Martina, uma jovem comum, faz uma descoberta extraordinária no sótão de sua casa: um livro secreto que desencadeia uma viagem mágica e sobrenatural. Ao tocá-lo, ela é transportada para uma dimensão mitológica fascinante, onde seu destino se entrelaça com a lendária Medusa e suas irmãs górgonas. Martina, sem saber, é revelada como a quarta e última irmã das górgonas, uma revelação que a coloca no centro de uma trama épica e cheia de perigos. Seu objetivo: mudar o coração de Medusa e desvendar os segredos profundos que envolvem a linhagem das górgonas. Enfrentando criaturas míticas e desafios inimagináveis, ela se torna uma heroína relutante, cuja coragem e determinação serão postas à prova. No entanto, o destino tem mais surpresas reservadas para Martina, pois ela se encontra dividida entre dois amores de mundos completamente distintos, uma complicação que a leva a uma jornada emocional complexa. Além disso, a morte súbita de seu pai abusivo desencadeia uma série de segredos há muito guardados, deixando-a perplexa e determinada a desvendar a verdade que paira no ar. "A Última Górgona" é uma história envolvente que combina mitologia, aventura e romance, levando os leitores a um mundo mágico repleto de mistérios e reviravoltas emocionantes. Martina está prestes a descobrir que o destino tem planos grandiosos para ela, e o curso de sua vida nunca mais será o mesmo.
Faz duas semanas que o meu pai não dava notícias e, por mais que eu fingisse não me importar, a minha cara emburrada e o olhar tristonho me denunciavam. Ele nunca ficava em casa, porque as suas amantes lá fora eram muito mais importantes que a sua filha e a sua esposa. Era tão maravilhoso não o ter por perto, pois a sua presença só nos fazia mal, porém, também era muito triste não ter uma figura paterna para te amar e te proteger, já que meu pai era um verdadeiro escroto.
"Precisava esquecê-lo"
Meu leito continuava quente, tornou-se um incômodo continuar deitada ali, mas me deixei consumir por essa dor impertinente que assolava o meu corpo. A preguiça impedia a minha locomoção. Sou uma garota de dezessete anos, na flor da idade, mas isso não refletia na minha realidade, porque as costas doíam como se eu fosse uma idosa no auge dos oitenta anos.
O silêncio em minha mente me deixava à deriva. Levantei da cama com dificuldades, meus movimentos estavam travados como se eu tivesse corrido uma maratona por três dias, totalmente limitada, o que me fez perceber que eu ainda continuava sonolenta da noite mal dormida. Entrei no banheiro, tomei banho e escovei meus dentes que estavam mais amarelados que implantes de ouro, vesti a farda da escola que estava pronta em cima da minha cama. Eu era do tipo de pessoa que preparava tudo a véspera, para não haver atrasos, odiava atrasos, pensei em me maquiar também, precisava parecer viva, embora sentisse o oposto nesse momento.
Hoje será interessante, uma escola nova, vida nova e, eu preciso de fato causar uma boa impressão. Mas não precisava de uma superprodução com tanta coisa, não é uma festa, é só o meu primeiro dia de aula do terceiro ano e sendo sincera, não preciso de maquiagem, pois a minha aparência já passa a impressão que estou, ou melhor, me sinto maquiada, pois a minha pele branca é quase rosada nas bochechas dando um ar de blush, meus olhos e cabelos negros formavam minha própria maquiagem natural. Terminei de me arrumar dando uma última olhada no espelho e desci para a sala.
- Bom dia, filha? O café está na mesa - minha mãe disse ao me ver descer as escadas.
- Bom dia! - respondi desanimada.
Coloquei minha mochila atrás da cadeira para sentar à mesa, e poder tomar meu café normalmente, olhei o relógio e vi faltarem quinze minutos para o ônibus passar.
- Como está a expectativa para o primeiro dia de aula? - perguntou empolgada, parecia que ela seria a novata no meu lugar.
