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Na Mira do Traficante - Livro único

Na Mira do Traficante - Livro único

J.C. Rodrigues Alves

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5
Capítulo

Carolina acreditava ter a vida perfeita ao lado do marido, comandante do BOPE. Quando sua vida vai de sonho para pesadelo, após uma invasão, vê tudo desmoronar bem diante de seus olhos. Com a morte do marido repentina, seguindo pistas de que havia sido uma morte encomendada, decide começar a investigar por conta própria, decidida em matar o culpado.

Capítulo 1 Carolina

Qual sua lembrança mais feliz?

Em diversas fases da minha vida, algumas lembranças se ressaltaram. Entretanto, uma se destacava entre as demais ou poderia ser facilmente catalogada como uma das lembranças que aqueciam meu coração e que traziam um certo sentido para minha vida. Em outras palavras, uma pessoa conseguiu trazer um sentido maior para minha vida e só então, me dei conta de que estava completa e que não precisava de mais nada.

E nem de ninguém. Só dele.

RÁ-TÁ-TÁ!

O barulho de disparos cortou a escuridão, me levando de volta à consciência. Meu cérebro parecia estar nadando em uma neblina densa e viscosa.

Gemendo, rolei o corpo para ficar de bruços, quase vomitando por causa da agonia no crânio.

Onde estava Guilherme? O que aconteceu? Estávamos em missão e... Merda!

IgGuilhermendo o latejar na cabeça, começo a rastejar na areia para longe dos disparos. Meu corpo inteiro doía e as partículas de areia cobriam meus olhos e enchiam meus pulmões. Parecia que eu era feita de areia, que minha pele se dissolveria e seria soprada para longe pelo vento.

Mais disparos e um grito de dor.

Senti um aperto de medo no peito.

— Guilherme?

— Fui atingido. — A voz de Guilherme era chocada. — Ai,merda, Carol, eles me pegaram.

— Aguenta firme. — Rastejei de volta na direção dos disparos, arrastando meu fuzil inútil. Eu ficara sem munição cinco minutos depois de sermos emboscados, mas não queria deixar a arma para os traficantes — Estão vindo nos buscar.

Guilherme tosse, mas o som se transformou em um gorgolejar.

— Sai daqui, Carol. Sai logo daqui. Volte.

— Cale a boca. — Rastejei mais depressa. A luz fraca da lua iluminava um pequeno monte perto de nossa viatura capotada.

A voz de Guilherme vinha daquela direção e eu sabia que devia ser ele.

Sentia que era ele.

— Só aguente firme.

— Eles não... tem que sair daqui, Carol. — Ele respirava agora com dificuldade. A bala devia ter atingido os pulmões dele. — Eles... ele queria isto. Ele ordenou isto.

— Do que você está falando? — Finalmente cheguei até ele.

Mas, quando encostei nele, só senti carne molhada e ossos fraturados. Afastei a mão. — Merda, Guilherme, sua perna...

— Você precisa... — Ele respira fundo, fazendo um som esquisito — ir embora. Eles explodirão este lugar se vierem. Aquele filho da puta, ele... eu o peguei. Eu ia expô-lo. Isto não é o Talibã. Sabiam... — Ele tosse — sabia que estaríamos aqui. Isto é coisa dele.

— Para. Nós vamos sair desta. — Eu não podia pensar no que Guilherme dizia, não podia processar as implicações das palavras dele. Não podíamos ter nos traído daquele jeito. Era impossível. — Só aguente firme, amor.

— Não dá — Ele faz um som estranho novamente quando estendi a mão para ele. — Eles... — Ele engasgou e senti um líquido quente cobrindo minhas mãos ao pressioná-las na barriga dele.

— Gui, fica comigo. — Meu coração batia em um ritmo regular e doentio.

Não o Guilherme. Aquilo não podia estar acontecendo com ele. Aumentei a pressão no ferimento dele, tentando estancar o sangue.

— Vamos, por favor, fique comigo. A ajuda chegará em breve.

— Corra — Ele murmura baixinho. — Ele matará... — Ele estremece e senti o momento em que aconteceu. O corpo dele ficou mole e o fedor da evacuação encheu o ar.

— Guilherme! — Mantendo uma das mãos na barriga dele, coloquei a outra em seu pescoço, mas não havia pulsação.

Acabou. Meu marido e comandante estava morto.

Por um momento fiquei sem reação, sem saber o que fazer. Não sabia nem o que pensar direito. Estava diante do corpo do meu marido e não sabia o que fazer.

