Sinopse: Em uma floresta misteriosa, Aline, uma jovem humana em busca de paz, encontra seu destino entrelaçado com Matheus, o Alfa de uma poderosa alcateia de lobos. O que começa como uma relação marcada por desprezo e rejeição, transforma-se em uma jornada de compreensão, coragem e amor. Matheus, dividido entre seu dever como líder e os sentimentos conflitantes que Aline desperta, luta contra os preconceitos de sua alcateia e seus próprios medos. Aline, determinada a provar seu valor, enfrenta desafios e perigos, ganhando o respeito dos lobos e se aproximando cada vez mais de Matheus. Com a ameaça de uma alcateia rival, a lealdade e os verdadeiros sentimentos de Matheus são testados. Sua escolha destinos se cruzam e forças se unem para enfrentar o desconhecido, iluminados pela eterna luz da lua.
Narrado por Matheus)
A lua cheia estava alta no céu, iluminando a floresta com um brilho prateado. Era uma noite típica para uma patrulha, mas algo estava diferente. Eu sentia uma inquietação que não conseguia explicar, como se a própria Deusa da Lua estivesse tentando me dizer algo.
Eu me movia silenciosamente entre as árvores, minha forma de lobo fluindo com facilidade através da vegetação densa. Meu território era vasto e cheio de segredos, mas eu conhecia cada centímetro dele. Nada escapava aos meus sentidos aguçados, e foi assim que a encontrei.
O cheiro de humano era inconfundível, uma fragrância fraca, mas perturbadora, que me fez parar abruptamente. Humanos raramente se aventuravam tão fundo na floresta. Eram criaturas fracas e temerosas, mais inclinadas a evitar nossas terras. No entanto, ali estava ela, uma figura esguia se movendo entre as árvores, aparentemente alheia ao perigo.
Transformei-me de volta à minha forma humana, roupas rasgadas pendendo de meus ombros. Aproximei-me silenciosamente, meus passos leves na vegetação. Ela não parecia estar ciente da minha presença, seus olhos perdidos em pensamentos. Quando estava a poucos metros dela, decidi revelar-me.
- O que você está fazendo aqui? - minha voz cortou o silêncio, carregada de autoridade.
Ela se virou bruscamente, os olhos arregalados de surpresa e medo. Seus cabelos castanhos caíam em ondas desordenadas, e havia algo em seu olhar que me fez hesitar por um momento. Era uma mistura de inocência e determinação, algo que eu não esperava ver em um humano.
- Eu... eu estava apenas caminhando - respondeu ela, a voz trêmula, mas firme. - Não sabia que este lugar era proibido.
- Proibido não é a palavra certa - murmurei, mais para mim mesmo do que para ela. - Mas você está em território perigoso.
Ela deu um passo para trás, claramente nervosa com minha presença, mas não fugiu. Havia algo em sua postura que indicava uma força interna, uma determinação que não combinava com sua aparência frágil.
- Qual é o seu nome? - perguntei, minha curiosidade inesperadamente aguçada.
- Aline - respondeu ela, tentando manter a compostura. - E você, quem é?
- Matheus - disse, sem oferecer mais detalhes. - E esta floresta é meu domínio.
Ela franziu a testa, tentando entender o que eu quis dizer. Antes que pudesse formular uma pergunta, decidi que já havia falado demais. Eu precisava descobrir por que ela estava aqui, e a única maneira de fazer isso era levá-la de volta à aldeia.
- Você vem comigo - ordenei, estendendo a mão. - Não é seguro para você ficar aqui sozinha.
__ Por que eu iria com você?__
Eu olhei para ela por um momento.
__ Se você não quiser virar comida de lobo, eu sugiro que você venha comigo.__
Ela hesitou, olhando para minha mão como se estivesse ponderando suas opções. No final, tomou minha mão, embora claramente relutante. Conduzi-a pela floresta, mantendo um olho atento em qualquer sinal de perigo. A caminhada foi silenciosa, cada um de nós perdido em nossos próprios pensamentos.
Quando chegamos à clareira onde a aldeia ficava, pude ver os olhares curiosos dos outros membros da alcateia. Humanos não eram comuns aqui, e a presença dela despertou uma mistura de curiosidade e desconfiança. Levei-a diretamente para Mara, a anciã da aldeia. Se alguém pudesse entender o que estava acontecendo, seria ela.
- Matheus, o que está acontecendo? - perguntou Mara, seus olhos sábios examinando a garota com interesse.
- Encontrei-a na floresta - respondi. - Ela diz que estava apenas caminhando, mas sinto que há algo mais.
Mara acenou com a cabeça, seu olhar agora totalmente focado em Aline.
- Criança, qual é o seu propósito aqui? - perguntou Mara, sua voz gentil, mas firme.
Aline olhou para Mara, e pude ver uma ligeira suavização em sua expressão. Havia algo na presença da anciã que inspirava confiança.
- Eu não sabia que estava entrando em território de lobos - explicou.
- Eu só queria um lugar tranquilo para pensar. Não queria causar problemas.
Mara considerou suas palavras por um momento, depois olhou para mim.
- Matheus, você sentiu algo quando a encontrou? - perguntou ela.
Hesitei, não querendo admitir a verdade. Mas sabia que não poderia mentir para Mara. Eu senti algo perturbador e estranho quando a encontrei, senti o meu lobo agitado assim que toque sua mão. Naquele momento eu soube que tinha encontrado a minha companheira a minha verdadeira companheira.
- Sim, senti uma conexão - admiti. - Mas não quero acreditar nisso. Ela é humana, e nós... não somos.
Mara assentiu, como se já esperasse essa resposta.
- A Deusa da Lua tem seus próprios planos, Matheus - disse ela suavemente. - Talvez essa garota tenha um papel a desempenhar em nosso destino.
Olhei para Aline, que agora parecia mais assustada do que nunca. Eu não queria aceitar o que Mara estava sugerindo. Um laço com um humano? Era impensável. Mas, ao mesmo tempo, não podia negar o que havia sentido.
- Você ficará sob minha proteção por enquanto - disse finalmente, voltando-me para a garota. - Mas saiba que isso não significa que somos aliados. Vou descobrir o que está acontecendo aqui.
Ela assentiu, parecendo aliviada por ter, pelo menos temporariamente, um lugar seguro. Mas eu não podia deixar de sentir que minha vida estava prestes a mudar de maneiras que eu ainda não conseguia compreender.
Naquela noite, enquanto a lua cheia brilhava sobre nós, não consegui dormir. Meus pensamentos estavam cheios de perguntas sem respostas. Quem era realmente Aline? E por que eu sentia essa ligação inquebrável com ela?
Fechei os olhos, tentando acalmar minha mente. Mas a imagem da garota, com seus olhos determinados e sua postura corajosa, continuava a me assombrar. Sabia que, de alguma forma, meu destino estava agora entrelaçado ao dela. E, por mais que lutasse contra isso, não podia negar o chamado da lua e o laço que ela havia criado entre nós.
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