- Aí, se eu pudesse continuaria na minha cama, mas fazer o que, né? - lamentei apoiando meu queixo sob o braço em cima da mesa.
Minha mãe ficou um pouco estagnada com a minha revelação, o que quase me fez rir dos seus grandes olhos arregalados, tentou recuperar a compostura para talvez me transmitir a sua empolgação.
- Faz parte - ela respondeu secamente, parece ter desistido de destilar euforia, o que me deixou agradecida. Não aguento pessoas elétricas pela manhã, de onde tiravam tanta energia?
- O papai deu notícias? - perguntei por mero hábito e não porque fazia falta.
- Não e estou feliz por isso - disse, recuperando todos os traços de contentamento em seu rosto.
Sempre quando eu falava do papai, mamãe entrava em um estado traumático. Mas naquele momento ela parecia vivenciar um misto de sentimentos como alegria e tristeza.
- Quando ele dá as caras, a senhora me liga - Me levantei da mesa e pegando a minha mochila de trás da cadeira para seguir em direção a porta, parando apenas por um instante - Aliás, não. Quando ele aparecer, eu não quero saber - falei friamente indo até minha mãe para lhe dar um beijo na testa - Tchau!
- Tenha um ótimo primeiro dia de aula querida - desejou.
Fiquei aguardando o ônibus escolar na frente de casa. Ele sempre passava às 6h40 certinho, talvez apenas com um ou dois minutos de atraso. O motorista parou para mim e subi com rapidez, vendo uma quantidade razoável de pessoas sentadas na frente, fui para o fundão do veículo onde ainda havia alguns lugares vazios. Sentei na antepenúltima cadeira da fileira esquerda, peguei meus fones de ouvido e sem perda de tempo, os colocando para escutar as minhas músicas favoritas, levantei o capuz da minha blusa moletom sob a minha cabeça e me encostei no vidro da janela relaxando durante todo o trajeto.
Após meia hora estávamos chegando na escola, quando desci segui para o pátio da entrada, as pessoas presentes ali me olhavam com estranheza e descaradamente, o que me fez perguntar se era pelo fato de eu ser novata ou se havia algo realmente estranho em mim, não sei. Quanto mais caminhava, mais as pessoas encaravam, acho que fiz uma merda muito grande na minha maquiagem, era a única explicação para isso. Deviam me achar uma palhaça com esse cabelo horroroso e essa pintura tosca na cara, mas tenho um crédito, não sei me maquiar e nem tenho paciência para assistir tutoriais.
Seguir direto pelo corredor, precisava passar na diretoria para receber o plano de aula e pudesse ir para minha nova sala antes do primeiro horário tocar.
Paro em frente de uma porta marrom com o letreiro escrito diretoria.
- Bom dia, diretora! Posso entrar? - bati na porta que estava meio aberta.
- Pode entrar! - disse a diretora sentada atrás da mesa.
- Sou Martina Leoni, a nova aluna do terceiro ano, queria saber sobre minha turma.
- Ah, sim! - disse, procurando o meu nome na lista que estava em cima da sua mesa - Sua sala é a 13B. Você está sem armário também, não é?
- Sim - confirmei, se ela não me perguntasse nem lembraria de pedir um armário.
- Vamos providenciar isso para você - garantiu, me entregando meu plano de aula.
- Ok, com licença - saí da sala fechando a porta.
⁂
Após rodar praticamente todo o colégio a procura da minha sala encontrei a turma que ela me informou, 13B quase no último andar, sério, odeio escadas. Cadê o elevador? Três lances de escadas só pode ser brincadeira, ofegante, paro na porta que está aberta.
- Seja bem-vinda, srta. Leoni. Me chamo Meriz, sou professora de português. - disse a professora sentada à mesa, que se levantou para se apresentar a mim - Entre!
- Bom dia, professora - respondi, educadamente.
- Venha aqui irei te apresentar a turma - Ela me acompanhou até ficar de frente para os alunos - Classe, essa é Martina Leoni, ela será a nova colega de vocês. Deem as boas-vindas!
