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ALANA
Brasil, Rio de Janeiro, alguns anos antes, no ano de 2018.
Era uma tarde de sábado esplêndida. Eu acabava de deixar o prédio onde trabalhava, o sol brilhando alto e o céu sem nuvens. Naquela época, recém-formada na faculdade, ocupava uma posição em um escritório. Ainda compartilhava a casa com meus pais, e minha prima Bruna também fazia parte do nosso lar. Meu pai, dois anos antes, havia se aposentado após um acidente de trabalho que lhe custou o movimento de uma das mãos. Desde então, ele e minha mãe consideravam seriamente retornar a Minas Gerais, acreditando ser o local perfeito para viver, dada a tranquilidade. Eu compreendia completamente essa decisão, pois o Rio de Janeiro era, de fato, um lugar bastante agitado.
Naquele sábado, decidida a aproveitar o calor escaldante, resolvi ir à praia. Mesmo não sendo uma nadadora habilidosa, planejava ficar na beirada, sentindo as ondas suaves acariciarem meus pés. A praia ficava a cerca de meia hora de ônibus, e decidi convidar minha melhor amiga, Daniela, para me fazer companhia. Ao chegar em casa, imediatamente liguei para ela, pedindo que estivesse no ponto de ônibus onde eu estaria em breve. Apesar de sua hesitação inicial, indisposta pela preguiça, consegui convencê-la a me acompanhar.
Após me livrar do uniforme de trabalho, mergulhei sob uma ducha fria; o calor era tão implacável que mal havia saído do chuveiro e já estava suando novamente. Enquanto me preparava para a tarde na praia, minha mente divagava para lembranças de infância numa cidadezinha do interior em Minas Gerais. A ideia de meus pais considerarem retornar àquele lugar cheio de serenidade e calmaria me trazia uma mistura de nostalgia e curiosidade sobre o que poderia aguardar lá. Coloquei um maiô por baixo do vestido leve que escolhi e calcei meu chinelo de dedos.
Peguei uma bolsa, incluí algumas frutas e uma garrafa grande de água para levar, pois nas barracas de vendas tudo era muito caro. Antes de sair, deixei um bilhete na porta da geladeira, avisando aos meus pais, que haviam saído, para não causar preocupação a eles. Meu pai fazia fisioterapia diariamente na esperança de recuperar parte dos movimentos da mão. Caminhando até o ponto de ônibus, encontrei Daniela já à minha espera; corri até ela e depositei um abraço apertado, acompanhado de inúmeros beijos em sua bochecha.
— Você sempre tão animada! — Disse Daniela, retribuindo o abraço com um sorriso. — Eu quase não vim, mas sabia que você não me deixaria em paz.
— Ainda bem que veio! Precisamos aproveitar dias assim! — Respondi, rindo.
A Daniela era uma das pessoas que mais amava na minha vida. Sentamos em um dos bancos altos, nosso lugar preferido, e colocamos uma música no celular, dividindo o fone de ouvido. Tentávamos aproveitar o pequeno passeio e a companhia uma da outra. Pouco tempo depois, descemos no ponto próximo à praia, precisando andar apenas mais um pouco para chegar até lá.
Ao chegarmos, percebi que o local estava lotado. Rostos conhecidos estavam por toda parte, incluindo uma ex-colega de classe, Elisângela, que havia estudado comigo e Daniela no ensino médio. Elisângela cochichava algo com um rapaz muito bonito ao seu lado, que olhou na minha direção e sorriu. Seu sorriso era belo e encantador, fazendo-me liberar um profundo suspiro ao notar sua beleza. Elisângela se aproximou de mim, trazendo uma notícia inesperada.
— Oi, quanto tempo! Esse aqui é o Jonathan, ele estava comentando que gostaria de te conhecer! — Disse ela, apontando para o rapaz que ainda mantinha o sorriso no rosto.
Marcava-se, então, o início de uma nova e inesperada conexão. Jonathan se mostrou educado e encantador desde o primeiro instante. Passamos o restante da tarde conversando, trocando olhares e sorrisos. A praia, que antes parecia apenas um refúgio do calor, agora se tornava o cenário de um encontro inesperado.
Daniela, percebendo o clima entre nós, deu um espaço discreto, sorrindo para mim de vez em quando, como quem aprovasse a situação. Jonathan e eu conversávamos sobre tudo, desde nossos gostos musicais até sonhos e planos para o futuro. Sentia-me leve, como se o mundo ao meu redor tivesse parado.
— Você tem um sorriso lindo! — Disse ele, de repente, me pegando de surpresa.
Corada, agradeci, sem saber ao certo o que dizer. A tarde passou voando, e, no fim do dia, um beijo aconteceu entre nós, de forma natural, como se já estivéssemos destinados a aquele momento. Jonathan se mostrou bastante interessado por mim, e de certa forma, aquilo acabou inflando meu ego. Nunca havia escutado palavras tão doces e encantadoras vindas do sexo oposto. Meus relacionamentos anteriores não tinham dado certo, e eu acreditava que já estava passando da hora de me envolver com alguém.
Afinal, toda mulher tem o sonho de conhecer seu príncipe encantado e casar-se com ele, assim como nos contos de fadas da Disney. Enquanto o fim da tarde se aproximava e a praia começava a se esvaziar, Jonathan me abraçou, e caminhamos juntos até o ponto de ônibus. Senti um misto de emoções, entre a felicidade daquele momento e a curiosidade sobre o que o futuro nos reservava. Nos despedimos com a promessa de nos vermos novamente, e, ao entrar no ônibus, percebi que aquele sábado havia se tornado muito mais do que um simples dia de praia.
Era o início de algo novo, algo que poderia mudar minha vida de maneiras que eu jamais imaginaria. Naquela época, eu tinha vinte e cinco anos, e Jonathan era dois anos mais novo. No entanto, ao meu ver, isso não seria um problema, pois ele se mostrou muito maduro para a idade que tinha. Daniela estava bastante inquieta, pelo que eu havia notado, ela não tinha se afeiçoado muito a ele.
— O que foi, Dani? Tem algo te incomodando? — Perguntei, desconfiada com sua inquietude.
— Definitivamente tem! Aquele rapaz não combinou com você, Alana! Algo nele me incomoda profundamente! — Ela revelou, olhando nos meus olhos com seriedade.
— Você está apenas com ciúmes! É natural que se sinta assim, afinal, somos melhores amigas! — Apertei sua bochecha, tentando suavizar o clima.
— Não é nada disso. Eu não consigo enxergar bondade nele, só vejo maldade naqueles olhos sombrios! — Ela insistiu, repetindo a mesma coisa o tempo todo.
Apesar das palavras de Daniela, eu não queria entrar em discussão. Continuava pensando que, talvez, ela estivesse apenas com ciúmes da melhor amiga, algo completamente normal. Caminhamos juntas em silêncio por um tempo, cada uma imersa em seus próprios pensamentos.
— Dani, eu sei que você só quer me proteger, e aprecio isso. Mas me dá uma chance de conhecer melhor o Jonathan, de ver por mim mesma quem ele é. — Respirei fundo, tentando apaziguar a situação.
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