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A corte das mentiras

A corte das mentiras

Carolina Souza

5.0
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79
Leituras
3
Capítulo

Nuya é uma jovem que vive em Titânia, um país repleto de problemas e tirania. Devido ao grande número de revoltas espalhadas pelas províncias, de tempos em tempos a corte é realizada. Uma competição que seleciona jovens de todo o país para disputar pela posição de rei e rainha de Titânia, onde regras não valem de nada, e tudo pode ser usado para eliminar seus adversários. Graças a uma conspiração, Nuya é convocada e se vendo sem saída, aceita se tornar uma competidora. Lá, os casais são formados aleatoriamente e Nuya acaba junto de Apolo, um enigmático rapaz vindo de uma província rica e afastada da sua. Se vendo presa em um emaranhado de conspirações, revoltas e traições, ela precisa lutar para sobreviver e se manter sã em meio a toda a pressão da grande corte envolta em mentiras.

Capítulo 1 1. Adeus, Nikko. 

1. Adeus, Nikko.

O corpo de Nikko já havia endurecido. Nuya estava sentada em frente a cova que cavou, mas ainda permanecia acariciando os pelos amarelados do velho cachorro enquanto algumas lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto e acabavam caindo no animal em seu colo.

- Obrigado por tudo, Nikko. - murmurou a jovem, antes de fungar e tomar coragem para continuar o que precisava fazer.

Gentilmente voltou a colocar o corpo no chão, e então se levantou para pegar aquela maldita maleta que também seria enterrada junto de seu amigo de infância. O objeto antigo era realmente muito bonito com seu tom vermelho e os desenhos de flores de lótus entalhadas em dourado, mas a inicial de sua família desenhada ali realmente a preocupava caso aquilo fosse encontrado. O conteúdo daquela maleta era preocupante, mas nada poderia fazer além de esconder aquilo e não permitir que ninguém soubesse de sua existência, não sabia do que exatamente se tratava, mas sabia que poderia causar problemas. Após enterrar o objeto o mais fundo que conseguiu, o tampou com uma quantidade considerável de terra e somente então colocou Nikko ali. Quando terminou de enterrá-lo, voltou a chorar copiosamente apoiando-se no cabo da pá que usou para cavar. Ela não sabia qual foi a real causa da morte do cão, de velhice ou de saudades de seu irmão, seu verdadeiro dono. Após chorar tudo o que poderia, a garota se recompôs como pode e seguiu o caminho de volta para casa, tentando a todo momento não olhar em direção ao lago e a grande árvore de flores rosadas em sua margem para não deixar a tristeza daquele lugar a possuir por completo. Assim que passou pela porta da casa de tom terroso, retirou seus calçados e entrou correndo ao sentir o cheiro de queimado que tomou conta do lugar

- Baa-chan? - chamou ela, ao chegar na cozinha com pressa

Nuya rapidamente desligou o fogo e abriu a panela, tampando o nariz e se afastando automaticamente ao sentir o cheiro insuportável da comida queimada junto do vapor batendo contra seu rosto.

- Baa-chan! - Nuya chamou mais alto

De repente, a idosa de cabelos curtos e grisalhos apareceu na cozinha.

- Oh, Nuya! Finalmente você apareceu, sabe que seu pai fica zangado quando chega e não encontra você e seu irmão em casa! - a idosa alertou, ao se aproximar da janela aberta - Ele vai chegar a qualquer momento...- alertou ela, com o olhar perdido no horizonte - a qualquer momento. - repetiu num sussurro

A garota passou uma das mãos sobre a testa para retirar a camada de suor acumulada ali graças a correria, e soltou um longo suspiro ao se aproximar de sua avó e gentilmente segurar seus ombros para encara-la.

- Baa-chan, meu pai e meu irmão morreram meses atrás. Eles não vão voltar. - Nuya explicou novamente, percebendo a confusão no rosto da idosa - Já conversamos sobre isso, se lembra?

A mulher voltou seu olhar para o horizonte novamente

- Sua mãe então voltará logo, não é? - indaga ela, com certeza tristeza

Nuya engoliu em seco quando seu olhar involuntariamente procurou pela cerejeira do lago e memorias ruins passaram por sua mente.

- Em breve. - foi tudo o que ela disse, desistindo de tentar explicar - Vou preparar o almoço, vá assistir ao noticiário.

