Fome e Amor: Uma Conexão Eterna

Fome e Amor: Uma Conexão Eterna

Gavin

5.0
Comentário(s)
Leituras
20
Capítulo

A fome era minha sombra, uma criatura de garras e dentes roendo meu estômago desde os sete anos de idade. Eu já sabia que o mundo se dividia entre os que comiam e os que só podiam olhar. Em casa, a gente mais olhava. Um dia, a sorte bateu à porta: ganhei um frango assado num concurso de desenho. Um frango inteiro, dourado e crocante, a promessa de uma refeição que eu nunca tivera. Corri para casa, mal podia esperar para dividir aquela alegria com meus pais. Mas a alegria virou amargura, um golpe no estômago mais doloroso que a própria fome. Minha mãe pegou o frango das minhas mãos, os olhos brilhando – mas não para mim. Eles sentaram à mesa, dividiram cada pedaço, sem um olhar, uma palavra, ou sequer um osso para mim. Nem uma migalha sobrou. Noite adentro, a fome dentro de mim não roía, urrava. Por que eu, a filha, era sempre a última, a esquecida, a que não merecia nem o fruto da sua própria vitória? A dor daquele desprezo era mais aguda que qualquer pontada de fome. Naquela noite, a fome urrava, mas algo mais nasceu. Com uma faca na mão, sob o luar, fui até a horta da vizinha. Peguei dois tomates e uma espiga de milho. Saboreando cada pedaço, jurei para mim mesma que nunca mais dependeria de ninguém para saciar a minha fome – nem a do corpo, nem a da alma.

Introdução

A fome era minha sombra, uma criatura de garras e dentes roendo meu estômago desde os sete anos de idade.

Eu já sabia que o mundo se dividia entre os que comiam e os que só podiam olhar.

Em casa, a gente mais olhava.

Um dia, a sorte bateu à porta: ganhei um frango assado num concurso de desenho.

Um frango inteiro, dourado e crocante, a promessa de uma refeição que eu nunca tivera.

Corri para casa, mal podia esperar para dividir aquela alegria com meus pais.

Mas a alegria virou amargura, um golpe no estômago mais doloroso que a própria fome.

Minha mãe pegou o frango das minhas mãos, os olhos brilhando – mas não para mim.

Eles sentaram à mesa, dividiram cada pedaço, sem um olhar, uma palavra, ou sequer um osso para mim.

Nem uma migalha sobrou.

Noite adentro, a fome dentro de mim não roía, urrava.

Por que eu, a filha, era sempre a última, a esquecida, a que não merecia nem o fruto da sua própria vitória?

A dor daquele desprezo era mais aguda que qualquer pontada de fome.

Naquela noite, a fome urrava, mas algo mais nasceu.

Com uma faca na mão, sob o luar, fui até a horta da vizinha.

Peguei dois tomates e uma espiga de milho.

Saboreando cada pedaço, jurei para mim mesma que nunca mais dependeria de ninguém para saciar a minha fome – nem a do corpo, nem a da alma.

Continuar lendo

Outros livros de Gavin

Ver Mais
O Anel Partido

O Anel Partido

Romance

5.0

O anel de diamante em meu dedo parecia pesar toneladas, um fardo de promessas despedaçadas. Meu noivo, Daniel, herdeiro de uma fortuna, deveria estar ao meu lado, mas seus risos vinham de um canto distante, onde Isabela, a mulher que se insinuava entre nós, o envolvia em segredos e toques "acidentais". A gota d'água veio do jeito mais cruel: no nosso aniversário de cinco anos, ele chegou em casa tarde, com o perfume dela impregnado, justificando que a ajudava com um "problema urgente", enquanto a vela do meu jantar especial derretia, levando com ela a última chama da minha esperança. Naquela festa de gala, ver Daniel e Isabela tão à vontade, sem se importar com minha presença, foi uma humilhação insuportável, um golpe final na minha dignidade. Para o mundo, éramos o casal perfeito, mas por trás da fachada, Isabela reinava, e eu era a tola que tentava ignorar trincas que viravam abismos. Com a voz surpreendentemente firme, tirei o anel e o entreguei a ele, declarando o fim do nosso noivado. Seu sorriso zombeteiro e o aviso: "Você vai se arrepender, não é nada sem mim", foram um veneno, mas também uma libertação. Então, um choque: o ataque ao meu ateliê de joias e uma mensagem de Isabela confirmando a destruição, como se zombasse da minha dor. Mas a tristeza deu lugar a uma fúria fria. Eles achavam que me quebrariam, mas eu decidi lutar. Com as mãos trêmulas, mas a mente clara, apaguei a tela do celular – um adeus à minha vida antiga. Eu não precisava do dinheiro dele, apenas da minha liberdade. Aquela noite, nasceu uma nova Sofia, pronta para partir para longe, reconstruir-me e provar que era muito mais do que Daniel jamais poderia imaginar.

Você deve gostar

Capítulo
Ler agora
Baixar livro