- Seja bem-vinda! - todos disseram tão desanimados quanto eu.
- Obrigada! - respondi com timidez, pior que isso é quando nos fazem se apresentar. A escola gosta de traumatizar seus alunos.
- Sente-se e fique à vontade - disse a professora Meriz.
Sentei no fundo da sala na última cadeira vaga. Conseguia ouvir alguns cochichos que tenho certeza serem ao meu respeito, afinal eu era a novidade daquele colégio. Fingir não escutar e tentei prestar atenção na aula enquanto a professora explicava sobre os quatro tipos de gramática.
As horas se passaram tão rápido que quase não percebi que já tive, após português, mais três aulas, estava esgotada, precisava comer e como música aos meus ouvidos ouço o sino bater indicando o intervalo. Levanto entusiasmada, a melhor parte chegou.
No caminho para a cantina, os alunos abriam seus armários para guardar suas mochilas. Lembrei que estou sem armário, mas a diretora prometeu que arrumaria um para mim. Sinto do nada uma mão puxando-me pela alça da mochila, viro e vejo um garoto ainda segurando a minha mochila.
- Posso guardar a mochila pra você com as minhas coisas, se quiser, é claro - sugeriu ele, tentando retirar a minha mochila do meu ombro.
"Mais que garoto gentil, nem me conhece e parece ser tão prestativo."
Ele tinha um cabelo lambido na frente e aqueles óculos redondos enormes que o deixavam parecendo um nerd, o que fazia jus já que pela cara parecia ser mega inteligente. Acho que será bom fazer amizade com um nerd, nunca sabemos quando precisaremos dos seus favores em uma atividade como matemática.
- Tá bom - disse, entregando a minha mochila.
- Me chamo Hebert, e você? - perguntou enquanto ajeitava minha mochila em seu armário
- Martina - respondo com os olhos curvados, sem jeito
- Prazer - Riu graciosamente
Ele soube organizar minha mochila em seu armário, ao lado das suas coisas perfeitamente. Espero que a diretora não demore muito para me dar um armário, não me sinto bem tendo que pedir a alguém para guardar as minhas coisas todos os dias.
Depois de um papo breve com Hebert, me despedi do dele e fui para a fila da cantina à espera do lanche, segurando minha bandeja vazia. Avaliando todo o local avistei um garoto que não parava de me olhar, parecia me encarar com segundas intenções, deve estar atraído pela minha maquiagem horrorosa. Eu não vestia nada demais para chamar tanta atenção, estava apenas usando a farda escolar e uma blusa moletom de manga comprida por cima que é da própria instituição. O cara era extraordinariamente gato.
"O que será que ele está vendo em mim?"
Verifiquei ao redor para ver se os olhares não seriam para outra pessoa, mas não havia ninguém ao meu lado, então de fato os olhares eram para mim. Peguei minha bandeja e coloquei em cima da mesa self-service de alumínio e caminhei para sentar na única mesa vazia. O garoto que me olhava se aproximou de mim e colocou sua bandeja em cima da minha mesa. Fiquei sem entender nada.
"O que deu nesse garoto?"
- Oi, você é nova por aqui? - Ele puxou assunto.
- Sim, é meu primeiro dia de aula - digo, recolhendo as minhas mãos para debaixo da mesa.
- Qual é o seu nome?
- Martina e o seu?
- Rodrigo, ao seu dispor - Ele fez um gesto de cavalheirismo que automaticamente me dá uma pequena crise de risos.
- Você é muito sem noção - sussurro, mas ele dá de ombros mostrando que escutou, o que nos leva a rimos juntos iguais a dois bobos.
- Sem noção é apelido, mas me fala o que você faz no seu dia a dia?
- Bom, eu gosto de assistir séries e...
- Filmes? - Ele me interrompeu.
- Assisto de vez em quando. Não curto muito, gosto de histórias com longas durações - confessei.
