O DEFEITO FATAL DOS DEUSES

"- Casillas, querido. O que faz aqui?

- Estou em uma missão especial, Milady.

- Salvando o mundinho dos seres humanos novamente? Não cansou de ser um brinquedinho?

- Sempre sou pago e devo ver dessa maneira. Não obstante, a Senhora não é de receber visitas pessoalmente, do que precisas?

- Ah, você pode ser tudo, menos bobo - riu - Estava indo procurá-lo, pois irei a um reino um tanto quanto distante.

- Não poderei ficar por muito tempo, Milady. E ninguém ousaria atacar suas terras.

- Oh não, sei muito bem disso. Eu quero que você vá comigo como meu guarda-costas.

- Há muitos seres fortes para acompanhá-la, Senhora. E que adorariam e se honrariam com isso, além disso, já estou sendo guarda-costas, não poderei ir.

- Precisaria de um exército para se igualar a você, querido. E naquele lugar... bem, contigo só iriam duas pessoas na minha carruagem.

- Não posso-

- Você tem um elo comigo, Casillas. Tens a coragem de quebrá-lo? Não o obrigaria a isso, você sabe. Sempre fui compreensiva e tive sua ajuda várias vezes, mas dessa vez, eu... eu... preciso de você - terminou num sussurro.

- O orgulho ainda é o defeito fatal dos deuses - sorri - eu farei o que me pede, entretanto, terá de levar meus protegidos, estou ligado a eles por um contrato.

- Contrato com um deus, Casillas? Há eras você não fazia isso, bem, de qualquer maneira... certo, vamos todos!"

Eu sabia, isso era um sonho e eu deveria estar cochilando na poltrona. Óbvio, quando eu acordasse, iria esquecer, porque esse tipo de "visão" os deuses fazem para brincar com a gente, com o destino... como se eu acreditasse nessas baboseiras.

Lógico, isso é um tipo de aviso, e um aviso nada agradável. Esses pensamentos me assombram há séculos e quanto mais o tempo passa, pior eles ficam. Independente de quantas ordens eu siga, de quantos contratos eu faça, esse tipo de coisa sempre vem a acontecer. Me lembra vagamente um jogo onde um filho do deus dos raios se volta contra o Olimpo por pura displicência e infidelidade dos deuses. Esse tipo de situação é bem comum nos gregos e infelizmente eu faço parte dele.

Algo está para acontecer... algo muito grande, talvez o maior fato desde que eu me tornei o que sou, um mercenário. É claro, se você considera isso uma profissão.

Meu nome é Casillas, não lembro com exatidão minha idade e minhas lembranças da infância são mínimas. Criado por um pai não biológico para ser um assassino, um guerreiro frio e nascido de uma família abastada, ou melhor dizendo, nascido de uma Imperatriz. Não é algo que eu goste de comentar, mesmo sendo um sonho, esse tipo de coisa não deve ser revelada sem mais e nem menos e por enquanto, é bom que saibam somente disso.

A história que contarei a vocês é dividida em três pessoas, as quais eu tenho mais afinidade e no decorrer da trama, peço que avaliem com cuidado cada situação e opa, alguém me acordou...