O rosto da mulher se iluminou

- Vou terminar de costurar o casaco do seu irmão enquanto isso! - anunciou ela, abrindo um sorriso

A idosa saiu da cozinha, deixando a neta com um aperto no peito graças a sua atual situação. Nuya recomeçou o almoço, já que a primeira tentativa foi completamente queimada. Após a refeição, quando sua avó pegou no sono, a jovem colocou o máximo de garrafas do saquê que conseguiu fabricar na bicicleta e partiu em direção a cidade. Ela vivia em Oshia, uma das províncias mais afastadas da capital de Titânia. A pequena fazenda de sua família era afastada do centro de Oshia, então suas viagens até a cidade eram pontuais para não deixar a velha Mahima sozinha por muito tempo. Enquanto passava pela velha estrada de terra que interligava seu lar com o restante do mundo, observava os pastos vizinhos vazios com cada vez mais sinais do tempo e da natureza e as ruínas das fazendas destruídas no tempo dos levantes. A cada dia que passava, se sentia cada vez mais solitária na fazenda devido à distância entre ela e qualquer outra pessoa, muitos acabaram abandonando a vida na província que ainda sofria com retaliações do governo graças ao último levante, o que a fazia também pensar em uma vida longe dali, o que seria praticamente impossível dada sua situação. A família de Nuya nunca foi abastada, mas mesmo em tempos difíceis as pessoas davam um jeito de conseguir adquirir o famoso Saquê dos Nakamura, seja com moedas de ouro ou trocando itens, fazendo com que a família nunca houvesse passado por períodos de extrema necessidade. Mas agora, Nuya estava sozinha. A produção da bebida caiu drasticamente, afinal mesmo com a ajuda das máquinas que seu pai com muito esforço conseguiu comprar, somente ela estava cuidando das coisas e não poderia se dar ao luxo de contratar um ajudante. Quando finalmente a visão dos prédios cinzentos da cidade deixaram de ser um ponto distante, a garota suspirou aliviada. Conforme passava pelas ruas, sentia o olhar das pessoas pesarem sob suas costas, no passado aquilo a afetava, mas após todas as desgraças que passou pouco se importava com as crendices dos velhos de sua província. Visitou os clientes fieis e conseguiu vender mais da metade das garrafas, o que significava que ela e sua avó não passariam fome ou teriam sua energia cortada no próximo mês. Quando estava prestes a começar o caminho de volta, um carro por pouco não acertou sua bicicleta e a fez cair no chão ao desviar, o motorista furou o sinal vermelho e fugiu dali ao perceber o que tinha feito.

- Senhorita Nakamura? - chamou alguém ao se aproximar com rapidez - você está ferida?

Nuya sentou-se com certa dificuldade e colocou a mão na cabeça, sentindo uma dor forte no local, percebendo os olhares curiosos dos transeuntes das ruas. Quando finalmente saiu do estado de choque, percebeu que quem a chama era o senhor Gardner, um dos poucos habitantes daquela parte da cidade que não a tratava com indiferença por ser estrangeiro e não se importar com as crendices de Oshia

- Eu...- disse ela, voltando seu olhar a bicicleta - estou bem.

Para sua sorte, somente duas das garrafas restantes foram quebradas na queda, ela praguejou quem estava no carro, o reconhecendo e sentindo a raiva se fermentar no fundo de seu ser, mas logo seu olhar e atenção se voltaram as garrafas e a preocupação por perder mercadoria. O homem, percebendo a preocupação da garota, a ajudou a se levantar e disse

- Quero comprar o restante das garrafas, venha trazê-las ao meu restaurante. - pediu ele

Nuya nunca pode imaginar que quase ser vítima de um atropelamento vingativo poderia lhe trazer algo bom, mas ao menos venderia todas as mercadorias. O restaurante do senhor Gardner era pequeno, mas aconchegante, aquela hora da tarde estava vazio, pois normalmente quem o frequentava eram os operários estrangeiros que trabalhavam na hidrelétrica e estavam no meio de seus expedientes. A jovem entregou todos os saquês, garrafas de vidro esverdeadas com rótulo mostrando o emblema da fabricação de sua família, e o senhor pediu um momento e foi para os fundos após lhe fornecer um saco de gelo improvisado, então ela se sentou em um dos bancos altos do balcão e ficou o aguardando enquanto segurava o gelo sob o local onde doía. Ao olhar em direção a rua, se surpreendeu ao encontrar a prefeita Ozu parada nos degraus da prefeitura em frente ao estabelecimento, observando Nuya de maneira estranha. A jovem era acostumada a receber olhares devido aos fatos envolvendo sua família, mas o jeito que a mulher estava olhando a deixou incomodada. Percebendo que foi descoberta, Ozu logo adentrou o grande prédio e desapareceu de vista, deixando a garota aliviada.

