Em 1825, Aline e Rafael, filhos de nobres rivais dos reinos de Valdoria e Eldrith, se encontram em uma festa à beira de um rio que separa suas terras e corações. Enquanto sua conexão floresce, rumores de sua relação desencadeiam uma tragédia. Quase dois séculos depois, Amália e Rui, descendentes daqueles amantes trágicos, sentem a mesma atração irresistível. Mas, com suas famílias determinadas a separar os dois, um amor proibido ressurgirá, desafiando rivalidades antigas e trazendo à tona segredos que poderiam mudar seus destinos para sempre. O que acontecerá quando a história se repetir? A luta pelo amor e pela liberdade começa nas margens do destino.
A Festa nas Margens do Rio
Era uma noite de verão em 1825, e as margens do rio que separava os reinos de Valdoria e Eldrith estavam iluminadas por tochas tremeluzentes. Uma festa era realizada na linha tênue entre os dois territórios, um evento que prometia celebração, mas que também trazia consigo o peso das rivalidades ancestrais. O ar estava carregado de risos e melodias, mas também de tensão, como uma corda prestes a se romper.
Entre os convidados, destacava-se uma jovem de cabelos dourados, Aline, e um jovem de olhos profundos, Rafael. Os dois se conheciam de vista, sempre separados por um rio que parecia não apenas dividir terras, mas também corações. Aline era filha de um nobre de Valdoria, enquanto Rafael pertencia a uma família influente de Eldrith. As rivalidades entre seus povos eram tão antigas quanto as próprias margens do rio, mas naquela noite, algo inusitado pairava no ar.
Conforme a música ecoava e os casais dançavam, Aline e Rafael se encontraram à beira da água, atraídos um pelo outro como se um feitiço invisível os unisse. A química entre eles era palpável, e logo a conversa fluiu, cheia de risadas e olhares cúmplices. As diferenças que antes pareciam intransponíveis tornaram-se insignificantes diante do que sentiam.
No entanto, à medida que a noite avançava, rumores de que os nobres de ambos os lados do rio estavam cientes do encontro começaram a se espalhar. O clima de festa foi rapidamente substituído por uma tensão crescente, e logo a música cessou. O medo e o ciúme despertaram nos convidados um desejo de proteger suas terras e seus nomes. Em um instante, a alegria deu lugar ao alvoroço.
Um grupo de jovens de Eldrith avistou Aline e Rafael conversando e, inflamados pelo ódio que havia sido cultivado por gerações, avançaram em direção a eles. O rio, que antes parecia um cenário de romance, transformou-se em um abismo de desespero. Aline e Rafael, cientes do que estava por vir, olharam-se com uma intensidade que falava mais do que palavras jamais poderiam expressar.
- Nós não podemos permitir que isso acabe assim - sussurrou Rafael, segurando a mão de Aline com força.
- Temos que ir - respondeu Aline, sua voz tremendo, mas seu olhar decidido. - Precisamos de liberdade.
Eles tomaram uma decisão impensável, mas irresistível: se o amor deles não poderia prosperar sob a sombra das rivalidades, então encontrariam a liberdade nas águas do rio que os separava e unia ao mesmo tempo. Juntos, correram em direção à correnteza, os gritos e ameaças ecoando em suas costas.
Com um último olhar, Aline e Rafael mergulharam no rio, as águas profundas engolindo seus corpos e levando consigo a história de um amor que nunca teve chance de florescer. Naquele instante, o que poderia ter sido uma celebração se transformou em luto, e as margens do rio se tornaram um santuário silencioso de dor.
Após o trágico evento, uma lenda começou a se espalhar entre os habitantes dos dois reinos. Contavam que, nas noites de lua cheia, as almas de Aline e Rafael apareciam à beira do rio, entrelaçadas, buscando a paz que lhes fora negada. Aqueles que se aproximavam podiam ouvir murmúrios de amor e desespero, um eco do que poderia ter sido.
A história se consolidou com o tempo, e uma profecia emergiu: "Algum dia a história irá se repetir e o amor daquelas duas almas será colocado à prova novamente." Assim, o rio não era apenas um limite geográfico, mas um guardião de um amor eterno, destinado a renascer e lutar contra as correntes que o tentavam separar.
As margens do rio, antes testemunhas de celebrações, agora eram um monumento à tragédia, e a lenda de Aline e Rafael se tornava cada vez mais entrelaçada com o destino de Valdoria e Eldrith. As gerações seguintes, mesmo sem conhecer os amantes, sentiriam o peso do amor e do ódio, como se suas próprias histórias estivessem ligadas àquelas almas que desafiaram a cruz e a espada.
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