- Hum, interessante - sorriu. - Já assistiu "The Walking Dead"?
- Ah, não. - digo, observando o choque em sua face. - Não curto séries macabras, na verdade, eu estou terminando a segunda temporada de "Thirteen Reasons Why".
- Então quer dizer que você acha a série da garota que corta os próprios pulsos numa banheira menos macabra que a série de zumbis? - Ele arqueou uma das sobrancelhas interrogativamente.
- Acho que a série da garota que corta os próprios pulsos na banheira tem um contexto mais interessante que um bando de mortos vivos comendo carne humana - simplifiquei - você não acha?
- Talvez você tenha razão - admitiu.
- Eu sempre tenho razão - repliquei, olhando fixamente para ele.
Ele levantou as sobrancelhas surpreso com a minha audácia e percebeu que seria difícil ganhar de mim nos argumentos. Minha mãe costuma dizer que não sabe de quem herdei essa personalidade de tentar controlar tudo e todos.
- Gosta de livros? - Rodrigo continuou se mostrando ainda mais interessado em me conhecer.
- Isso é um interrogatório? E sim, gosto de mitologia grega - falo, arrancando um meio sorriso dos seus lábios.
- Uai, como ela é um fenômeno! - brincou - Curte música?
- Sim, eu adoro Bon Jovi.
- Sério? - disse arregalando os olhos - Caralho que irado! And I will love you, baby, always - sussurrou empolgado para do nada começar a cantar alto sem se importar com atenção que estava trazendo, um grande louco, óbvio, mas a música "Always" do Bon Jovi ficava bem na sua voz. No início fiquei um pouco sem graça e constrangida, porém ele estava fazendo uma capela só para mim.
- Vai, canta! - Ele me incentivou pegando na minha mão.
- And I'll be there forever anda day - não resistir para só então encerrarmos com... - Always!
Todos estavam olhando para gente com estranheza. Tentamos disfarçar e voltar a comer o nosso lanche na base de risos, os sanduíches que antes estavam quentes, agora quase frios e intocáveis nos pratos. Fiquei um bom tempo admirando aquele garoto à minha frente. Rodrigo é moreno, tem um sorriso fácil, um rosto quadrado e belo, seus cabelos são negros e curtos fazendo-o parecer muito aqueles filhinhos de papaizinho que andam de skate.
"Será que ele é um skatista?"
Assim como eu, ele não conseguia tirar aqueles belos pares de olhos na cor azul hortênsia de mim, enquanto comia seu misto quase frio. Eu tentava disfarçar o clima que estava rolando, mas era inegável o interesse de ambos ali.
O som da TV recém-ligada me tirou dos devaneios, vejo a tia da cantina sentar na cadeira com um controle aumentando o volume para assistir o jornal. Aquilo foi a pior coisa que ela poderia ter feito naquele dia, pelo menos para mim.
A voz da jornalista invadiu a cantina noticiando.
"Um corpo foi encontrado numa ribanceira perto de uma ferrovia. Os documentos encontrados no local identificaram a possível vítima como Saulo Leoni, promotor de uma empresa de aviação..."
Levantei da mesa bruscamente sem acreditar no que meus olhos estavam vendo e os meus ouvidos escutaram. Pouco a pouco a minha mente apagou a voz da apresentadora que noticiava o jornal.
"O que está acontecendo?", era só o que eu conseguia pensar.
Fiquei atordoada, sem chão, meus olhos não paravam de escorrer lágrimas. Logo me bateu uma tontura e meu estômago começou a rejeitar o lanche que havia comido. Corri para o banheiro mais perto da cantina e vomitei no primeiro vaso sanitário que avistei pela frente. Era meu pai que estava sendo noticiado na TV. A sua documentação estava bem nitidamente estampada na tela, era o meu maldito pai. Eu não conseguia compreender as minhas reações. Era para eu estar feliz e aliviada porque agora finalmente minha mãe teria paz, nós teríamos paz, mas não sei o que estava acontecendo comigo. Estava angustiada e passando mal pela morte do homem que torturou a mim e a minha mãe a vida inteira.
