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A estrela que nunca brilhou

A estrela que nunca brilhou

Vikaa

5.0
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367
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5
Capítulo

Sara, uma moça de só vinte dois anos , teve que abandonar os estudos. Tornou-se arrimo da família , após o trágico suicídio do pai na frente dela e da mãe . A jovem se desdobra desde então, com vários empregos temporários e cuidados com sua mãe, que entrou em uma profunda depressão após o incidente. Sua sorte muda ao conseguir um emprego como faxineira em uma das lojas da rede de academias da prestigiada família Goller. Lá, ela conhece o belo e inseguro Alexander , filho mais velho da família Goller e administrador da rede. E tem o desprazer de também conhecer Allen Jr, irmão mais novo de seu protetor. Allen, fará questão de mostrar a ela que na vida real , diferente dos contos de fadas que ela tanto gostava quando criança, não existem príncipes encantados para pessoas como ela, fora dos padrões.

Capítulo 1 A voz interior

Sara ainda estava deitada quando ouviu o despertador soar, plenas 4h00. Seu horário habitual são as 4h30, para a primeira parada do dia, como diarista.

Sara Kasilhes tem atualmente 22 anos de idade, e com muito custo, terminou o ensino médio há pouco, por correspondência. Isso devido ao suicídio do pai, quando ela tinha apenas 15 anos. Ela lembra todos os dias como foi **Vou te assombrar para sempre ** disse a voz do seu subconsciente. Sim, ela sempre ouvia essa voz na sua cabeça, e todos os dias tentava convencer a garota de desistir. A voz começou no mesmo dia do incidente.

Sara acabara de completar 15 anos. Era um sábado, seu pai chegaria cedo do trabalho para comemorar com as duas. Ele era cobrador de ônibus. Era por volta de 9h20.

Sara estava se arrumando no seu quarto, caprichosamente decorado com o tema de princesas, com direito a paredes cor-de-rosa, cama em formato de carruagem e a penteadeira que mais lembrava um espelho mágico - Ela deu uma olhada por sob os ombros e sorriu - Preciso pedir a mamãe para me ajudar a mudar essa decoração, afinal hoje eu já sou adulta! - Pensou.

Ela se olhou no espelho, satisfeita. Os cabelos, muito ruivos e encaracolados, deslizam pelos ombros. Tinha um laço de fita vermelha no topo da cabeça, no melhor estilo "pin-up girl". Seus olhos eram de um verde claríssimo, quase que acinzentados. Destacados pela máscara de cílios , hoje pareciam maiores que nunca. O rosto estava completamente liso, devido ao excesso de base , que fez questão de exagerar para cobrir as inúmeras sardinhas que lhe enchiam de ponta a ponta os dois lados da face - Eu pareço um pãozinho salpicado com alguma sujeira - pensou.

- Sara?

A voz doce, mas firme, era de sua mãe.

- Senhora ? - respondeu, calmamente.

- Terminou de se arrumar, minha filha ?

A garota sorriu mais uma vez para o espelho e apareceu na copa da cozinha, mostrando de longe seu visual para mãe.

- Você está uma gracinha! - A mulher sorriu largo, apertando os grandes olhos azuis em direção a filha única.

Sara se sentiu, de certa forma, decepcionada. Ela era uma "gracinha"? A última coisa que queria, era ser gracinha. Queria parecer uma mulher fatal, aquilo era a evolução da "princesinha" para uma adulta, perigosa, sedutora. A futura doutora Kasilhes que trajando um terno no melhor estilo "tribunal" , afundaria os bandidos e salvaria os inocentes. Pelo menos era isso que ela sonhava. Mas é claro, as calças jeans de lavagem clara, a blusa estilo baby look cor de rosa com estampa de flor no centro e as sapatilhas cor salmão, não falavam muito a seu favor.

"Chega logo papai!" Ela estava impaciente,

pois adorava Estevam. Sempre fora um pai que se sacrificou pela família, chegando a trabalhar em dois empregos, 9h cada, para não deixar nada faltar a família. E mesmo assim, ele sempre se mostrou um pai amoroso e carinhoso - Se aparecer uma versão só que mais bonita, eu caso! - Pensou a garota, divertindo-se. Imaginou um príncipe encantando , vindo buscar ela na casa para lhe pedir a mão em casamento.

Eram quase 10h, ouviu-se o barulho do portão abrindo e logo a maçaneta era remexida do lado de fora, sentido sala-de-estar.

- Papai chegooooou!! - gritou a ruiva, quase num pulo em direção a porta.

- Calma menina!! - Exclamou a bela senhora de cabelos loiros. Mas também logo a seguiu.

De fato, era Estevam. O mesmo chegou abatido, apático, em nada lembrava o homem alegre e simpático de sempre.

Foi notado pela esposa e filha o estado de perturbação do homem, que estava em desarrumo. A camisa, com uma ponta fora da calça, colarinho para cima. Parecia ter brigado pois a roupa estava cheia de poeira, os cabelos desgrenhados.

- O que ... - a mulher ia perguntar , mas Sara antecipou-se.

- Papai, o que houve com o senhor ??

O homem parecia tragado por outra dimensão, os olhos castanhos, outrora vívidos e brilhantes, eram agora quase um abismo negro. Demorou a fitar as duas, mas quando o fez, foi nítido que se formavam lágrimas, e as mesmas começavam a deslizar pelo seu rosto.

-Ho-Hoje ... Me informaram que haveria um corte na folha de empregados ...-A voz embargada - Que ... O meu nome estava também cotado para a dispensa...

Estevam estava há mais de 20 anos na mesma empresa. Hoje, com seus quase 50, sabia que seria muito difícil se realocar no mercado de trabalho.

A mulher e a filha se entreolharam e foram abraçar ao homem. Ele pareceu não reagir nem com isso . Elas o fizeram sentar no sofá e o consolaram , como podiam.

- Querido, o importante é sempre ficarmos juntos. O resto, nós pensamos depois - Falou Áurea, que era uma mulher doce.

- Isso mesmo papai! Vou procurar um trabalho de meio período, para conciliar com a escola e não precisa mais me comprar presente nenhum! Só não fica triste , tá bom? - O sorriso de Sara era sincero.

O homem chorou, em silêncio. Ele havia feito besteira, sabia disso. Mas como contar, depois dessas palavras tão doces?

Áurea percebeu que faltava algo, mas não queria o forçar.

O homem respirou fundo, tentou sorrir, mas aquilo nem poderia ser chamado de esboço nos lábios finos. Ele virou-se para a filha. Colocou uma das mãos em seus cabelos cacheados e disse com lágrimas nos olhos.

- Me desculpa. Eu te amo.

Após isso, ele se levantou sem falar uma única palavra e foi na direção do quarto do casal, ao qual a porta estava aberta , mas ele fechou em seguida.

A mãe de Sara olhou assustada para a filha, mas antes de conseguir reagir de qualquer forma , ouviu-se o "BOOOM!".

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