Rá-tá-tá!

Os disparos voltaram, bem como a neblina no meu cérebro. Também estava quente, muito mais quente do que deveria estar à noite no deserto. O calor me consumia como se...

Puta merda, estou em chamas!

Me jogando para o lado, rolei o corpo, parando apenas quando o calor diminuiu. Minhas costelas doíam muito e minha cabeça girava, mas as chamas que queimavam minha pele desapareceram.

Ofegante, abri os olhos e olhei para o teto alto acima de mim.

Teto, não céu noturno.

Meu cérebro finalmente voltou ao normal.

Minha primeira missão tinha acontecido há quatro anos antes. Havia sido a primeira vez que vi alguém morrer e ser baleado.

Não conhecia ninguém, então não tinha por quem chorar e mesmo que eu quisesse chorar naquele momento, não conseguia por alguma razão, era como se estivesse esperando o jogo ser reiniciado e recomeçar tudo novamente.

Entretanto, não iria recomeçar.

Rá-tá-tá!

Virei a cabeça e vi um vulto pequeno correndo no outro lado. Quatro homens vestindo uniforme do BOPE corriam atrás dele. Enquanto eu observava incrédula, ele se virou e disparou a AK-47 contra os perseguidores. Em seguida, ele correu para longe, sumindo de vista em poucos segundos.

Merda. Eu precisava fazer alguma coisa. Gemendo, rolei o corpo.

Tudo queimava à minha volta, incluindo a viatura. Um barulho em questão chamou minha atenção, um helicóptero da polícia.

Ele estava pousando não muito muito longe dali com as pás desligadas.Os traficantes deviam ter matado os policias da última viatura antes de irem atrás de nós.

Enquanto tentava me levantar, vi um policial saltar na direção da viatura em chamas. Percebi com alívio que ele sobrevivera.

Lutando contra uma onda de tontura, dei um passo em direção ao carro, igGuilhermendo a dor agonizante nas costelas.

Antes que eu chegasse lá, ele saltou para fora da viatura segurando uma metralhadoras e correu atrás dos traficantes. Eu estava prestes a ajudá-lo quando percebi movimento perto do helicóptero.

Dois homens saíam dele, claramente com a intenção de escapar.

Reagi antes mesmo de perceber conscientemente quem eram. Erguendo a arma, disparei neles várias vezes, propositalmente mirando longe de órgãos críticos. Quando parei, o lugar estava novamente em silêncio. Olhei para trás e vi alguns dos nossos. Pareciam ilesos.

Um sorriso maligno curvou meus lábios quando me virei e comecei a andar na direção dos dois homens que eu ferira.

Havia chegado a hora de quem causou a morte do meu marido.

Precisava vingar ele de alguma forma, fazer alguma coisa.

— É você quem acho que é? - Não fazia ideia de quem havia atirado no meu marido, só sabia que alguém precisava pagar.

Meu sorriso aumentou.

Atiro na perna de um e no braço de outro.

Os dois rolam no chão, gemendo de dor. A dor deles ajudou a reduzir um pouco da minha fúria. Aqueles homens pagariam pelo que fizeram com Guilherme e com os policiais que morreram naquele dia.

— Suponho que tenham vindo no helicóptero para observar a ação e entrarem no momento certo — digo, colocando a mão nas costelas doloridas. — Exceto que o momento certo não chegou. Eles devem ter descoberto quem você era e chamaram todos os policiais que lhe deviam algum favor.

— Os homens que matamos eram policiais? — Um policial perguntou, tremendo visivelmente quando os níveis de adrenalina diminuíram. — Os que estavam nos outros também?

— A julgar pelos equipamentos, muitos eram policiais. Alguns provavelmente eram corruptos, mas outros simplesmente seguiram cegamente as ordens dos superiores.

- Nois não decidimos nada - diz um dos traficantes com a voz trêmula.

- E quem decide? - pergunto com a raiva e a dor me dominando.

- O chefe - O outro responde suando.

Mantenho minha arma em punho, pronta para atirar, entrando num dilema em atirar ou não. Por causa deles, havia perdido uma parte de mim, não só eu, mais a minha família agora estava incompleta, destruída.

Vai ser necessário voltar 72 horas para entenderem, ou tentarem, como foi que minha vida virou do avesso completamente.

