Um Romance de Aluguel

Um Romance de Aluguel

FannyMotta

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- Não vou me prostituir! - Exclamo extremamente ofendida com esse acordo proposto. - Sei que não tenho muito dinheiro, mas sei muito bem que tenho o meu valor! Laura Martins, uma mulher determinada e batalhadora, tem novamente as suas estruturas abaladas com a notícia de um câncer avassalador que pode interromper seus sonhos, e como se não bastasse, recebe uma notícia ainda pior, o falecimento de seu único irmão, que deixou para trás uma menina de três anos. - Entenda, você salva o filho dela e ela salva você, simples assim, Laura. Fernando Duarte, se sentindo culpado pela tragedia do passado, fechou-se dentro de sim, distribuindo para as pessoas ao seu redor apenas frieza e grosseria. Mas tudo muda quando uma pequena mulher insiste, de uma forma irritante, permanecer ao lado dele. Como ele irá reagir quando descobrir a verdade por trás desse romance?

Capítulo 1 O contrato

Batidas fortes na porta me despertam de um sono agitado. O som reverberando a minha cabeça desencadeando a dor latejante em minha têmpera como um lembrete cruel da queda que sofri anteontem na empresa. Ao tentar me apoiar na pia, a tontura ficou intensa, desmaie e bati a cabeça na porcelana dura, acordando apenas no dia seguinte. A luz do sol entrando pelas frestas das da janela de madeira faz meus olhos arderem.

- Já vai! - Tento gritar, mas a minha voz estar tão fraca que duvido muito ter saído mais do que um sussurro.

As batidas continuam, mais urgentes agora. Respiro fundo, tentando dissipar a névoa da dor, e me levanto cambaleando. O quarto parece girar por um momento, mas me estabilizo, apoiando-me na parede enquanto caminho até a porta da frente. O eco das batidas se mistura com o zumbido na minha cabeça.

- Quem é? - Minha voz sai rouca, quase inaudível, enquanto destranco a porta.

- Senhorita Martins? - Uma voz feminina responde.

Eu abro a porta lentamente, revelando uma mulher jovem e elegante. Ela é alta e magra, vestindo um terno perfeitamente ajustado. Seus olhos me observam com uma intensidade desconcertante, e um leve sorriso curva seus lábios.

- Posso ajudar? - Pergunto, a desconfiança evidente no meu tom.

- Quero tratar de um assunto delicado com a senhorita, posso entrar?

- Não é uma boa ideia permitir que uma estranha entre na minha casa - respondo hesitante, mantendo a porta apenas entreaberta.

Ela sorri suavemente, um gesto calculado para parecer amigável.

- Entendo sua hesitação, mas eu não sou uma completa estranha, somos colegas de trabalho. E eu garanto que o que eu tenho a oferecer é do seu interesse.

A dor na minha cabeça torna difícil pensar com clareza, mas a minha curiosidade me faz abrir a porta, permitindo que ela entre. Não me preocupo em falar para ela não se incomodar com a bagunça; a única coisa que tenho na sala é um sofá de três lugares que a vizinha me doou. A mulher senta-se no assento direito do sofá, e eu no esquerdo.

- Bem, anteontem eu encontrei-a desmaiada no banheiro da empresa... - ela começa a falar, mas a interrompo.

- Então você veio cobrar o dinheiro que gastou no hospital comigo, não é? Eu já deveria imaginar, era um dos hospitais mais caro aqui da cidade, não é qualquer um que entra no Vivaz - suspiro, sentindo a humilhação da minha situação. - Olha, eu não tenho como te pagar agora, mas se você me der um pouco de tempo...

- Não! - Ela interrompe-me, arregalo os olhos, sentindo o medo dela exigir o dinheiro nesse momento secar a minha boca. - Foi a minha chefe quem pagou o hospital para você - esclarece. - E ela gostaria de lhe oferecer uma proposta.

Minha desconfiança aumenta, e meu coração começa a bater mais rápido.

- Que tipo de acordo?

Ela coloca o envelope na mesa e me olha diretamente nos olhos.

