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Protegida pelo chefe

Protegida pelo chefe

Hugo Alefd

4.9
Comentário(s)
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40
Capítulo

Chegar a terras estrangeiras sem muito dinheiro no bolso e com poucas peças de roupas em uma mochila, não foi nada fácil. Por sorte, eu tinha o Caio – meu meio-irmão “postiço” – que jamais me deixou desamparada ou sozinha. Quando fugimos de uma vida abusiva no Brasil, viemos para Boston, Massachusetts, em busca de vivermos livres pela primeira vez e conhecer o significado da palavra felicidade. Apesar de não termos o mesmo sangue correndo nas veias, nosso amor um pelo outro era incondicional. Ele era filho somente da minha madrasta, Roberta, uma mulher repugnante, que foi amante do meu pai por anos antes dele finalmente assumi-la como sua mulher depois que minha mãe morreu há seis anos.

Capítulo 1 Protegida pelo chefe

Mais um fim de semana havia chegado e eu o passaria sozinha em casa, enquanto Caio trabalhava. Nunca saia à noite, sempre fui uma garota reclusa no meu canto. Quando morava no Brasil não era diferente, sempre detestei os bailes funks da comunidade onde morava. Do que eu gostava mesmo era de rock and roll, baby! Minhas inúmeras tatuagens grandes e pequenas espalhadas pelo meu corpo, diziam isso por si só. Para saber quais eram minhas bandas favoritas, bastava olhar para minhas camisetas no armário. De AC/DC a Legião Urbana.

