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A primeira pista de que minha vida era uma mentira foi um gemido vindo do quarto de hóspedes. Meu marido de sete anos não estava na nossa cama. Ele estava com a minha estagiária.
Descobri que meu marido, Bruno, estava tendo um caso de quatro anos com Kiara — a garota talentosa que eu estava orientando e para quem eu pagava pessoalmente a faculdade.
Na manhã seguinte, ela se sentou à nossa mesa de café da manhã, vestindo a camisa dele, enquanto ele preparava panquecas para nós. Ele mentiu na minha cara, prometendo que nunca amaria outra, pouco antes de eu descobrir que ela estava grávida de um filho dele — um filho que ele sempre se recusou a ter comigo.
As duas pessoas em quem eu mais confiava no mundo conspiraram para me destruir. A dor não era algo com que eu pudesse conviver; era a aniquilação do meu mundo inteiro.
Então, liguei para um neurocientista sobre seu procedimento experimental e irreversível. Eu não queria vingança. Eu queria apagar cada lembrança do meu marido e me tornar sua primeira cobaia.
Capítulo 1
Ponto de Vista: Elara
A primeira pista de que minha vida era uma mentira não veio como um grito, mas como um gemido abafado vindo do quarto de hóspedes no fim do corredor.
Abri os olhos, piscando. O relógio digital na minha mesa de cabeceira brilhava um suave e zombeteiro 2:14 da manhã. O espaço ao meu lado na nossa cama king-size estava frio. Vazio. Bruno não estava lá.
Um nó de angústia se apertou no meu estômago. Ele vinha trabalhando até tarde há meses, seu império de tecnologia exigindo cada vez mais de seu tempo, mas ele sempre, sempre vinha para a cama. Mesmo que fosse apenas para beijar minha testa e sussurrar que estava voltando para o escritório em casa, ele sempre me via primeiro.
Sentei-me, o lençol de seda se acumulando em volta da minha cintura. A casa estava quieta, envolta no silêncio profundo da nossa propriedade isolada em uma falésia no Guarujá. E então eu ouvi de novo. Uma risadinha baixa e feminina, rapidamente silenciada.
Meu coração martelava contra minhas costelas, um pássaro frenético e aprisionado. Não podia ser. Não na minha casa. Não no nosso lar.
Deslizei para fora da cama, meus pés descalços silenciosos no piso frio de madeira. Não acendi as luzes. Movi-me como um fantasma pelas sombras familiares da vida que eu pensei que tínhamos construído. O corredor era um túnel longo e escuro, levando a uma verdade que eu não tinha certeza se conseguiria enfrentar.
À medida que me aproximava da porta do quarto de hóspedes, as vozes se tornaram mais claras. A voz dele, grave e familiar, uma voz que uma vez salvara minha vida e prometera me amar para sempre. E outra voz. Uma voz mais jovem, ofegante e ansiosa.
"Bruno, para", ela sussurrou, mas seu tom era brincalhão, encorajador. "Ela vai nos ouvir."
Meu sangue gelou. Ela. Eu era *ela*. O obstáculo. O pensamento secundário na minha própria casa.
"Ela tem o sono pesado", Bruno murmurou de volta, sua voz grossa com um desejo que eu não ouvia há meses. "Além disso, ela está exausta. Passou o dia todo no estúdio."
A maneira casual como ele falou de mim, como se eu fosse um móvel que ele precisava contornar, foi um golpe físico. Pressionei meu ouvido contra a madeira fria da porta, a respiração presa na garganta.
"Ela é realmente tão boa assim?", a garota perguntou, sua voz misturando uma estranha admiração e desafio. "A grande Elara Rios. O prodígio da arquitetura."
"Ela é brilhante", disse Bruno, e por um segundo nauseante, senti uma faísca de esperança. Ele estava me defendendo. Mas então ele acrescentou: "Mas você, Kiara... você tem algo que ela não tem."
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