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1º Capít lo
Quatro anos se passaram depois da minha revelação aos meus pais. No
início pareceu que meu pai não ficou muito satisfeito que eu namorasse a
Sabrina, mas depois de um tempo ele se acostumou com a ideia.
Nesse tempo eu tive altos e baixos com a Sabrina. Ela é complicada.
Quando cisma com alguma coisa, insiste até você confirmar. Minha mãe diz
que ela é mimada e que não mede esforços para conseguir o que quer.
Não acredito que seja uma coisa assim tão radical... Sabrina não faria mal a
alguém só para conseguir o que quer, não é? Eu acho que não. Ela só não sabe
ouvir um não quando quer algo. Os pais dela sempre tiveram dinheiro, mas
agora parece que o pai está tendo problemas no trabalho. Eu não sei ainda o
que é e a Sabrina fica furiosa quando tocam nesse assunto.
Meu pai milagrosamente estava em casa para o almoço e assim pude
perguntar. Ele é bem chegado ao pai da Sabrina.
— Pai?
— Oi, filho.
— O que aconteceu com o pai da Sabrina?
Ele ficou em silêncio me olhando por um momento.
— Ela não contou?
— Não. Na verdade, toda vez que alguém pergunta ela fica estressada,
então não quero tocar no assunto.
— Imagino mesmo o porquê de tanta revolta.
— Me diga então.
— O pai dela faliu.
— Faliu? Como?
— Ao que parece não pagava impostos... E também descobriram um
bocado de falcatruas na empresa dele.
— Jura?
— Qual a surpresa? Achou que ele fosse um homem honesto?
— Na verdade, achei. Você sabia que ele fazia essas coisas?
Meu pai suspirou e mexeu na comida sem prestar muita atenção ao que
fazia.
— Sim. Falei muitas vezes que um dia isso poderia dar problemas, mas ele
não quis me ouvir.
— Hum...
— Sabrina deve estar de mau humor, pois agora não terá mais a vida de
princesa que está acostumada.
— Mesmo que isso seja bem chato, ela tem emprego e ganha um salário.
Depois deve se acostumar.
Meu pai soltou uma sonora risada e eu franzi a testa. Qual a piada?
— Meu filho você não sabe que ela só está naquele emprego para encher
linguiça?
— Como assim?
— Geraldo deu um intimado. Ou ela arrumava um emprego, ou perdia a
mesada que ganha.
— Mas se ela arrumasse um emprego, qual a lógica da mesada continuar?
— A mesada é obscena, Daniel. Ele fez isso só pra ver se a Sabrina criava
um pouquinho de responsabilidade na vida. Mas pelo jeito... — A frase morreu
na boca dele e percebi que me olhou de um jeito esquisito.
— O que?
— Melhor mudarmos de assunto. Não quero que pense que estou falando
mal da sua namorada.
— Mas está? — perguntei calmo.
— Não. Só contei o que sei.
— Então pronto. Não vou achar nada.
— Tudo bem, mas vamos mudar de assunto. Chegaram dois novos
cavalos no Haras hoje. Quer conhecê-los?
— Claro. Você comprou?
— Ainda não... — Fez suspense.
— Hum... Que horas você vai?
— Depois de comer.
— Tá bom — falei sorrindo.
Adoro ficar no Haras. Principalmente quando tem algum cavalo novo.
Comecei a treinar salto há uns anos e gosto muito do que faço. Estou
pensando em começar a dar aulas lá...
Ao chegarmos ao Haras, meu pai pediu para ir até o estábulo e que os
cavalos estavam lá, mas não veio comigo. Dei de ombros e fui. Lá encontrei o
Miguel.
— Oi, Miguel. Meu pai falou que tem dois cavalos novos.
— Ah sim. Chegaram hoje de manhã. Vem cá. — Fez um movimento
pedindo para segui-lo.
Fui atrás dele e parei quando ele parou. Era um cavalo marrom com
manchas brancas. Bem bonito.
— Esse aqui tem dois anos. Disseram já ser adestrado e é bem manso. —
Passou a mão no focinho do cavalo e ele ficou parado.
— É bem bonito.
— Vamos ver o outro.
Segui ele até o fim do estábulo e assim que olhei o cavalo que estava lá
dentro, fiquei um longo momento sem piscar. Era o cavalo mais bonito que eu
já vi na minha vida! Todo preto. A crina lisa caia de um lado da cabeça e ele
brilhava de um jeito exuberante. Estava no final da baia, bem distante da porta.
Me aproximei e ele me olhou.
— Er... Sr. Daniel, não se aproxime muito...
— Por que não?
— Esse não é manso como o outro.
— É selvagem? — Virei meu rosto na direção de Miguel.
Sabe aquelas histórias de que pegam cavalos selvagens para adestrar?
Detesto esse tipo de coisa! Se o animal já está acostumado a ser livre, que
continue sendo!
— Bem, o dono diz que nasceu na fazenda dele, mas que nunca deixou
ninguém o montar.
— Sei... — Voltei a olhar o cavalo. Ele continuava no canto da baia e não
tirava os olhos de mim.
— Qual o Sr. gostou mais?
— Desse.
— Mas ele é indomesticado.
— Por que meu pai trouxe eles dois? — Voltei a olhar Miguel.
— Ele não disse?
— Não.
— Bem, então melhor perguntar a ele.
Franzi a testa e voltei a olhar o cavalo. Parecia hipnotizado. Estava do
mesmo jeito desde que me viu.
— Vou falar com ele então.
Segui até o escritório do meu pai e lá encontrei ele e o Rodrigo, que me
cumprimentou com um aperto de mão.
— E aí? Gostou deles?
— São lindos. Mas por que trouxe eles?
Meu pai sorriu largamente e eu pisquei, confuso.
— É seu presente de aniversário, filho.
Arregalei os olhos. Um cavalo? De aniversário? Será que meu pai sabe que
um presente é uma lembrança, ou uma blusa nova, ou qualquer coisa menos
extravagante, ou cara?
— Mas...
— Você não disse que queria começar a entrar em competições?
— Sim, mas...
— Então pronto! Precisa de um cavalo seu. Somente seu.
— É, mas...
— Ótimo! Estamos entendidos! Qual você escolheu?
Suspirei derrotado.
— O preto.
— Tem certeza? — Rodrigo perguntou.
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