que outros soldados viessem comigo e admirei aquele pequeno pedaço de gente em meu colo. Era apenas um bebê. Quem seria a mãe e qual o motivo da família Camargo deixar que algo tão precioso ficasse de fácil acesso para o rival? Se eu fosse tão inescrupuloso quanto eles, teria eliminado o herdeiro do inimigo, mas o estava roubando para mim. Meu filho. - Para onde vamos, Senhor? - o soldado, que estava atrás do volante, perguntou com cautela. - Para o apartamento do Caminho Dourado - ordenei, balançando o bebê nos meus braços por instinto. Os olhos dele encontraram os meus, mesmo no escuro, e me identifiquei com o pequeno ser. - Oi. - Sim, senhor? - o soldado reagiu ao cumprimento que não foi direcionado a ele enquanto dirigia o carro. Ignorei o intrometido, minha conversa era com aquela criatura. - Quem é você? - Trouxe o bebê para próximo do meu rosto e inspirei seu cheiro. O sorriso bobo que queria surgir se transformou em indignação, quando identifiquei o aroma. Leite. Porra! Ele ainda devia estar dependendo do leite materno. - Precisamos achar a mãe desse bebê! - Encarei meu soldado pelo retrovisor.

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O barulho me faz quase pular da cama. O despertador me avisa pela segunda vez que preciso me levantar. Olho a hora e me assusto, já se passaram mais de meia hora. Corro para o banheiro, tenho que estar pronta em menos de dez minutos. Droga! Justo no dia em que tenho reunião com meu chefe logo cedo. Não terei tempo ao menos para um café. Pego meu casaco e a bolsa que deixei em cima do sofá, e assim que coloco a mão na maçaneta, levo um susto, pois, Rachel a está empurrando do outro lado. Ela entra com cara de poucos amigos, parece cansada. Geralmente chega mais cedo da “boate”. Analiso-a dos pés à cabeça e tento não deixar transparecer o quanto a ver vestida desse jeito me incomoda, porém, a carranca que ela me dirige é justamente por adivinhar o que estou pensando. — Você não está atrasada para o trabalho? Se não me engano, já deveria ter saído há, pelo menos, meia hora. — Passa por mim e joga a pequena bolsa no sofá, depois se acomoda nele. — E você já não deveria estar em casa há algumas horas? Te arrumaram outro trabalhinho extra na “boate”? Porque com essas roupas dá para imaginar muita coisa! — acabo falando mais do que deveria. Ela tira os saltos altos com uma força desproporcional e solta- os de qualquer jeito na mesinha de centro. — Presta atenção, Alysson, esse é o meu trabalho e preciso dele, então por favor me poupe de sermão a essa hora da manhã. — Eu sei, Rachel, mas não consigo entender, você é uma mulher inteligente e esperta, pode conseguir o trabalho que quiser, mas insiste em continuar nessa “boate”, tratada como lixo para um monte de ricos mimados. — Sei que pego pesado com ela, mas é para o seu bem, ela tem potencial para coisa melhor. — Aly, sei que está preocupada comigo, mas aquela “boate” paga bem, eu consigo assistir às minhas aulas na faculdade na parte da tarde. Falta tão pouco para me formar. Eu não gosto que você faça essas insinuações, essa roupa é somente um meio para um fim. Além disso, você sabe bem o que faço naquele lugar, nunca menti para você. Vejo tristeza quando ela me diz isso.

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