- Martina! Martina! - ouço a voz do Rodrigo atrás de mim - Você está bem? - ele perguntou preocupado - O que aconteceu? - disse se abaixando para ficar na minha altura, o abracei e me escondi em seu peito chorando e sem conseguir parar de soluçar. - O que houve? O que aconteceu? - disse, ficando ainda mais preocupado.
- O corpo, anunciado na TV... era do meu p... pai - respondi com dificuldades.
- Sinto muito. Shiu, eu tô aqui. Não deixarei você sozinha, tá bom? - ele prometeu, enquanto alisava os meus cabelos.
Acenei com a cabeça me sentindo mais segura naquele abraço aquecido. Ele me abraçou bem forte e sem deixar de acariciar minha nuca seguido de um beijo na testa. Lembrei da minha mãe e se essa notícia chegou até ela, deveria estar arrasada.
- Preciso ir ver a minha mãe, ela deve estar péssima. Com certeza ela já sabe - Me levantei com dificuldades do chão devido à tontura que havia me consumido, mas precisava sai do banheiro o mais rápido possível.
- Posso te levar para casa se preferir - sugeriu Rodrigo.
- Não, não precisa. Eu pego o busão, você deve estar cheio de problemas, não quero te envolver com os meus - dispensei.
- Faço questão, não deixarei você ir sozinha para casa nesse estado. Vem, eu te levo - Ele insistiu pegando minha mão, guiando até a saída.
Saímos do banheiro, abraçados, encontrando uma turma de curiosos que estavam na porta nos observando. Fomos à diretoria pedir permissão para ir embora, expliquei toda a situação, ela entendeu e assinou a minha liberação, mas não antes de me desejar os pêsames. Pêsames era o que eu menos precisava naquele momento, pois não sinto nenhuma dor pela morte do meu pai.
Rodrigo me guiou para o seu carro, que estava estacionado na garagem da escola. Quando ele ativou o alarme da chave pude ver uma Ferrari luxuosa na cor vermelha piscar os faróis. Foi aí que descobri que o carinha ao meu lado não era um simples garoto e, sim, um filhinho de papaizinho riquíssimo. Nada disse a respeito, naquele momento o que me importava era chegar em casa às pressas. Agilizei meus passos enquanto Rodrigo abria a porta do passageiro para mim, entrei no carro que era mega espaçoso, não tinha como não notar o luxo exagerado que era por dentro, Rodrigo entrou, em seguida, tomando a direção saímos do estacionamento.
Estávamos muito próximos um do outro, mas devido à situação ele tentava esconder o seu interesse por mim, vendo que ali não era o momento. Quando cheguei na minha casa com Rodrigo notei que o clima estava incomum, minha mãe se encontrava sentada no sofá de cabeça baixa. Rafael, um amigo da família, estava a consolando e sendo muito prestativo servindo um copo d'água com açúcar.
- Martina, minha querida! Você soube? Como você está? - Rafael me encheu de perguntas enquanto vinha me abraçar ao me ver entrar pela porta da sala
- Eu estou bem – declarei
Rafael estranhou a presença de Rodrigo ao meu lado, pois nunca havia o visto antes
- Não vai me apresentar o rapaz?
- Esse é o Rodrigo, um amigo novo que conheci na escola e Rodrigo, esse é o Rafael, um amigo da família.
Rafael e Rodrigo se cumprimentaram amigavelmente
- Como está minha mãe? - perguntei ao notar o estado melancólico em que minha mãe se encontrava
- Está péssima, ela não reage, não fala nada, não demonstra nenhuma reação.
- Como ela soube? - indaguei, analisando a melhor forma de me aproximar dela.
- A polícia veio aqui, fizeram várias perguntas. Parece que foi um assassinato - resumiu aflito, sabia que não era fácil para ele ver minha mãe naquela situação.
