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Meu marido, Heitor, e eu saímos juntos do inferno do sistema de adoção, construindo um império de software do zero. Ele era meu herói, o homem que jurou que sempre me protegeria.
Mas ele ficou obcecado em "salvar" uma mãe solteira manipuladora, esvaziando nossas contas e destruindo nosso casamento. Eu pensei que o bebê que eu carregava em segredo poderia ser a ponte para trazê-lo de volta para mim.
Então, na minha primeira consulta pré-natal, o filho dela me atacou. Ele bateu com a cabeça na minha barriga, e um universo de dor explodiu dentro de mim enquanto eu desabava, sangrando no chão frio do hospital.
Eu implorei por ajuda a Heitor. Ele olhou do meu rosto pálido para a criança chorando e fez sua escolha.
"Você precisa se controlar", ele disse friamente, pegando o menino nos braços e se afastando, me deixando para perder nosso filho sozinha.
Ele deixou nosso primeiro bebê morrer, e agora o nosso segundo. Seu amor era uma mentira.
Então, enviei a ele um último presente para se lembrar de mim: os papéis do divórcio e um pequeno frasco contendo o corpo do filho que ele abandonou.
Capítulo 1
Ponto de Vista de Alice Campos:
A ligação que explodiu minha vida chegou às 15h17 de uma terça-feira.
Eu estava no meio de uma reunião do conselho, apresentando as projeções de crescimento trimestral da nossa empresa de software, quando meu celular vibrou sobre a mesa de mogno polido. Número restrito. Ignorei. Vibrou de novo, insistente.
"Com licença por um momento", eu disse, minha voz suave e profissional enquanto silenciava o telefone.
Mas então tocou novamente, e desta vez uma mensagem de texto se seguiu. *Polícia Civil de São Paulo. Assunto urgente sobre seu marido, Heitor Werner. Por favor, ligue imediatamente.*
Uma onda gelada me percorreu, tão intensa que tive que me agarrar à beira da mesa para não cair. Os rostos dos membros do conselho se transformaram em um borrão de aquarela. Meu coração martelava contra minhas costelas, um pássaro frenético e aprisionado.
Heitor.
Minha mente correu por mil cenários aterrorizantes. Um acidente de carro na Marginal. Um colapso súbito. Algo terrível tinha acontecido. Tinha que ter acontecido.
Não me lembro de encerrar a reunião. Não me lembro do trajeto. Minha próxima memória clara é do cheiro estéril e antisséptico da delegacia, um cheiro que arranhava o interior do meu nariz e trazia de volta memórias que passei a vida inteira tentando enterrar.
"Estou aqui por causa de Heitor Werner", disse ao policial na recepção, minha voz tensa. "Meu nome é Alice Campos. Sou a esposa dele."
Os olhos do policial continham um brilho de algo — pena, talvez? Isso fez meu estômago se contrair. Ele me indicou um corredor, para uma sala pequena e lotada.
E foi quando eu o vi.
Heitor não estava em uma cela. Ele não estava ferido. Ele estava parado no meio da sala, seus ombros largos curvados, o braço envolvendo protetoramente uma mulher que soluçava em seu peito.
Brenda Quinn.
A garçonete da lanchonete da rua de baixo. A mãe solteira com a história triste que Heitor ficou obcecado em "salvar" nos últimos seis meses.
A visão deles não apenas doeu. Foi além disso. Foi uma exaustão profunda, que vinha da alma. Foi a sensação de correr uma maratona apenas para ser informada na linha de chegada que você tem que correr tudo de novo.
Eu lutei essa batalha por meses. As ligações tarde da noite. Os empréstimos de "emergência" que ele deu a ela da nossa conta conjunta. A maneira como ele falava das dificuldades dela, sua voz carregada de um cavalheirismo equivocado que era um tapa na minha cara, a mulher que tinha saído do sistema de adoção ao lado dele.
Caminhei em direção a eles, meus saltos batendo um ritmo agudo e raivoso no piso de linóleo.
Heitor olhou para cima, seus olhos se arregalando quando me viu. Ele instintivamente puxou Brenda para mais perto, protegendo-a como se eu fosse a ameaça.
"Lice", ele começou, sua voz um apelo baixo. "Não é o que parece."
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