Ao ouvir a explosão de tiros, olhei pelo espelho retrovisor lateral e vi nossos policiais em outras viaturas, atirando nos veículos que nos perseguiam. Uma bala bateu no lado do nosso carro e desvio, tornando o carro da frente um alvo um pouco mais difícil.

Aquele momento sem dúvida, não era de pânico. Precisava manter a mente limpa e concentrada na missão, sem qualquer tipo de distração. Já que estávamos em um terreno hostil e ainda por cima, com um alvo em nossas costas. Ali éramos vistos como inimigos e não havia nenhum tipo de diálogo, além da troca de tiros.

Puta merda. Minhas mãos apertaram o volante. Aquilo não deveria estar acontecendo. Não quando tínhamos civis por toda parte, correndo o risco de serem baleados ou até mesmo mortos..

Conseguíamos lidar com aquilo, mas não os civis certamente. Nunca era fácil encarar os números de mortos e feridos, a culpa sempre recaia sobre mim e com certeza nos demais, mas infelizmente, era inevitável, dado ao lugar onde os traficantes se escondiam.

Pisei mais fundo no acelerador, passando de 160 quilômetros por hora.

Mais disparos. No espelho retrovisor, vi nossos homens trocando tiros com os perseguidores. Bem atrás, um dos carros de bateu de lado em um dos nossos, tentando forçá-lo a sair da estrada, e houve outra onda de disparos antes que o carro dos perseguidores capotasse.

Outro carro se aproximou de um de nossas viaturas, batendo em sua lateral. Atrás dele, havia pelo menos uma dúzia de veículos,entre carro, moto e além de um homem com lança-grminha mãedas em cima de uma das lajes.

Não, não uma dúzia.

Havia cerca de quinze ou dezesseis carros contra oito dos nossos.

Puta que o pariu. Pisei novamente no acelerador e o velocímetro chegou aos 180. Precisávamos ir mais depressa, mas a viatura blindada era pesada demais. Ela fora fabricada para proteção, não para velocidade.

Uma de nossas viaturas na parte de trás subiu no ar, explodindo. A explosão foi ensurdecedora, mas eu a ignorei, mantendo minha atenção na estrada à frente. Eu não podia pensar nos homens que acabáramos de perder nem na família deles.

Para sobrevivermos, eu não podia me distrair.

A voz do policial ao lado soou em pânico.

— Aquilo é...

— Um bloqueio, sim. — Tive que levantar a voz acima do barulho de disparos e explosões.

Havia quatro carros vazios bloqueando o caminho, numa tentativa de nos encurralar ali. Abririam fogo assim que conseguissem o que queriam e parar com certeza não era uma alternativa, não se quiséssemos sair daquela comunidade vivos.

Na parte de trás, um policial gritou algo para outro e, pelo espelho retrovisor vi que ele pegava coletes à prova de balas e um lança-grminha mãedas portátil.

— Temos que passar por eles — grito, mantendo o pé no acelerador. Estávamos a segundos deles, nos encaminhando para o bloqueio a toda velocidade.

Mirei a viatura o espaço pequeno entre os dois carros. Para isso, o peso da viatura blindada era uma vantagem.

— Segura! — grito o mais alto que posso. Em seguida, batemos nos carros e o impacto da colisão me jogou para a frente.

Senti o cinto de segurança me apertar, ouvi as balas dos traficantes batendo nas laterais e nos vidros do carro e, logo depois, tínhamos passado do bloqueio. O carro continuou avançando enquanto dois outros carros atrás de nós colidiram e explodiram.

Carros dos traficantes, constatei aliviada um momento depois.

Pelo que vi no espelho retrovisor, nossas viaturas ainda estavam intactos. Ao meu lado, o policial estava pálido de medo, mas não parecia ferido.

Antes que eu conseguisse recuperar o fôlego, ouvi um barulho alto e vi um carro atrás de nós subir no ar e explodir. A viatura caiu de lado, em chamas, e outro carro acabou colidiu com ela. Houve outra explosão, seguida de uma van de saindo da estrada.

Sorri selvagemente ao perceber um policial de pé no meio da viatura, com a cabeça e os ombros saindo pelo teto solar. Devia ter usado o lança-grminha mãedas portátil.

Houve outra explosão quando ele disparou novamente, mas nenhum inimigo capotou desta vez. Em vez disso, um dos carros com traficante desviou, batendo em um de nossas viaturas , e vi o carro de um dos policiais sair da estrada.

