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"Existem certas pistas na cena do crime as quais, por sua própria natureza, não podem ser coletadas ou examinadas. Como coletar amor, raiva, ódio, medo? Essas são coisas que somos treinados para procurar. " James Reese
SOPHIE
Em alguma ruína da ilha deserta de Poveglia, Itália.
10 de setembro de 2025.
Entrar na mente de um psicopata é como adentrar uma casa com paredes, teto e chão de vidro.
Tudo está exposto.
Inclusive você.
Cometi meu primeiro erro quando dei corda a ele. Flertei com seu lado psicótico, deixei-o invadir minha mente e permiti que essa relação se tornasse pessoal. Fazer isso com um assassino comum é diferente: um jogo brando de trocas de informações. Com ele, foi sujo e desgastante. E, por mais que seja meu trabalho, não consigo evitar a sensação de estar manchando minha alma. Não há conserto para o que sinto agora. Cada milésimo de segundo revela uma nova descoberta. Aprendi que, para capturar alguém como ele, é preciso dominar a arte da calma, a paciência é essencial.
Mas há um preço!
Nos envolvemos demais. E, quando isso acontece, torna-se impossível distinguir o que é real e o que é manipulação.
Faz cinco meses e três semanas que estou neste jogo. Cinco meses ouvindo aquela voz misteriosa invadir meus pensamentos. Prever sua próxima jogada era o objetivo até que, de repente, fui eu quem se viu no tabuleiro, sem defesa, à mercê dele.
Meticuloso, calculista.
Ele orquestra cada passo com precisão cirúrgica. Não deixa rastros, nem testemunhas, e eu o subestimei.
Um erro.
Só um.
E ele transformou o peão em rainha.
Agora sou eu quem está do outro lado. Presa. Vendada. Esperando pelo fim. Apesar da escuridão, meus sentidos estão em alerta, posso ouvir, sentir e imaginar. Sei que estamos em um lugar bem afastado. O som do mar me diz que estamos isolados, ouço as ondas quebrando e se chocando contra a areia. Sinto o cheiro da natureza misturado ao do meu próprio medo, sua voz ecoa pelo alterador.
Fria, impessoal.
Impossível de identificar. E eu sei: no momento em que ele tirar a venda dos meus olhos... Estarei morta. Ele não vai me deixar ir, ele me conhece tão bem, a ponto de não me subestimar. Sei que posso gritar com toda a força... e ainda assim, isso não me libertaria. Estamos longe de tudo.
O vento quente entra pela janela e acaricia minha pele exposta, exceto pela lingerie que, provavelmente, foi ele quem me vestiu. Não consigo me mover. Aplicou algo que paralisou minhas funções motoras, e agora estou completamente à mercê dele.
A única certeza que tenho é que ele não vai me estuprar. Mas isso não explica as cordas ao redor dos meus pulsos e tornozelos, me prendendo à cama com firmeza. A espessura da corda, o modo grosseiro como foi amarrada, tudo isso foge dos padrões meticulosos dele. E isso, para mim, é um péssimo sinal.
Mas sei que ele fará tudo o que lhe trouxer prazer, e é isso que me atormenta. Meu peito sobe e desce com rapidez. A respiração curta. O desespero silencioso. Sei que a porta irá se abrir a qualquer momento, e quando isso acontecer a tortura vai começar.
Fui tola ao acreditar que conseguiria resolver este caso antes dos próximos corpos aparecerem, posso desaparecer, e tudo continuará.
Ele vai matar de novo. Tudo o que sei sobre ele está nos relatórios, recortes incompletos de um quebra-cabeça que jamais fechou.
Faltam peças.
Faltam respostas.
Falta tempo.
Quando perdemos um dos sentidos, os outros se aguçam, consigo ouvir ruídos suaves vindo de fora da casa e de dentro. Sinto as lágrimas escorrendo lentamente pelo meu rosto. O ranger alto da porta se abrindo marca o ápice do meu tormento. Ela se fecha com um estalo seco e então ouço os passos.
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