O caminho para seu coração
A proposta ousada do CEO
Uma noite inesquecível: o dilema de Camila
Minha assistente, minha esposa misteriosa
A esposa em fuga do CEO
Noiva por contrato - Bella mia(série: Destinos entrelaçados)
A Segunda Chance com Meu Amor Bilionário
Um casamento arranjado
A ex-mulher muda do bilionário
Acabando com o sofrimento de amor
Faz duas semanas que o meu pai não dava notícias e, por mais que eu fingisse não me importar, a minha cara emburrada e o olhar tristonho me denunciavam. Ele nunca ficava em casa, porque as suas amantes lá fora eram muito mais importantes que a sua filha e a sua esposa. Era tão maravilhoso não o ter por perto, pois a sua presença só nos fazia mal, porém, também era muito triste não ter uma figura paterna para te amar e te proteger, já que meu pai era um verdadeiro escroto.
"Precisava esquecê-lo"
Meu leito continuava quente, tornou-se um incômodo continuar deitada ali, mas me deixei consumir por essa dor impertinente que assolava o meu corpo. A preguiça impedia a minha locomoção. Sou uma garota de dezessete anos, na flor da idade, mas isso não refletia na minha realidade, porque as costas doíam como se eu fosse uma idosa no auge dos oitenta anos.
O silêncio em minha mente me deixava à deriva. Levantei da cama com dificuldades, meus movimentos estavam travados como se eu tivesse corrido uma maratona por três dias, totalmente limitada, o que me fez perceber que eu ainda continuava sonolenta da noite mal dormida. Entrei no banheiro, tomei banho e escovei meus dentes que estavam mais amarelados que implantes de ouro, vesti a farda da escola que estava pronta em cima da minha cama. Eu era do tipo de pessoa que preparava tudo a véspera, para não haver atrasos, odiava atrasos, pensei em me maquiar também, precisava parecer viva, embora sentisse o oposto nesse momento.
Hoje será interessante, uma escola nova, vida nova e, eu preciso de fato causar uma boa impressão. Mas não precisava de uma superprodução com tanta coisa, não é uma festa, é só o meu primeiro dia de aula do terceiro ano e sendo sincera, não preciso de maquiagem, pois a minha aparência já passa a impressão que estou, ou melhor, me sinto maquiada, pois a minha pele branca é quase rosada nas bochechas dando um ar de blush, meus olhos e cabelos negros formavam minha própria maquiagem natural. Terminei de me arrumar dando uma última olhada no espelho e desci para a sala.
— Bom dia, filha? O café está na mesa — minha mãe disse ao me ver descer as escadas.
— Bom dia! — respondi desanimada.
Coloquei minha mochila atrás da cadeira para sentar à mesa, e poder tomar meu café normalmente, olhei o relógio e vi faltarem quinze minutos para o ônibus passar.
— Como está a expectativa para o primeiro dia de aula? — perguntou empolgada, parecia que ela seria a novata no meu lugar.
— Aí, se eu pudesse continuaria na minha cama, mas fazer o que, né? — lamentei apoiando meu queixo sob o braço em cima da mesa.
Minha mãe ficou um pouco estagnada com a minha revelação, o que quase me fez rir dos seus grandes olhos arregalados, tentou recuperar a compostura para talvez me transmitir a sua empolgação.
— Faz parte — ela respondeu secamente, parece ter desistido de destilar euforia, o que me deixou agradecida. Não aguento pessoas elétricas pela manhã, de onde tiravam tanta energia?
— O papai deu notícias? — perguntei por mero hábito e não porque fazia falta.
— Não e estou feliz por isso — disse, recuperando todos os traços de contentamento em seu rosto.
Sempre quando eu falava do papai, mamãe entrava em um estado traumático. Mas naquele momento ela parecia vivenciar um misto de sentimentos como alegria e tristeza.
— Quando ele dá as caras, a senhora me liga — Me levantei da mesa e pegando a minha mochila de trás da cadeira para seguir em direção a porta, parando apenas por um instante — Aliás, não. Quando ele aparecer, eu não quero saber — falei friamente indo até minha mãe para lhe dar um beijo na testa — Tchau!
— Tenha um ótimo primeiro dia de aula querida — desejou.
Fiquei aguardando o ônibus escolar na frente de casa. Ele sempre passava às 6h40 certinho, talvez apenas com um ou dois minutos de atraso. O motorista parou para mim e subi com rapidez, vendo uma quantidade razoável de pessoas sentadas na frente, fui para o fundão do veículo onde ainda havia alguns lugares vazios. Sentei na antepenúltima cadeira da fileira esquerda, peguei meus fones de ouvido e sem perda de tempo, os colocando para escutar as minhas músicas favoritas, levantei o capuz da minha blusa moletom sob a minha cabeça e me encostei no vidro da janela relaxando durante todo o trajeto.
Após meia hora estávamos chegando na escola, quando desci segui para o pátio da entrada, as pessoas presentes ali me olhavam com estranheza e descaradamente, o que me fez perguntar se era pelo fato de eu ser novata ou se havia algo realmente estranho em mim, não sei. Quanto mais caminhava, mais as pessoas encaravam, acho que fiz uma merda muito grande na minha maquiagem, era a única explicação para isso. Deviam me achar uma palhaça com esse cabelo horroroso e essa pintura tosca na cara, mas tenho um crédito, não sei me maquiar e nem tenho paciência para assistir tutoriais.
