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2000 a.C
O Reino dos Céus sempre foi um lar de ensinamentos, amor ao próximo, fazer a vontade de Nosso Pai e levar sua palavra para onde quer que fôssemos. Por eras a nossa única tarefa foi essa, a felicidade plena, sem tempestades ou dias escuros.
Mas agora o que vejo é o semblante preocupado no rosto de cada um dos meus irmãos, nunca vira em toda a minha existência algo assim. A plena paz e a harmonia nunca deixaram margem para preocupações, mas agora ele nos preocupava. Algo tinha mudado, não sabemos como se manifestou esse sentimento no coração de nosso irmão, no entanto ele não é mais o mesmo e o pai sempre soube que iria acontecer.
Era tarde demais para evitar o que estava por vir e eu sabia disso, em meu coração sentia que estávamos perdendo-o para o que mais abominamos.
O pecado.
Não somente ele, mas boa parte de nossos irmãos estavam pecando da forma mais suja que vi. O modo como falava com Nosso Pai era assustador, a vaidade o tinha dominado e eu podia ver em seus olhos. Ele não era mais o mesmo.
― Por que não posso ser como você? A sua imagem e semelhança, exatamente como eles são ― bradou Lúcifer ao Nosso Pai.
Lúcifer se referia a mais perfeita criação do pai, feita a sua imagem e semelhança, pois tudo que Ele cria é perfeito, bom e livre de defeitos. O homem foi a sua mais bela criação! Nosso pai deu-lhes um jardim e tudo que possuí nele para seu usufruto. Lúcifer não se conformava em ser apenas um servo, queria ser como o pai e gozar de todo poder.
― Filho, você é perfeito, o portador da luz, é o líder assim como Messias, porém não pode ser como eu ― meu pai disse serenamente.
Eu apenas observava a cena e não conseguia entender por que Lúcifer proferia todas essas palavras tão impróprias para mim, justo ele que tanto me ensinou. Lúcifer foi o primeiro arcanjo a ser criado, o pai o confiou para ser o portador da luz e espalhar os ensinamentos de sua palavra para todos nós. Era o anjo mais belo e admirado por todos, nosso exemplo, meu espelho de ser mais perfeito e bom. Seu erro foi direcionar o amor somente para si mesmo e isso o fez cobiçar todo o poder de Nosso Pai. Tomado pelo orgulho e pela vaidade ele se rebelou contra nossa família e quase destruiu nosso reino.
Lúcifer usou de sua influência entre os demais anjos para plantar a semente da dúvida e descontentamento a respeito do modo de governar de Nosso Pai, insinuando que Ele abusava do poder e não nos dava liberdade. Sua habilidade de persuasão fez com que muitos anjos se revoltassem contra nós, uma rebelião estava formada, uma guerra como nunca havia presenciado. Eu não era um mero espectador, participei ativamente dela em defesa do pai e de toda minha família.
― És o criador de tudo, mas não permite que todos teus filhos vejam tua verdadeira face, por que Deus? ― Lúcifer perguntou com ironia.
― Meus filhos não precisam me conhecer para saberem que vos amo, o amor está no sentir com o coração! ― exclamou. ― Escolhi você, Rafael, Gabriel e Miguel para ser tudo que sou, vocês foram minhas primeiras criações, conheço cada um e suas habilidades ― aproximou-se de Lúcifer. ― Dei a cada um o livre arbítrio, todos nesse universo são livres. Todos!
― Sim, tem toda a razão, eu sou livre e farei o meu governo, o senhor não poderá me impedir ― ergueu a cabeça com imponência e se afastou, evaporando num feixe de luz.
Fechei os olhos tentando falar com Lúcifer, sempre tivemos uma forte ligação, mas não consegui, ele já não me dava mais acesso ao seu interior. Por que meu irmão estava fazendo isso?
― Pai, o que está por vir? ― indaguei.
― Uma guerra, Rafael. Uma grande guerra! ― respondeu calmamente.
― Você pode impedir ― afirmei.
― Posso, mas não o farei, a melhor forma de enfrentar uma crise é deixar que tudo siga seu curso ― tocou minha face. ― É a única forma de assegurar que o mal não se erguerá outra vez!
― Não compreendo ― falei num murmúrio.
― Se eu impedir agora, seus irmãos tomarão como verdade tudo que Lúcifer disse contra mim e novamente teremos uma guerra.
Ele estava certo.
Passamos a não ter mais paz e isso era assustador, vivíamos em conflitos, Lúcifer conquistava cada vez mais anjos e doía pensar, porque ele precisava sair do nosso reino.
― Ele não irá sair, precisamos lutar ― Gabriel disse seriamente.
― Não posso lutar contra um irmão ― neguei rapidamente.
― Não é mais nosso irmão, o pecado está com ele ― Miguel intercedeu.
Recusava-me a ver isso, aprendi tanto com ele, os ensinamentos que sempre irei carregar, o amor pelo Nosso Pai e a como devemos sempre fazer sua vontade.
Nosso reino ficou escuro, nuvens acinzentadas denotando o quanto estávamos nos afastando do que nos foi ensinado, era estranho e isso me deixava apreensivo. Miguel tinha razão, não tínhamos mais irmão.
A guerra se formou tão rapidamente de uma maneira catastrófica me deixando profundamente triste com o rumo que tudo iria tomar. As espadas místicas que nunca havíamos usado, exceto em treinamento, foram nossas armas para o combate contra nossa própria família. Muitos anjos, querubins e serafins foram aniquilados.
― Fique do meu lado, Rafael, formaremos um novo universo, uma nova criação, Ele não pode nos impedir ― Lúcifer levantou a espada formando uma grande luz amarela envolta de seu corpo.
― Jamais, nunca me rebelarei contra meu povo e contra meu pai ― abri minhas asas liberando a luz, a grande luminosidade impedia qualquer ser de se aproximar.
Nunca havia usado de poderes a não ser nos treinamentos, Nosso Pai sabia que um dia precisaríamos usá-los, mas eu não contava que seria da pior maneira possível.
― Se não ficar do meu lado será aniquilado, sabe que posso acabar com você ― proferiu em tom de raiva e seus olhos se tornaram amarelos. ― Te ensinei tanto, deves servir a mim ― ergueu sua mão e aquele pequeno gesto empurrou-me para longe.
― Você exterminou muitos de nossos irmãos, nunca servirei a ti, te admirei, mas hoje nada mais resta a não ser pena ― proferi com mágoa. ― Saia do Reino dos Céus! ― ordenei com raiva.
Tais sentimentos nunca se apossaram de mim e agora os sentia de um modo estranho, Lúcifer despertou a fúria em todos nós e era ruim.
Meus irmãos se puseram ao meu lado e juntos formamos uma grande esfera de luz.
― Não preciso da sua pena e nem de vocês ― cuspiu. ― Você escolheu um lado, aguente as consequências, pois não iremos sair ― bradou erguendo os braços juntamente de seus aliados.
A esplêndida luz que provinha de Lúcifer era de um intenso poder e eu sabia que quando ela nos atingisse os mais fracos morreriam. Não foi o que aconteceu. Um grande estampido ensurdecedor, seguido de trovoadas e um raio gigantesco foi lançado contra eles. Um buraco negro foi aberto e uma grande força produziu o vento que como pó os varreu para o abismo. Foi surreal a dimensão de todo aquele poder e eu sabia de quem era essa força.