Merda. Minha animação desapareceu. Era melhor que ele melhorasse a mira, caso contrário, estaríamos fodidos.

Como que em resposta aos meus pensamentos, houve mais uma explosão, desta vez de uma van dos traficantes atrás de nós. Outro carro deles, bateram nela, mas minha satisfação durou pouco,pois ouvi o barulho de balas contra a lateral de nosso carro.

Xingando, virei o volante e comecei a ziguezaguear de um lado para o outro. Diferentemente da viatura, a cabeça dele não era à prova de balas.

— Vamos! — murmurei, apertando o volante. — Atire nesses putos.

Bum! Outro carro dos traficantes explodiu, levando consigo outro que vinha logo atrás.

— Ele está conseguindo — diz o policial com a voz trêmula. —Eles só têm seis carros agora.

Olhei rapidamente pelo espelho retrovisor e vi que ele tinha razão. Seis veículos inimigos contra cinco dos nossos.

Talvez conseguíssemos.

Subitamente, vi um clarão de fogo no espelho. Dois de nossos subiram no ar e percebi que os traficantes os tinham atacado.

Merda, merda, merda.

— Vamos. Vamos — Meus dedos ficaram brancos no volante. — Vamos, caralho.

Bum! Um dos carros dos traficantes saiu da estrada, com fumaça saindo do capô.

— Ele conseguiu! — A voz do policial tinha uma animação histérica. — Ele conseguiu!

Não tive a oportunidade de responder. Um dos carros inimigos perdeu o controle e bateu em outro. Nossos homens deviam ter atirado no motorista.

— Três deles. Só três! — Ele estava praticamente pulando no assento e percebi que estava cheio de adrenalina.

Depois de um certo ponto, a pessoa deixava de sentir medo e tudo se tornava um jogo, uma empolgação diferente de qualquer outra coisa. Era o que tornava o perigo viciante, pelo menos, para mim.

Eu me sentia mais viva quando estava perto da morte.

Exceto que isso não era mais verdade, percebi com um sobressalto. Meu telefone estava no silencioso, esquecido por causa da preocupação com nossos civis e minha fúria com a morte de nossos homens. Em vez de empolgação, havia apenas uma determinação sombria de sobreviver.

De viver para que pudesse ainda jantar naquela noite com meu marido e me sentir viva de uma forma totalmente diferente.

— Você...— O policial soou subitamente tensa. — está vendo aquilo?

— O quê? — perguntei, mas foi quando o som chegou aos meus ouvidos.

Era o som baixo, mas inconfundível, de um helicóptero.

— É um helicóptero da polícia — diz ele, novamente com a voz trêmula. — Por que há um helicóptero?

Em vez de responder, pisei fundo no acelerador. Havia apenas duas possibilidades: as autoridades tinham ouvido falar no que estava acontecendo ou eram mais policiais corruptos. Eu apostaria meu dinheiro na última opção, o que significava que estávamos além de fodidos. Pelos meus cálculos, o policial com a cabeça em evidência tinha apenas mais um disparo no lança-grminha mãedas e não conseguiria derrubar aquele helicóptero.

— O que vamos fazer? — O pânico dele era evidente. — o que vamos...

— Quieto — Pisei no acelerador, me concentrando na estrutura que crescia à nossa frente. Estávamos quase chegando em um determinado ponto, se conseguíssemos entrar nele, teríamos uma chance.

— Já estamos chegando!— gritei para os policias, fazendo uma curva abrupta para a direita em direção ao morro. Ao mesmo tempo, pisei no acelerador, forçando o carro até o limite.

Estávamos indo a toda velocidade em direção ao topo do morro, mas o rugido do helicóptero ficava inexoravelmente mais alto.

Bum! Meus ouvidos ficaram zunindo por causa de uma explosão e desviei instintivamente a viatura antes de endireitá-la e pisar no acelerador novamente. Atrás de nós, um dos traficantes perdeu o controle e colidiu com outro antes de sair da estrada.

— Atiraram neles. — O policial pareceu abalada. — Ai, meu Deus, o helicóptero atirou neles.

Balancei a cabeça, tentando me livrar do zumbido nos ouvidos.

Mas, antes que isso acontecesse, houve outra explosão ensurdecedora. Um dos carros dos traficantes atrás de nós incendiou, deixando dois carros inimigos e o helicóptero.

O policial conseguira acertar o último disparo.

