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Eu já fui a CEO de um império farmacêutico, a mulher que comandava reuniões e decidia o destino de milhares.
Agora?
Agora eu era um fantasma na minha própria cozinha, forçada a servir o marido que roubou minha vida.
Breno não apenas tomou minha empresa e armou para que eu fosse declarada louca. Ele se sentava à mesa com sua amante, Karina, e me obrigava a comer as sobras de seus pratos como se eu fosse um cachorro sarnento.
Eles envenenaram meu pai para tomar seu legado.
Fizeram o mundo acreditar que eu era instável, perigosa.
Me fizeram esfregar o chão de mármore até que minhas mãos estivessem em carne viva, sangrando e ardendo.
Cada dia era uma atuação de submissão total, um risco calculado para proteger meu filho, Léo, da crueldade deles.
Eles achavam que meu silêncio era derrota.
Acreditavam que os remédios tinham me transformado em uma casca vazia, sem saber que eu fingia tomá-los há semanas.
Mas quando eles demoliram a casa da minha infância e profanaram o túmulo do meu pai, a última brasa da minha antiga vida se apagou.
No lugar dela, nasceu uma determinação fria e impiedosa.
Esta noite, não vou apenas fugir com meu filho.
Vou levar as provas dos assassinatos e das fraudes comigo.
E não vou parar até que o império roubado deles vire cinzas.
Capítulo 1
A pesada colher de prata bateu contra a tigela de cerâmica. Minhas mãos estavam firmes. Firmes até demais para alguém que acabara de ouvir que não valia nada.
— Clarice, querida, o bisque precisa de mais sal. — A voz de Karina, doce como veneno, flutuou da sala de jantar. — A menos que você prefira sem gosto agora? Alguns de nós ainda têm paladar refinado.
Não respondi.
Meu reflexo no aço polido da colher não mostrava nada. Apenas olhos vazios, um rosto pálido. Um espectro rondando os eletrodomésticos de última geração.
— Não, Karina. Acho que está no ponto. — Minha voz saiu plana, sem vida. — O excesso de sal entorpece o paladar.
Ouvi uma expiração irritada vinda da sala de jantar. Eu podia sentir os olhos de Karina nas minhas costas, mesmo através da parede. Julgando. Sondando. Tentando encontrar uma rachadura na minha fachada.
Peguei um guardanapo de linho branco imaculado, alisando uma dobra imaginária. Meus dedos se moviam com uma lentidão deliberada. Cada gesto era uma performance agora. Cada respiração, um passo em campo minado.
Uma figura apareceu na porta, bloqueando a luz.
Karina.
Seu cabelo loiro perfeito, seu sorriso predatório. Ela me observava, o olhar demorando nas minhas mãos, depois no meu rosto. Um brilho de algo feio, algo triunfante, cintilou em seus olhos.
O silêncio se esticou, denso e sufocante.
Então, Breno entrou, envolvendo a cintura de Karina com o braço. Ele beijou a têmpora dela, um gesto lento e possessivo que me atingiu como um soco no estômago. A risada deles, leve e íntima, ecoou pela cozinha. Bateu na minha pele, deixando um resíduo frio e pegajoso.
— Bom dia, amor. — A voz de Breno, grave e suave. A voz que um dia me prometeu a eternidade. Agora, era apenas uma ferramenta de sua crueldade.
Karina recostou-se nele, o olhar ainda fixo em mim.
— Breno, querido, adivinha? Nosso pequeno Léo dormiu a noite toda! Sou praticamente uma supermãe. — Ela se gabou, a voz pingando um orgulho artificial.
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