Fiquei chocada com o que havia acabado de ouvir, mal conseguia ter alguma reação. Nesse momento eu não conseguia sentir dó com a morte do meu pai, diria que aquilo se tornou um alívio e não um lamento.
Din-don, din-don... a campainha tocava.
- Deixa que eu atendo - Rafael disse, indo em direção a porta.
Consegui ouvir pequenos murmurinhos de um homem que se apresentava como policial falando com o Rafael, a conversa foi curta. Rafael fechou a porta e em suas mãos segurava uma pasta grande de cor branca, sua face era rígida e me deixando ansiosa pela sua explicação.
- Era a polícia? O que eles queriam? O que é isso? - enchi Rafael de perguntas, tudo isso ainda parecia muito confuso para mim.
- Sim, eles me entregaram o exame de óbito. Ao que tudo indica, Saulo foi realmente assassinado, eles também disseram que Saulo estava com uma... puta, na noite em que ele morreu - Rafael disse em um tom acanhado com receio da reação da minha mãe.
Ouvir aquilo na presença de uma pessoa desconhecida era algo vergonhoso e deprimente, principalmente para minha mãe, mas não esperava nada menos daquele traste que chamo de pai, já que ele nunca teve responsabilidade afetiva pela sua família.
De repente minha mãe, que apesar do estado letárgico conseguiu assimilar a informação de Rafael, começou a gritar desesperadamente, se lamuriando em prantos para em seguida desmaiar em cima de uma luminária.
- Mãe? - berrei.
Capítulo 1 A Pior Notícia
16/08/2023
Capítulo 2 O Velório
16/08/2023
Capítulo 3 A Rival
16/08/2023
Capítulo 4 O Livro Secreto
16/08/2023
Capítulo 5 Mais Uma Decepção
16/08/2023
Capítulo 6 Don Juan Mitológico
16/08/2023
Capítulo 7 Desonra
16/08/2023
Capítulo 8 Aquele Beijo
16/08/2023
Capítulo 9 A Primeira Vez
16/08/2023
Capítulo 10 O templo De Atena
16/08/2023
Capítulo 11 A Testemunha
23/09/2023
Capítulo 12 Como Nos Livros
23/09/2023
Capítulo 13 A Sombra De Saulo
23/09/2023
Capítulo 14 Triângulo Amoroso
23/09/2023
Capítulo 15 A Entrega De Sentimentos
23/09/2023
Capítulo 16 O Reencontro Com Criptus
23/09/2023
Capítulo 17 O Que É Real
23/09/2023
Capítulo 18 Dividida Entre Dois Amores
23/09/2023
Capítulo 19 Imaturos
23/09/2023
Capítulo 20 Na Calada Da Noite
23/09/2023
Capítulo 21 Aliança Do Mal
26/09/2023
Capítulo 22 Serpente Fria
26/09/2023
Capítulo 23 As Vantagens De Ser Uma Górgona
26/09/2023
Capítulo 24 Os Parentes
26/09/2023
Capítulo 25 A Serpente Gigante
26/09/2023
Capítulo 26 Armadilha
26/09/2023
Capítulo 27 Não Esperava Isso De Você
26/09/2023
Capítulo 28 Delírios
26/09/2023
Capítulo 29 O Sequestro De Adazar
26/09/2023
Capítulo 30 Rindo Da Cara Do Perigo
26/09/2023
Capítulo 31 Força e Coragem
26/09/2023
Capítulo 32 O Regate
26/09/2023
Capítulo 33 Mais Que Irmãs... Adelfés
26/09/2023
Capítulo 34 Columbine
26/09/2023
Capítulo 35 Entre A Vida E A Morte
26/09/2023
Capítulo 36 Eu Ainda O Amo
26/09/2023
Capítulo 37 Perdas Irreparáveis
26/09/2023
Capítulo 38 Segredos Obscuros
26/09/2023
Capítulo 39 Os Algozes
26/09/2023
Capítulo 40 Davania
26/09/2023