Antes que eu conseguisse respirar de novo, uma explosão balançou o carro. Minha visão ficou escura e minha mente girou. O zumbido nos ouvidos se transformou em um zunido agudo. Apenas bastante experiência de treinamento me permitiram manter as mãos no volante.

Minha visão clareou e percebi que o policial novato gritava.

— Fomos atingidos, Carolina! Fomos atingidos!

Merda, ele tinha razão. Havia fumaça subindo da parte traseira do carro e a janela de trás quebrara.

— Os outros policias... — comecei a dizer com voz rouca, mas vi um dos que estavam no banco de trás, apareceu no espelho retrovisor.

Ele estava coberto de sangue, mas claramente vivo. Ajudando os demais a se recuperar, entregou uma AK-47 a um deles. Ainda pareciam um pouco estonteados e cheios de sangue, mas conscientes.

Estávamos quase chegando ao topo do morro e tirei o pé do acelerador. Ouvi o policial dando instruções ao policial na parte dela frente. Ele queria que ele corresse assim que parássemos, dando cobertura para ele enquanto isso.

— Você também vai correr com eles, está me ouvindo? — digo, sem tirar os olhos da estrada. — Você sai do carro e corre.

— Está... está bem. — Ele parecia prestes a hiperventilar.

Passamos por um conjunto de casas e pisei fundo no pedal do freio, parando o carro.

— Corra. Agora! — grito, abrindo meu cinto de segurança.

Quando ele saiu do carro, também saí, pegando a M16.

— Agora! — gritou outro policial atrás de mim, abrindo a porta do passageiro. — Vão, agora!

Pelo canto do olho, os vi correr em direção ao barraco com as armas em punho e os dedos prestes a puxar os gatilhos.

Mas, antes que conseguisse verificar se tinham chegado na porta, um carro inimigo entrou no perímetro.Comecei a atirar e o policial que sobrou comigo, se juntou a mim.

O para-brisa do carro se esfacelou quando ele parou à nossa frente e homens armados saíram.

— Volte! Para trás da viatura! — grito para o policial, dando cobertura a ele. Em seguida, ele me deu cobertura quando mergulhei atrás do carro.

— Pronto? — perguntei. Ele assenti. Sincronizando nossos movimentos, saímos um de cada lado do carro e disparamos várias vezes antes de nos escondermos novamente.

— Quatro mortos — disse o policial, recarregando a M16. —Acho que só sobrou um.

— Me dê cobertura — digo, rastejando em volta do carro. Senti o suor escorrer sobre os olhos enquanto rastejava e ele atirava no carro a frente para distrair o homem. Demorei quase um minuto até encontrar uma abertura e disparar no atirador.

Minhas balas o atingiram no pescoço, causando uma explosão de sangue.

Respirando pesadamente, fiquei de pé. Depois do barulho infindável da batalha, o silêncio fez parecer que eu ficara surdo.

— Bom trabalho — disse o policial, dando a volta no carro.

— Agora, se o restante dos nossos homens...

Me detenho quando vejo no outro lado do perímetro, Guilherme descer de uma viatura com uma a AK- 47, pronta para ser usada. Sentia-me como da primeira vez toda vez que o via.

— Vai lá - diz o policial se afastando, seguindo os demais policiais que entraram no barro a frente.

Um sorriso largo iluminou o rosto de Guilherme quando comecei a correr na direção dele.

- O que foi aquilo lá trás?

- Está falando de toda aquela confusão ou...?

- Você ultrapassou o bloqueio.

Inclino a cabeça para o lado, sorrindo levemente, no momento em que ele segura meu rosto com uma das mãos.

- Ainda quero jantar com você essa noite.

- Eu também.

Literalmente eu e Guilherme nos completávamos. Soube disso pouco mais de um mês de namoro e foi quando percebi que era ele que queria para o resto da minha vida.

Antes de darmos o dia como encerrado, a burocracia nos esperava. Havia suspeitos para serem conduzidos até a delegacia, relatórios a serem preenchidos e o fato ainda de ter que lidar com a imprensa. Este pequeno detalhe sempre ficava sob responsabilidade de Guilherme, pois sempre estava a frente das operações.

Depois de mais um dia de trabalho, como de costume, Guilherme me esperava do lado de fora da base, sendo apenas o Guilherme, sem a farda do BOPE e a patente.

- Posso levar a senhorita para casa? - pergunta com uma voz sensual, quando me aproximo.

- Por favor - Ele abre a porta do carona, colocando um dos braços atrás das costas, como um legítimo cavaleiro.

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