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João Marcelo, chegará de viagem e finalmente poderei matar a saudade que estou sentindo, pedi para ser liberada mais cedo do trabalho e como não sou de faltar eles me liberam, vou preparar uma surpresinha especial, o elevador está em manutenção então terei que subir as escadas, começo a subir os degraus e as pessoas ficam me olhando como se eu fosse louca, pois o Rio está um calor que deixa o inferno no chinelo e eu de sobretudo, pois estou escondendo minha fantasia de coelhinha, sabe qual foi a pior parte? colocar esse plug anal, mas tudo valerá a pena no final.
Cheguei em nosso apartamento com uma garrafa de champanhe e duas taças nas mãos, estranhei o fato de a porta estar aberta, mas logo um sorriso brotou de meus lábios quando vi o caminho de pétalas, acho que pensamos a mesma coisa. Sigo a trilha animada e paro em nosso quarto, abri a porta animada, mas nada me preparou para aquilo. João Marcelo, meu futuro marido, o cara que imaginei sendo pai dos meu filhos estava na nossa cama com outro. Ele estava de quatro e um homem o penetrava.
Em nosso quarto, nossa cama. Eu ainda tinha um sorriso nos lábios ao entrar no quarto e pareceu que ele perdurou por uma eternidade em meu rosto. Sei que enquanto eu viver, jamais conseguirei tirar essa imagem de minha cabeça.
Fico estática olhando aquela cena. O choque foi tão visceral, que nem percebi que chorava. Como pode as lágrimas serem mais rápidas que nossos pensamentos?
Sei que durou segundos, mas pareceu que estava tudo em câmera lenta. João Marcelo saiu de debaixo do rapaz, atrapalhado e tentando se cobrir com o lençol. Nosso lençol, meu Deus, como pode isso?
Pode parecer ridículo, mas uma coisa me passou pela cabeça em milésimos de segundos: João Marcelo, meu noivo, sempre foi tão machista com passar a mão em sua bunda, quem dirá um dedo. E agora isso? O barulho da garrafa de champanhe me pareceu tão alto. Quebrou e um pouco do líquido espirrou em minhas pernas, mas isso não me preocupou no momento. O que era uma garrafa de champanhe perto do que estou vendo? Quem sabe se eu fizer força eu acorde? Porque isso só pode ser um sonho, ou melhor, um pesadelo. Mas se fosse sonho ou pesadelo, não sentiria dor, e a dor está me dilacerando nesse momento. Hoje era para ser um dia especial. O rapaz está sentado na minha cama. Evita me olhar nos olhos. Eu não o conheço – menos mal – , percebo que ele olha para suas roupas jogadas na minha poltrona, mas está envergonhado de se mexer, ou estaria com medo de mim? Por que não pensou nisso antes de entrar em minha casa e enrabar o meu marido? Acho que ele está com medo de eu fazer escândalo. Outra pessoa, outra mulher estaria aos berros agora, mas estou entorpecida. Sinto minha boca amarga e…
Vomitei nos pés de João Marcelo. Nem me lembro de ter comido milho. Como podem esses tipos de pensamentos passarem por minha cabeça numa hora dessas? Deve ser o choque. É um absurdo, eu sei, mas me senti menos mal por tê-lo sujado. Ele fala comigo, mas não o ouço, só vejo sua boca se mexer. Será que estou tendo um aneurisma? Ou um infarto? Pois sinto muita dor meu peito. Então é isso que dizem quando falam coração quebrado? É essa a dor que sentem quando têm o coração partido?
Ele me deu um tapa no rosto, é isso?
Ah, sim, eu estava em choque, ele fez isso para que eu o ouvisse, o canalha.
— Você está ferida, venha, sente-se aqui. – Me diz João Marcelo e me conduz com carinho, segurando meu braço para que eu me sente na poltrona.