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Durante um ano, interpretei o papel da esposa perfeita e sofredora, suportando o caso extraconjugal público do meu marido. Fiz tudo por um único motivo: conseguir a guarda total do nosso filho, Caio.
Mas quando Caio foi preso, ele não me procurou para pedir ajuda. Ele me olhou com nojo e cuspiu que os problemas da nossa família eram todos culpa minha.
Mais tarde naquela noite, meu marido, Ricardo, exigiu que eu pedisse desculpas à sua amante. Quando me recusei, ele me empurrou no lago gelado.
Enquanto me afogava, eu o vi, junto com meu filho, consolando-a no píer, uma família perfeita recortada contra a luz da lua. Eles estavam me vendo morrer.
O último resquício de amor que eu sentia por eles virou cinzas.
Eles se esqueceram de uma coisa. Eu não era apenas uma dona de casa. Eu era uma Salles.
Meus dedos encontraram o localizador de emergência que meu pai bilionário me deu. E eu o apertei.
Capítulo 1
Ponto de Vista: Helena
No nosso círculo, as esposas tinham um ditado: você pode perdoar um homem por trair, mas não pode perdoá-lo por ser desleixado com isso.
Era uma pequena e amarga sabedoria, geralmente sussurrada entre taças de um Chardonnay que custava mais do que as compras de supermercado da maioria das pessoas.
No último ano, eu me tornei a personificação viva desse desleixo. Helena Salles, a mulher cujo marido, o titã da tecnologia Ricardo Almeida, não estava apenas tendo um caso — ele estava transmitindo ao vivo.
Eu era o alvo da pena delas. Nos jantares de caridade, elas me olhavam, seus olhos demorando no meu vestido tubinho simples e no cansaço sutil que eu não conseguia mais esconder. Elas viam uma mulher deixada para trás, uma relíquia de um passado que Ricardo havia superado. Uma mãe de Alphaville, quieta, elegante, mas desgastada. Um fantasma no banquete do sucesso dele.
"Coitada da Helena", diziam seus olhares solidários. "Ela sacrificou tudo por ele, e essa é a recompensa."
Os homens do nosso círculo, os "faria limers" e investidores de risco que idolatravam Ricardo, viam de forma diferente. Eles não sentiam pena de mim; eles me tratavam com uma espécie de desprezo. Aos olhos deles, eu era uma tola. Um capacho.
Eles viam Ricardo com sua amante, Camila Kirby — uma influenciadora digital cuja cada respiração era uma imagem curada de perfeição sem esforço — e viam um conquistador. Ele tinha tudo: o império, a esposa troféu em casa e o novo modelo reluzente em seu braço. Eu era apenas um acessório doméstico, um testemunho de sua capacidade de ter tudo o que queria.
Mas todos eles estavam errados.
Minha paciência não era fraqueza. Era uma estratégia. Meu silêncio não era aceitação. Era uma arma que eu estava afiando no escuro.
Eu havia suportado a humilhação pública, o abandono privado e o lento e esmagador apagamento da minha própria identidade por uma razão, e apenas uma.
Caio.
Nosso filho.
Eu o queria. Inteiro. Não apenas visitas de fim de semana e feriados, mas a guarda total e incondicional. E em nosso mundo de advogados vorazes e batalhas de relações públicas cruéis, uma esposa desprezada lutando contra uma figura pública amada precisava ser impecável. Uma santa. Uma mártir.
Então, eu interpretei o papel. Tolerei o intolerável. Sorri quando queria gritar. Fingi não ver as fotos nas revistas de fofoca, não ouvir os sussurros, não sentir a dor aguda que estava permanentemente alojada no meu peito.
Ricardo, é claro, confundiu minha estratégia com rendição. Ele se acostumou tanto com a minha submissão que a ideia de eu revidar era ridícula para ele.
Eu o observava agora, seu corpo magro e poderoso se movendo com precisão rítmica na bicicleta da Peloton que ficava no meio da nossa academia envidraçada. Ele estava treinando para outra maratona, outra exibição pública de sua disciplina e força. O suor brilhava em sua testa, e sua mandíbula estava travada em uma linha de determinação focada.
Ele não tinha me dirigido uma palavra a manhã inteira.
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