- Se importa se parte do pagamento for em frutas? - indagou o senhor Gardner, ao sair da parte de trás do restaurante

- De forma alguma. - respondeu ela, abrindo um pequeno sorriso - Agradeço pela ajuda!

O homem retribuiu o sorriso enquanto colocava as frutas numa sacola e deixava algumas moedas sob o balcão. Alimentos orgânicos eram muito caros, era um bom negócio.

- Nuya, se estiver precisando de qualquer coisa, sabe que pode vir falar comigo ou com minha esposa. Meu filho vai voltar da capital para ficar aqui por alguns dias, posso pedir para que ele vá te ajudar na fazenda...- o homem sugeriu - sei que as coisas não devem estar sendo fáceis com você sozinha com sua avó por lá. Cresceram juntos, sabe que meu Jin não se importaria em ajudar...

- Senhor Gardner, agradeço a preocupação, mas estou conseguindo me virar. Minha vó não está tão ruim assim e tem me ajudado....- ela mentiu, desviando o olhar

O homem sabia que a garota mentia, mas não poderia obrigá-la a aceitar ajuda. De repente, um anúncio urgente começou a ser transmitido na pequena TV posta num suporte na parede do restaurante. Um repórter usando roupas elegantes estava sendo filmado em frente ao esplendoroso palácio da capital

- Boa tarde. São 17:14 desta quarta-feira ensolarada, e estamos aqui em frente ao palácio de Pryon para acompanhar o drama da princesa Padma. O estado de saúde de nossa princesa tem piorado cada vez mais, o que nos faz levantar certos questionamentos sobre qual será o protocolo a ser seguido se infelizmente o pior acontecer, anos atrás os melhores médicos de Titânia afirmaram que a rainha Usha não suportaria uma nova gestação e....

Subitamente a imagem e o som começaram a falhar

- Televisão porcaria...- Gardner grunhiu do outro lado do balcão

Voltando sua atenção a realidade, Nuya pegou a sacola e as moedas do balcão e agradeceu novamente ao homem e então seguiu seu caminho de volta para casa.

[...]

Quando chegou em casa, se apavorou por encontrá-la com as portas abertas e nenhum sinal da velha Mahima. Toda a dor em seu corpo devido à queda de mais cedo sumiu graças a adrenalina que tomou conta de Nuya, que começou a procurar com desespero pela fazenda. Sentia que seu coração iria sair pela boca quando chegou perto do lago, apavorada e com medo de ter de passar por aquela situação traumatizante de novo, mas por sorte não encontrou nada. Procurou no velho celeiro vazio, já que todos os animais tiveram de ser pouco a pouco vendidos, na pequena fábrica, na plantação, mas não encontrou nada. Quando estava perdendo as esperanças e o sol estava prestes a se por, sua atenção se voltou ao antigo templo próximo à fazenda. A garota pegou sua bicicleta novamente e pedalou até lá, soltando um longo suspiro de alívio ao encontrar sua avó no fundo do lugar graças a visão que as portas aberturas da estrutura lhe proporcionaram. O Antigo templo era compartilhado entre todos os residentes próximos dali, mas agora era pouco visitado, já que boa parte dos vizinhos foram embora. Nuya passou pelo portão Torii de tom vermelho após se curvar e logo chegou a fonte, purificando suas mãos com suas águas, subiu as escadas do templo com rapidez e baixou a cabeça batendo palmas duas vezes e somente então retirou seus sapatos e adentrou o lugar. Poderia estar com pressa para ver sua avó, mas nem por isso seria desrespeitosa mesmo não sendo das mais religiosas.

- Baa-chan, quer me matar de preocupação? - indagou ela, ao se aproximar da idosa

Mahima estava sentada em frente ao altar. Alguns incensos estavam quase terminando de queimar no incensário próximo a ela, fazendo com que um cheiro tão familiar e agradável a Nuya invadisse suas narinas

- Me senti solitária em casa. Decidi vir até aqui orar por nossa família - a idosa respondeu, abrindo um pequeno sorriso - Venha, Nuya, se junte a mim.

