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São Paulo | Brasil
O som da marcha nupcial ecoava forte pelas paredes da igreja. Cada passo de Amanda era pesado, como se seus pés soubessem antes de sua mente que algo não estava certo. As flores estavam no lugar. Os convidados sorriam. As câmeras registravam cada segundo. Mas o coração dela batia em descompasso.
Ela chegou até o altar. Sorriu. Esperou.
E esperou mais um pouco.
Os segundos viraram minutos. Os olhares curiosos começaram a se entrecruzar pelos bancos da igreja. Um burburinho discreto se espalhou como rastilho de pólvora.
Amanda olhou para o padre. Ele mantinha a compostura, mas folheava o livro cerimonial com uma tensão evidente. Seu pai, logo atrás dela, trocou um olhar nervoso com a mãe. O irmão mais novo dela já não disfarçava a impaciência.
- Ele tá vindo, né? - sussurrou Amanda, virando o rosto para sua cerimonialista.
A mulher, toda vestida de preto, apenas deu um sorriso frágil. Depois se afastou discretamente.
Amanda tentou engolir o nó que se formava em sua garganta. Seu noivo, Daniel, ainda não tinha aparecido. O homem com quem ela namorava há quase dois anos. O herdeiro da Mancini Construtora. O homem que a pediu em casamento com toda pompa e circunstância... agora sumia no dia da cerimônia.
E não era qualquer cerimônia.
A união entre Amanda Costa e Daniel Mancini era mais do que um casamento. Era um contrato entre famílias. Uma aliança de negócios que já havia movimentado cifras milionárias antes mesmo do "sim". Se ele não aparecesse...
- Eu vou ver o que está acontecendo - disse o pai dela, firme, tentando conter a frustração.
Amanda desceu os degraus do altar lentamente. Sentia os olhares pesando sobre seu corpo. A maquiagem começava a escorrer. A vergonha vinha em ondas, misturada com uma raiva surda. Como ele pôde fazer isso com ela?
Ela entrou pela sacristia e encontrou a cerimonialista ao telefone. Assim que a viu, a mulher abaixou o celular, nervosa.
- Amanda, escuta... o Daniel... ele... - Ela gaguejava. - Ele não vem.
- Como assim, não vem?
- Ele fugiu. Deixou uma mensagem pro irmão. Pediu pra avisar que não vai casar. Que não pode.
Amanda sentiu o chão sumir. Um zumbido preencheu seus ouvidos. O rosto dela empalideceu. Precisou se segurar numa cadeira para não cair. As palavras da cerimonialista giravam em sua cabeça como um vendaval.
Daniel fugiu.
O noivo fugiu.
Deixou ela no altar.
- Isso é algum tipo de piada? - ela perguntou, entre os dentes.
- Eu... eu queria que fosse.
Amanda fechou os olhos, respirando fundo. Quando os abriu, a expressão dela já não era de desespero, mas de pura fúria.
- Onde está o Lucca?
A mulher franziu a testa, confusa.
- O irmão dele. Cadê o Lucca Mancini?
Minutos depois, Amanda estava de frente com Lucca Mancini na antessala da igreja. Ele vestia um terno escuro, perfeitamente alinhado. O olhar dele, por trás dos olhos cinzentos e penetrantes, era duro como pedra. Ele segurava o celular na mão e o mostrava para Amanda.
Uma mensagem, curta, direta:
"Não posso. Me perdoem. Estou indo embora. Daniel."
- Isso não faz sentido - disse Amanda, a voz embargada. - A gente estava bem. Ontem mesmo ele me disse que estava feliz...
Lucca continuava impassível. Era mais velho que o irmão, cerca de 35 anos, com uma presença forte, quase intimidante. Não parecia surpreso. Só irritado. E calculista.
- Ele é um covarde - declarou. - Mas isso não muda o fato de que temos um contrato a cumprir.
Amanda olhou para ele, confusa.
- Que contrato?
- O contrato de fusão entre a Mancini Construtora e a rede de hotéis Costa. Os documentos já estão assinados. O casamento era a cereja do bolo. A mídia está aqui. Os investidores estão aqui. Se a cerimônia não acontecer, nossa credibilidade vai pro ralo.
Amanda sentiu a náusea subir. Estava ali, envergonhada, humilhada, e aquele homem só falava de negócios?
- O que você quer que eu faça? Case com o vento?
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