Seguir direto pelo corredor, precisava passar na diretoria para receber o plano de aula e pudesse ir para minha nova sala antes do primeiro horário tocar.
Paro em frente de uma porta marrom com o letreiro escrito diretoria.
— Bom dia, diretora! Posso entrar? — bati na porta que estava meio aberta.
— Pode entrar! — disse a diretora sentada atrás da mesa.
— Sou Martina Leoni, a nova aluna do terceiro ano, queria saber sobre minha turma.
— Ah, sim! — disse, procurando o meu nome na lista que estava em cima da sua mesa — Sua sala é a 13B. Você está sem armário também, não é?
— Sim — confirmei, se ela não me perguntasse nem lembraria de pedir um armário.
— Vamos providenciar isso para você — garantiu, me entregando meu plano de aula.
— Ok, com licença — saí da sala fechando a porta.
⁂
Após rodar praticamente todo o colégio a procura da minha sala encontrei a turma que ela me informou, 13B quase no último andar, sério, odeio escadas. Cadê o elevador? Três lances de escadas só pode ser brincadeira, ofegante, paro na porta que está aberta.
— Seja bem-vinda, srta. Leoni. Me chamo Meriz, sou professora de português. — disse a professora sentada à mesa, que se levantou para se apresentar a mim — Entre!
— Bom dia, professora — respondi, educadamente.
— Venha aqui irei te apresentar a turma — Ela me acompanhou até ficar de frente para os alunos — Classe, essa é Martina Leoni, ela será a nova colega de vocês. Deem as boas-vindas!
— Seja bem-vinda! — todos disseram tão desanimados quanto eu.
— Obrigada! — respondi com timidez, pior que isso é quando nos fazem se apresentar. A escola gosta de traumatizar seus alunos.
— Sente-se e fique à vontade — disse a professora Meriz.
Sentei no fundo da sala na última cadeira vaga. Conseguia ouvir alguns cochichos que tenho certeza serem ao meu respeito, afinal eu era a novidade daquele colégio. Fingir não escutar e tentei prestar atenção na aula enquanto a professora explicava sobre os quatro tipos de gramática.
As horas se passaram tão rápido que quase não percebi que já tive, após português, mais três aulas, estava esgotada, precisava comer e como música aos meus ouvidos ouço o sino bater indicando o intervalo. Levanto entusiasmada, a melhor parte chegou.
No caminho para a cantina, os alunos abriam seus armários para guardar suas mochilas. Lembrei que estou sem armário, mas a diretora prometeu que arrumaria um para mim. Sinto do nada uma mão puxando-me pela alça da mochila, viro e vejo um garoto ainda segurando a minha mochila.
— Posso guardar a mochila pra você com as minhas coisas, se quiser, é claro — sugeriu ele, tentando retirar a minha mochila do meu ombro.
"Mais que garoto gentil, nem me conhece e parece ser tão prestativo."
Ele tinha um cabelo lambido na frente e aqueles óculos redondos enormes que o deixavam parecendo um nerd, o que fazia jus já que pela cara parecia ser mega inteligente. Acho que será bom fazer amizade com um nerd, nunca sabemos quando precisaremos dos seus favores em uma atividade como matemática.
— Tá bom — disse, entregando a minha mochila.
— Me chamo Hebert, e você? — perguntou enquanto ajeitava minha mochila em seu armário
— Martina — respondo com os olhos curvados, sem jeito
— Prazer — Riu graciosamente
Ele soube organizar minha mochila em seu armário, ao lado das suas coisas perfeitamente. Espero que a diretora não demore muito para me dar um armário, não me sinto bem tendo que pedir a alguém para guardar as minhas coisas todos os dias.
Depois de um papo breve com Hebert, me despedi do dele e fui para a fila da cantina à espera do lanche, segurando minha bandeja vazia. Avaliando todo o local avistei um garoto que não parava de me olhar, parecia me encarar com segundas intenções, deve estar atraído pela minha maquiagem horrorosa. Eu não vestia nada demais para chamar tanta atenção, estava apenas usando a farda escolar e uma blusa moletom de manga comprida por cima que é da própria instituição. O cara era extraordinariamente gato.
"O que será que ele está vendo em mim?"
Verifiquei ao redor para ver se os olhares não seriam para outra pessoa, mas não havia ninguém ao meu lado, então de fato os olhares eram para mim. Peguei minha bandeja e coloquei em cima da mesa self-service de alumínio e caminhei para sentar na única mesa vazia. O garoto que me olhava se aproximou de mim e colocou sua bandeja em cima da minha mesa. Fiquei sem entender nada.
"O que deu nesse garoto?"
— Oi, você é nova por aqui? — Ele puxou assunto.
— Sim, é meu primeiro dia de aula — digo, recolhendo as minhas mãos para debaixo da mesa.
— Qual é o seu nome?
— Martina e o seu?
— Rodrigo, ao seu dispor — Ele fez um gesto de cavalheirismo que automaticamente me dá uma pequena crise de risos.
— Você é muito sem noção — sussurro, mas ele dá de ombros mostrando que escutou, o que nos leva a rimos juntos iguais a dois bobos.