Estava largada no sofá vestindo um short confortável e camiseta larga, devorando um pote de sorvete sem culpa e assistindo à programação aberta da TV, quando meu celular tocou ao meu lado sobre o assento do estofado. — Oi, Angelita — falei ao atender a ligação da minha amiga e colega de trabalho. — Tenho uma palavra de três sílabas para você. Ba-la-da! — Não. Eu estou fora. — O que está fazendo? — Saindo para um encontro — menti descaradamente, enfiando mais uma colherada do doce sorvete de baunilha com castanhas na boca. — Sua mentirosa! — gritou. — Chego aí em meia hora e é melhor você estar pronta, porque se não vou arrastá-la como estiver vestida para a rua. — Eu não quero sair. Esperei a semana toda pelo filme que vai passar daqui a pouco na TV. — Chego em meia hora. — Desligou o telefone. Respirei fundo e olhei as horas no celular. Eram oito da noite e Angelita, vulgo baladeira, queria me levar para sair no sábado à noite e só Deus e ela sabiam para onde. Terminei meu pote de sorvete e levantei indo ao banheiro. Depois de tomar banho, lavar os cabelos e depilar as pernas, saí enrolada na toalha e entrei no quarto. Abri o armário e encarei a coleção de peças escuras nos cabides. Acho que devo ter ficado ali de pé por uns dez ou quinze minutos. Vesti uma saia curta de couro preto com zíper na lateral e um body de renda na cor marsala. Calcei minhas adoráveis botas pretas de camurça que iam até acima dos joelhos. Depois de secar meus cabelos loiros, fiz uma maquiagem caprichada no delineador e no batom vermelho, que sempre adorei. A campainha tocou e fui até a porta. — Olha só para ela! — gritou Angelita quando me viu. — Você disse trinta minutos. Tem mais de uma hora e meia, que nos falamos. — Olha só... Ninguém nasce assim, perfeita, como você, Laurinha. — Fingiu irritação, colocando as mãos na cintura e revirando os olhos. — Para onde você vai me levar? — perguntei cruzando meus braços à frente. — Para uma boate recém-inaugurada no centro, você vai gostar. Só deixe a mente aberta, okay? Não terá nenhum cover do Pink Floyd por lá. Respirei fundo, e quem revirou os olhos desta vez fui eu. — Está bem. Vamos lá. Caminhei até o sofá e peguei meu celular e o meu casaco. Saímos do prédio e pegamos um táxi. Quando chegamos ao local, um amigo de Angelita, que trabalhava na portaria, nos ajudou a entrar furando a enorme fila quilométrica que dobrava a esquina. O lugar era lindo e chique. Com certeza não era o meu tipo de ambiente, mas tentaria suportar por algumas horas. As mulheres que passavam por mim vestiam vestidos de mil dólares ou mais. Os homens usavam relógios que custavam mais que um carro popular no Brasil. Estava começando a me sentir incomoda e deslocada. — Vamos até o bar! — chamou Angelita alto em meu ouvido. Ela segurou minha mão e tomou a frente abrindo caminho na multidão. — Boa noite, lindas. O que vão querer? — perguntou o barman com um sorriso safado para Angelita. — Dois shots de tequila e duas Estrella Galicia — pediu ela lançando uma piscada para ele. — Acho que não precisava da piscada, você já seduziu o homem só com esse decote — brinquei. — Se tem alguém que irá seduzir um homem esta noite, esse alguém será você! Essa saia de couro e esse body de renda estão para lá de sensuais. Arrasou, garota! — Fala sério, olha a sua volta. Essas mulheres parecem modelos — disse olhando para os lados, observando tudo ao meu redor. — Mas o que está havendo? Você é sempre tão alto-astral consigo mesma. Pare de bobagens! Você está linda! — Sei lá... Só não tenho costume com esses lugares. Todo mundo está tão chique. — Relaxe e beba! — falou entregando-me o shot de tequila. — Se solte, ao menos esta noite. Ela brindou seu pequeno copo no meu e viramos as doses que desceu queimando levemente por minha garganta. Pegamos nossas cervejas e fomos para a pista de dança. Lá, as pessoas não reparavam muito umas nas outras, apenas dançavam curtindo as músicas de batida intensa que faziam meu corpo balançar involuntariamente. Dois homens se aproximaram e começaram a conversar conosco. Angelita logo se agarrou com um deles. Ele era negro e sarado, estilo jogador da NBA. Um verdadeiro gato! Seu amigo tentava se esfregar em mim enquanto eu dançava. Ele já estava bêbado e cheirava a uma mistura terrível de suor, cerveja, menta e tabaco. Seu mau cheiro estava deixando-me enjoada, eu precisava de ar, água e ir ao banheiro urgente. Ia chamar Angelita para ir comigo, mas ela estava envolvida demais com homem, então fui sozinha. — Vou até o bar e já volto — avisei-a. — Eu vou com você — falou o homem que se esfregava em mim. — Não! Está tudo bem, vou sozinha. Saí rapidamente de perto dele, esgueirando-me no meio das pessoas. Chegando ao bar, avistei o corredor que levava aos banheiros. Mudei meu trajeto e fui até lá primeiro. Depois de alguns minutos na fila, finalmente consegui me aliviar e voltei para pegar uma água. — Me dê uma água sem gás, por favor — pedi ao barman. — Aqui está. — Entregou-me a garrafa. — Obrigada. — Afastei-me para dar vez a quem estava atrás de mim. De longe vi que o homem nojento ainda estava lá, ao lado da Angelita e seu amigo, dançando sozinho como um maluco. Tudo o que menos queria era voltar para lá. Respirei fundo e observei o ambiente procurando algum canto para onde ir que desse para respirar melhor. Estava muito abafado. Ao lado da escada que levava à área VIP, avistei uma porta por onde algumas pessoas entravam e saíam a todo instante. Caminhei até lá, atravessando o mar de gente suada, e abri encontrando uma escada que levava à outra porta. Ao empurrá-la, vi que dava para o terraço da boate. O lugar não tinha nada de especial, somente uma boa iluminação e ar fresco. Algumas poucas pessoas fumavam aos cantos em grupos de quatro ou cinco amigos. Caminhei para uma beirada mais afastada e encarei a bela vista noturna da cidade. Encostei-me à mureta de proteção e fechei meus olhos sentindo o vento forte contra meu rosto bagunçando um pouco meus cabelos de comprimento médio. Ao abrir meus olhos, pensei em minha mãe. Como sentia sua falta. Gostaria de ter tido tempo suficiente para levá-la conosco. Era muito triste ela não ter tido a chance de estar ali e lembrar-me do inferno que viveu até seu último dia. Uma lágrima solitária e atrevida desceu por meu rosto. Será que esta dor e angústia nunca irá passar, ou ao menos diminuir? — Não soube ler o aviso de: "não se aproxime da mureta de proteção"? — perguntou uma voz masculina e rude atrás de mim, com um sotaque italiano. Aquele sotaque não me era estranho, eu reconhecia. Não fazia nem uma semana que queria mandar o dono daquela voz para o inferno. Sequei minha bochecha esquerda e virei-me para trás encarando o homem estúpido que me destratou na cafeteria. — Não! Não sei ler! — respondi-o no mesmo tom rude.

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