A garota passou a costa de uma das mãos na testa, retirando a camada de suor acumulada graças a correria até ali e então se sentou ao lado de sua avó. Ambas permaneceram em silêncio, até Mahima finalmente dizer

- Sei que me tornei um fardo. - murmurou ela, comprimindo os lábios em seguida

A doença deu seus primeiros sinais de maneira sutil anos atrás. A mulher, que era tão regrada com horários, começou a se esquecer de suas consultas com o ortopedista, de onde havia guardado seu guarda-chuva ou as chaves, começou a errar as medidas na fabricação das bebidas, até finalmente começar a chamar por seu marido, que havia morrido em um levante bem próximo ao tempo em que Nuya deu os primeiros indícios de existir no ventre de sua mãe

- Não fale isso, Baa-chan. - a garota pediu, sentindo seus olhos marejarem

Talvez as perdas recentes tenham feito o quadro de Mahima piorar, mas ela tinha seus períodos de lucidez.

- Sei que está tentando, querida, mas está tudo bem se desistir. - Disse ela, voltando seu olhar a neta - Ainda é muito jovem para lidar com tudo isso

Nuya estava sozinha. Sozinha com uma fazenda, a fabricação estava dependendo dela, sua avó estava dependendo dela e mal estava conseguindo dar conta de si mesma. Em alguns momentos, quando o desespero se mostrava presente como um fantasma a perseguindo, fazia cotações para verificar o quanto ganharia se vendesse a fazenda, quanto gastaria para manter sua avó numa instituição que realmente lhe desse todos os cuidados necessários e se possível comprar um pequeno apartamento longe de Oshia, pois estava farta daquela cidade. Mas aquilo seria difícil, Nuya assim como seu irmão mais velho, Yuri, foram educados em casa por falta de recursos, os Nakamura poderiam ter custeado os estudos de um dos filhos, mas o pai de Nuya se negou a favorecer somente um lado. A educação que receberam não deixou a desejar, mas também não lhes resultou em um diploma para tentar a vida nas cidades próximas a capital onde realmente teriam uma chance, mesmo que ínfima pensando friamente, de conseguir conquistar boas quantias de dinheiro com algum trabalho que encontrassem por lá.

- Podemos falar sobre isso depois, Baa-chan? - pediu Nuya, de cabeça baixa

A idosa levantou o queixo da neta com sua mão esquerda, fazendo a jovem olhar em seus olhos. Naquele momento a garota percebeu que realmente sua avó estava ali, quem a educou e ensinou muito sobre a vida, e não a mulher confusa que a doença colocava em seu lugar por boa parte de seus dias

- Você está destinada a algo grande, Nuya. E assim como grandes coisas surgem em seu destino, grandes sofrimentos também irão ao seu encontro. - decretou a idosa, com uma seriedade assustadora - Esteja preparada.

A jovem poderia ter se assustado com aquilo, se não houvesse visto acontecer tantas vezes antes. Era um tipo de dom que a família de seu pai carregava, os mais velhos chamavam de vislumbres do futuro. Alguns chamavam de benção, outros de maldição, fato é que Nuya não foi contemplada com aquilo, mas seu irmão sim. Ela se lembrava dos últimos dias de vida de seu irmão e do quanto ele parecia perturbado, por algum motivo no fundo de sua alma a garota sabia que Yuri havia visto algo que provavelmente não estava preparado para ver.

- O que está em meu futuro, Baa-chan? - ela indagou, com receio da resposta

Mahima voltou seu olhar para o altar, e logo depois voltou a olhar para os lados confusa

- Nossa família é amaldiçoada. É o que os habitantes de Oshia sempre disseram sobre nós...- Mahima falou, voltando a sua confusão habitual

A jovem respirou fundo.

- Não somos amaldiçoados. Tragédias aconteceram com nossa família e tivemos má sorte em algumas coisas, a vida é assim, baa-chan. - respondeu ela, ao se levantar - Vem, vamos para casa!

O sol já havia se posto quando voltaram para sua residência. Sua avó insistiu muito para ajudá-la na janta, então ambas estavam na cozinha preparando sua alimentação quando o aparelho da TV ligou sozinho, o que significava que um anúncio do governo seria transmitido e quem não o assistisse seria multado, os governantes eram bem claros quando diziam quererem que os cidadãos de Titânia soubessem de novas leis, acordos ou avisos sobre levantes para evitarem se meterem em problemas, afinal, ninguém gostaria de simplesmente desaparecer como acontece quando alguém questiona demais ou critica demais a poderosa cúpula de Titânia. Nuya parou de cortar os legumes na tábua com rapidez e voltou sua atenção ao aparelho ao retirar uma mecha de seu longo cabelo preto da frente do rosto

- Boa noite. O primeiro-ministro Caleb Aridam acabou de realizar um pronunciamento no palácio de Pryon. Devido às circunstâncias da frágil saúde da princesa Padma Dhawan, depois de 32 anos, uma nova corte será convocada. Jovens entre 18 a 24 anos de toda a Titânia poderão ser chamados para disputar uma das posições de maior prestígio de nosso país: se tornarem nosso novo rei e nova rainha consortes. Fiquem atentos, pois dentro de instantes....