- A minha chefe irá pagar todos os seus tratamentos, cirurgia e medicação para a cura do seu câncer, e ainda te dará uma mesada de mil reais por mês.

- Em troca do que ela faria isso por mim? - Pergunto, já não gostando, ninguém faz nada de graça por ninguém, não acredito em fadas madrinhas.

- Ela quer te alugar - responde, como se estivesse apenas dizendo que o céu está lindo.

- Quê!? - Exclamo em choque. - Me alugar para quê? - Indago, confusa.

- Para amar o filho dela - responde com um sorriso enorme no rosto, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo.

- Não vou me prostituir! - Exclamo extremamente ofendida com esse acordo proposto. - Sei que não tenho muito dinheiro, mas sei muito bem que tenho o meu valor!

- Não, Laura, nada disso. Ela não está pagando para você ter relações com ele. Apenas para ser o suporte emocional que ele precisa - pontua. - Ele está passando por um momento muito difícil, e minha chefe acredita que você pode ajudá-lo a superar isso.

- Por que eu? - Olho para ela, tentando decifrar suas intenções.

- Você despertou emoções boas nele, por isso achamos que você pode salva-lo.

- Despertei? Salva-lo? - A minha pergunta ressoa cheia de ironia e incredulidade. - Eu sequer sei de quem você está falando! - Falo o obvio e reviro olhos, erro meu, o latejar nas minhas têmporas aumentam ainda mais.

- Entenda, você salva o filho dela e ela salva você, simples assim. E se por um motivo você acabar se apaixonando por ele, não tem problema, com tanto que esse acordo nunca saia do sigilo. Reforço, ninguém além de você, eu e ela dever saber - sua fala num tom de aviso me deixa alarmada.

- Eu nem aceitei o acordo e vocês já estão pensaram na possibilidade de me apaixonar por um completo estranho? O que vocês têm na...

- A minha chefe quer ver o seu filho voltar a sorrir - me interrompe, sua voz carregada de urgência. - Curiosamente, ele quando está com você, esboça sentimentos bons. Ela assim como você, está desesperada. Há anos o filho dela se trancou dentro de si e vivi afastando todos. Por dois longos anos ele sequer saiu de casa, e quando finalmente saiu, destilou frieza e grosseira para todos. Os olhos dele perderam a cor e ela sente que a cada dia estar pendendo mais e mais do seu querido filho, ela teme que ele acabe, acabe... - ela fecha os olhos, como se as lembranças ainda a atormentassem, já consigo imaginar o que ela quer dizer, suicídio. - O que é importa é que você ascendeu uma esperança.

O desespero na fala dela me toca. Não posso dizer que sei o que a mãe dele está sentindo - nunca fui mãe, e a minha sempre me quis longe -, mas é triste viver sem esperança. Nos últimos quatro meses, vi-me no buraco. Apesar de estar trabalhando, meu salário não é suficiente bancar as despesas da casa e um tratamento particular.

- Não vou me apaixonar por ele - falo convicta, sentindo o peso da minha escolha sobre meus ombros.

- Se você diz - ela entoa com um sorrisinho no rosto, como se não acreditasse no que eu disse. - Amanhã será o primeiro encontro de vocês!

- Amanhã!? - Engasgo com a saliva.

- Uma dúvida - ergo minha mão com o indicador levantado. - Quando poderei parar de fingir que amo esse cara?

- O contrato tem validade de dois anos. Se parar antes, terá que pagar multa e devolver todo o dinheiro gasto com o seu tratamento e as mesadas - responde, seu semblante se tornando sério novamente. Suspiro, onde é que eu fui me meter? - Veja bem, você já está no estágio dois da sua doença. Se recusar essa proposta, cada dia que se passar, as chances da evolução aumentam e a sua sobrevivência diminuí.

Suas palavras são como vários tapas na minha cara, deixando o pulsar dolorido na minha cabeça ainda mais forte.

- Tudo bem - murmuro, sem alternativas, realmente essa parece ser a única forma de eu conseguir sobreviver.

- Assine. Vou buscar as roupas - ela informa ese levanta.

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