Se eu nunca mais te ver de novo

No gélido silêncio do hospital, Ricky se encontrava completamente só, exceto por uma angústia avassaladora que o envolvia. As luzes fluorescentes acima lançavam um brilho triste sobre o corredor deserto, criando sombras que pareciam se mover em uma dança macabra, ecoando a melancolia que enchia sua alma. Seu coração, um fardo quase insuportável, parecia prestes a ceder a qualquer instante.

Ele estava sentado numa cadeira desconfortável, com os olhos fixos no chão gelado. O olhar vazio e perdido não encontrava consolo em nada, exceto nas sombras que o envolviam, como se fossem o espelho de sua alma despedaçada. As lágrimas haviam secado em seu rosto, deixando apenas resquícios de uma amargura que o corroía por dentro. O ar estava saturado de dor e desespero, tornando a respiração um ato penoso.

Naquele momento, Ricky estava imerso em um turbilhão de pensamentos sombrios, lamentando cada palavra áspera que proferira, cada gesto impensado que magoara a mulher que amava. Seu peito doía, não apenas pela agonia do presente, mas também pelo peso insuportável da culpa que o sufocava. Ele tinha plena consciência de que sua imaturidade tinha a empurrado para o abismo, e agora ele se encontrava na beira do precipício, olhando para o abismo da escuridão que o envolvia.

Enquanto permanecia ali, sua mente mergulhava nos recantos mais sombrios de sua alma. Ele concebia visões de uma vida que poderia ter compartilhado com ela: um futuro brilhante e feliz que lhe escapara por causa de seu egoísmo. Seus olhos úmidos se enchiam de imagens de momentos perdidos, promessas quebradas e sorrisos que agora pareciam um eco distante.

Ele se via segurando a mão dela enquanto caminhavam juntos ao pôr do sol, compartilhando risos e sonhos. A sensação do calor de sua pele e da presença reconfortante era como um bálsamo para sua alma. Mas agora, tudo o que restava era um vazio lancinante, uma saudade que o esmagava por dentro.

Ricky tinha plena ciência de que o sofrimento que experimentava naquele momento era apenas um vislumbre do que sua amada havia enfrentado por causa dele. Ele imaginava o quão terrível deveria ter sido para ela encarar as consequências de suas ações impulsivas, a incerteza que o futuro reservava e a dor que ele mesmo havia infligido. A culpa o envolvia como uma mortalha, e ele ansiava pelo poder de voltar atrás no tempo, para fazer as coisas certas, para protegê-la da tristeza que ele próprio havia causado.

Naquele hospital solitário, Ricky não tinha certeza do destino de sua amada, mas seu rosto abatido e seu olhar perdido eram uma prova inegável de seu arrependimento profundo. Ele ansiava desesperadamente por uma chance de redenção, um raio de esperança em meio à escuridão que o consumia. No entanto, por enquanto, tudo o que lhe restava era o peso esmagador da culpa e a incerteza sufocante, juntamente com a promessa silenciosa de que, se ela sobrevivesse a tudo isso, ele faria de tudo para compensar o dano que causara. Cada batida de seu coração era uma prece silenciosa por uma segunda chance, um fio de esperança em um mundo sombrio e desolado.