O choque de Nuya rapidamente deu lugar a sensação da dor ao sentir o corte em seu dedo causado por ela mesma e sua desatenção com a faca.

- Está tudo bem, Nuya? - Indagou Mahima, ao escutar o gemido de dor da neta

A jovem balançou a mão no ar e somente então teve coragem de olhar para o sangue escorrendo do corte. Foi até a pia e lavou o local, mas o sangue não parava de escorrer. A idosa pegou a velha maleta de primeiro-socorros e tratou do ferimento da neta, enquanto a mente da garota vagarosamente voltava a pensar sobre a convocação. Titânia nem sempre foi Titânia, antes da guerra boa parte das províncias eram países independentes, que graças aos conflitos catastróficos que ocorreram há muito tempo nunca se recuperaram. Quando os governantes de Pryon, um dos únicos países que após todo o caos se mantiveram de pé, começaram a reivindicar as terras devastadas, mais e mais conflitos aconteceram, até o momento em que Pryon se tornou Titânia graças ao seu tamanho continental e estava tão forte que qualquer um que tentasse contra ela acabaria aniquilado. As terras poderiam ter sido unificadas, mas os povos que viviam entre elas se odiavam, e entre tantos levantes e mortes, os governantes começaram a fazer de tudo para criar distrações. Entre tantas tentativas de manter o povo entretido com algo para que se esquecesse da vida difícil, a corte foi criada. Quinze garotas e Quinze garotos eram convocados dentre todas as províncias para passar por provas muitas vezes ridículas e humilhantes, outras tão perigosas que poderiam acabar os levando a morte, sendo acompanhados 24 horas pelo público que tinha o poder de ajudar ou piorar a situação dos participantes. O último casal que resta ao fim da corte são os ganhadores da posição de rei e rainha consorte, títulos sem grande serventia além de garantir uma vida confortável, pois quem realmente comanda o país são os ministros.

- Mais um espetáculo para Titânia vai começar...- disse Mahima, voltando seu olhar a TV que ainda transmitia mais informações sobre o início da corte

Nuya balançou a cabeça enquanto assistia à imagem gravada das bandeiras de Delhi, cidade de origem do atual rei, sendo retiradas do palácio com pressa pelos servos.

- A princesa ainda nem morreu e já estão tirando tudo de sua família do palácio já que a linhagem não vai continuar...- comentou a garota, indignada

Mahima ajeitou seu óculos de lentes grossas que deslizou em seu rosto

- Nunca fale mal do governo fora desta casa, Nuya. - ela advertiu

Naquela noite, após o jantar, a garota sentou-se na varanda de sua casa e enquanto bebia um pouco de vinho, mexia em seu aparelho celular antigo, o sinal na fazenda sempre foi complicado, então ela cansada de mal conseguir acessar alguma coisa, se levantou e seguiu andando para lá e para cá procurando por alguma melhoria nas barras que demonstravam a força da conexão. Quando finalmente conseguiu perceber a melhora, seu sangue gelou ao ver a notícia com maior evidência e que todos em Titânia acessavam naquele exato momento.

''Governo libera lista de províncias onde os participantes da corte serão convocados, clique aqui e veja agora mesmo''

Já faziam 70 anos desde que ninguém de Oshia era convocado devido ao seu histórico de conflitos. A província passava por tempos difíceis desde o último levante, que terminou um mês antes de Nuya vir ao mundo e causou a morte de seu avô. Desde então, Oshia sempre foi negligenciada, como uma forma de punição e era por isso que muitos filhos da província acabavam a abandonando por se cansar da vida difícil que se levava ali. A garota tomou mais um gole de vinho e clicou na notícia, enquanto aguardava o carregamento da página observou o céu estrelado com certa ansiedade, quando finalmente teve acesso, seus olhos passaram pela lista com rapidez e certo alívio, que durou pouco tempo, pois quando chegou ao fim da página, a última província a ter um participante convocado seria a sua.

Fim do capítulo

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