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O mundo voltou em um borrão de metal retorcido e o som apavorante de pneus cantando no asfalto. Em um momento, estávamos dirigindo. No seguinte, um caminhão havia furado o sinal vermelho.
No banco do passageiro, com a cabeça latejando, observei meu namorado, Adriano, se apressar para confortar seu primeiro amor, Cássia, que chorava no banco de trás. Ele nem sequer olhou para mim, sua namorada de cinco anos, enquanto a ajudava a sair do carro destruído.
Os paramédicos chegaram. Em meio à névoa de dor, vi Adriano pairar sobre Cássia, recusando-se a deixá-la por um segundo. Era como se eu nem estivesse mais ali. Ele não se lembrava do meu aniversário, nunca soube minha comida favorita e nunca se importou que eu fosse alérgica às flores que comprava para mim, as mesmas que Cássia amava.
Eu tinha sido uma coadjuvante na história de amor deles, um tapa-buraco até que a verdadeira estrela de sua vida retornasse. Eu tinha sido obcecada por Adriano Paes, mas não era amor; era uma doença, um vínculo traumático que eu confundi com devoção.
Por que eu fiz isso? Por que deixei que ele me moldasse em alguém tão submissa, tão diferente de mim? Parecia que eu estava sendo controlada por alguma força invisível, uma trama que não era minha.
O feitiço se quebrou. A obsessão desapareceu. Tudo o que restou foi um sentimento frio e vazio e um desejo súbito e desesperado por outra pessoa: Kael Campos, meu amor de infância, o garoto que eu deixei para trás cinco anos atrás. Comprei a primeira passagem para o Rio de Janeiro.
Capítulo 1
O mundo voltou em um borrão de metal retorcido e o som apavorante de pneus cantando no asfalto. Em um momento, estávamos dirigindo. No seguinte, um caminhão havia furado o sinal vermelho.
Eu estava no banco do passageiro, minha cabeça latejando, uma dor aguda no braço. Adriano, no banco do motorista, já estava se movendo. Ele olhou para mim, então seus olhos se voltaram para o banco de trás.
Para Cássia Telles. Seu primeiro amor.
Ela estava chorando, um pequeno corte na testa.
"Helena, você está bem?", Adriano perguntou, a voz tensa.
Antes que eu pudesse responder, Cássia soltou um soluço. "Adriano... estou com medo."
Seu foco se desviou de mim. Era como se eu nem estivesse mais ali. Ele soltou o cinto de segurança, se arrastou para o banco de trás e acolheu uma Cássia chorosa em seus braços.
"Está tudo bem, Cássia. Eu estou aqui. Eu te peguei", ele murmurou, a voz mais suave do que eu jamais ouvira. Ele nem sequer olhou para mim, sua namorada de cinco anos, enquanto a ajudava a sair do carro destruído.
Os paramédicos chegaram. Eles me colocaram em uma maca. Em meio à névoa de dor, observei Adriano pairar sobre Cássia, recusando-se a deixá-la por um segundo.
E bem ali, com o cheiro de gasolina no ar e uma dor cegante no braço, senti uma estranha sensação de clareza. Foi como se um feitiço tivesse se quebrado. Por cinco anos, eu fui obcecada por Adriano Paes. Eu achava que era amor.
Não era. Era uma doença, um vínculo traumático que eu confundi com devoção. Ele não me amava. Nunca amou. Eu era apenas um tapa-buraco, uma substituta conveniente até que a verdadeira estrela de sua vida retornasse.
Eu era uma coadjuvante na história de amor deles.
O feitiço se quebrou. A obsessão desapareceu. Tudo o que restou foi um sentimento frio e vazio e um desejo súbito e desesperado por outra pessoa.
Kael Campos.
Meu amor de infância. O garoto que eu deixei para trás cinco anos atrás, logo depois que conheci Adriano.
Enquanto me levavam para a ambulância, peguei meu celular com a mão boa. Meus dedos voaram pela tela.
Comprei a primeira passagem para o Rio de Janeiro.
"Preciso ir. Agora", disse à minha assistente pelo telefone da minha cama de hospital algumas horas depois. Meu braço estava engessado, mas a dor não era nada comparada à urgência que eu sentia. "Não me importa quanto custe. Me coloque naquele avião."
"Por que agora? Qual é a pressa?", ela perguntou, confusa.
"Tenho que encontrar alguém", eu disse, minha voz tremendo. "Tenho que tê-lo de volta."
Desliguei antes que ela pudesse fazer mais perguntas.
Eu ia encontrar Kael.
Eu tinha que ir.
Lembrei-me de como eu era antes de Adriano. Vibrante. Confiante. A orgulhosa herdeira do império hoteleiro Barros. Então o conheci, e dobrei e quebrei partes de mim mesma para caber na caixinha que ele chamava de "a namorada perfeita".
Por que eu fiz isso? Por que deixei que ele me moldasse em alguém tão submissa, tão diferente de mim? Parecia que eu estava sendo controlada por alguma força invisível, uma trama que não era minha.
E Kael... ele era o completo oposto.
Ele era meu melhor amigo. Meu primeiro amor. Crescemos juntos.
Ele satisfazia todos os meus caprichos. Subia na árvore mais alta para pegar uma pipa para mim, entrava em um lago congelante para recuperar minha pulseira perdida e passava a noite toda me ajudando com um projeto que eu havia procrastinado.
Ele sabia que eu odiava gengibre, então o tirava de todos os pratos para mim. Ele sabia que eu amava observar as estrelas, então construiu um pequeno observatório no telhado dele só para nós.
Ele havia planejado se declarar para mim na noite da nossa formatura do ensino médio. Ele me contou mais tarde, sua voz cheia de uma dor que eu era cega demais para entender na época.
Mas essa foi a noite em que conheci Adriano Paes.
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